O machismo não é um problema exclusivo dos mexicanos, mas está presente na cultura deste país. Ele se caracteriza principalmente pela supremacia do homem e opressão da mulher. Para compreender esta condição social é necessário considerar a história e cultura da sociedade em que vivemos; neste caso, a sociedade mexicana.
Alguns autores como Octavio Paz e Carlos Fuentes concordam entre si que o machismo mexicano teve início durante a época da conquista, herdando atitudes machistas de árabes e espanhóis. Destes, também herdaram a estrutura familiar.
Após os conquistadores se instalarem no novo território, violaram as mulheres indígenas, e como consequência nasceram os primeiros mestiços. Estas mulheres, por sua vez, em vez de renegarem estes filhos gerados através de um ato repugnante, escolheram amar e se dedicarem a estes filhos, e o amor incondicional entre mãe e filho atravessa gerações desde então, sendo bastante lembrando em um ditado popular: “madre, sólo hay una” (mãe, só tem uma).
Foto: pixabay.com
Os filhos repudiavam os pais por causa da maneira sórdida pela qual foram gerados e pelo fato de suas mães, expostas a tal sacrifício, serem desonradas, e também por serem filhos abandonados. Como os pais eram conquistadores, homens ricos e poderosos, os filhos deviam respeitá-los, e daí nascia a supremacia do homem sobre a família e o entendimento de que o homem/pai era o chefe da família, o provedor, explicava sua ausência.
O machismo nos tempos atuais e suas cifras alarmantes
O México tem um alto índice de violência física e sexual contra mulheres devido ao machismo. Segundo uma pesquisa oficial realizada em 2010, duas de cada cinco mulheres casadas precisavam da permissão do marido para saírem durante o dia sozinhas e 2/3 sofreram violência doméstica.
A personalidade dos homens mexicanos depende de dois aspectos: genética e como são educados.
Divido os homens mexicanos em 3 grupos:
1) Um pequeno grupo de homens que são autoritários e agressivos e ao mesmo tempo, submissos aos seus superiores, sendo homens que manipulam e se aproveitam dos que estão sob seus mandos.
2) Uma pequena porcentagem dos homens, aqueles que nadam contra a maré: são inteligentes, amorosos, flexíveis e respeitam os gêneros por igual.
3) E o terceiro grupo são de homens egoístas que pensam apenas em si mesmos.
Um em cada 5 homens no país acha normal e justo mulheres serem proibidas de mais coisas que os homens. Os mexicanos quase sempre são pais amorosos, mas acreditam que as mulheres são débeis.
Um estudo do Programa Nacional para a Igualdade de Oportunidades Contra a Submissão das Mulheres do governo federal mexicano aponta que:
- 42,4% das mulheres mexicanas maiores de 15 anos já foram humilhadas, ameaçadas de serem expulsas de casa, de perderem a guarda de seus filhos e também ameaçadas de morte (violência emocional).
- 24,5% foram proibidas de estudar e trabalhar (violência econômica).
- Cerca de 13.5% já foram amarradas e agredidas, até mesmo por arma de fogo, por seus parceiros (violência física).
- 7,3% das mulheres já foram obrigadas a ter relações sexuais forçadas (estupro).
Eu posso estar pisando em ovos tratando deste tema, mas tenho entendido que muitos estão sentados sendo omissos ao que acontece a milhares de mulheres mexicanas. Mulheres são violentadas, agredidas física e verbalmente, são subestimadas, deixadas a mercê da própria sorte, sendo tratadas como nada.
Todos os dias uma mulher é estuprada, é agredida, é proibida de aprender, proibida de trabalhar enquanto governantes seguem contemplando os homens e enxergando as mulheres como uma raça inferior.
Nós, mulheres, independentemente de que nacionalidade somos ou em que país vivemos devemos criar hábitos em nossas famílias, atitudes para combater o machismo, detalhes que podem fazer toda a diferença e mudar o futuro.
