Como é dirigir na Romênia?
Quem acompanha meus textos sobre a Romênia sabe do meu amor louco e incondicional por este pedaço de mundo que também considero casa minha, mas desta vez a coisa é mais embaixo e está muito difícil defender este país. Eu até tento comparar com o Brasil e suas grandes capitais em horário de pico, ou com qualquer outro local com o cenário tão caótico quanto, mas Romênia amiga, assim fica duro tomar uma posição a seu favor. Quando o assunto é o modo de dirigir dos romenos, nada é tranquilo e muito menos favorável!
A única palavra que posso usar para definir é caos; um caos único e aterrorizante, daqueles que a gente fecha os olhos para nem ver o coleguinha ao lado dirigindo e agradece a Deus praticamente de joelhos o poder das pálpebras. Sabe aqueles vídeos de pessoas dirigindo de modo bizarro e estacionando de formas digamos criativas, que podemos encontrar no youtube? Pois bem meu jovem, a coisa aqui é deste nível para pior, te deixando de boca aberta por vídeos como aqueles não serem montagens.
Eu sempre tive medo de carro, acidentes, curvas e tudo mais ligado ao mundo automobilístico, mas aqui a coisa vai além dos limites do meu bom senso, ao ponto de me fazer tomar algum calmante no estilo maracugina para poder fazer longas viagens de carro e conseguir manter a minha paz interior e principalmente meus palavrões escondidos me fazendo ser a moça educada. Aqui me recuso a dirigir. Não consigo, tudo me bloqueia.
A coisa é bem tensa, confusa e acelerada. Todo mundo fecha todo mundo, todo mundo ultrapassa todo mundo e o risco de engavetamento atinge possibilidades imensas. É tudo acontecendo no mesmo tempo, ninguém respeita ninguém e nem a vez do outro.
Tem uma linha contínua na estrada? Esquece, o romeno ultrapassa ali mesmo, fazendo frear o carro que vem no outro sentido, o carro que esta atrás e desesperar o motorista da frente. Muitas das ultrapassagens ocorrem apenas para passar a frente de um único carro que estava andando 5km/h a mais do que o outro. É tipo disputa de egos ao volante representando perigo constante.
As estradas são estreitas e cheias de curvas fechadas, muitas vezes com um asfalto pedindo reforma, muitos trechos não tem acostamentos e a terceira faixa é um sonho muito distante em muitos lugares. Dirigir nas rodovias se resume em um eterno: acelera, freia, ultrapassa, acelera, freia, ultrapassa, opa, freia de novo que o coleguinha de trás me fechou, acelera que dá, ixi tem que frear, freia, freia que vem um caminhão, ixi esta foi por pouco, acelera…ad infinitium até o destino final. Se a estrada a ser percorrida for no interior, eita que ai além de todos os problemas você vai se deparar com tratores e charretes ali naquela paz cotidiana entre o acelera e freia, mas isto faz parte e é até mesmo um charme.
Nas cidades as coisas não são diferentes não. Um dia em Bucareste pode te fazer arrepiar pêlos que você nem imaginava ter no corpo. Estacionar então amigo, isto sim que é uma arte. É tipo vai aqui mesmo se não tem outro lugar. E nada de deixar o carro retinho e posicionado de uma forma que facilita os demais, aqui o povo vai jogando os carros nos estacionamentos de modo peculiar, e se não tem espaço por que não em cima da calçada ou no meio da rua formando uma segunda fila?
Dar a seta para que se a gente pode virar a qualquer momento em qualquer direção pensando que o motorista atrás é adivinho? Ok, este é um problema mundial, mas quando se trata destas bandas é um agravante daqueles no eterno acelera e freia.
Placas, para que jovem! Digamos que no Brasil sinalizamos muito mais e melhor as nossas regras de trânsito. Aqui se perder faz parte e entrar na rua errada faz parte também.
Um percurso de 500km pode durar o dobro do tempo previsto, afinal o motorista vai acabar mantendo constantemente uma velocidade entre 70/80km/h por causa de todos os problemas citados acima.
Existem muitas autoestradas sendo construídas, o que indica que dias melhores no trânsito deste país estão por vir, mas enquanto o mesmo não acontece de fato a minha recomendação para quem pensa em dirigir por aqui é ter calma, paciência e muito, mas muito amor no coração. E para ajudar também não custa haver na bagagem um mala cheia de sorrisos serenos e tranquilos para usar como resposta para os nervosinhos de plantão, afinal para o romeno não basta dirigir enlouquecidamente, tem que também achar que tem sempre razão e que regras não existem.
Para quem quer rir um pouquinho e ter uma noção lúdica e divertida de como é o humor do motorista por estas bandas da uma clicadinha aqui e assista o vídeo do Pateta no trânsito – “Senhor volante” e pronto, sinta-se na Romênia.
Nos vemos mês que vem!
2 Comments
obrigado bruna pela postagem..não vale a pena ir para a romenia sinceridade..
Muito engraçado o post hahaha, fiquei imaginando… que caos!