Depois de morar quase 6 anos em Amsterdam, mesmo com os altos e baixos e ser apaixonada pela cidade, chegou o dia de dizer adeus. Com a chegada da terceira integrante na família, o apartamento super bem localizado atrás do Vondelpark ou 15 minutos pedalando de onde tudo acontece, ficou pequeno, barulhento e sem as facilidades que nós gostaríamos. E agora? Mudar para um bairro afastado do centro, em Amsterdam pagando uma fortuna de imóvel ou mudar para outra cidade?
Vejam bem, antes de começar esse texto, quero deixar claro que essa é nossa experiência pessoal e nada mais que isso. Cada um tem seus pré-requisitos em relação ao lugar onde pretende morar. Ficar em Amsterdam e morar longe do centro não era uma opção que me agradava. Mas e aí, para onde ir? Uma cidade onde nada acontece? Porque é assim que a gente pensa quando mora em um centro urbano, a gente pensa que qualquer lugar fora dele será um lugar sem vida. Saiu do centro, ferrou! Vai morrer de tédio. O marido me convenceu de começarmos a visitar algumas cidades e pelo menos analisar algumas alternativas.
Era importante que o nosso novo lar nos proporcionasse facilidade para chegar ao centro. Morar em subúrbio (leia-se bairro afastado do centro) não era algo que me atraia. Também queríamos algo que não fosse muito longe do trabalho do meu marido, ele é minha rede de apoio principal e muitas vezes, a única por aqui. Transporte público de fácil acesso para as principais cidades da Holanda era importante, pois a família e os amigos estão espalhados por todos os lados.
Um belo dia minha sogra falou sobre Amersfoort e eu já pensei: Cidade pequena? Nem “muerta”. No entanto, o nome da cidade foi citada novamente por outras pessoas que conheciam e parecia que todos adoravam. Era perto do trabalho do meu marido e vários colegas dele também moravam e gostavam. Parece que por estar bem localizada tinha até muita gente de Amsterdam. Opa! Vamos dar uma olhada então, vai que a sogra estava com a razão.
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A primeira vez que fomos, era um domingo e o centro estava bombando. As lojas abrem de segunda a domingo e isso não acontece em todas as cidades na Holanda (ganhou vários pontos). Era um dia de sol e o centro cheio de bares e restaurantes fervilhava (opa! bar, restaurante e gente por todo lado … a gente do Rio gosta, né?).
Mas sou desconfiada e falei para meu marido que queria voltar em outro momento, à noite no meio da semana, pois queria ter certeza que havia vida além de Amsterdam. Deixamos a pequena com a sogra e fomos jantar. Para minha surpresa, comemos super bem, pagamos a metade do preço do que pagaríamos em Amsterdam e a cidade estava cheia.
Decidimos então começar a olhar uma casa para morar. Uma das primeiras casas que visitamos, ficava a 10 minutos andando da estação de trem, 10 minutos andando do centro e a casa era nova – não precisava fazer nada além de pintar. Esse era outro ponto importante, pois precisávamos de algo urgente porque estávamos morando com a família do marido. E foi assim que encontramos nosso lugar!
Amersfoort foi uma surpresa muito boa em nossas vidas. Na semana que mudamos, recebemos cartões dos vizinhos de boas vindas, fomos convidados para festas de aniversário e chá da tarde. Tudo isso, logo que chegamos. Os nossos vizinhos em Amsterdam eram super educados, mas nossa interação era baseada em “Bom Dia” e “Boa Tarde” (novamente essa foi minha experiência, mas acho que esse comportamento se deve ao fato de viver em um local bem central – as pessoas costumam estar mais apressadas).
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Apesar da cidade aqui ser pequena, tem muita gente de fora e com certeza muita gente que fugiu de Amsterdam depois que os filhos chegaram. Nesses dois anos morando aqui, conheço muito mais gente do que nos 6 anos que morei em Amsterdam.
A cidade cresceu muito nos últimos 5 anos e a demanda aumentou, principalmente devido aos recém chegados da cidade grande. Isso significa que aqui está cheio de festivais, teatros, cinemas e muitas atividades para a família toda. Além da parte cultural por estar localizada em um área muito verde na Holanda, estou rodeada de parques incríveis, fazendas e lagos.
Os benefícios para nossa família foram muitos, como por exemplo:
- Facilidade para escolher boas escolas sem lista de espera;
- Centro da cidade agitado, mas tranquilo para se passear com criança;
- Pequena distância para se chegar na maioria das atividades da cidade;
- Trem direto para as principais cidades do país e para o aeroporto;
- Muita área verde ao redor da cidade;
- Pessoas muito mais abertas a te receber e conhecer do que em cidades maiores.
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Ai você vai me perguntar, mas você não sente falta de Amsterdam? Lógico, “I am Amsterdam” (Eu sou Amsterdam) para sempre. Sinto falta dos shows, do Vondelpark, dos mini cafés, das ruas lotadas e do clima de cidade onde tudo acontece. No entanto, essas coisas não fazem parte da minha rotina no momento. Quando fico com saudades da cidade grande, pego um trem e em exatos 35 minutos estou na estação central de Amsterdam. Tenho zero vontade de morar novamente por lá.
O que posso dizer é: Não tenham medo de experimentar o novo. Você pode ter uma bela surpresa assim como eu! Eu amo Amsterdam, mas também amo Amersfoort! As duas cidades fazem parte de fases distintas na minha vida!
1 Comment
Gostei de ler sobre sua experiência.