Quando o mundo começou a ouvir sobre os primeiros casos do Covid-19 ainda na China tudo parecia muito distante para quem mora deste lado do mundo. No entanto, não demorou muito para que o Covid-19 chegasse nos Estados Unidos e começasse a fazer vítimas.
Em 21 de janeiro, ouvimos no noticiário que o “Center for Disease Control & Prevention” dos EUA havia registrado o primeiro caso em terras americanas. De lá pra cá muito se falou sobre o Covid-19 e hoje o Brasileiras Pelo Mundo une forças mais uma vez para contar para os leitores como tem sido a experiência das nossas colunistas nessa luta que deixou de ser apenas da China e a passou a ser de todos nós.
Enquanto esse texto foi escrito, os EUA já registrava mais de 94 mil casos confirmados do Covid-19 e mais de 1000 mortos, se tornando o país com o maior número de infectados no mundo. O estado de Nova York se tornou o epicentro da doença no país. De acordo com as expectativas da Organização Mundial da Saúde, se não houver medidas drásticas de prevenção por aqui, o país tem grandes chances de se tornar o novo epicentro mundial da doença dentro das próximas semanas.
Infelizmente, não há equipamento medico suficiente para atender a demanda que aumenta a cada dia. O Presidente Donald Trump anunciou, em conferência de imprensa na Casa Branca, ampla parceria público-privada para conter a pandemia do COVID-19 e prestar serviços de testes clínicos e assistência médica à população.
Empresas como Amazon, Microsoft, IBM, LabCorp, Walmart, Target, General Motors, entre outras, fazem parte da força tarefa criada para ajudar o governo a conter a doença e evitar o colapso do sistema de saúde local. Foi evocado, inclusive, o Defense Production Act, ordem executiva que dá plenos poderes ao governo federal norte-americano para determinar como seria a produção local de equipamentos necessários para controlar e conter a crise medico-hospitalar pela qual o país pode vir a passar. Empresas americanas serão obrigadas a vender seus produtos apenas para o governo americano enquanto a ordem executiva valer.
No momento, o governo insiste em tentar “reabrir” o país aqueles que não compõem o grupo de risco até o dia 12/4, mas as projeções mostram que isso será muito difícil. Em 26/3, o Congresso americano aprovou pacote de medidas de US$ 2 TRILHÕES para estimular a economia e apoiar trabalhadores documentados autônomos, pequenas e médias empresas.
Abaixo, o Brasileiras Pelo Mundo trás depoimentos de suas colunistas.
Lorena Nascimento – Estado de Washington
O primeiro caso de coronavirus nos EUA foi no estado de Washington, no dia 21 de janeiro. O paciente infectado voltou de Wuhan, até aquele momento, a cidade epicentro da pandemia, na China. Nesta época, achava-se que o vírus era apenas transmitido de animais para pessoas, portanto não foram tomadas medidas drásticas de quarentena. A primeira morte, também foi no estado de Washington, dia 29 de fevereiro. Então, as coisas começaram a ficar mais sérias. Escolas fecharam, e muitos começaram a trabalhar de casa. Dia 5 de março já haviam 11 mortes e mais de 70 casos. Praticamente todos os eventos foram cancelados, as ações da bolsa começaram a cair, as pessoas que acreditavam estar infectadas começaram a poder ser testadas em seus carros. No dia 11 de março a OMS decretou uma pandemia mundial, e o estado de Washinton já tinha 374 casos confirmados e 31 mortes. Desde então, as medidas de isolamento social e prevenção ao vírus foram aumentando gradativamente. No último domingo, o presidente declarou um estado de emergência para o estado de Washington, que já tem 2588 mil casos confirmados e 132 mortes.
Natalia Baldochi – Estado da California
Em 19 de Março o governador da California decretou quarentena para as próximas 8 semanas. Apesar da determinação, muitas pessoas ainda estão frequentando áreas públicas como praias e parques, o que contribui para um número crescente de casos, que até hoje dia 24 de Março, já chega a 2,200.
A cidade de Los Angeles está vazia com tudo fechado exceto estabelecimentos de serviços essenciais como supermercados e farmácias, assim como restaurantes e cafés somente para entrega.
Já considerando um aumento de casos para semanas seguintes, o Governo do Estado contará com a ajuda do serviço militar para atender casos de menor gravidade. Tendas de suporte serão instaladas em diversos locais na tentativa de reduzir o número de mortos e evitar sobrecarga em hospitais.
