O que pouco se fala sobre morar no exterior.
Eu sempre digo que é necessário realizar um bom planejamento para mudar de país. Acrescento, ainda, mesmo que alguém tenha pesquisado bastante, esteja com a decisão tomada e tudo organizado para fazer a mudança, é muito importante ter em mente que também enfrentaremos dificuldades. Contudo, acredito que fala-se relativamente pouco sobre algumas adversidades.
Não pretendo, em hipótese alguma, assustar ninguém ao falar sobre alguns aspectos do “lado B da vida” de quem vive no exterior. No entanto, acredito que seja necessário pensar que nem tudo acontecerá de acordo com o planejado. Desta forma, recomendo desde já que se tenha uma dose dupla de tranquilidade e paciência para lidar com possíveis imprevistos em um ambiente cultural que talvez seja totalmente desconhecido.
Você vai se acostumar com o clima
A maioria dos brasileiros tende a acreditar que é impossível enfrentar um inverno rigoroso quando pensam em se mudar para países do Hemisfério Norte.
Como paulistana, entendo este argumento, pois eu mesma considerava um dia frio quando os termômetros marcavam 19ºC na minha cidade. Porém, o dia que cheguei no lugar onde moro atualmente, a temperatura estava em -10ºC e, até então, tinha sido o maior frio que já tinha passado.
O primeiro inverno, sem dúvida, é sempre o mais difícil, porque não estamos nada acostumados; e as roupas usadas no Brasil não são, de fato, apropriadas para dar conta do frio daqui.
Além do mais, ao chegar em um país que tenha um inverno realmente intenso, haverá necessidade de gastar uma boa quantia comprando agasalhos apropriados, assim como acessórios (luvas, gorros, cachecol e bota) para dar conta do recado. Meu conselho, neste caso, é comprar produtos de boa qualidade, pois todo esse arsenal será indispensável em outros invernos.
Embora o frio severo dure meses a fio em vários lugares, vale lembrar que todos os ambientes estarão sempre aquecidos, por isso, a maior intensidade do frio só é sentida quando estamos na rua.
Confesso que continuo não gostando do inverno, mas hoje dou risada quando me lembro “do frio de São Paulo”. Podem acreditar que, gostando ou não da estação, todo mundo consegue, SIM, se acostumar com o clima.
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Arrumar emprego na mesma área de atuação
Uma pessoa pode ter um currículo impecável, ter estudado em uma universidade super reconhecida, ser fluente em outros idiomas, ter uma excelente bagagem cultural, mas tudo isso não significa que ela encontrará emprego na mesma área ao chegar em um novo país.
Vejam bem, não acho que seja impossível alguém preencher o perfil de determinados cargos/funções e conquistar a vaga dos sonhos em terras estrangeiras. Entretanto, penso que mesmo sendo um profissional ultra qualificado buscando uma vaga de emprego fora do Brasil, sim, sempre será mais difícil atingir esse objetivo – em um primeiro momento – caso a pessoa não tenha se mudado empregada.
Falando dos EUA, por exemplo, acredito que a melhor forma de alguém vir para trabalhar na mesma área seria principalmente de duas maneiras:
1) Se estiver trabalhando em uma empresa no Brasil e for transferida para alguma unidade daqui;
2) Se uma empresa daqui tiver interesse em contratar um profissional estrangeiro e patrocinar um visto de trabalho para trazer este profissional. Neste caso, o processo tem se tornado cada vez mais complexo e exigente.
Sendo assim, acho que é preciso ter uma mente bem aberta e ser muito flexível para trabalhar em áreas distintas que podem não ter ligação alguma com a sua área de formação.
Muita gente se frustra e se sente muito mal quando descobre que até conseguiria trabalhar na mesma área, desde que volte para faculdade, pois, normalmente, as grades curriculares são bem distintas; e/ou percebe que o processo de validação do diploma também é complicado, demanda tempo e dinheiro. Por isso, pense bastante sobre o assunto e prepare-se!
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Aluguel
Alugar um imóvel pode ser burocrático e desgastante. É muito comum o locador solicitar o pagamento de mais de um aluguel adiantado e, às vezes, há pessoas que abusam da falta de conhecimento do novato para cobrar além do estipulado. Por esse motivo, preste bem atenção às letras miúdas do contrato e exija recibo para não ser surpreendido.
Aqui, nos EUA, comumente encontram-se anúncios para alugar basement (porão) ou attic (sótão) como opções de moradia, porém, dependendo da situação, o locatário pode ter uma bela dor de cabeça.
Já li relatos de pessoas que alugaram um basement dizendo que o sistema de aquecimento não funcionava corretamente e, por estar na parte mais baixa da casa, sofreu mais durante o inverno. Além disso, como esse tipo de moradia tem janelas pequenas e pouca ventilação, há grandes chances de o ambiente ser mais úmido – consequentemente ter mofo, insetos, barulho do andar de cima e talvez ter o sinal de internet mais instável. Fica a dica!
No caso do attic, o que pode prejudicar o locatário é o fato de os tetos serem mais baixos, impossibilitando, desta forma, pessoas mais altas de residirem em um ambiente como esse. Vale lembrar, também, que no verão acaba sendo a parte mais quente da casa e se não tiver ar-condicionado pode ser bem complicado.
Não existe glamour
Não existe glamour algum em morar no exterior, é sério! Às vezes, olhamos fotos de pessoas felizes e estilosas em outro país e podemos até pensar: Nossa, tudo é tão lindo e a pessoa está sempre tão feliz!
É claro que o lugar pode ser lindo e a pessoa pode, realmente, estar feliz, mas nem sempre essa felicidade estampada é verdadeira. A vida de quem vive fora segue como em qualquer lugar, ou seja, precisamos trabalhar, estudar, pagar contas, ir ao supermercado, enfim…
Sendo bem honesta, eu acho até que muita gente só começa a se conscientizar de que não existe um estilo nada glamouroso e muito menos de um conto de fadas quando se vive fora, a partir do momento que percebem o Do it yourself (faça você mesmo) é levado muito a sério, pois para contratar qualquer tipo de serviço que talvez seja bastante comum, no Brasil, tanto aqui quanto em diversos países, custa caro.
Depressão
Depressão é uma doença que atinge pessoas independentemente de idade, gênero e condição social. Muitas vezes, a depressão acaba sendo confundida com tristeza, desânimo, preguiça e, talvez, por esse motivo, muitas pessoas demoram para procurar ajuda de um especialista.
Adaptação, a falta de sol em alguns países e inverno rigoroso não são as únicas causas, mas talvez alguns dos motivos que podem, sim, levar pessoas a ficarem deprimidas e, infelizmente, isso acontece muito mais do que se pode imaginar.
Se você não estiver se sentindo bem ou conhecer alguém que aparentemente não esteja, pesquise um pouco sobre o assunto e não deixe de procurar um médico.
Até o próximo post!
2 Comments
Amei, Lili. Bjo grande pra vcs..
Fico feliz em saber.
Muito obrigada, Re!
Beijão!