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    Home»Áustria»O preconceito nosso de cada dia
    Áustria

    O preconceito nosso de cada dia

    Ana DietmüllerBy Ana DietmüllerOctober 17, 2017Updated:September 12, 20188 Comments6 Mins Read
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    Fonte: Pixabay
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    Prezados leitores e leitoras: proponho, nesse artigo, um exercício de autoconsciência.

    Trarei 3 cenas que vi, ouvi e vivi aqui na Áustria. Creio que eu não teria o mesmo aprendizado no Brasil, porque o que irei descrever, em alguns casos, lá na terra natal, ou é impensável, ou nem mesmo existe. Aprendi aqui com a crua realidade e com o modo diferente de pensar e viver dos nativos.

    Lanço ainda um desafio a vocês: não terem nenhum – mas nenhum mesmo – pensamento preconceituoso durante a leitura do que vem abaixo. Sequer aquela cogitação “mas, como assim?”, nem mesmo essa. Quem sair ileso ganha meus mais sinceros parabéns!

    Cena 1 – A liberdade da mulher:

    Em um debate político dos candidatos à presidência da República da Áustria, ouço uma frase que, confesso, jamais em 37 anos de Brasil ouvi dos nossos políticos: “toda a mulher que more em território austríaco tem o direito absoluto de ir e vir, seja de dia, de tarde, de noite ou de madrugada, sozinha se desejar, e onde quer que seja. E isso deve permanecer exatamente assim.” Político defendendo mulher andar sozinha de noite? Político defendendo mulher andar sozinha? Você consegue defender esse tipo de coisa?

    Eu, por experiência própria de morar aqui já há 5 anos, sabia que isso funcionava exatamente desse jeito, pois jamais sofri qualquer importunação por estar sozinha, fosse a hora que fosse e onde fosse, a diferença é que nunca havia me dado conta de que é assim que deve funcionar em qualquer lugar, não só aqui na Áustria. A sociedade aqui não é perfeita – não se iludam – mas essa coisa de mulher não poder ir aqui ou ali, pelo simples fato de ser mulher, não é o corriqueiro por estas bandas e, pelo que os presidenciáveis deixaram transparecer, é até assunto de Estado, levado a sério.

    Leia também: custo de vida na Áustria

    2 – Seu filho na escola de balé?

    Meu pequeno tem paixão por dançar desde sempre. Já no primeiro mês de Jardim de Infância a professora nos alertou de que ele se demonstrava extremamente musical, pois ao som das primeiras notas, já começava a se balançar. Ele está no segundo ano de Jardim e essa tendência não mudou e se intensificou.

    Muito bem. Em um determinado dia, meu marido chega para mim e dispara: “vamos inscrever o pequeno no balé. Acho que ele vai gostar. Já pesquisei as escolas disponíveis mais próximas de nós.”

    Mesmo morando aqui já por um quinquênio, conhecendo o pensamento do povo e sabendo que estou em um dos berços da música clássica, da dança clássica, onde, para a maioria, um menino fazer balé não representa problema algum, paralisei alguns segundos diante do meu esposo até responder: “claro, ótima ideia.” E essa paralisia é uma reprodução do meu molde, lá do sul do Brasil, precisamente no Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e no fundo quis dizer: “como assim, meu marido dizendo que meu filho, machinho, deve fazer balé?”. Sim, senhoras e senhores, envergonhei-me segundos após pelo velho cacoete, mas é assim que somos feitos. Um aprendizado após o outro aqui na terra de Mozart!

    Infelizmente, as escolas de balé que procuramos só aceitavam crianças a partir dos 5 nos de idade. Nosso pequeno está com 4. De igual sorte, não desistimos. Ele fez uma aula-teste em um escola de dança moderna, gostou e pediu que o matriculássemos. Feito.