Não saia de casa, principalmente se estiver em Los Angeles, São Francisco e Sacramento. Não receba pessoas em casa e evite aglomerações. Quando for ao mercado mantenha distância das pessoas, lave bem as mãos sempre e higienize todos os produtos que levar para casa. Não há necessidade de máscaras se não estiver infectado.
Caso haja suspeita de COVID-19 não vá até o hospital. O primeiro passo é fazer uma consulta virtual. Lembre-se somente casos graves deverão ser atendidos em hospitais. Todos os outros casos serão mantidos em casa ou irão para as tendas de apoio. Como o número de testes é limitado somente as pessoas com potenciais sintomas de COVID-19 serão testadas. O melhor a fazer é permaner em casa.
A prefeitura de Los Angeles tem prestado um ótimo serviço ao manter as informações atualizadas e oferecendo suporte como estes que você pode solicitar notificações de emergência, verificar se você se qualifica para o teste e se manter atualizada California Department of Public Health.
Aline Oliveira – Estado da Carolina do Norte
A Carolina do Norte ocupa a 18ª posição em número de casos documentados de Covid 19, com 636 casos e duas mortes, conforme dados atualizados até as 12:36 de 26.03.20. A maioria dos casos se concentra em Mecklenburg County, seguidos de Durham e Wake County, este último é onde vivo. A estratégia de enfrentamento em North Carolina, até o momento, compreende o fechamento de restaurantes, bares, academias, salões de cabeleireiro, estúdios de tatuagem e afins, proibiu-se reuniões com mais de 50 pessoas e a utilização de parques públicos e privados. As escolas estarão fechadas até 15 de Maio. Esta semana se confirmou a transmissão comunitária do vírus no Condado em que vivo (Wake County).
Há pontos de teste rápido na região, mas a recomendação atual às pessoas que não estão no grupo de risco é que se auto isolem em caso de apresentação de sintomas, aguardando sete dias por melhora, se houver agravamento devem buscar suporte médico, caso contrário, aguardar mais três dias sem febre mantendo o isolamento. Ou seja, muitas pessoas potencialmente contaminadas não estão sendo testadas, o que impacta diretamente no conhecimento da real situação. As medidas por aqui começaram tímidas, mas tem evoluído conforme a realidade segue se alterando.
Vimos um aumento de conscientização das pessoas com relação à importância de ficar em casa, embora muitas atividades não essenciais continuem funcionando, como o setor de obras e construções, por exemplo. A previsão é que mesmo com o isolamento voluntário possamos colher os frutos em breve através da diminuição de casos, assim esperamos que ocorra por aqui e em todo o País. (Fonte. Acesso em 26 de Março de 2020, às 14:22).
Lorrane Sengheiser – Distrito de Columbia
Na capital americana já acompanhavamos com apreensão o que vinha acontecendo nos estados vizinhos em decorrência do Covid-19. O primeiro caso foi registrado no dia 7 de março, e foi a partir do dia 10 que a prefeita da cidade-estado passou a tomar as primeiras medidas para que a população local evitasse a propagação do virus. Naquela mesma semana, os supermercados lotaram e a população passou a estocar comida.
As cenas eram inacreditáveis. Aqui, sede das repartições públicas federais, fomos sentindo a mudança no cotidiano de forma muito rápida. As escolas e universidades foram fechadas no dia 12/3, parte dos trens que partem para Nova York, linha férrea mais usada do país, foram suspensos no dia 11/3, e todos os funcionários considerados não essenciais foram instruídos a trabalharem de casa a partir do dia 17/3.
Restaurantes passaram a funcionar apenas no sistema delivery. Igrejas, academias, cinemas e teatros foram fechados até o dia 24/4. Em 25/3 a prefeita emitiu um alerta de segurança pedindo que todos os residentes do Distrito de Columbia permaneçam em casa até segunda ordem, com exceção daqueles que não foram dispensados do trabalho. Hoje, 27/3/2020, o número de casos do Covid-19 na capital do país ultrapassa 230. Se você vive na em DC e acha que contraiu o Covid-19 e precisa de assistência em caráter emergencial entre em contato com as autoridades locais mesmo sendo brasileiro(a). Se você está na região e tenta retornar ao Brasil, entre em contato com o plantão do Consulado-Geral do Brasil.
O Brasileiras Pelo Mundo segue acompanhando as notícias sobre o Covid-19 ao redor do mundo através de nossas colunistas e deseja muita sorte e saúde a todos os leitores. Continue nos acompanhando!
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