- Em casa
Tanto as tarefas domésticas quanto o cuidado com os filhos devem ser divididos igual por igual. Não deve existir a história de “isso para ele, isso para ela”.
- Na cama
Ninguém pode ser considerado escravo sexual do parceiro(a), os dois devem sentir satisfação sexual.
- Dirigindo
Muitos continuam achando que este quesito é território único e exclusivo do gênero masculino. Mentira! Nós mulheres somos tão capazes quanto os homens! Nunca repita frases como: “Só podia ser mulher no volante.” Isso é machista.
- Escolha profissional
Todos, indiferentemente do gênero, devemos escolher a profissão de acordo com as afinidades, não com base em estereótipos ou mitos de que certas coisas só podem ser realizadas por homens ou mulheres.
- No trabalho
As capacidades não estão definidas pelo gênero e sim, pela personalidade e preparo. Sendo assim, os homens devem entender, aceitar e respeitar quando uma mulher é a chefe.
- Nas festas
Mulheres são constantemente tratadas como vulgares quando buscam diversão noturna sozinhas, porém sair e se divertir é algo saudável e todas as pessoas têm este direito.
- Entre amigas
Jamais reforce a ideia que toda mulher precisa de homem para ser feliz.
- Com os filhos
Não reforce estereótipos de vestimentas e afinidades. Não crie um filho machista!
Como diz o ditado, “no mundo sobram machos e faltam homens”, e para evitar que isso aconteça a educação deve se iniciar em casa. Nós, mulheres, devemos proporcionar igualdade aos nossos filhos e jamais subestimar nossas capacidades comparadas aos dos homens.
22 Comments
Flávia, muito interessante seu texto, sobretudo sob o prisma desse traço cultural estar vinculado às origens dos primeiros ‘nativos’ mexicanos ( assim como ocorreu no Brasil e em todas as Américas) e estar tão presente, infelizmente, até hoje. Mas felizmente isso está mudando. Parabéns pelo texto! Abs
Que bom que gostou Vivian. Aos poucos têm melhorado realmente.
Saludos desde México.
É a triste realidade. No Brasil existe muito machismo, mas não se compara com a opressão que existe no México, onde ele parte também das mulheres.
Concordo contigo.
Saludos.
Cristiane, eu sou Mexicano e sou medico, recentemente trabalhe or um ano em uma cidade de 100 000 hab. em Brasil, em Iguatu Cerara, voce seria muito surpresa, de conhecer as coisas que acontecem no dia a dia, em os roles familiares da comunidade Brasileira, os homems em geral acreditam que tem direito a cuanta mulher acha na rua, no trabalho, e lamentabelmente a maioria das mulheres aceitam isso, ja que ate tem filios com mais de 3 de elas, tudo por uma “supremacía ” social do homem, tristemente asiste muitos casos de abuso sexual em meninas de so 5 anos, com dados de penetracao, escoriacoes, e ate condilomas acuminados , todos casos do abuso por o mesmo pai ou por o padrastro,alem de eu ter enviado as informacoes para as autoridades de saude nenguem fiz nada, eu tenho muitas informacoes e videos se voce fica interesada, o tamaño da problemática do machismo no Brasil e tao grande como a extencao territorial, so temos o jeito de seguir lutando por uma mudanca real, abraco.
Alejandro, como já lhe comentei antes o fato de eu ter escrito sobre o machismo no México não quer dizer que não exista no Brasil. Todos estes acontecimentos por você mencionados infelizmente são atitudes que muitos já vimos ou ouvimos falar tanto no Brasil, quanto no México. É muito revoltante e por isso precisamos nos unir para tentar mudar o futuro desta situação.
Saludos
Nossa isso é uma triste realidade
Não me conformo como esse tipo de atitude ainda existe e que são muitos os homens (em todo o mundo) que acreditam que as mulheres são inferiores… Lamentável! #machismonãopassará
É inadmissível, mas muito comum. O machismo está tão impregnado na cultura que muitas mulheres acham normal e aceitável. Triste realidade.
