Não sei exatamente como é em outros países, mas aqui na Noruega é comum conhecermos brasileiras que recomendam (e mantêm) distancia de outros conterrâneos. Seja para não ser alvo de fofoca, para evitar falar outra língua além do norueguês ou por outros motivos, não é estranho conhecer alguém que não tem e nem quer ter amigos brasileiros.
Muitas dessas pessoas passaram por alguma experiência ruim com outras brasileiras que acabou gerando esse “trauma”. Em outros casos, a pessoa já mora aqui há tanto tempo que acabou se “tornando” mais norueguesa que brasileira e os hábitos de uma brasileira recém chegada – ou pouco adaptada – acabam incomodando ou chocando.
Eu, que já vivo na Noruega há mais de dois anos e tenho vários (e queridos) amigos e amigas brasileiras tento entender essa decisão e honestamente, não consigo.
Pessoalmente, eu tento me aproximar dos brasileiros dos quais eu seria próxima mesmo se conhecesse no Brasil. Afinal, para ser amigo de alguém é importante ter em comum mais do que a nacionalidade, é preciso compartilhar valores, confiança e claro, conseguir se divertir ao lado da pessoa.
Acho muito feio quando brasileiros acabam falando mal uns dos outros, querendo ou sem querer e assim acabam generalizando a si mesmo ao dizer que todos os brasileiros tem esse ou aquele defeito. Afinal, gente metida, fofoqueira e interesseira vem de todos os lugares, não apenas das terras tupiniquins.
Tenho amigas norueguesas (e de outras nacionalidades) e a família do meu noivo que me acolheu muito bem, mas no final do dia, são as minhas amigas brasileiras que entendem os meus problemas, choques culturais e frustrações. As brasileiras entendem – e compartilham – o modo como e encaro os relacionamentos e também a ideia de amizade. Elas sentem falta das mesmas coisas que eu, passam pelos mesmo desafios que eu e é maravilhoso ver (e ter como exemplo) aquelas que conseguiram se estabelecer por aqui, construir carreiras e serem bem sucedidas na área que escolheram. É muito bom poder falar português no fim de semana depois de uma semana estudando em norueguês.
Para terminar, posso dizer com certeza que uma das razões pela qual eu consigo chamar Oslo de minha casa é ter o meu grupinho de amigos brasileiros, com os quais eu me encontro bem menos do que gostaria por conta da correria do dia-a-dia, mas que tornam esse lugar tão frio um pouco mais quente e que no meio de tanta impessoalidade tornam tudo muito mais aconchegante.
E todas as vezes que eu acabo ficando um pouco fria ou séria demais eles me ajudam a recuperar aquela que é a maior qualidade dos brasileiros: o sorriso.
25 Comments
AMEI Denise seu texto! Um testemunho mito importante! Na verdade é esquizofrenico este tipo de atitude de brasileiros vivendo fora do pais, pois como negar suas proprias raizes? Podemos viver decadas e eu falo pois ja moro agora mais tempo fora do Brasil, do que o tempo que vivi no Brasil, mas minhas raizes e identidade nao tem como mudar, seus primeiros 7 anos de vida é onde esta sua raiz, é a base de todas as suas referencias, onde vc aprendeu uma lingua sem sotaque, tem uma base de informaçoes no seu limbico (parte do cerebro emocional) que vc pode até nao se lembrar mas que é o que mais te leva a reagir, se comportar como vc se comporta, a perceber as pessoas e o ambiente ao seu redor “emocionalmente” falando. Na maior parte das vezes, a minha experiencia é de que muitos brasileiros com este tipo de comportamento de se isolar evitar os conterraneos tem haver com ilegalidade, complexo de inferioridade, mas acima de tudo de preconceito, e pior ainda “auto-preconceito”. Concordo em genero numero e grau com vc, quando diz que pessoas interesseiras, mediocres, falsas, mesquinhas, mentirosas tem em todo o mundo e é independente de nacionalidade! Pra mim se encontrar com amigos brasileiros verdadeiros e escolhidos claro, com base no que vc falou, mesmos valores, etica, interesses é um balsamo e um pedacinho de casa aqui. Desde que comecei a trabalhar com o “Brazilian Business Group Europe”, tenho que dizer que meu nivel de energia entusiasmo, e qualidade de vida melhorou ainda mais devido a este contato com a nossa cultura e a interatividade com a comunidade brasileira. Otimo texto, super bem escrito simples, curto, e tao expressivo autentico e informativo ao mesmo tempo! Bravo! Namasté!
