Quando mudamos de país, deixamos nossa casa, nossa família, amigos e vamos rumo ao desconhecido. Vida nova, ambiente novo, comida diferente. Parece quase impossível não ganhar uns quilinhos com toda esta agitação. Não temos muitos textos falando sobre alimentação quando mudamos de país, mas temos milhares sobre custo de vida, como abrir conta no banco, como tirar carteira de motorista. Mas como fazer com a alimentação no novo país? O que comer? Mudei de país e engordei. E agora?
Mas por quê? Se pensarmos em comida como algo à parte de tudo o que fazemos, não faz sentido nenhum. Mas se pensarmos que tudo está integrado neste sistema super complexo, chamado corpo humano, faz todo o sentido.
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Primeiro ponto é o fator ambientação. Nosso organismo tem necessidades diferentes no inverno comparado ao verão, e para o corpo se adaptar, caso você mude de um dia a 40 graus para no dia seguinte estar a 10 graus, seu corpo vai levar um tempo para se acostumar com esta diferença térmica.
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Segundo ponto: oferta de alimentos diferentes do que estamos habituados. Um dia marcante na vida de quem muda de país, na minha opinião, sempre foi a primeira ida ao supermercado. Aquela que dura horas pois você não conhece as marcas, os rótulos, o que é bom, o que não é. Isso sem contar em países que você não entende a língua. Aí haja Google Tradutor e muita força de vontade para se comprar o que gosta. A busca daquele creme de leite do estrogonofe pode durar horas. Com a oferta diferente de produtos, a tendência a buscar o mais fácil é grande, dando chance para as refeições pré-prontas, afinal, “minha vida está uma loucura, não consigo cozinhar e tá tão barato mesmo” – quem nunca? Aí começa, um pobre organismo que saiu de uma temperatura amena para um frio de lascar e ainda colocamos nele um combustível totalmente duvidoso e cheio de aditivos químicos (= agentes inflamatórios para o nosso corpo).
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Terceiro ponto: buscamos conforto na comida. Nosso cérebro é uma máquina de buscar conforto o tempo todo. Querendo sempre o quentinho, gostosinho, confortável, humm! Quando bate aquela saudade das amigas? Chocolate suíço! Poxa, saudade dos almoços de domingo em família: uma garrafa de vinho ou até talvez duas. Por que não? O atendente no supermercado me maltratou porque não entendi o que ele falou: hoje vou de pizza congelada porque não sou obrigada! Nosso corpo sempre busca balancear o que está em desequilíbrio, se hoje estamos aqui é por conta desta característica evolutiva. Mas buscar prazer unicamente na comida pode trazer outros desequilíbrios.
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Quarto ponto: dificuldade de encaixar exercício físico na nova vida. Para quem já fazia exercícios regularmente até fica mais fácil, mas no começo falta a academia bacana, o parque que eu gostava de correr, a piscina que eu nadava, o grupo do Crossfit… Tudo mudou e leva um tempo mesmo para adaptar a nova rotina. Para quem nunca fez exercícios, aí já é quase impossível. Tudo vai ser prioridade, menos exercitar-se. E quem não se exercita consequentemente entra em desequilíbrio fisiológico, pois nosso corpo foi feito para estar em movimento.
Mudei de país e engordei. Mas o que fazer?
O que devemos tentar é aprender a “ouvir” o nosso corpo e buscar sempre um equilíbrio. Como estão meus relacionamentos? Minha espiritualidade? Minha carreira? Estou me exercitando? Tudo isso é muito mais importante para quem se preocupa com nutrição do que imaginamos. Não se trata apenas do que a pessoa come, mas também de como está a mente e o corpo de quem vai digerir aquele alimento. Cada vez mais nutricionistas e médicos buscam esta abordagem mais integrativa, pois o indivíduo sendo tratado como um todo, mostra-se muito mais apto a se curar, ou a entrar em equilíbrio. E na minha particular opinião, faz todo o sentindo.
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Quem muda de país demora um tempo (isso pode variar para cada um) para se adaptar e colocar em equilíbrio todas suas áreas de vida no lugar novamente. Uma nova casa, nova escola para os filhos, novo trabalho, novo idioma, tudo diferente. Então, aquele conforto gostoso que o nosso cérebro estava habituado a lidar não existe mais. Se tudo muda fora, temos consequências também dentro. Não só na parte emocional, mas na parte fisiológica: estresse aumenta, cortisol sobe, altera os hormônios, aumenta a vontade por doces, sobe insulina, diminui glucagon… Uma zona! Um desequilíbrio total.
Buscar produtos que não sejam industrializados é um bom começo. Frutas e legumes podem variar de país para país, mas eles ainda são a melhor opção. Não precisa fazer nenhuma dieta maluca, por favor! Apenas coloque mais produtos que venham da terra nas suas refeições. Os nutrientes já vão fazer o trabalho deles. Não custa nada tentar. Tentar ao máximo diminuir o açúcar refinado e as refeições pré-prontas também seria muito bom.
Para quem sai de um país tão ensolarado como o Brasil, nem percebe a importância que existe em tomar sol. Mas lembre-se: tome sol (mo-de-ra-da-men-te), e se esta não for uma opção no novo país, procure suplementar a vitamina D (sempre procure opinião de um especialista, ok?).
Procure relaxar e respirar. Sinta-se de férias no começo e engordar uns quilinhos faz parte da vivência, não se cobre demais por isso. O importante é você se sentir bem e saudável, sem descuidar da qualidade da comida que você ingere e leva para a sua família. Comida é muito mais do que combustível para o nosso corpo, ela acaba por ser a base para nossa constituição corpórea, tendo influência até em nosso DNA.
Não vale ficar parado: movimente-se! Nada melhor do que caminhar, correr ou andar de bicicleta na sua nova cidade. Você com certeza vai se sentir mais integrado e conhecer mais lugares. O esporte para mim foi fundamental na adaptação em Portugal. Se você gosta de esportes, procure grupos de corrida, de ciclismo, natação, yoga… Somos melhores em grupos com interesses em comum.
Tome vitamina F, de felicidade… divirta-se, aproveite o aprendizado, a mudança, as novas prioridades, os novos projetos, as novas experiências. Permita-se tentar o que é novo, o que nunca tentou. Ouse ser e acontecer. A vida te deu de presente a oportunidade de se reinventar em um novo lugar, aproveite e faça desta experiência o melhor possível em busca do equilíbrio.