Falando sobre o Natal a primeira coisa que me passou em mente foi: “Mas que Natal? Natal norte da Itália praticamente não existe, pelo menos não o que conhecemos cheio de alegria.”
Quando pensamos em Natal, nós brasileiros, associamos a data à muita comida, família reunida por horas em torno da mesa, parentes que vem “de fora”, a ansiedade das crianças esperando seus presentes e o especial de Natal na tv como som de fundo, mas aqui no norte da Itália a coisa é bem diferente para não dizer bem triste, fria e reservada.
Apesar de ser um país católico que abriga o Vaticano, o nascimento de Jesus aqui no norte passaria bem batido se não fossem os Mercatini di Natale durante o mês de novembro/dezembro, os presépios montados nas partes internas das igrejas e algumas decorações pelas cidades que se iniciam depois do 8 de dezembro que é o Dia da Imaculada Conceição.
Durante os meses de novembro e dezembro todas as cidades tem os seus mercados de natal; ferinhas tradicionais com pequenas casinhas de madeiras que vendem produtos alimentares, artesanatos e decorações natalícias, algumas destas feirinhas são enormes mas também existem aquelas nas pequenas pracinhas da cidade bem mais simples. Muitas pessoas e agências de viagens organizam excursões para os mais tradicionais e esperados Mercatini di Natale como por exemplo os de Vipiteno, Bressanone, Merano e Bozano, inclusive é difícil achar vagas de última hora nas excursões.
A Itália praticamente para neste período, entre 23 de dezembro e 6 de janeiro, as escolas entram em férias, muitas empresas entram em pausa, os órgãos públicos trabalham em horários reduzidos ou simplesmente deixam de funcionar até o final da epifania.
O comércio abre normalmente até o dia 24 e algumas lojas ficam abertas até as 23horas, mas o auge das vendas inicia mesmo depois da epifania quando começam os saldi de inverno com promoções de até 70% nas mercadorias. Italianos adoram uma pechincha e não costumam ser muito consumistas.
E ai que vem a pergunta: Para aonde vão todas estas pessoas? O que elas fazem? A grande maioria viaja para as casas nas montanhas para curtirem o frio e um pouco da neve com os parentes mais próximos ou com amigos para outras cidades da Europa que costumam ser mais movimentadas e animadas.
Com o euro em alta e a crise européia muitos inclusive buscam a América do Sul como refugio neste período, pois italiano que se preze adora um bronzeado e um mar a sua disposição em qualquer folga que encontram no calendário. Quem fica na cidade praticamente não sai de casa e não vai ter muito o que fazer pois tudo vai estar fechado e na tv os programas se repetem no pior das suas programações.
No dia 24 acontecem as tradicionais Missas do Galo frequentadas em massa pelas pessoas idosas. Após o badalar dos sinos a meia-noite o silêncio impera e até o dia 26 é rarissimo ver pessoas na rua ou barulhos de festa. Muitos se encontram com a família para um almoço no dia 25 com um cardápio bem do dia a dia, como uma simples lasagna, um prato de pasta, carnes assadas ou peixe, acompanhado de queijos e vinhos e muito pandoro ou panetone, outros preferem se encontrar no dia 26 no dia do Santo Stefano.
Os presentes costumam ser distribuídos para as crianças na manhã de Natal que veementemente acreditam em Papai Noel ( Babbo Natale) e inclusive são incentivadas a acreditarem pelos pais e professores.
Assim que termina o Natal um pouco de normalidade volta a brilhar pelas ruas e mesmo com um frio persistente as pessoas voltam a se movimentar até a chegada do Ano Novo e com ele novamente o marasmo total pelas ruas das cidades.
Restaurantes fazem festas privadas, algumas pessoas se encontram nas casas de parentes, os mais jovens viajam mas como diz o famoso ditado “Natale con i tuoi capodanno con chi vuoi” (Natal com os seus (familiares), Ano Novo com quem você quiser.).
A única curiosidade por estes lados aqui é que as pessoas se vestem de vermelho na passagem do ano, inclusive as roupas de baixo para trazer sorte. Com a contagem regressiva na tv para a virada do ano, as pessoas se abraçam, dizem “auguri” e terminada a comida na mesa, vão todos para a cama. Fogos, barulhos, música é algo completamente inexistente nesta noite, por ser uma região de idosos, as festividades são muito discretas.
Depois do dia 1° de janeiro apesar de muitas pessoas ainda estarem em pausa a vida começa a voltar ao normal para os adultos, porém as crianças ainda esperam ansiosamente o dia 6 que é o dia da Befana; uma senhora idosa que voa em uma vassoura levando doces e colocando em uma meia para as crianças que foram boazinhas ou um carvão (de açúcar) pra aquelas que que tiveram um mau comportamento. Os supermercados ficam lotados destas meias para vender, é um comércio extremamente lucrativo.
Lembrando que no sul do país é completamente diferente, até mesmo porque as temperaturas costumam ser mais altas, o povo é mais caloroso e o valor da união familiar levada muito em conta. No norte as famílias são relativamente pequenas e o ciclo familiar muito íntimo e restrito.
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3 Comments
Ótimo texto, Bruna! Mas fiquei curiosa da origem do teu sobrenome… Eu tb sou Roland, e somos poucos no Brasil. Será que somos parentes?! kkkk
O meu vem do meu bisavô André Roland, francês.
Leticia, muito boa tarde!!!
Nossa, o meu também vem do meu avô da França. Fiquei curiosa agora, vou perguntar mais para os meus parentes pois infelizmente não sei muita coisa.
Fico feliz que você gostou do texto.
Abraços. 🙂
Sinceramente, não gostei do texto, você está falando do Norte da Itália? Ou de uma pequena cidadezinha? O Norte da Itália é enorme e inclui cidades como Milão, Torino, Veneza, Trieste, Verona e muitas outras incríveis e mágicas cidades neste período do ano, cheias de festas, praças com muitas festas e muita alegria… o texto foi generalizando tudo, Italiano que se preze não perde o bronzeado ???? Oi??? Te aconselho viajar um pouco mais a Itália antes de escrever outro texto generalizando assim.. as festas de Natal são lindas e não são tristes como você descreveu no “seu particular Norte”.