O comércio é uma grande parte da história, cultura e economia do Oriente Médio. Por sua localização entre o Ocidente e o longínquo Oriente, a Península Arábica durante séculos foi o centro onde muitas culturas, línguas e grupos distintos se encontravam. Durante a época da Rota da Seda, Omã foi uma das paradas dos comerciantes a caminho da Ásia, onde atracavam seus navios no porto de Muttrah, onde o antigo bazar de Mascate também é localizado. Esses comerciantes exibiam seus artigos exóticos em bazares a céu aberto e pontos de troca, promovendo um intercâmbio de objetos, ingredientes culinários e materiais de terras distantes. Barganhar por produtos é uma prática antiga que existe desde essa época, quando a grande variedade de produtos e moedas tornava difícil o estabelecimento de um preço único para tantas transações econômicas.
No Oriente Médio, em geral, a barganha é ainda muito presente na mentalidade dos comerciantes, principalmente nos Souqs (bazares tradicionais) e em lojas menores onde, às vezes, os preços dos artigos não são indicados. O prazer que sentem em passar horas barganhando por algo é quase que um choque cultural de primeira. É algo divertido de se assistir, principalmente se a negociação for entre um vendedor local e um turista. Se você não tem paciência de negociar o preço exaustivamente, prepare-se para pagar mais caro em algo. Também vale lembrar que existe um preço para turistas e um preço para locais, então dependendo do que você quer comprar (principalmente se for ouro), é recomendável ir acompanhado(a) de alguém que more ou seja de Omã e que conheça as lojas e as margens de preço.
Em Mascate, o bazar principal é o Muttrah Souq, localizado na parte antiga da cidade, uma área tradicional e que dá uma impressão de ter parado no tempo. Construído como um labirinto, cheio de ruelas e passagens, existem centenas de lojas no complexo, cada uma com sua especialidade. Para quem curte comprar antiguidades e memorabilias, é o local perfeito para achar tais items, assim como souvenires para amigos e familiares. Echarpes coloridos, jóias e espadas reluzentes, roupas de dança do ventre, especiarias, incensos, vasos, narguilés, moedas antigas do mundo todo… A lista de artigos que se pode encontrar no Souq é infinita. Até os anos 1980, o Souq servia como o principal centro comercial em Omã, já que até essa época as grandes redes de lojas e supermercados estrangeiros, como o Carrefour, não existiam no país ainda.
Para a maioria dos visitantes, assim que começam sua caminhada pelos corredores do Souq, as primeiras palavras que vão ouvir serão de vendedores em frente de suas lojas, fazendo de tudo para chamar a atenção de possíveis futuros clientes. Se decidir parar em alguma loja para ver algo, será coberto(a) de atenção pelo lojista, que será um tanto insistente em fechar um acordo, até que você decida comprar algo ou retirar-se da loja, o que em prática é menos simples do que parece.
A venda de um produto é um processo longo e cheio de detalhes. Por exemplo, é comum que ao entrar em uma loja do Souq, o dono primeiro ofereça um assento acompanhado de um chá ou café com tâmaras para o cliente. Quanto mais quente a bebida, melhor para o comerciante, já que assim passamos mais tempo dentro da loja. Isso é uma das estratégias mais eficazes para os vendedores, já que enquanto esperamos nossa bebida esfriar para o consumo, eles começam a nos mostrar uma infinidade de outros produtos, nos dizendo para experimentá-los ou que podem fazer o “best price”, ou melhor preço, se levarmos mais de um.
Algumas situações que eu e a minha família passamos enquanto no Souq valiam uma foto: já nos cobrimos de lenços, pulseiras, colares, vestimentas árabes e perfumes fortíssimos, como se fôssemos um mostruário humano. Enquanto isso, prepare-se para responder perguntas sobre de onde você é, o que faz em Omã, se é casado(a), se sabe jogar futebol ou sambar como um bom brasileiro(a) e por aí vai. Existe uma grande diferença cultural na etiqueta de fazer negócios. Por exemplo, perguntar diretamente pelo preço do que você realmente está interessado em comprar pode parecer um tanto direto e rude. Portanto, o primeiro preço que lhe dirão provavelmente será um valor bem mais alto, já que o vendedor vê a barganha como uma maneira de ver quão interessado no produto o cliente está.
Para o round 2, sugira um valor bem menor, que provavelmente será recusado. Modifique o preço novamente. Repita até o vendedor concordar, ou até conseguir um desconto na compra do segundo ou terceiro artigo. Uma dica é deixar o cartão de crédito de lado e usar dinheiro para esse tipo de negociação, já que assim fica mais fácil barganhar e usar o discurso de que só tem “valor x” com você. Uma outra observação é que as visitas ao Souq geralmente são demoradas, devido à quantidade de produtos e de barganhas que clientes têm que fazer em cada loja. Portanto, tire um dia inteiro só para isso e venha com alguém que seja um bom negociador e se divirta barganhando tanto quanto os comerciantes. Boas compras!