A Imigração irlandesa vem alterando as regras de emissão de diversos vistos nos últimos anos. Agora foi a vez da permissão de trabalho para estudantes com visto stamp 2, ou seja, o visto para qualquer estudante brasileiro e outros não-europeus, sofrer alterações significativas.
Como era a permissão de trabalho na Irlanda
Antes, qualquer estudante não-europeu podia trabalhar na Irlanda por 20 horas durante o período de aulas e 40 horas durante as férias, sendo que o período de férias ficava a critério da escola.
Com isso, muitas escolas vendiam um pacote anual na modalidade 6 meses de aulas + 6 meses de férias. Também era possível pedir férias já após o primeiro mês de aula, facilitando a vida de quem queria vir para a Irlanda somente para juntar uma grana por seis meses (ou mais).
Como fica a permissão de trabalho agora
Desde do dia 1° de janeiro de 2015, as coisas mudaram.
A carga horária de trabalho permitida continua a mesma – 20 horas durante o período de aulas e 40 horas durante as férias. Mas, agora, o período de férias só pode ser o decidido pela imigração: os meses de junho, julho, agosto (verão europeu), setembro, e de 15 de dezembro a 15 de janeiro.
A Imigração já deixou claro que não vai aceitar abusos ou “jeitinhos”, como ter dois empregos cada um com 15 horas por semana e fingir que a soma não é 30h. Empresas que desobedecerem a regra também serão punidas.
Além disso, estudantes com stamp 2 não podem mais ser profissionais autônomos nem taxistas, mesmo que como empregados de uma empresa de táxi. E outras atividades deverão ser excluídas ainda em 2015.
Exceção para alunos concluintes de cursos universitários
Pouco mudou para os alunos de curso superior, já que as férias destes já coincidiam com o período estipulado pela Imigração.
E aqueles que tiverem concluído um curso de bacharelado (honours degree). continuam podendo solicitar uma extensão de 1 ano no visto, durante a qual podem trabalhar por 40 horas semanais a título de estágio ou emprego formal – no entanto, esse visto não é liberado para todo e qualquer curso, há exceções a depender das condições estabelecidas na legislação da Stamp 1G.
Após esse período, caso a empresa queira manter o estudante como funcionário efetivo, deverá entrar com os procedimentos legais e tentar um visto de trabalho permanente.
Lista de escolas aprovadas já está disponível
As escolas também estão passando por um pente fino e é esperado que boa parte delas perca o direito de trazer estudantes não-europeus para a Irlanda.
Muitas tiveram sua permissão cancelada em 2014 e em 2015, e fecharam as portas sem aviso prévio, deixando os estudantes a ver navios.
Uma nova lista de escolas aprovadas e a forma de acreditação das mesmas está publicada neste link aqui.
E o tempo duração do visto de estudante mudou também
E mais uma mudança foi anunciada recentemente: desde outubro de 2015, o visto de estudante terá validade de apenas 8 meses, e não mais de 1 ano. Ele continua passível de ser renovado por três vezes para estudantes de língua inglesa, mas isso significará um total de 2 anos e não mais 3 anos como antes.
Ficou impossível estudar inglês na Irlanda?
Impossível, não. Mas, você terá que trazer uma boa poupança para se manter e/ou se preparar para cortar os gastos, já que só poderá trabalhar por 20 horas semanais durante a maior parte do ano, e não terá os outros 6 meses para repor o rombo na conta bancária.
O mercado está bastante concorrido, com irlandeses trabalhando na limpeza e no McDonalds, coisa impensável há algum tempo atrás. A oferta de emprego para 20 horas semanais é limitada e durante o verão muitos jovens europeus costumam vir para Irlanda em busca de trabalho durante as férias, aumentando a concorrência por vagas nesse período.
Mesmo assim, a opção irlandesa é ainda melhor do que a do Reino Unido, onde só é permitido trabalhar por 10 horas semanais, ou a dos Estados Unidos ou Canadá, onde é preciso ser aprovado em programas específicos de trabalho com inglês.
Outros países, como Austrália e a Nova Zelândia, permitem que estudantes trabalhem no regime de 20 horas/40 horas, mas as regras de imigração podem ser bastante rigorosas em alguns casos.
