Nove dicas importantes na hora de visitar um suíço.
Muitas pessoas passam pela Suíça sem entrar na casa de um suíço. É normal. Por ser reservado, discreto e extremamente respeitador, o suíço não convida facilmente as pessoas para sua casa. O convite, quando vem, acontece com tempo, maturidade e intimidade da relação.
Por outro lado, os suíços acham que nós brasileiros enchemos de vida uma conversa. Nossa exuberância é bem vinda e geralmente apreciada em festas e jantares. Temos a nosso favor a informalidade e a alegria que contagiam. Bom para a gente!
Visitando uma casa, decodificamos hábitos, gostos e valores ao lermos objetos, decoração e organização. É uma oportunidade fantástica para estreitar relações, integrar. Uma casa diz tanta coisa! Mas se a experiência for traumática, já era. O risco reside em não estarmos atentos às diferenças culturais e ofendermos, ou sermos indelicados, a quem nos recebe. Por isso, listei aqui dicas para evitar choques culturais desnecessários.
1 – Responder aos convites
Se no convite tiver o famoso “RSVP até dia XY”, ou “Por favor, confirmar até dia XY”, para o bem da relação com seus anfitriões, não atrase sua resposta. Atrasar significa desconsiderar o convite recebido e ignorar o esforço de seus anfitriões para te agradar.
Ao responder, aproveite o momento para perguntar se o convite é extensivo ao novo namorado, ou para dizer que você se divorciou. É importante ser específico com informações relevante a colocação dos pratos na mesa.
Aquele nosso tradicional “Vamos dar uma passadinha” não funciona por aqui. Por favor, se confirmar presença, vá mesmo!
2 – Antecipar notícias
Por aqui, geralmente quem prepara tudo são os donos da casa. Tarefas como definir o menu, fazer o superme.
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rcado, preparar as comidas e colocar a mesa são executadas pelos anfitriões, que muitas vezes começam a maratona dias antes do evento.
Se você não conseguirá ir, chegará atrasado, já irá jantado ou irá desacompanhado, lembre-se de avisar quem te recebe. Não importa a má notícia e sim a informação. Geralmente, quem convida detesta surpresas de última hora.
3 – Oferecer algo para levar
Todo mundo sabe o trabalho que é preparar algo para os amigos em casa, então é muito normal que os convidados ofereçam levar algo. Pode ser uma entrada, uma sobremesa ou as bebidas.
O importante é que a oferta seja sincera. A recusa ou a aceitação do anfitrião é que manda.
Se ofereceu levar, e eles toparam, capriche! O que não pode é oferecer e avacalhar. Se não tiver tempo, não ofereça. Levar um pacote de batatinhas e achar que vale como aperitivo para o anfitrião é um erro medonho que termina até amizades.
4 – Seja honesto com suas restrições
Muitas vezes, o anfitrião pergunta se o convidado tem alguma restrição alimentar. Para nós brasileiros, é educado dizer que comemos de tudo e pronto. Aqui, não. Aqui, se perguntam, é porque querem realmente saber. É uma sinalização que ainda existe flexibilidade para mudar o menu de uma maneira que agrade a todos. Simples assim.
No início eu achava estranho. Agora, acho prático. Faço igual.
Uma vez, convidei um casal de amigos de última hora para jantar em casa. Tinha umas vieiras e umas postas de salmão na geladeira, menu perfeito para nosso jantar improvisado. Sabendo que seu marido não comia de tudo, perguntei à minha amiga: “Ele come vieiras?”. “Não, não come, Teca. Mas ele come todos os tipos de peixes, menos salmão”. Ri sozinha e corri para o supermercado. Sinceramente, melhor assim do que esvaziar minha geladeira desagradando meus convidados.
5 – Chegar na hora marcada
Aqui é a Suíça, terra dos relógios. País pontual.
Provavelmente, seus anfitriões calcularam o tempo exato do aperitivo e programaram o forno para que comece a trabalhar dali a quaisquer minutos para que o jantar seja servido na hora certa.