Muito obrigada Ana Cristina e eu concordo com o que você disse sobre “auto-preconceito”, e acho que as pessoas perdem boas amizades e oportunidades de criar um network valioso por caus dele! E fiquei super interessada em saber mais sobre o “Brazilian Business Group Europe! rsrs Obrigada novamente e namasté!
denise boa noite me chamo katia eu trabalhei em torino (italia) eu cuidava de 2 idosos, isso foi 13 anos atras retornei pro BRASIL por questaõ familiar. Hoje o que eu mais quero é retornar pra EUROPA ,a NORUEGA tem uma qualidade de vida que é um sonho, vc conhece alguem por ai precisando de cuidadora ? pra mim é complicado falar com vc a mesma naõ me conhece , mais eu tenho referencia ,tenho CNPJ eu trabanho aqui em VITORIA-ES, faço plantao em casas e hospitais, eu quero sair do BRASIL não aguento mais a violencia , desemprego,eu tenho 47 anos ta dificil viver no brasil.
Katia, a Denise parou de colaborar conosco.
Para migrar para a Noruega é preciso ter em mente que o idioma norueguês é fundamental, sobretudo nessa área em que você pretende atuar.
Pesquise bastante e visite o país para conhecer antes de tomar a sua decisão. Fatores como clima e convívio social podem ser desafiadores para brasileiros, sobretudo para quem nunca saiu do país.
Busque por informações sobre vistos no consulado da Noruega mais próximo ou na embaixada da Noruega em Brasília.
Boa sorte,
Equipe BPM
Um texto muito verdadeiro. Muita gente diz que as brasileiras (vou mencionar somente as mulheres) sao invejosas e nao sao amigas de verdade quando se precisa, porem, inveja e falta de carater nao tem nacionalidade. Claro que encontramos varias pessoas assim no nosso caminho (eu que o diga infelizmente), entretanto tambem encontramos pessoas fabulosas que nos ensinam muito e se nao estivessemos aqui fora, nunca poderiamos te-las encontrado. 🙂 bj
Com certeza Ann, e de qualquer forma, as decepcoes nos ajudam a amadurecer e tambem são validas! Importante mesmo e conhecer pessoas e nao perder a oportunidade de fazer amigos! Obrigada, beijos 🙂
Adorei o texto, verdadeiro e simples. Eu moro 20 anos fora do Brasil. E já conheci gente de todas as qualidades aqui na Holanda, e no final o que sobraram foram poucas mas verdadeiras. Mas, eu sempre gosto de conhecer novas brasileiras e me empenho para isso. E com elas que eu sou eu mesma, com elas que eu posso falar do Brasil sem precisa defender. E com elas eu posso matar saudades do Brasil. Mas, também preciso só elas para viver na Holanda. Também aprendi a conhecer outras culturas e outros mundos e reconhecer uma amizade verdadeira em outro idioma. Eu também tenho um blog Entre Ratos Coelhos Poesias na Holanda. Um abraço
Acho super importante manter o contato com os “brasucas”. O que teria sido de mim se nao achasse um grupo de brasileiros em cada canto que morei? Pessoas que nem me conheciam me passaram dicas super valiosas, convidavam para ir a casa delas sem nunca ter me visto. Os brasileiros se ajudam muito, afinal todos estao no mesmo barco quando fora do Brasil.
Muito valido o seu texto, Denise! Tambem percebi isso logo que cheguei em Londres, anos atras. Hoje, posso dizer que tenho otimos amigos, de varias nacionalidades, inclusive brasileiros (a maioria!). O lance e conseguir perceber que pessoas nao sao bacanas, e evitar, e isso nao depende do lugar onde estamos. O ser humano e muito complexo e o fator nacionalidade o deixa ainda mais intrigante. As diferencas de cultura influenciam mais em algumas pessoas do que em outras e acredito que isso possa ser um fator que altere o comportamento quando em um pais diferente. Felizes somos nos que conseguimos nos adaptar e fazer otimas amizades (ate mesmo virtuais!) onde quer que estejamos! Sucesso para vc ai na Noruega e nao deixe o Brasil que tem dentro de vc morrer nao! Bjs
Parabéns pelo texto, Denise. Infelizmente isso acontece com frequência, morei 6 anos na África do Sul, estou na Áustria a 6 meses e percebi que a maioria dos brasileiros se ‘escondem’ e evitam aproximação. Tenho muitos amigos austríacos (que por sinal me acolheram muito bem) mas também acho importante a troca de experiências com outros brasileiros. Sucesso e tudo de bom!
