Dia desses conversando com uma amiga, falávamos das nossas ansiedades em relação aos nossos objetivos e nossas fraquezas como mulheres brasileiras vivendo no exterior. Ao longo da conversa, nos posicionávamos em relação ao modo de vida das mulheres taiwanesas. Refletimos o modo de como elas vivem e como se sentem mulheres dentro da família taiwanesa. Neste mês, dedicado a nós, mulheres, vou contar um pouquinho do que observo a respeito dessas bravas mulheres do lado de cá.
As mulheres na história
O modelo de família taiwanesa iniciou de um modo em que o homem tinha soberania sobre às mulheres e a família. Mulheres, não tinham oportunidade de trabalho, mas deveriam viver como esposas e donas de casa cuidando de seus filhos. Não tinham sequer voz para escolher o que gostariam de fazer para sua própria vida. Isto, porque a mulher ideal taiwanesa tinha que ser filha, esposa e mãe obediente. A preferência por filhos homens, existia justamente pelos pais acreditarem que quem tinha condições de carregar o nome da família sempre foi o herdeiro do sexo masculino.
Mas foi através do Confucionismo que houve uma grande transformação – devido as teorias religiosas e filosóficas. E foi no final da Segunda Guerra Mundial, depois que os japoneses deixaram Taiwan para República da China retomar o domínio que às mulheres passaram a ter mais oportunidades nas áreas de educação, trabalho e expressão política.
Na educação, por exemplo, o percentual de mulheres estudando já atingia 99% do total da população, ou seja, elas passaram a atingir o mesmo percentual de homens no sistema de ensino naquele mesmo ano. Em 1960, Taiwan foi considerado o país asiático com o maior número de mulheres na universidade, acima do Japão e Coreia do Sul, que por hora, lembramos o quanto estes dois países ainda sofriam com os reflexos da guerra e do militarismo.
Taiwanesas de hoje
Moro em uma região bem empresarial, então quando saio aos arredores de casa, principalmente na hora do almoço ou no final do dia, noto muitas mulheres transitando e vestidas com roupas mais formais. Talvez até em maior quantidade que homens. Nos dias de hoje, a grande maioria trabalha fora e é no comércio e educação que há o predomínio no número de mulheres.
Elas sempre procuraram buscar o seu espaço e, hoje muitas ocupam posições de liderança – o que contribui para isso e está contado na história, é que às mulheres sempre tentaram lutar pelos seus direitos após a Segunda Guerra Mundial. Um grande exemplo, é a presidência do país que hoje é representada por uma mulher. A atual presidente, de fato, conquistou o poder, já que não tem histórico político familiar. O fato de Taiwan hoje ter uma mulher no poder, faz bastante diferença quando se trata de leis que as favoreçam, como por exemplo, licença maternidade e creche.
Comportamento
Nesse tempo em que estou aqui, diria que é um pouco difícil ter uma amizade mais estreita com uma taiwanesa. Elas, em geral, são extremamente discretas, talvez até tímidas. Muitas vezes, quando tento puxar um assunto, nossos olhares não se encontram e elas costumam falar muito baixo.
É incomum elas contarem sobre sua vida, deixando você desconfortável para entrar em assuntos sobre sua vida pessoal.
Na escola, por exemplo, geralmente é apenas um cumprimento e não existe muita conversa, mesmo que seja para trocar ideias sobre seu filho.
Por outro lado, quando elas nos dão liberdade de conversa, perguntam coisas sobre a nossa vida que no Brasil, temos mais cautela: Quanto você paga de aluguel? Quanto você gastou nessas compras? Como sua barriga está grande! São bem diretas e por aí vai…
Vestimentas
Como em todo e qualquer país, Taiwan tem mulheres de todos os estilos e classes sociais. Lembro-me bem que quando cheguei, os calçados utilizados por elas me chamavam muita atenção. Em geral, elas usam muito tênis e looks mais esportivos. Claro que a mulher que trabalha fora, procura se vestir de forma mais adequada ao trabalho, mas nem sempre. Já cansei de ver no verão meninas com micro-shorts no ambiente de trabalho. Diria, que nesse quesito, não existe bom senso. Não importa o que os outros pensam, se vestem do jeito que gostam. É mais ou menos por esse lado.
Já as mais jovens, algumas bem mais fashionistas, admiram muito o Japão e copiam muitos estilos de looks vindos de lá, mas bem longe de ser algo brasileiro. Nada de estampas coloridas, muita exposição do corpo (até porque se protegem muito do sol) ou cores contrastantes. O uso de cores como azul, cinza, branco e preto varia nas estampas mais discretas possíveis. Tons de marrom? Não é a cor preferida delas. Tem ainda, as que se vestem muito bem usando roupas de marcas de luxo. A maquiagem usada pela maioria das mulheres, quando se maquiam, é sempre bem natural ou bem exagerada – lentes coloridas com cílios postiços grandes e sobrancelha bem marcada.
Mesmo no verão, estão sempre com uma blusinha de manga comprida para se protegerem do sol. Diria que essa é a maior vaidade delas, ser branca e sem manchas de envelhecimento. Que isso, minha gente, algumas têm uma pele invejável e nunca aparentam ter a idade que tem, parecem sempre mais jovens.
Aqui não é comemorado o Dia Internacional da Mulher, mas sempre temos o que aprender com elas também, seja na persistência ou na liderança!
1 Comment
Bacana seu texto, curiosamente aqui na Argentina tenho um bocado de amigas tawianesas que sao extremamente amáveis e conselheiras. Me receberam muito bem.
E sim, é muito comum ver que em sociedades mais tranquilas as mulheres podem se vestir como querem (como ir de short ao trabalho) e nao ter problema algium. Isso no Brasil seria “absurdo” justamente por causa do machismo que tanto estamos querendo combater 😉
Um beijo!