Se você atrasar vai causar estresse, vai acabar com a programação. Vai fazer queimar o jantar. Vai atrapalhar. Preciso realmente explicar?
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6 – Tiro os sapatos?
Como muitas mulheres, adoro um par de sapatos bonito. Acho que sapatos fazem a maior diferença em uma produção. Mas aqui, em muitas casas, os sapatos ficam do lado de fora.
Os motivos para tal hábito podem ser diversos: a sujeira das ruas fora de casa, manter a casa limpa por mais tempo, cuidar da harmonia do lar, não riscar os assoalhos, evitar fazer barulhos para os vizinhos. Não interessa a crença, o que importa é a sua gentileza em topar desfazer seu visual para respeitar os hábitos de seu anfitrião.
“Devo tirar meus sapatos?”, sempre pergunto. E a resposta é lei.
Aqui, aprendi a escolher não só os sapatos, mas também as meias.
7 – Flores, chocolates, vinho…
Levar um presentinho para o anfitrião é delicado, afinal, a pessoa está se esforçando há dias para te agradar.
Flores são sempre bem vindas, mas é importante saber que podem virar um mico se você levar um buquê que precise ser colocado em vaso. É um desastre largar todos os convidados, que chegam todos juntos, pontualmente na hora marcada (oi, aqui é a Suíça!) e correr para achar um vaso, encher de água e encontrar um lugar para colocá-lo.
Flores, só plantadas dentro de um cachepô bonito, ou já arrumadas em um vaso. Não deu tempo? Envie no dia seguinte, com um lindo cartão de obrigada, dizendo que tudo estava fantástico, mesmo se não for verdade.
Vai de chocolate? Capriche. Aqui é a terra do chocolate. Se for para passar no supermercado e comprar umas barras, desista!
Vinho, se você bebe bem, tem que levar. É obrigação. E não vale passar para frente aquele de rótulo esquisito que você recebeu “Não me lembro de quem”. Capriche. Você está na Europa. Vinho é assunto sério por aqui.
Geralmente, as mulheres levam flores ou chocolates e os homens levam vinho. O casal leva sempre os dois.
8 – Uma ajudinha?
Receber em casa é um grande trabalho. É preciso planejamento e organização. É caro. Cansa. E, para complicar, aqui geralmente não tem ajudantes para cozinhar e servir.
Eu, que adoro uma cozinha, já vou me levantando e oferecendo ajuda. Alguns anfitriões aceitam com um sorriso enorme nos lábios. Outros, agradecem e preferem que não.
E não é não!
Me sinto uma madame mimada quando vejo os anfitriões se desdobrarem para servir a mesa e eu sentadona. Antes, constrangida, insistia em ajudar umas quarenta e oito vezes, até o dia que ouvi de uma amiga “Teca, deixa eu mimar você. Aceite meu carinho”. Depois disso, aprendi. Não é não. Servir os convidados, para alguns, é demonstrar carinho a apreciação. Viva a sentadona!
Portanto, oferença, aceite a resposta recebida e não insista.
9 – Leia os sinais
Ofereceram café e chá? Não abriram outra garrafa de vinho? A anfitriã começou a bocejar? Começaram a falar mais baixo? Estão com medo de incomodar os vizinhos? O papo, de repente, fala do horário que se começa a trabalhar amanhã?
Tchau. Bater em retirada urgente.
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Na primeira vez que eu vim aqui, uma amiga que é casada com um suíço e mora em Lucerne convidou minha família para um almoço. Eu levei meu filho e nem avisei. Ai! Até hoje quando lembro, morro de vergonha! Ela lá pondo mais um prato na mesa…
Na ocasião, conversamos bastante sobre os costumes suíços, e ela me falou que quando na casa de amigos para um jantar ou outra reunião qualquer, algum anfitrião diz “ALSO”, é melhor a pessoa se mandar! Porque also é como quando o assunto acaba e a gente começa a falar “POIS É”.
Na hora eu não tinha como compreender bem. Mas com o tempo ouvi esse “also” chegar aos ouvidos. E agradeço à minha amiga pelo aviso antecipado que evitou gafes desnecessárias. <3