Enquanto todos aproveitavam o feriado de aniversário da Rainha (último do semestre e antes de uma longa espera pelo próximo, que só acontece em outubro), o inverno dava as suas caras na Nova Zelândia e começava oficialmente no dia 1o de junho.
Já aviso de antemão: eu não gosto de inverno, detesto frio, e este post vai ser sobre como é e como sobreviver a este período que parece não ter fim na Nova Zelândia.
Talvez para quem more no sul do Brasil este período seja menos temido, mas fácil de lidar, mas para quem vem de São Paulo até o Amapá, talvez a coisa fique mais difícil. Felizmente, sempre encontramos formas de sobreviver (já diriam as bactérias primordiais que habitavam por aqui).
Também já aviso que ainda não conheci a Ilha Sul, portanto não vi nem vivi o inverno daquelas famosas glaciares que apareceram no filme “O Senhor dos Anéis”, nem passei uma tarde à beira do lago Tanaka tomando uma xícara de café, mas sei que lá para aqueles lados tão mais próximos da Antártica do que aqui, as temperaturas caem muito mais.
Aliás, este foi um dos motivos pelo qual escolhemos viver em Auckland: eu e minha família nascemos, vivemos e adoramos temperaturas mais quentes, no caso, mais amenas. Explico.
Temperaturas Médias
No inverno, as temperaturas em Auckland costumam variar entre 5 e 15 graus celsius (claro que há noites de temperaturas negativas, mas felizmente não são a maioria). Muito mais frio de noite e pela manhã (perto dos 5) e muito mais quente quando o sol aparece (ou o vento sul dá uma trégua), por volta dos 15. Haja casaco, luva, bota, cachecol, gorro e, depois, uma mochila para pôr tudo isso.
Frio com ventos
Como há muito vento (Auckland é conhecida como a cidade das velas), é preciso usar roupas que bloqueiam o vento (blusas de lã, somente, não seguram o frio que entra pelas frestinhas).
Em Wellington (onde já estive no inverno), o vento ganha outra dimensão: muito mais forte. Sério. Parece até que a gente vai voar.
Frio úmido
Para aqueles acostumados com o frio do Brasil tenho péssimas notícias: quando o inverno aqui dá uma trégua e permite o sol aparecer, as temperaturas caem ainda mais (não chegam a vinte tantos, trinta graus como acontece em São Paulo, Porto Seguro e tantos lugares tupiniquins). É frio e ponto.
Além disso, ao contrário do que acontece na Europa e até mesmo no Brasil, o frio aqui é úmido. Já peguei períodos de até 5 semanas de chuvas incessantes. Haja secadora para secar a roupa e spray para eliminar o mofo do banheiro. Há dias em que o ar fica tão úmido que a gente mesmo fica com a sensação de que estamos completamente molhados (os índices de umidade relativa do ar vão às alturas).
O lado bom de tudo isso é que vemos arco-íris lindos por aqui, o tempo todo (no meu instagram costumo postar algumas fotos). Alguns duplos, outros curculares, basta olhar para ver.
Esqui e Neve na Nova Zelândia
Em Auckland ainda não peguei neve daquelas de cobrir as ruas e a cidade, mas há geada, chuva de neve, pequeninas nevascas (se é que existe isso), mas nada suficiente para fazer uma mísera bola de neve.
Felizmente temos algumas montanhas por aqui. Nem precisava mas vou dizer: logo, o país fica bom para esquiar.
Em Auckland mesmo, para esquiar, há uma pista coberta e climatizada numa montanha ao norte, em Silverdale, chamada Snow Planet. Dizem que é boa para crianças e iniciantes (e talvez para intermediários treinarem algumas manobras). Eu achei o máximo quando estive lá, mas não tive coragem de encarar (talvez este inverno eu arrisque).
Há apenas 4 horas de carro de Auckland, há a beleza estonteante do Mount Ruapehu, que abriga uma das mais concorridas pistas de esqui. Fica no topo de um vulcão adormecido (que, sim, pode acordar e emite sinais de vida algumas vezes).
Você pode se hospedar no chiquésimo hotel na base da montanha (Chateau Tongariro), em outros hotéis no topo, ou ainda acampar por lá (eu fiz a última opção, mas estávamos em uma campervan e foi incrível). Outra opção é hospedar-se na charmosa e acolhedora Ohakune, uma cidadezinha pertinho de lá e bem mais em conta (e com ótimos hostels).
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O que mais o inverno na Nova Zelândia tem de bom
Claro que o fim do inverno é sempre o melhor momente dele, ao menos para mim. Mas há muita coisa boa que dá um certo charme e quebra o tédio do inverno:
- centenas de cafés charmosos e deliciosos espalhados pela cidade e pelo país (eu ainda não encontrei um chocolate quente para chamar de meu, mas sou fã do café com leite deles “flat white”)
- as comidas típicas de inverno (carnes assadas lentamente e servidas com purê ou legumes)
- os vinhos tintos aqui produzidos (e palmas para as uvas pinot noir e a região de Marlborough que tem os melhores vinhos do país), inclusive há várias vinícolas para visitar e fazer degustação por aqui
- os chocolates Whitakkers produzidos aqui e que acho que são os melhores desta vida (alguns primeiros-ministros costumam/costumavam levar de presente em viagens internacionais)
- a “fuga” para países no Pacífico equatoriano ou norte em busca de calor e ilhas paradisíacas (a lista é grande)
- cheirinho de madeira queimando no ar e a lareira esquentando a casa.
Com tantas coisas boas que eu citei acima, parece até que a gente aguenta.
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Veredito sobre o Inverno na Nova Zelândia
O problema é que o país tem muitas praias e trilhas interessantíssimas para a gente explorar. A vida do lado de fora (outdoor) é muito mais intensa do que as escassas atrações cobertas e fechadas (indoor) – há poucos e não tão interessantes shopping-centeres – e com o vento gelado e a possibilidade de chuva a qualquer momento, dá uma preguiça imensa de sair de casa.
Ainda assim, os kiwis saem felizes para praticar seus esportes favoritos, jogam e correm na chuva e sob frio. Enquanto isso, nós, brasileiros (e junto ao coro nossos amigos latinoamericanos) nos enrolamos em cobertores quentes, ficamos em frente à lareira tomando um chocolate quente caseiro enquanto devoramos temporadas e mais temporadas de séries do Netflix.
Já estou contando os dias para o verão!