No mais, ainda é cedo para dizer como os empresários irão se comportar, já que a mão de obra estudantil também é interessante para eles. Outras oportunidades poderão surgir, por isso fique atento e pesquise bastante antes de decidir vir para a Irlanda como estudante de inglês, caso precise trabalhar para se sustentar.
7 Comments
Eu sempre achei que vir pra Irlanda não era o melhor dos negócios pra quem queria aprender inglês, mas ainda era legal pra quem tava a fim de juntar uma graninha, dar uma viajada. Agora, com essas novas leis, acho que fica cada vez menos interessantes (ainda mais com o euro alto como está) – mas ainda assim, vantajoso em comparação com outros países, né?
Concordo com vc, Bárbara! Para quem queria juntar uma graninha para viajar, ficou menos interessante. Mas, vamos ficar na torcida de que o ensino do inglês melhore com isso, não só por conta do fechamento das escolas ruins, mas pq quem vier dea gora em diante, vierá para estudar mesmo, e irá cobrar mais das escolas e professores (assim espero!). E sim, ainda é mais vantajoso em relação a outros países, principalmente para quem tem Europa como destino.
Olá Luciana, sei que estou bem atrasada no comentário, mas achei este blog hoje é simplesmente adorei seus textos.
Sobre este em especial gostaria de deixar minha singela opinião: visitei a Irlanda em 2010 (10 dias apenas) e me apaixonei, não queria nem voltar para o Brasil… Não sei o que foi, o clima, os pubs, os irlandeses, a simplicidade do estilo de vida, a motivação a cultura, não sei… Mas me apaixonei tanto que ano passado tomei uma decisão (logo após as eleições): vou estudar inglês na Irlanda! Mas não porque a atual presidente ganhou, mas porque era funcionária pública e mesmo assim tava difícil se manter em São Paulo, hoje advogo (também tenho formação em RH) e o mercado não nos valoriza, pelo contrário, querem um advogado que copia e cola para cumprir prazos, mas uma coisa me chamou a atenção, todas as empresas pedem inglês e poucas uma especialização… Dai mais um motivo para partir rumo à ilha Esmeralda!
Ainda estou pagando o curso e só embarco em janeiro do ano que vem (tenho que juntar o máximo de dinheiro), mas já pesquiso sobre O cotidiano irlandês, principalmente pelo Facebook. Infelizmente concordo com as novas regras inrlandesas, não apenas para melhorar o ensino e acabar com a venda de vistos, mas porque seleciona o pessoal que realmente quer fazer intercâmbio! Antes disso acontecer já lia que 85% dos brasileiros que vão para Irlanda aprender inglês, na verdade querem morar lá, trabalhar, arrumar namorado (sim, tem até uma reportagem no E-Dublin sobre isso), e apenas 15% foca no inglês e aprendizado cultural. Portanto mesmo sendo prejudicada por um lado (agora o máximo de permanência são 8 meses), amei a iniciativa!
Espero que melhore sim e que as pessoas entendam que nenhum país do mundo é mil maravilhas, todos têm suas dificuldades e peculiaridades! Hoje não dá para ficar rico em lugar nenhum Rs!
Desculpe o texto longo Rs!
Você nem está atrasada, nem escreveu demais. Eu é quem agradeço vc ter tirado o tempo para compartilhar a sua opinião. É verdade, quem anad direito sempre paga o pato pelos errados, mas temos fé que as novas regras virão para melhorar o sistema. Economize mesmo, e traga o máximo de reservas que puder, pqe ninguém sabe o impacto das novidades nos empregos. Mas todo mundo se virá, não vai ser vc que não irá conseguir 🙂 Boa sorte!
Luciana tenho uma dúvida…eu quero fazer intercâmbio em Dublin, caso eu goste de morar lá e pretenda ficar definitivamente o que tenho que fazer? tirando a cidadania europeia como opção….Obrigada!
Oi Kézia, obrigada por ler o artigo e comentar. Na Irlanda, só podem residir aqui definitivamente cidadãos europeus, cônjuges e parceiros de cidadãos europeus, e quem tem visto de trabalho. Sua opção seria conseguir essa oferta de emprego então. Boa sorte!
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