Oi Denise,
Li seu texto e concordo que a princípio muitos evitam contato com outros brasileiros para não dificultar o aprendizado do idioma, que é um fato. Aqui em Buenos Aires, já conheci, e conheço, brasileiros que vivem há anos aqui, mas que ao falar têm um espanhol sofrível, até parece que chegaram há apenas alguns meses por causa do contato quase que integral com outros brasileiros. Mas por outro lado, acho que com o passar do tempo cada pessoa deve perceber que a nacionalidade não deve ser motivo de seleção de amizades. Porque além de feio é uma noção completamente errada de perceber as pessoas. Devemos nos aproximar de quem nos faz bem, de quem podemos sentar uns minutos ou horas seja para tomar um cafezinho ou um vinho, de quem compartilha de nossa personalidade, do nosso jeito de ser. E se uma coisa aprendemos muito bem ao morar fora do Brasil, é que nas demais culturas a nacionalidade tem um peso diferente. No Brasil, todos somos brasileiros e ponto. O “Japa”, o “Alemão” é brasileiro. Mas nos outros países o “Ser” de algum lugar torna-se a sua identidade e depois de um tempo, inseridos em outra sociedade tão diferente da nossa, as vezes faz uma falta danada aquele sorrisão, aquele abraço apertado, aquela gargalhada gostosa e se alguém ao lado se incomodar com tanta alegria é só pensar: “Desculpe, mas estou no meu momento brasileiro total!”
Amei tudo que escreveu,percebo alguèm muito equilibrada,as tipicas pessoas que sabem viver,conduzir a vida sem atropelos,gostei de como escreveu,de forma simples,direta,especifica,e verdadeira.
Por alguns anos eu me mantive longe das pessoas,muito medo,tive relacionamentos ruins com brasileiras vivendo aqui fora do Pais,fiquei chocada,fustrada e assim passei a viver de forma isolada,completamente isolada,foi tao radical que gerei uma depressao terrivel,sofria muito,e precisei passar 1 ano no Brasil,mantendo contato com pessoas,indo para muitos lugares,andndo de onibus,indo em feiras populares,tudo indicado por minha terapeuta,foi bem dificil,muito,mas venci,e passei a entender muitas coisas,valorizar,e confiar mais em mim mesma,nao me oprimir por conta do que poderiam falar,sequer imaginar de mim,acredito que eu mesma me colocava como vitima e as pessoas percebiam a minha fragilidade,a estranha forma d acreditar severamente nas pessoas,e achar que elas nao vao,podem falhar nunca,nao acatar seus defeitos,eu nao suportava fofocas,(Nao Suporto)mas hoje lido bem com isso,mesmo porque nao estou focada em pessoas tòxicas,eu gosto de gente,e suas històrias,e seu modo de viver,mas nao me interesso em criticas,nao faz parte do meu perfil,nunca fez.Sim,vivendo anos fora,ou no Brasil,na Patagonia,seja onde for,vamos sempre achar alguem que tem um comportamento,algo que nao nos agrade,mas o imporante e relevar isso,e entender como hoje eu entendo,que cada um tem seu modo de ser,uma causa para ser,apenas nao podem serem transformadas em coisas,quando chegam nesse estàgio,fica realmente exauto o simples ato de se aproximar de pessoas que nao conseguem ter um pensamento,por menor que seja de forma positiva,falo,escrevo porque fui assim.
Hoje quero muito encontrar pessoas,fazer amizades,fiquei tanto tempo isolaa que nao tenho ninguem para falar,estou voltando ao mundo,gostaria de manter contato com muitas pessoas!conhecer pessoas de vàrias nacionalidades,enfim,estou de volta,e a cada dia tenho certeza de que nao quero ficar sozinha como estou atè hoje,antes por muito medo,fòbia,hoje porque pago a conta do isolamento.