Ótimo texto! Faz vermos que nem todo mexicano é esse cavalheiro como se pensa. É lamentável estatisticas assim em qualquer país que seja.
Verdade Elaine, nos mostra o lado que não estamos acostumadas a enxergar. Saludos
Oi Flavia! Gostei do seu post! Mas vc que também viveu na Argentina… Não percebeu o machismo… Mesmo disfarçado… Onde a mulher é considerada pelo homem por inferior capacidade de dirigir um carro… Que no trabalho não é tão inteligente…
Qual sua visão sobre o machismo na Argentina?
Abraço
Luciana
Olá Luciana, já estou preparando um novo texto para o mês de maio fazendo uma certa comparação sobre este tema e os dois países. Eu acho que apesar da existência do machismo na Argentina, é bem inferior ao índice mexicano.
Espero que leias meus próximos textos e comente para saber se estás de acordo.
Saludos desde México.
O machismo é uma triste e profunda realidade no Mexico. O pior de tudo é que, contrário ao que se poderia pensar, o machismo forma parte não só dos homens, mas também das mulheres que tem ajudado a perpetuar esse câncer na sociedade mexicana.
O assunto do artigo foi muito interessante; não assim a maneira como foi desenvolvido. Começando com a explicação de como o machismo nasceu na sociedade mexicana, bem sem fundamento.
Um assunto tão delicado precisa de mais seriedade. Tem muito para melhorar.
Agradeço sua opinião a minha forma de escrever. Logo penso que para entender um problema é preciso conhecê-lo desde um princípio. Tomarei em conta e buscarei melhorar. Saludos.
Desabafo: comportamento dos homens com relação às mulheres no México.
Normalmente deito na cama e durmo, mas hoje não estou conseguindo pois não consigo parar de lembrar no que passei hoje e no que venho passando desde que cheguei nesse lugar. Nunca aconteceu nada grave comigo no Brasil, no máximo alguém que se encostou demais no trem lotado, mas que até hoje não tenho certeza se foi com má intenção ou não.
Nesse lugar desde que cheguei sou assediada na rua com qualquer tipo de roupa, ouço coisas que não entendo todos os dias, só preciso sair na rua pra acontecer, de verdade, não tenho mais vontade. Minha primeira experiência com o metrô foi péssima, eram 10 da manhã e o metrô estava lotado, acostumada com isso em São Paulo obvio que não esperei o próximo e entrei porque era só uma estação. Cerca de 5 minutos foi o suficiente para um homem esfregar os braços nos meus seios, no início achei que tinha sido sem querer até que vi que o pênis dele também estava encostando na minha perna e estava ereto. A reação que tive foi empurrar ele com os meus braços e jogar meu corpo em cima de uma senhora que estava atrás de mim. Era a única zona “segura” por mais 10 segundos até chegar na próxima estação e descer. Desci e ele me seguiu, fui até a escada rolante e deixei as pessoas passarem na minha frente, para minha surpresa percebi que ele também estava deixando as pessoas passarem, subi e comecei a pedir licença para as pessoas para despista-lo e consegui.
A segunda experiência nada agradável em apenas 4 meses foi entrar em uma academia, enquanto o instrutor me mostrava o treino novo o outro me rodeava e mirava a minha bunda, sorria e comentava para os homens e outros instrutores, como se eu estivesse nua e exposta numa vitrine, a situação foi tão constrangedora para mim que só vou na área de musculação quando não há ninguém e só faço aulas com mulheres.
