A Europa é um continente repleto de história, o mais legal disso é que ela está viva e mais perto do que se imagina. Mesmo para os mais aficionados nela, muitos dos ensinamentos escolares sobre impérios e guerras acabam se dissipando com novos conhecimentos e, ao relembrar, sempre surgem dúvidas e confusões sobre países e épocas. Hoje vou falar sobre os museus em Budapeste, na Hungria.
A oportunidade de viajar nos permite enxergar o passado com outros olhos, afinal, cada país tem uma origem e conhecê-los pode mudar completamente a sua opinião sobre os fatos.
Um evento inesquecível para a história da Hungria foi o Tratado de Trianon. Após perder a Primeira Guerra Mundial, foi assinado como forma de enfraquecê-lo e evitar que se tornasse uma potência novamente, o que ocasionou em uma perda de 2/3 do território. O mais marcante foi a concessão da Transilvânia para a Romênia, cerca de 102.000 km². Além disso, o acesso ao mar (onde hoje está a Croácia) também foi perdido, a questão de território ainda é uma reivindicação recorrente para os nativos.
Pretérito e presente contrastam o tempo todo pelas ruas, construções antigas com baladas e jovens, ponte reerguida após a guerra, igrejas em seu padrão original…
O melhor lugar para encontrar a história preservada são os museus! Eu particularmente gosto bastante, mas dou preferência para os que são interativos, acredito que sejam mais agradáveis e divertidos.
Em Budapeste existem muitos, vou compartilhar a experiência dos que já visitei.
Casa do Terror
Até pesquisar antes de ir, não tinha muita ideia do que encontraria. Sou daquelas que odeia filme de terror e super medrosa e assustada com tudo, então fui ler na internet para me preparar.
Foi bem mais tranquilo do que imaginava, ele fica localizado no prédio que foi sede do partido nazista e depois comunista, localizada na Avenida Andrassy, a Champs-Élysées daqui.
É triste ver as atrocidades que foram cometidas. Em aproximadamente 8 meses, a população judia caiu 35%, a porcentagem não parece tão considerável assim, no entanto, estamos falando de 130 MIL PESSOAS.
O monumento dos sapatos à beira do Rio Danúbio também está relacionada com esse extermínio.
Durante a visita é possível assistir a diversos relatos de pessoas que tiveram alguma ligação com esse período (normalmente mulheres que perderam seus maridos, filhos e homens que sobreviveram).
Logo na entrada, você verá um tanque de guerra original e uma parede enorme com fotos das vítimas.
A desvantagem é que todo conteúdo está em húngaro, em cada sala você pode pegar uma folha sulfite com a versão em inglês, só que é cansativo ficar lendo tudo na hora e depois é mais difícil recordar a o que o texto se refere. Eles utilizam estatísticas que não possuem sua origem, para historiadores isso é fundamental, não se pode jogar números sem que apresente a bibliografia para que possa ser confrontado.
No subsolo ficam as prisões e a forca, nesse porão é que aconteciam as torturas. Não indico para pessoas com claustrofobia.
Memorial do Holocausto de Budapeste
É um museu que também é bem triste na minha opinião, ele é destinado à história de judeus e o quanto eles sofreram. Recomendo visitá-lo com tempo e também disposição, pois exige muita leitura (o ponto positivo é que você encontrará tudo traduzido para o inglês).
Quando acabam as exposições e você está se dirigindo para a saída, encontrará uma sinagoga muito bonita e cheia de detalhes, ela foi reconstruída através de fotografias do século XIX e é uma construção bem fiel. Este museu aborda principalmente os períodos das guerras mundiais, enquanto a casa do Terror é mais voltada para os regimes políticos sofridos pelo país. Sair de lá nos faz refletir muito sobre as barbaridades cometidas e qual era a motivação disso, ter esse contato com imagens, objetos e relatos é uma experiência transformadora.
Museu Etnográfico
Confesso que não sabia o que era a etnografia até pisar no museu. Ela tem origem na Antropologia Social e é o estudo que visa compreender toda a questão cultural, técnicas, ritos e práticas de um povo.
O museu é super dinâmico, já que é formado de exposições de roupas, objetos e partes da casa no passado, te permite usar a imaginação para se sentir em outra época.
Me senti em um palácio muito chique, pois o prédio é simplesmente maravilhoso! No entanto, achei um pouco superficial, já que não encontrei informações em inglês e uma hora cansa ficar vendo “mais do mesmo”. Fica em frente ao parlamento e indico conhecer caso se interesse por esse estilo de museu, aproveitei pois no dia 20 de agosto aqui na Hungria todos os museus são de graça e ele estava relativamente vazio, no entanto, acredito que tenham outras atrações mais relevantes.
Comparando com outras grandes atrações pela Europa, o investimento é bem baixo para os principais pontos turísticos da cidade, sendo que muitos desses, como o Fisherman Bastion ou Citadela, são gratuitos. Mesmo para quem não é tão fã de museus, a Hungria se esforça em transformar os espaços em uma experiência dinâmica e com conteúdo.
Qual foi o seu museu preferido? Compartilhe nos comentários!
1 Comment
E hoje quero ajudar você. Otimo post!!! Muito bom mesmo.