Mudança de cidade e o desejo pelo novo.
Como já contei em alguns dos meu posts, faço parte do “time” das pessoas que são picadas pelo bichinho do desejo de morar fora, esse sonho é algo que me acompanha desde que eu era pequena e, em 2016, meu marido e eu resolvemos colocar o plano em ação.
Algumas pessoas conseguem realizar esse plano através de transferência de trabalho, o que pode ser muito positivo, pois existem certas burocracias que a própria empresa se encarrega e, com isso, algumas dores de cabeça são evitadas. Já outros vão por aprovações em universidade e outros tantos (como eu!), pelo desejo de desbravar novas terras. Como sempre brincamos aqui em casa, já que não rolou uma transferência, resolvemos não esperar mais alguém nos “mandar”, e fomos sozinhos.
Tomar esse tipo de atitude é algo que mexe com a gente mais do que se pode prever ou imaginar e, conversando com um amigo essa semana sobre esse assunto, chegamos a uma conclusão interessante: é como se não tivesse uma resposta pra essa questão.
Posso dizer que não é “só” pela violência do Brasil; não é pela situação financeira do país; não é porque minha cidade natal (São Paulo) é muito grande pro meu gosto – antes de mudar, eu já morava em Curitiba há 6 anos; não é pelo desejo de conhecer e viver em uma nova cultura e aprender uma nova língua; é como se fosse um pouco de tudo isso, mas, ao mesmo tempo, dá uma sensação de que nada disso seria o suficiente!
Doido né? Meu amigo até comentou que quem não vive isso pode até ter a impressão de que somos masoquistas, de que acordamos uma manhã e falamos: “Tô a fim de passar por uns perrengues, então vou arrumar as malas e partir!“
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Mas a verdade é que dá pra dizer que, simplesmente, não tem uma resposta certa do porquê decidimos partir, pois não há uma resposta! É um sonho, um desejo, e isso a gente não explica, a gente vive!
E foi vivendo esse sonho que apareceu uma nova mudança na nossa vida! Depois de um tempo em Montpellier, apareceu uma oportunidade de trabalho pro meu marido em Lyon e chegou a hora de arrumarmos a mala novamente e desbravarmos outros ares!
Como comentei lá em cima, sou de São Paulo e nunca me identifiquei muito com o ritmo de cidade grande. Então quando Lyon apareceu em nossa vida fiquei um pouco preocupada, pois muitos amigos franceses que fizemos em Montpellier diziam que por ser a segunda maior cidade da França, era uma cidade enorme, super movimentada e que seria super diferente. Como na minha cabeça estava com a referência de cidade grande brasileira, fiquei pensando que estava indo pra uma outra SP!
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Mas, ledo engano, enquanto São Paulo tem cerca de 12 milhões de habitantes, Lyon tem cerca de 513 mil! Ou seja, ao mesmo tempo que aqui tem um ritmo muito mais agitado do que Montpellier, definitivamente não tem nada de São Paulo! Uma mistura de cidade do interior em alguns pontos da cidade, com um pouco de badalação em outros, sabe? O que para o meu estilo de vida acaba sendo o ideal. Posso dizer que o que eu mais gosto são os momentos quando sinto que, apesar de morar numa cidade “grande”, ando tranquila, próxima à natureza, ao antigo e ao novo! Dá aquela vontade de parar e ficar sentindo o clima e agradecer por ter chegado até aqui.
Conversando com uma amiga, falamos sobre como isso faz falta em grandes metrópoles, lugares em que você pode parar e não ouvir muito barulho, que você consegue ouvir seus próprios pensamentos. Pois uma coisa é fato, quando estamos em uma correria muito grande, acabamos não conseguindo ouvir a nós mesmos.
Enquanto escrevo esse texto, estou completando 3 meses de Lyon e, como diriam nas empresas, já passamos pelo período de experiência! Posso dizer que apesar dos sustos iniciais que tivemos em nossa chegada (meu marido quebrou o ombro na primeira semana!), esse período tem sido muito positivo e repleto de aprendizado.
Como a Sabrina contou no “Leia também”, encontrar um apartamento em Lyon não foi nada fácil. É preciso ter muita paciência, foram mais de 2 meses para encontrarmos um lugar definitivo e apenas na última semana pudemos dizer que a mudança terminou!
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Acho importante dizer que, sob o meu ponto de vista, é muito difícil chegar no platô, no sentido de acreditar que pelo fato de a mudança ter terminado, agora tudo estará mais calmo e tranquilo, porque, na verdade, na vida sempre aparecem “novas emoções” e precisamos aprender a lidar com elas.
Ao menos agora posso afirmar que a fase da mudança acabou e estamos entrando na fase de conhecer mais a cidade, criar novas rotinas, fazer novas amizades e viver novas experiências. Aprendendo a cada dia que o que temos é o hoje e que essa história de esperar o ideal chegar, muitas vezes nos impede de enxergar as flores no meio do caminho.
Nos próximos meses, pretendo apresentar a vocês tudo o que eu começar a descobrir a respeito de Lyon, mas pra deixar vocês com água na boca, deixo o artigo da Jéssica que conta um pouco da experiência dela na cidade.
6 Comments
Muito bom o seu texto, Julia! Me identifiquei com vários aspectos dessa vida de expatriada. Muito sucesso nessa nova jornada!
Oi Camila! tão bom receber um comentário assim, obrigada! Fico muito feliz que gostou do texto!
Sucesso pra vc tb!
Oii Camila!! Adorei!!!
Atualmente estou no Brasil, tenho cidadania Italiana e estava pensando em ir pra Lyon para viver novas experiencias hehe..
A unica coisa que me prende é a lingua.. eu sou fluente em Inglês mas eu não falo francês.. não sei nadinha..
Com a sua experiencia isso será um grande obstaculo? Principalmente para trabalho.
Obrigadaa =]]
Oi Sammy! obrigada pelo comentário! Então, aqui é uma cidade linda e super multi cultural, mas imagino que na maioria das áreas de trabalho o francês acaba sendo essencial. Claro que depende da sua área de trabalho específica, mas acho meio raro alguma coisa que o francês não seja necessário. Se quiser, pode me procurar no face (Julia Lainetti) e podemos conversar mais. Um beijao!
Bom dia Julia, tudo bem?
Tenho esse bichinho que me cutuca em querer conhecer outros lugares e culturas.
Só que tenho dois filhos, então fica mais difícil, acabo pesquisando e lendo bastante, mas meu sonho é viver na pele.
Gostaria de saber se tenho como falar com você.
Abraço
Gisele Borges
Oi Gisele! realmente com crianças o trabalho é um pouco maior, mas com certeza não é impossivel 🙂 Espero que de alguma forma você possa realizar seus sonhos 🙂
Claro que tem! Pode me procurar no face como Julia Lainetti 😉