Pagamento através de código QR na China.
Eu estou morando na China há seis meses, e a coisa que eu sei que vou sentir mais falta quando for embora é a praticidade. Veja bem, em um país onde vive 18% da humanidade (sim, a China já bateu 1 bilhão e 390 milhões de habitantes), não dá para ter muita burocracia, né? Os serviços têm que ser mais agilizados. Imagina se as operadoras de telefonia forem iguais às do Brasil? Não é novidade que todos nós já fomos esquecidos com a musiquinha enquanto tentávamos resolver algum problema de internet, telefone, banco… Mas aqui o celular, ao invés de dificultar, facilita – e muito – a vida das pessoas.
O We Chat é uma espécie de WhatsApp melhorado, através dele é possível conversar, criar grupos e postar fotos na área “momentos”, que saem em ordem cronológica e seus amigos conseguem visualizar, curtir e comentar (como se fosse o Instagram). Fora isso, é possível enviar e receber dinheiro através de transferências de celular para celular (cai na hora) ou através de envelopes vermelhos virtuais, como forma de presente, além de recarregar seu celular, pedir um “Uber” local (o Didi) com o aplicativo vinculado que te mostra todos os detalhes da corrida, preço, placa do motorista, etc. e, é claro, vincular sua conta bancária e seus cartões para fazer transações. Tudo isso no mesmo aplicativo!
Com tanta eficiência no celular, é de se imaginar que outras formas de pagamento estejam ficando obsoletas, e vinda de uma cidade como São Paulo, onde eu pagava tudo com cartão, eu só acreditei mesmo quando cheguei na China e muitos lugares não passavam as bandeiras tradicionais que eu conhecia, como Visa, Master e Amex. Assim, achei que tudo estaria solucionado quando eu tivesse um cartão da minha conta chinesa, engano meu! Só fui entender a mudança de mentalidade quando passei em um mercado local e eles não aceitavam cartão. Pois é, nem débito, nem crédito, nem chinês, nem nada. Só dinheiro e QR Code (código QR) através do celular. É claro que os lugares mais internacionais e maiores ainda aceitam, especialmente nas megacidades como Shanghai, mas em lugares menores, de bairro, não é difícil ver as maquininhas de cartão empoeiradas na última gaveta, aqui quase ninguém usa mais.
Leia também: Custo de vida na China
O QR Code nunca pegou no Brasil, a ideia era boa, mas sabe-se lá porque, não foi para frente. Na China tem QR Code até no meu cartão de visitas do trabalho, e é através dele que adicionamos amigos no We chat, que pagamos as compras e até o estacionamento do shopping. Nada de papel, nem existe guichê para pagar, é tudo bem simples, uma câmera fotografa a sua placa na entrada e outra câmera fotografa na saída, o sistema verifica quanto tempo você ficou e pronto, você lê o QR Code com o seu celular, coloca sua placa lá e ele te dá o valor. O comprovante vem via SMS e todos seguem seu caminho. Menos desperdício, mais rápido e prático. E funciona! Às vezes, eles pintam o QR Code pelas paredes do estacionamento para agilizar caso tenha filas para sair, até porque tem sempre muita gente.
É claro que existem os aplicativos específicos para cada coisa, todo mundo tem instalado, mas os mais usados são o We Chat e o Alipay, que é um aplicativo mais para transações bancárias. E quando eu falo todo mundo, quero dizer todo mundo mesmo! Desde as senhorinhas que vendem frutas na beira da estrada aqui de Shaoxing até as maquininhas de fliperama no shopping. É muito comum ver as chinesas indo almoçar ou indo ao shopping sem bolsa, apenas com o celular. E nos estabelecimentos você sempre vai ver os adesivos/acrílicos com o QR Code impresso.
Num país como a China, onde o índice de criminalidade é baixo, as pessoas se preocupam muito menos com roubos e furtos, então todos mantém os dados pessoais e bancários com fácil acesso nos aplicativos do celular, para uso rápido, uma vez que o celular é a principal ferramenta de pagamento. Já aconteceu de esquecermos o celular em algum determinado lugar como loja ou café e, ao voltarmos desesperados alguns minutos depois, encontramos o aparelho lá, guardadinho no caixa.
Se tem uma coisa que funciona bem aqui, são os serviços. Não tem essa de depositar dinheiro na boca do caixa, se depositar no caixa eletrônico também cai na hora, você já recebe um SMS no seu celular. Plano de dados acabou? Coloca pelo We chat, volta na hora. Tudo instantâneo, sem precisar de carteira, cartão, passa metade aqui, metade ali. Assim, com tudo no débito, ninguém se endivida. Maravilhoso, não? A China é pioneira em inovação, imagina se o QR Code pegasse no resto do mundo também? Já adianto que é fácil de se acostumar! O maior problema é ficar sem bateria… mas eu garanto que todos por aqui têm um Power Bank no bolso ou saem com carregador para qualquer lugar!