Se alguem quizer escrever,enfim,trocar ideias,amaria ter um grupo com amigos,ter contatos,triste nao receber um e-mail de ninguem,nao ter ninguem para ligar,e natal ?nossa!!!!!primeiro natal que eu gostaria de nao passar sozinha,de ouvir pessoas,amo boas gargalhadas,gente descontraida,de bom humor,coisa boa è aquela gargalhada!!!!saudade!necessidade!!!!!
Que este ano ainda me reserve coisas boas,novas,bons amigos,e em 2014,um horizonte se abra,a solido se torna o pior castigo,como sei bem disso.
Amei ter encontrado essa pagina,parabèns!!!!!!voce faz um enorme bem!!!!!tudo de bom,muito obrigada mesmo.
Bruna.
Olar Bruna me identifiquei um pouco com a sua experiência de vida , que eu passei por uma ,fiquei exatamente como voce , mas agora estou me afogando no trabalho, mas tbm sinto muita falta de pessoas para rir , trocar idéias e gostaría de me manter conectada contigo
Abraco e foi muito bom e importante pra mim que voce falasse a tua experiência de vida.
Eu sei que esse texto e do ano passado mas procurando na internet qualquer coisa relacionada a brasileiros na Noruega, esse foi o melhor que achei. Morei a mais de 10 anos na California e me mudei com meu marido noruegues pra Oslo a 4 meses. Fico muito chateada de concordar absolutamente com voce. Minhas melhores amigas na California sao brasileiras. Estou tentando encontrar os brasileiros aqui em Oslo, mas nao sei onde.
Obrigada pelo texto.
Cristiane
Oi Cristiane estou aqui em oslo faz uma semana e também acho bom encontrar outros brasileiros, qual seu e-mail?
Oi, Denise! Menina, te procurei no face e não tem encontrei… Como posso entrar em contato contigo, moça, para tirar algumas dúvidas acerca da Noruega? Abç e obrigado pela atenção.
Denis, a Denise não é mais colaboradora do blog. Sugerimos que por favor procure as outras colunistas no país e deixe suas dúvidas para elas em algum dos textos.
Obrigada!
Cristiane – editora do Brasileiras Pelo Mundo
Olá Denise! Tudo bem?
Estarei indo conhecer a Noruega daqui alguns dias, preciso de ajudar de algum brasileiro ou brasileira, sairei de Oslo eseguirei para Alta para encontrar com os meus amigos. Será que poderias me dar uma luz? Vai ser a minha promeira vez ai na Noruega
Olá Angela. A Denise deixou a colaboração do blog. Sugerimos procurar grupos no Facebook para entrar em contato com brasileiros na Noruega que poderão ajudá-la.
Edição BPM
Achei providencial o comentário da Denise.. E estou meio apreensiva, pois todos os blogs que eu tenho olhado comentam o quanto é difícil a vida na Europa e o quanto nós brasileiras somos discriminadas.. Inclusive por outros brasileiros.. Isso ocorre também no Estados Unidos. Lamentável. Eu falo fluentemente dois idiomas além do português, tenho excelente formação acadêmica e estou vendo que isto não vai valer de nada se eu resolver viver na Europa ou no EUA.. Os estrangeiros acham que as brasileiras são todas prostitutas.. é lamentável!!!
Olá Denise, tudo bem?
Me chamo Rodrigo e moro em São Paulo . Poderia me passar seu email ou facebook? Gostaria de uma ajuda sua se possível
Muito obrigado
Meu facebook é Rodrigo Muccini
Olá. A Denise não colabora mais com o blog.
Edição BPM
Texto maravilhoso! Além da nacionalidade, realmente é preciso compartilhar os valores. A localidade não deve ser fator preponderante no definir de laços. Jamais!
Denise, eu estou começando a aprender norueguês online e sozinho. Gostaria muito de poder treinar meu norueguês ou com brasileiros ou com noruegueses que saibam inglês. Você poderia me ajudar nisso?
Lindo texto!
Denise, me desculpe por ocupar este espaço com um assunto particular, mas eu estou precisando comprar um livro na Noruega e não tenho nenhum contato ai. Você pode me ajudar? Obg.
Milton, a Denise parou de colaborar com o blog já faz um tempo. Por favor entre em contato com a Wendy, nossa nova colunista no país. Os textos dela são os mais recentes na categoria Noruega, use a ferramenta de busca do blogue para encontrar.
Obrigada
Edição BPM