No mês de maio entrevistamos algumas brasileiras que moram na Argentina e no México para saber delas como é ser brasileira nesses países, quais as diferenças culturais que enfrentam tendo um parceiro e como são vistas pelos familiares e amigos. Veja aqui a continuação das entrevistas.
Eliane Borges, 36 anos:
“Estou na Argentina faz 3 anos. Decidi mudar para este país porque estava em um relacionamento com meu marido, que é argentino, e o relacionamento à distância era muito difícil. Ele me convidou para vir morar com ele e eu nem duvidei, aos 15 dias do convite já estava de malas prontas.
Estamos juntos há 5 anos. Ele é portenho (da capital federal), mas atualmente vivemos em Moreno, zona oeste de Buenos Aires. Nos conhecemos através de uma rede social e aos 30 dias desse contato, nos conhecemos pessoalmente.”
BPM: Algum familiar/amigo seu ou dele se opôs à relação? Por quê?
Eliane: Da família dele, não; da minha, sim. Creio que esse termo: “nos conhecemos pela internet” gera um pouco de desconfiança nas pessoas, preconceito e julgamento: “Nossa, ela tá indo pra Argentina se prostituir!” Fiquei meio chocada quando voltei ao Brasil depois de 3 meses e escutei que havia esse tipo de comentário.
BPM: Você já sentiu-se discriminada por ser brasileira?
Eliane: Não, jamais. Acho que os brasileiros têm uma boa imagem na Argentina. Os argentinos adoram o Brasil, com suas reservas quando o assunto é futebol, claro.
Eu acho que eles são mais “descarados” em relação ao assédio de rua, mais diretos e isso constrange bastante. Por outro lado, como meu marido, são muito “família” também, ou seja, são muito presentes e respeitadores com filhos e pais. Me sinto totalmente livre para me expressar, contradizer, dar meu ponto de vista e sou bastante respeitada. Pensamos distinto em muitas coisas, mas isso jamais gerou nenhum tipo de inconveniente.
BPM: Que conselho você daria a outra brasileira que queira manter uma relação amorosa com um argentino?
Eliane: Primeiramente, que ela aprenda pelo menos o básico do idioma para não ficar perdida nos assuntos ao conhecer as pessoas, etc. Nos primeiros dias eles acham interessante e “bonitinho” outro sotaque, o português, mas isso passa e essa paciência e admiração terminam. Então você tem que aprender com urgência, senão pode passar a ser meio ignorada.
Edilaine Nunes, 38 anos:
Mora em Monterrey, no México, desde setembro de 2014. Mudou-se para cidade com o na época namorado, hoje marido. Ele é mexicano, nascido em Ocotlán, no estado de Jalisco. Os dois se conheceram durante a copa do mundo que aconteceu em 2014, no Brasil, exatamente 10 minutos para a véspera do dia dos namorados (11/07). Foi uma paixão quase que imediata. Entre festejos e estrangeiros de muitos lugares, os dois se encontraram para iniciar uma história. Pouco tempo depois, começaram a namorar e, em agosto do mesmo ano, ela se mudou para o México, onde passaram a viver juntos. Durante sua chegada ao novo país, foi bem recebida pela família do rapaz, mas assim que alguns descobriram que, além de divorciada, tinha filhos de outro casamento, cortaram relações tanto com ela quanto com o marido. Um exemplo disso é a irmã do rapaz, que não aceita a relação.
“Por ele ter vivido sete anos e meio fora do México (República Dominicana e Costa Rica) ele tem uma mente mais evoluída, digamos. Quando eu o conheci, era um pouquinho machista, mas hoje não vejo machismo nele, o que é completamente diferente da maioria dos homens que aqui são criados desde pequenos para serem assim. Porém, a própria mulher mexicana contribui para eles serem como são. Em meu ponto de vista, as mulheres mexicanas são piores que os homens para discriminar pessoas. Uma grande parte das mulheres gosta da vida que levam como “mantenidas”, ou seja, gostam de ser sustentadas pelo marido e, para ser mais sincera, mulher mexicana manda mais que o homem dentro de casa. Porém segue ao pé da letra tudo o que eles pedem.
Eu, a princípio, me privei de muitas coisas com medo do julgamento das pessoas que estavam ao nosso redor. Me limitava em tudo. Até que um dia, me dei conta de que eu não estava sendo eu e que isso estava me sufocando e me fazendo mal. Foi quando acordei e chutei essas barreiras, afinal, meu marido me conheceu com meus costumes e se apaixonou pelo que eu realmente era, não pelo que os outros queriam que eu fosse. Se ele quisesse tradições, teria se casado com uma mexicana, não é mesmo?
Creio que os homens mexicanos, em geral, por trás deste machismo todo são homens educados, românticos, cavalheiros de abrir a porta do carro todas as vezes para a mulher e são muito família. Se alguma amiga se apaixonar por um eu daria todo o meu apoio. “NADA NESTA VIDA É POR ACASO” e para o amor, não existem fronteiras.”
Infelizmente, sempre que acontece algo com uma mulher, como o caso das jovens argentinas, a sociedade culpa a vítima. Uns dizem que mulher não deve viajar sozinha, como mochileira, que se andam bebendo ou fumando estão buscando… Vivemos em uma situação onde as mulheres não têm garantias, condições de segurança, onde nossas vidas estão sempre expostas. Somos vítimas de desrespeito nas ruas, de violência doméstica, abuso no trabalho e, ainda assim, temos muito que mudar, impor respeito, não por sermos mulheres, mas sim por sermos iguais a qualquer outro ser humano.
3 Comments
Que post incrível.Obrigada por sua opiniões.
Obrigada! ????????
Parabéns meninas! Essas matérias do brasileiras pelo mundo são maravilhosas. Adoro!!!