    Leia também: Tudo que você precisa saber para morar na Áustria

    E, não, não tenho nenhum medo de que meu pinguinho se “torne gay” por frequentar uma aula de dança, porque há milhares de gays que nunca pisaram em uma instituição de dança quando crianças e, mesmo assim, são homossexuais. Você entende? Não há dependência nenhuma entre uma coisa e outra!

    Cena 3 – O prefeito, o operário e a dona de casa:

    Chego para apanhar meu filho no Jardim de Infância. Na antessala da sua classe, encontro o prefeito da nossa cidade, buscando sua netinha e um outro pai, cujo macacão indicava que trabalha como funcionário de obra, apanhando também seu filhinho. Quanto a esse episódio, confesso que já havia, há muito, superado meus demônios e achei simplesmente maravilhoso: meu pequeno, filho desta dona de casa que vos fala, é coleguinha da neta do prefeito, que são, por sua vez, colegas do filhinho do rapaz que trabalha na construção civil e assim por diante.

    Não há um abismo – seja social, seja cultural, seja de credo ou cor – entre ninguém, até porque o Jardim de Infância é público. As crianças são educadas a conviver com todas as realidades, sobretudo em um país que tem longa tradição em acolher imigrantes e que recebeu milhares de refugiados em 2015.

    Agora, pergunto eu: você consegue juntar essas mesmas pessoas – dona de casa, prefeito e operário – na mesma cena em um colégio público brasileiro? Você consegue juntar essas mesmas crianças na mesma sala de aula de um colégio público brasileiro?

    Li em algum lugar que só descobrimos que moramos em uma ilha quando saímos dela. Acho que essa frase é atribuída a José Saramago. Por experiência própria, concordo com ela.

    Faço agora eu um exercício de engenharia reversa: e se eu nunca tivesse saído do Brasil, como eu pensaria ou reagiria em cada uma dessas mesmas 3 cenas, caso fosse possível reproduzi-las em Porto Alegre, por exemplo, minha terra natal?

    Antes de conhecer meu marido e morar fora, sempre fiz de tudo para me tornar uma pessoa mente aberta, liberal, preconceito-free (para usar a expressão da moda), ou seja, livre de preconceitos. Todavia, ao sair da minha “ilha”, me descobri alguém tosca, ainda ignorante e, sim, preconceituosa para alguns assuntos. E preconceitos que eu não imaginava que tivesse mas, por repetição de comportamento, até encarava como normais. Não, nenhum preconceito é normal. O processo de libertação é lento, leva anos, mas se você estiver disposto, é possível encarar o mundo de forma mais igualitária, mais digna, menos prejulgadora e mais leve.

    Leia também: aluguel em Viena

    E vocês? Saíram ilesos?

    Se, por outro lado, como eu, reagiram ainda com o “mas como?” às situações trazidas, sugiro essa excelente reflexão da Harvard Business Review, que esclarece, de forma científica, o motivo de apresentarmos determinadas barreiras a certas circunstâncias e a outras, não, e, por via de consequência, como podemos atuar na desconstrução de preconceitos. Vale a leitura!

    Até a próxima!

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    Ana Dietmüller

    Ana é gaúcha de Porto Alegre e advogada. “Escrevinhadora” por aventura; curiosa e analítica por hobby. Acostumada aos 15 anos de correria profissional, quando chegou à Áustria, em 2012, precisou aprender a desacelerar: e, morar em um lugar que é destino de férias para muitos, ajudou bastante. Com outro olhar e outra alma, o mundo passou a ser visto através de cores, de cheiros, de sons, de sabores e de imagens maravilhosamente desconhecidos. Mora na Áustria com o marido e o filho e, após toda essa mudança de vida e de hábitos, escreveu seu primeiro livro: Histórias de morar fora. São crônicas que mostram como é, de verdade, morar fora do Brasil. Disponível pela Amazon na versão eletrônica e para impressão.

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    8 Comments

    1. Amy-Carole Diene on October 17, 2017 2:53 pm

      Excelente texto Ana!