Estou aqui há 5 meses e 6 dias e hoje tive uma terrível experiência enquanto fui ao mercado, moro em Polanco, um bairro cheio de centros comerciais e shoppings, mas essa rua que fui tem um grande muro que a deixa um pouco vazia no lado direito por pelo menos 7 metros, foi então quando passei por essa calçada que um homem me agarrou por trás e apertou a minha bunda como um cachorro com fome, foi nojento, apavorante, triste e inesperado. Gritei pedindo ajuda para as pessoas que passavam de carro e do outro lado da rua e ninguém fez nada, eram todos homens, não fizeram absolutamente nada. Como se aquilo fosse algo normal, o homem não saiu da minha frente enquanto eu o xingava, claro que nesse momento falava puro português e ele ria da minha cara, não sei se pela reação ou se pelo português, voltei pra casa chorando jurando que chegaria em casa para pegar uma faca e voltaria para apunhala-lo, obvio que não faria isso, só chorei e senti a impunidade, senti o que é ser vulnerável, não poder reagir, desejei que isso passasse com a filha dele, pensei em contratar alguém pra dar uma surra nele, me senti suja, me senti abusada, me senti fraca, frágil, como um rato na jaula de um leão, senti o que é ser mulher.
A única vontade que tenho agora é voltar para casa. Vejo esse lugar como um lugar sujo com gente suja e não consigo dormir porque fico imaginando o que será a próxima coisa que vou passar aqui.
Natália, isso é apavorante!! Tenho me comunicado com um mexicano de CDMX. Ele é super gentil e se mostra muito aberto às minhas mini saias e vestidos. Mas uma amiga me disse que lá as mulheres só usam roupas assim para ir à praia e que uma amiga dela conheceu um que era assim tb. Até que foi para o México, casou-se com ele, achando que ele era “perfeito “, mas que agora é proibida de usar roupas curtas e que quase foi agredida fisicamente por ele. Não acho justo comparações, mas confesso que me assustei. Não sei se um homem mexicano suportaria se envolver com uma típica e livre brasileira.
Eu ouso muito: “se fosse minha mulher eu não deixaria andar assim, muito menos sozinha”, isso que moro na praia. Mas estas histórias são infelizmente bastante comum. 🙁
Galera, que horror! Fiquei super assustada com os comentários… O pior é que eu pensava em um futuro próximo me mudar pro México, mas depois de tudo falado aqui estou mudando de ideia. Eu assisto muitas novelas mexicanas e sempre vejo mulheres usando decotes, roupas curtas, etc, e pensei que fosse algo normal, como é no Brasil! Uma coisa que vale lembrar que sempre achei estranho é a castidade que os homens exigem na novela. Todas devem casar virgem e “se entregar” só para a pessoa que ama de verdade. Isso que acontece nas novelas também condiz com os mexicanos daí? Sempre fui curiosa em saber.
A pouco tempo conheci um homem mexicano que vive no Brasil a 3 anos. Nos envolvemos e tivemos um relacionamento casual, e era muito educado, carinhoso…já tinha ouvido falar bem pouco sobre o machismo no México, mas como ele já vive aqui a certo tempo, pensei que ele já tinho se adaptado a nossa realidade. No começo foi tudo muito bom, depois de um tempo ele começou mostrar sinais de sua personalidade. Ele dizia gostar de mulheres negras e sentia muita vontade de fazer sexo comigo,até aí tudo bem… mas ele começou a querer que eu ajudasse ele nos estudos, tinha muita coisa que eu não sabia e quando eu demonstrava não saber ele dava a entender que eu era burra!!! Em relação a fazer comida, ele queria que fizesse comida pra ele, pq ele gosta muito de comer, eu até me ofereci, mas o que eu sabia fazer não era aquilo que ele queria… no quesito sexo, ele queria que saísse de casa a hora que fosse para transar com ele, chegou a me dizer que quando ele quisesse era para eu ir pra casa dele… foram tantas coisas como: sexo sem camisinha,fazer coisas pra dar tesão a ele… acabou com ele fazendo comentários grosseiros sobre uma outra mulher que ele estava se relacionando, já que tínhamos essa liberdade. Fiquei em prantos com esses depoimentos, se soubesse antes nunca me envolveria com esse cara.
