Os EUA podem surpreender quem gosta de arte e se dispõe a sair do circuito Nova Iorque – Los Angeles. Vou convidá-los a conhecer um pouco da cena de arte na capital do país: Washington D.C., vamos lá?
Washington, como quase todas as capitais políticas mundo afora, têm um ar muito mais conservador. Desde a arquitetura de seus prédios públicos, até a construção urbanística de suas ruas e avenidas, nota-se uma austeridade. O elemento clássico e suntuoso está presente em todos os cantos, nos belíssimos monumentos históricos e também nas impressionantes coleções museológicas.
Há museus de todos os tipos e gostos e são, em sua grande maioria, gratuitos para qualquer visitante em qualquer dia e horário. Vou descrever um pouquinho sobre cada um dos que eu conheço e deixá-los com a vontade de encarar as 4 horas de viagem que separam Nova Iorque de D.C.
Smithsonian – uma instituição de tirar o fôlego!
O Instituto Smithsonian é um grande conglomerado cultural que abrange 19 museus, um zoológico e 9 centros de pesquisa. É detentor da maior coleção de arte e objetos históricos do planeta. São cerca de 138 milhões de artefatos, obras de arte e espécies! Fundado pelo milionário inglês James Smithson em meados de 1800, o instituto foi criado e pensado para homenagear os Estados Unidos e deixar aqui um legado cultural de valor inestimável. Não se sabe ao certo por quais razões Smithson decidiu fazer esse grandioso trabalho no país norte-americano e não em sua terra natal.
Após a sua morte, em 1829, o congresso americano assumiu a direção do instituto e transformou-o em um dos maiores patrimônios do país.
Segue, abaixo, uma lista dos museus de arte desse gigantesco complexo cultural:
Museu Nacional de Arte Africana:
Eu, como amante e estudiosa de artes visuais, fiquei gratamente surpresa ao conhecer a maravilhosa e exuberante cena artística africana, que era totalmente desconhecida para mim quando morava em São Paulo. A arte contemporânea africana passa longe dos estereótipos de selvas e safáris que estamos acostumados e trás uma visão crucial dos acontecimentos e ações criativas deste continente. No museu, recorrentes exibições e workshops desvendam este universo para os interessados.
Museu de Arte Americana e Renwick Gallery:
Trata-se, na verdade, de uma só coleção dividida em dois maravilhosos edifícios. O Museu de Arte Americana fica próximo a Chinatown, e a Renwick Gallery reabriu ano passado em um prédio histórico ao lado da Casa Branca. São, ao lado da National Gallery, os meus espaços preferidos na cidade. Belíssima coleção de arte americana, que inclui também artistas da América Latina, inclusive alguns trabalhos de brasileiros como Vik Muniz. O museu oferece ainda uma variada e gratuita agenda de eventos, desde jazz e bandas ao vivo em seu pátio, como classes gratuitas de yoga no meio das obras de arte. Um dos melhores programas da cidade.
Freer e Sackler – Museu de arte asiática
Mais uma vez dois prédios e duas impressionantes coleções conectadas e administradas juntamente. Fruto de doações generosas dos respectivos colecionadores, Arthur M. Sackler e Charles Lang Freer, as galerias oferecem um panorama único sobre a arte e cultura asiática, desde a antiguidade até a contemporaneidade. Aqui também está presente uma das primeiras instalações da história da arte: The Peackock Room, do renomado artista norte-americano James McNeill Whistler.
Hirshhorn – Museu de Arte Moderna e Contemporânea
Foi fundado em 1974 por Joseph Hirshhorn, imigrante da Letônia. Sua coleção impressionante de arte moderna e contemporânea foi doada ao Smithsonian e logo abrigada em um maravilhoso prédio projetado por Gordon Bunshaft, ganhador do Pritzker Prêmio de Arquitetura.
Tudo no prédio é maravilhoso: sua construção redonda e forrada de painéis de vidro, seu pátio interno e seu jardim adjacente de esculturas modernas e contemporâneas. Para quem ama arte contemporânea, trata-se de mais um endereço imperdível.
Além dos citados, existem diversos museus de história, ciências, tecnologia pertencentes ao Smithsonian, mas que deixarei para outro post, afinal, aqui estou descrevendo somente as artes visuais.
Existem mais duas instituições de arte na cidade que não posso deixar de mencionar, apesar de não pertencerem ao Smithsonian:
National Gallery of Art
A galeria nacional de arte dos EUA fica em D.C. e não poderia deixar de ser sofisticada em termos de qualidade da coleção, apuro e beleza das instalações. Aqui fica a única obra de Leonardo Da Vinci na América, bem como algumas das maiores obras de arte produzidas pela cultura ocidental. Desde históricos Picassos, o mais importante auto-retrato de Van Gogh, a impressionante coleção de arte flamenca com Johannes Vermeer e Rembrandt, esculturas clássicas e contemporâneas, entre outras maravilhas. Posso dizer que é quase a minha segunda casa ou meu templo sagrado. É para lá que corro quando preciso recarregar as energias e passar uma tarde em ótima companhia. Além, claro, das belíssimas apresentações musicais que ocorrem frequentemente. E sim, também tem entrada gratuita permanentemente!
Phillips Collection
Nos Estados Unidos é comum grandes coleções se tornarem públicas e esse é o caso da Phillips Collection. O prédio onde ela está instalada era a residência oficial da família de Duncan Phillips e transformou-se em fundação dedicada às artes em 1921.O museu é relativamente pequeno, mas tem uma coleção admirável e bastante eclética. A construção original já passou por reformulações para abrigar a impressionante coleção que possui Van Gogh, Mondrian, Calder, Renoir, Georgia O’Keffe, entre outros, porém, resquícios da residência luxuosa ainda podem ser observados. Encontra-se aqui o famosíssimo quadro de Renoir “Almoço dos Remadores”. Durante a semana a entrada é franca.
Quem se interessar mais sobre o meu olhar e minhas andanças de arte pela capital americana pode também me seguir aqui , na revista virtual de arte contemporânea ArteRef, na qual escrevo semanalmente.
E aí? Para você que gosta de arte, te convenci a visitar Washington D.C.?
1 Comment
Parabéns pelo conteúdo, me agregou muito