Pagamento apenas com dinheiro trocado e certo, no Peru. O poder do troco, por essas bandas, é ouro. É muito útil e mais confiável para você ter sucesso em uma comercialização e mesmo determinante, em alguns casos. A escolha de sempre estar munido de muitas moedas e dinheiro trocado te ajudará a viver por terras peruanas.
Você pode pensar que é apenas moedas, mas, no Peru, é mais do que isso. É você ter o poder de comprar ou não. Sim, eu sei que ter moedas e o troco já nas mãos é uma maneira eficiente e confortável para realizar suas compras no comércio, é verdade. Não há problema. Agora, aqui, ter ou não o dinheiro trocado é a chave para conseguir algo ou não. É um pouco estranho para mim. O troco é uma maneira de ter o poder de usar um serviço. Se você o tem na sua carteira, poderá usar o serviço de táxi, ônibus, pode ter a possibilidade de ir e vir, ou mesmo comprar algo pequeno ou o que queira.
Aqui, quando você entra em um táxi com uma grande nota, há duas opções, ou você mesmo vai trocar, buscando em uma loja na rua ou alguma alma caridosa que entenda seu desespero e te ajude ou, simplesmente, desiste de usar o serviço. Sim, de verdade. Mesmo que os aplicativos tenham facilitado muito em segurança e em relação ao pagamento, que também pode ser feito com cartão, ainda é possível passar apuros se não tiver trocado, caso o pagamento seja feito em dinheiro. E, infelizmente, não é só nos serviços de táxi que enfrentamos problemas.
Em uma feira, um amigo deveria pagar um total de 10 soles e 0,50 centavos por seus legumes e frutas. Ele deu 11 soles, mas o homem que vendeu sua mercadoria não tinha 0,50 centavos para lhe devolver, então, não tinha saída, ele ficaria com os 0,50 centavos e pronto. O meu amigo não poderia pegar uma banana a mais, ou mesmo esperar que este senhor se dirigisse a outras bancas para devolver seu troco. Nesse caso, esqueça! Ou você batalha pelo seus 0,50 ou, simplesmente, esqueça e deixe pra lá. Não te dão alternativas.
Numa outra história com taxista, uma amiga pediu um táxi para o aeroporto e só tinha uma nota de 100 soles, enquanto a corrida ficaria em 40 soles. O que aconteceu? Ela teve que se virar, mesmo carregando um barrigão de gravidez, além das malas, e trocar o dinheiro quando chegou no aeroporto, para fazer o pagamento ao motorista. Este nem se ofereceu para ajudá-la. Já é subentendido que o problema é seu. Como assim?
A prestação de serviço no Peru é bem complicada e caótica. Não existe uma maneira fácil de obtê-la, para isso, você tem que ter o dinheiro trocado e o poder de convencimento para a pessoa fazer o que você precisa.
Passei por muitas gráficas falando sobre o que eu queria fazer e recebi muitos: “Eu não faço esse tipo de trabalho!”. Até quando me cansei e, então, resolvi mudar minha maneira de agir e falar com eles. Na próxima gráfica, me sentei numa cadeira com o senhor que me atendeu e, de frente para o seu computador, eu desenvolvi todo o trabalho, mostrando que ele poderia realmente fazer o que eu precisava e pronto, só assim, consegui tudo conforme desejava.
Este vínculo entre a prestação de serviços e o pagamento pelo trabalho realizado não pode ser delegado a quem você recebe, ele é parte do seu trabalho, mas, vejo que existem inversões dessas relações comerciais. Se você quiser usar qualquer serviço, tenha o seu dinheiro trocado e muita perseverança. Nenhum ou a grande maioria dos motoristas de táxi vai disponibilizar troco para você e, se fizer, desconfie porque pode estar recebendo notas falsas, estas são muito comuns por aqui.
Se quiser encomendar um serviço, use todo o seu poder persuasivo pra que você possa convencer. Sim, você terá que usar toda sua vontade para que, realmente, quem está oferecendo uma prestação de serviço, queira fazê-lo. É louco, mas procede, pelo menos nas minhas muitas experiências por esses lados de cá.
De tanto passar apuros e acabar resolvendo as coisas sozinhas, por falta de mão de obra ou por não ter troco, passei a me virar como encanadora, eletricista, trabalhadora de gráfica. E, com a experiência, o que virei mesmo foi a rainha das moedas, só pra não passar a raiva de estar com 10 soles e não poder comprar uma água porque o meu dinheiro não estava trocado.
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E não falo de grandes quantias não, entenda. É por uma diferença de, às vezes, menos de 3 soles que terá que receber de troco. Acredite, esse valor já será um suplício para efetuar a compra.
Eu acho estranho este costume de negociar dinheiro e serviço dessa maneira, mas parece que para os peruanos não é. Foi difícil, a princípio, mas aprendi a lidar com isso e com os abusos de valores cobrados quando veem que você não é peruana. Hoje, sei negociar uma compra, uma prestação de serviço, uma corrida de táxi muito melhor do que meu esposo, que é peruano. Perdi a vergonha e a ingenuidade!
Essa vida louca leva a gente pra horizontes que é muito fácil enlouquecer, às vezes, e te faz muito resiliente porque, necessariamente, terá que montar suas estratégias de sobrevivência. Eu recomendo os livros Musashi e “A arte da guerra” antes de embarcarem na emocionante e, por vezes, aterrorizante vida de imigrante. Ser imigrante é ser um soldado de guerra em busca da vitória!
1 Comment
Ola tudo bem ? Muito legal esse artigo, você sabe me dizer sobre brasileiros morarem em algumas das ilhas, exemplo taquile!?