Oi Flávia, sou brasileira, paulistana, estudava para o doutorado e trabalhava quando mudei para o México. Conheci um mexicano e terminei deixando tudo o que conhecia e que era familiar para ir atrás de um sonho. Terminei me casando com ele e morei nove anos na Cidade do México. Não são somente as mulheres mexicanas que sofrem a violência e também não são somente as mulheres que não têm ensino superior. Eu sofri muito na pele, não só privações econômicas, fome, mas também e principalmente a violência psicológica e moral, exceto a violência física posso dizer que todas as demais. É muito difícil, pois como é silenciosa e ocorre longe dos demais, é muito difícil você provar a verdade. Sei porque estou sofrendo com isso até agora, para provar o que falo, o que vivi e poder estar com meus filhos e protegê-los. Atualmente estou no Brasil, mas numa situação muito difícil tanto como a que vivi lá, com a diferença de que é meu país e aqui tenho família e amigos e lá estava sozinha, não tinha ninguém. Tenho fé em Deus de que tudo dará certo e poderei seguir aqui com eles, mas não é fácil. É realmente complicado e o machismo existe sim lá, mesmo aqueles homens que dizem não serem machistas e usam o discurso de que estou protegendo você e por isso tenho que estar com você todo o tempo, etc… O machismo termina sendo “incoberto”, “mascarado” mas que existe, existe; como aqui também, talvez um pouco menos, dependendo da região. O dia das mulheres, 8 de março, nunca vi ser comemorado. Nunca vi uma mulher ser parabenizada nesse dia, nem eu!
O machismo ocorre também nos escritórios, não apenas nas ruas. Os ônibus e metrôs têm áreas reservadas as mulheres, claro que dependendo do horários os homens também entram, não respeitam, mas nos horários de pico costuma ter policiais que não os deixam passar. O melhor é entrar nesses locais. Um pouco melhor.
As mulheres na Cidade do México não usam roupas decotadas, justas ou curtas como nós aqui e os comentários se você as usa muitas vezes são grosseiros e mal educados. Não é comum ver loiros(as), negros(as), nem asiáticos(as) assim quando os(as) vemos sabemos que são estrangeiros(as) e já vi muito preconceito contra eles(as). É triste, porque aqui também existe, mas como somos mais misturados, acho que aceitamos mais a mistura de cores e raças, inclusive religiões. Muito fumam maconha, além de cigarro e também acham “normal” ter amantes… Sem comentários… E quando não foram criados dentro de uma religião ou com algum preceito religioso é mais complicado ainda, principalmente se têm familiares que se dizem “liberais”, “psicólogos” e tentam resolver ou analisar você ao invés de verem suas próprias vidas e problemas.
Um conselho, nem todas as pessoas são iguais, nem todos os homens são iguais. Existem sim homens bons lá no México, como aqui e em qualquer país, assim como também existem homens sem caráter em qualquer país. O importante é você não confiar totalmente. Tenha sempre seus documentos com você, um dinheiro extra, escondido com você e telefones de emergência. Se você trabalhar, não deixe ele saber quanto você ganha, tenha seus pequenos segredos em relação a conta e dinheiro principalmente se você têm filhos. É uma proteção. E saiba se você poderá contar com alguém em uma emergência. É melhor se prevenir, principalmente se você não conhece muito a pessoa, e por conhecer muito não me refiro somente a tempo, anos, me refiro a “comer muito sal junto”, como dizia minha avó, ou seja, passar muito problemas (inclusive financeiros) juntos e ver como ele se comporta, ou se vocês tiverem um filho com alguma deficiência, enfim, as atitudes e comportamentos dele demonstrarão como ele é. E aquilo de que a maneira como ele trata a mãe dele é como ele vai tratar você, cuidado. No México não é muito assim. Já soube de muitos homens que tiravam de suas esposas para dar a suas mães!
