Todo ano recebo dezenas de emails, marcações e menções em redes sociais em posts que mencionam a Nova Zelândia como sendo um dos países no topo dos principais rankings: 50 melhores cidades para se viver, as 10 Nações Mais felizes do Mundo, de educação, país menos corrupto e por assim vai.
Assim como muitos dos comentários, imagino que muitas pessoas se impressionem com o quanto o país é bem sucedido em diversas áreas, e a imaginação começa a fluir… “e se eu me mudasse para lá?”. Junto com esta vontade, algumas vezes vêm algumas ações e muita gente de fato busca os caminhos para poder experimentar (estudando ou passeando) e morar na Nova Zelândia.
Mas será que este é o país ideal para você? Como saber?
Bem, eu acredito que somente visitando, lendo muito e vivenciando para saber, mas existem alguns sinais que podem ajudar a entender se o país não é, assim, tão perfeito para você. Aqui estão alguns dos comentários mais negativos que já escutei e que representam as razões para você não morar na Nova Zelândia.
Tudo sobre a Nova Zelândia no Brasileiras pelo Mundo (clique aqui)
A Nova Zelândia é longe prá caramba
Se você olhar num mapa-mundi convencional, daqueles planos, vai se assustar no quanto a Nova Zelândia é longe do Brasil, ainda que estando no mesmo pólo (sul). Para nossa sorte a Terra é redonda e é possível chegar até a terra média (como também é conhecida) viajando pela esquerda, pelo caminho do sol, voando sobre o Oceano Pacífico.
Ainda assim, são mais de 12 mil quilômetros que separam São Paulo de Auckland, por exemplo. Somente com muita sorte a empenho você conseguirá comprar um vôo que dure menos de 20 horas (sim, é possível, caso você saia de São Paulo ou do Rio de Janeiro e pegue um vôo com uma parada apenas, na Argentina ou no Chile, com um tempo bem reduzido de espera nestes aeroportos), e tiver como destino Auckland. Fazer um bate-e-volta é praticamente impossível.
A passagem não é barata, as cias aéreas que voam para cá são algumas poucas (estas dos vôos mais rápido são a Air New Zealand, Latam e Qantas) e seus parentes e amigos ficarão super relutantes em vir te visitar por conta deste motivo (e você sentirá a mesma coisa quando estiver planejando uma visita ao Brasil).
As línguas oficiais são inglês e maori
Para morar na Nova Zelândia é necessário que você seja fluente em inglês, a língua mais falada por aqui (a segunda língua oficial é o maori, dos povos pacíficos que foram os primeiros a ocupar a região).
Ninguém aqui (ou quase ninguém) fala português e para se comunicar, você precisará saber ler, escrever, falar e entender o inglês.
Como se não bastasse, o inglês aqui tem um sotaque único, bem diferente do inglês a que estamos acostumados (principalmente se compararmos com o inglês norte-americano e o da Inglaterra). Além das gírias, há algumas variações grandes na pronúncia e isso irá exigir mais atenção e tempo para se acostumar. Por exemplo: nós estamos acostumados a dizer “seven” (pronuncia-se “séven” e quer dizer “sete” em inglês), mas os kiwis (como os neozelandeses se chamam), costumam pronunciar “sívn”. Veja aqui o vídeo de uma neozelandesa compartilhando algumas gírias mais usadas para ajudar e aqui um outro vídeo da própria Air New Zealand brincando com a pronúncia das palavras por aqui.
Na Nova Zelândia faz frio
O Brasileiro está acostumado com temperaturas tropicais, em sua maioria, acima dos 20 graus celsius. Claro que com a grandeza e extensão do país entre o sul e o norte as temperaturas variam entre negativas no inverno mais ao sul, até calor de fritar ovo no asfalto no verão intenso ao norte. Na média, a temperatura fica em torno dos 25 graus celsius (fonte: climate-date.org).