      Reply
      • Ana Dietmüller on October 18, 2017 2:13 pm

        Oi, amada.

        Amy, muito obrigada por ler, comentar e gostar!

        Beijão pra ti!

        Reply
    2. Evelyn on October 18, 2017 9:42 pm

      Sensacional! Amo seus textos.
      Confesso que aqui no RJ, teria uma certa dificuldade em matricular o meu “pinguinho” em aula de balé…
      Obrigada por me ajudar a desconstruir preconceitos. Bjs!

      Reply
      • Ana Dietmüller on October 23, 2017 3:53 pm

        Alô, Evelyn.

        Eu que agradeço por ler e comentar.

        Entendo quando referes que terias alguma dificuldade aí no RJ.

        Tudo é uma questão de raciocínio e ambientação quando se trata de uma nova realidade. Espero que um dia cheguemos no patamar de não haver mais dificuldade alguma um menino poder frequentar balé no Brasil. Tenho fé que um dia chegaremos lá.

        Sempre avante.

        Enorme abraço!

        Reply
    3. Inez on October 19, 2017 2:43 pm

      Texto excelente. Grande verdade que só descobrimos que moramos em uma ilha quando saímos dela.

      Reply
      • Ana Dietmüller on October 23, 2017 3:50 pm

        Alô, Inez.

        Obrigada por ler e comentar.

        Sim, acho que faz todo sentido, pelo menos prá mim.

        Grande abraço e até a próxima.

        Reply
    4. Camille on November 1, 2017 7:22 pm

      Olá Ana boa noite!!
      Estou lendo seus textos e estou adorando, são super informativos, me deixam super empolgada.
      Estou em Viena há 20 dias, meu marido está trabalhando aqui e agora vim com nosso filho de 2a5m.
      Você poderia me indicar algum curso de alemão? básico do básico, pois não tenho noção alguma, rsrs.
      Além disso, estamos vendo já uma creche para nosso filho, pelo menos de meio período, pra que eu possa estudar alemão e ele possa aprender também, além de interagir com outras crianças. Já fomos informados que pela idade dele somente particular e que já podemos deixar o nome para o próximo ano letivo público (set 2018). Seu filho chegou a frequentar creche particular? Você tem noção do valor?
      Por último queria saber se você trabalha aqui em Viena? Eu sou professora de Ciências no Brasil, tenho mestrado em
      ensino de ciências e queria saber como é pra fazer cursos aqui em Viena, já que pra trabalhar nessa área acho impossível, ainda mais sem saber alemão.
      Obrigada e desculpa por tantas perguntas

      Reply
      • Ana Dietmüller on November 2, 2017 9:13 pm

        Alô, Camille.

        Obrigada por ler e comentar.

        Vamos as tuas dúvidas:

        Escola de Alemão:
        Fui alfabetizada (risos) em alemão na Alpha Institut. Excelente lugar. Fica atrás da Filarmônica de Viena (Musikverein). Outras escolas, em Viena, não conheço.

        Jardim de Infância/Berçário:
        Como não trabalhas, de fato, não há, ainda, como colocar teu pequeninho na escola pública. Nunca tive experiência com escola privada, mas visitei uma (sem saber que era privada) quando buscava as melhores opções pro meu pequeno. O custo, mensal, na época (há 3 anos) era de 170 Euros.

        Trabalho:
        Não trabalho aqui. Mas tenho toda a documentação acadêmica reconhecida pelo Ministério da Ciência. A instituição que me auxiliou no processo de reconhecimento se chama WAFF (https://www.waff.at/de/startseite/) e é voltada para o auxílio a estrangeiros como nós. Na época, quando marquei a primeira entrevista, até perguntaram se eu precisava de alguém que falasse português para traduzir o que fosse conversado. Sugiro se informar a respeito, pois como já faz 4 anos, não sei se tudo continua igual, visto que houve a entrada de milhares de refugiados em 2015.

        Espero ter auxiliado.

        Grande abraço.

        Reply

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