O México é um país lindo, tem uma cultura muito interessante, mas vale a pena ter cuidado. Como em qualquer país que você vá. N
Oi Flávia, sou brasileira, paulistana, estudava para o doutorado e trabalhava quando mudei para o México. Conheci um mexicano e terminei deixando tudo o que conhecia e que era familiar para ir atrás de um sonho. Terminei me casando com ele e morei nove anos na Cidade do México. Não são somente as mulheres mexicanas que sofrem a violência e também não são somente as mulheres que não têm ensino superior. Eu sofri muito na pele, não só privações econômicas, fome, mas também e principalmente a violência psicológica e moral, exceto a violência física posso dizer que todas as demais. É muito difícil, pois como é silenciosa e ocorre longe dos demais, é muito difícil você provar a verdade. Sei porque estou sofrendo com isso até agora, para provar o que falo, o que vivi e poder estar com meus filhos e protegê-los. Atualmente estou no Brasil, mas numa situação muito difícil tanto como a que vivi lá, com a diferença de que é meu país e aqui tenho família e amigos e lá estava sozinha, não tinha ninguém. Tenho fé em Deus de que tudo dará certo e poderei seguir aqui com eles, mas não é fácil. É realmente complicado e o machismo existe sim lá, mesmo aqueles homens que dizem não serem machistas e usam o discurso de que estou protegendo você e por isso tenho que estar com você todo o tempo, etc… O machismo termina sendo “incoberto”, “mascarado” mas que existe, existe; como aqui também, talvez um pouco menos, dependendo da região. O dia das mulheres, 8 de março, nunca vi ser comemorado. Nunca vi uma mulher ser parabenizada nesse dia, nem eu!
O machismo ocorre também nos escritórios, não apenas nas ruas. Os ônibus e metrôs têm áreas reservadas as mulheres, claro que dependendo do horários os homens também entram, não respeitam, mas nos horários de pico costuma ter policiais que não os deixam passar. O melhor é entrar nesses locais. Um pouco melhor.
As mulheres na Cidade do México não usam roupas decotadas, justas ou curtas como nós aqui e os comentários se você as usa muitas vezes são grosseiros e mal educados. Não é comum ver loiros(as), negros(as), nem asiáticos(as) assim quando os(as) vemos sabemos que são estrangeiros(as) e já vi muito preconceito contra eles(as). É triste, porque aqui também existe, mas como somos mais misturados, acho que aceitamos mais a mistura de cores e raças, inclusive religiões. Muito fumam maconha, além de cigarro e também acham “normal” ter amantes… Sem comentários… E quando não foram criados dentro de uma religião ou com algum preceito religioso é mais complicado ainda, principalmente se têm familiares que se dizem “liberais”, “psicólogos” e tentam resolver ou analisar você ao invés de verem suas próprias vidas e problemas.
Um conselho, nem todas as pessoas são iguais, nem todos os homens são iguais. Existem sim homens bons lá no México, como aqui e em qualquer país, assim como também existem homens sem caráter em qualquer país. O importante é você não confiar totalmente. Tenha sempre seus documentos com você, um dinheiro extra, escondido com você e telefones de emergência. Se você trabalhar, não deixe ele saber quanto você ganha, tenha seus pequenos segredos em relação a conta e dinheiro principalmente se você têm filhos. É uma proteção. E saiba se você poderá contar com alguém em uma emergência. É melhor se prevenir, principalmente se você não conhece muito a pessoa, e por conhecer muito não me refiro somente a tempo, anos, me refiro a “comer muito sal junto”, como dizia minha avó, ou seja, passar muito problemas (inclusive financeiros) juntos e ver como ele se comporta, ou se vocês tiverem um filho com alguma deficiência, enfim, as atitudes e comportamentos dele demonstrarão como ele é. E existe outra coisa, depois dos filhos, as mulheres e os homens mudam. Nunca será igual. É necessário atenção também com o relacionamento…
E aquilo de que a maneira como ele trata a mãe dele é como ele vai tratar você, cuidado. No México não é muito assim. Já soube de muitos homens que tiravam ou não davam as suas esposas para dar as suas mães!
O México é um país lindo, tem uma cultura muito interessante, mas vale a pena ter cuidado. Como em qualquer país que você vá. Não confiar em ninguém totalmente, mas também não desconfiar de todos. Não se pode viver assim e não percam as oportunidades. A vida é maravilhosa, confie em Deus e em você.