Acontece que a Nova Zelândia está localizada bem mais ao sul, na mesma linha de Buenos Aires e do Uruguai, para baixo, em direção à Antárctica. No verão os termômetros sobem a agradáveis (para nós brasileiros) 26 a 31 graus nos picos, mas no inverno os termômetros ficam entre 10 e menos 10 graus (e até mais baixo do que isso se considerar as montanhas e regiões dos glaciares). A variação é muito maior entre os extremos. Com isso, a temperatura média da Nova Zelândia fica em torno dos 15 graus celsius (fonte: climate-date.org).
Para acompanhar as variações e previsões climáticas em cada país, eu recomendo usar o Climatempo no Brasil e o Metservice na Nova Zelândia, ali você poderá ter uma dimensão precisa destas temperaturas e a sua variação ao longo do dia, do ano e das estações em diferentes cidades.
Resumindo: é frio. Pelo menos mais frio do que o Brasil. Algumas pessoas chegam a comparar o clima de Auckland ao de Curitiba. Eu acho esta a melhor comparação.
Quando você entra no quesito temperatura do mar, então, há muitos brasileiros que nem sequer molham os pés na água do mar daqui. Eu me considero uma pessoa mediana, paulistana, acostumada ao litoral de São Paulo e Rio de Janeiro, e me adaptei. Mas o que geralmente escuto é que os brasileiros acham que a água do mar da Nova Zelândia parece “água de geladeira”.
A comida é diferente
Nada de arroz, feijão e bife. Nada de farinha ou farofa. Aqui no dia a dia se come torta de carne e queijo (mince and cheese pie) e sushi (os bolinhos de arroz típicos japoneses e enrolados com peixe ou legumes). As comidas típicas da Nova Zelândia são bastante diferente das brasileiras, e o jeito e horário de se alimentar, também.
No café da manhã, ao invés de café, pão e manteiga, eles se alimentam de ovos e bacon ou de torradas com abacate amassado. Ainda que o café faça sucesso, e seja de ótima qualidade, geralmente extraído por baristas nas inúmeras cafeterias das cidades, vai ser difícil encontrar o bom e simples café coado.
Ainda pela manhã eles fazem uma pausa para o café (solúvel e com leite), chamada de “smoko”.
O almoço costuma ser bem cedo, entre 11:30 e 12:30 horas, mal chega a durar os oficiais 30 minutos e eles preferem abocanhar rapidamente um sanduíche (nos escritórios, muitos comem em frente ao seu computador, trabalhando, mas geralmente existem “copas” para as pessoas se alimentarem). Muitos levam a famosa marmita de casa (“left-overs”). Atenção: não confunda marmita (ou “quentinha”, a comida que se leva de casa para comer no trabalho), com “marmite”, uma creme a base de levedura que passam no pão.
O jantar acontece bem cedo, por volta das 6 horas (os restaurantes costumam abrir por volta das 5 horas da tarde e fechar por volta das 9 horas da noite). Esta, sim é uma refeição bastante reforçada onde entram carnes assadas ou grelhadas com legumes (sendo a batata a grande estrela).
Se sentir saudades, neste post eu conto onde encontrar as comidas e ingredientes brasileiros e, neste outro, como matar a saudades do Brasil sem sair da Nova Zelândia, incluindo alguns restaurantes.
A mão de direção é inglesa
Por fim, se você acha que vai chegar aqui, alugar ou comprar um carro e sair facilmente dirigindo pelo país, tenha em mente que a mão de direção é a inglesa, portanto o oposto do que estamos acostumados no Brasil. É muito estranho. As regras são um pouco diferentes e talvez você leve um tempo para se acostumar, após 1 ano por aqui, é necessário validar a sua carteira de motorista para poder dirigir.
Se por acaso você ainda sente que a Nova Zelândia é feita para você, veja aqui: Tudo o que você precisa saber para morar na Nova Zelândia.