Capítulo 1 – As batatas fritas
Sabe aquele país pequeno, mas riquíssimo culturalmente? É a Bélgica. Gente, tudo é belga. Morar aqui foi aumentar a sensação de que fomos enganados por anos! Calma, estou exagerando um pouquinho para chamar a sua atenção. Mas o certo é que a cada dia eu descubro uma coisa que foi inventada aqui, ou que o melhor está aqui.
Hoje eu vou falar das batatas fritas, que não têm nada de french/francês. As batatas fritas (french fries) foram inventadas, aperfeiçoadas e são adoradas na Bélgica. Eu fico imaginando que chegou um belga lá na Inglaterra, com seu sotaque francês, très mignon, e mandou os anglo-saxões fritarem batatas. Aí o inglês, para sacanear com o belga disse: esses franceses são muito folgados e voilà: virou french fries. Ok, estou inventando, mas é mais ou menos isso mesmo.
Dizem que na II Guerra Mundial os soldados norte-americanos estavam na parte de língua francesa da Bélgica e achavam que estavam na França; a bússola estava louca, perderam o mapa, não sei. Também as más línguas dizem que no final do século 17 já existiam food trucks, vulgo barraquinhas, desse quitute sobre a ponte Neuf de Paris. Mas tudo isso é irrelevante, até porque se você perguntar no posto Ipiranga onde vendem as melhores batatas fritas do mundo, eles vão dizer: na Bélgica. E realmente, são as melhores batatas fritas que comi na minha vida; melhores, inclusive, que aquelas caseiras na casa da vó.
Veio à Bélgica e não comeu batata frita no conezinho, aquele do meio da praça Flagey ou da Praça Jourdan? Pode voltar, viu? É importante, no entanto, destacar uma coisa: prepare-se para a fila, amiguinha/0. Não importa a hora do dia ou da noite, vai ter fila. E a questão não é a fila, mas a pouca eficiência do pessoal que trabalha nesses locais. Uma coisa que aprendi sobre Bruxelas é que aqui o serviço em restaurantes, bares, pubs, etc. não é bom. Isso já é matéria para outro post, mas especialmente nas barraquinhas de batata frita (as tradicionais) vai ter fila e vai demorar.
Se vale a pena? Vale demais!
Sugestões do que fazer na hora da fila:
1- Vá até algum barzinho ao lado e compre algumas cervejinhas/ champanhe/ coquetel para ir tomando na fila. Aprendi isso com os belgas, sempre com um drinkezinho na mão.
2- Leve um livro ou música, coloque Tim Maia que sempre funciona. Tá com muita fome? Tim Maia vai levantar o seu astral.
3- Converse com as pessoas ao lado. É uma ótima forma de interagir. Minha sugestão de tema é perguntar com qual molho a pessoa gosta das suas batatas. E por falar em molho, existem milhares de tipos. O meu preferido é o Andalouse, porque é uma misturinha com um pouco de pimenta.
Vá provando, compre várias de uma vez e escolha o seu. Peça os molhinhos separados porque se não, eles jogam em cima da batata e vira uma bagunça só. Como virginiana, isso me traz pânico. Alerta: o molho chamado “brasileiro” é feito de curry, viu? Oi? Pois é. Ainda não entendi.
Agora o mais bacana é o seguinte: ir até a praça Jourdan (ao lado do metrô Schuman, linhas 1 e 5), comprar as batatas nos quiosques nos meio da praça e ir comer sentada nos barzinhos em volta. Sim! Há vários locais na Jourdan que aceitam você levar a sua própria batata enquanto pede sua bebida. Acho lindo. Preste atenção nos cartazes nos letreiros dos bares.
As batatas fritas para os belgas são tipo o nosso arroz ou o nosso feijão; são acompanhamento para tudo. Quase todos os pratos vêm acompanhados por batatas, até o famoso Mitraillette (metralhadora, em francês), um sanduíche à base de carne com recheio de batata frita. Gente, pedi um e não consegui chegar à metade, fiquei uma semana em jejum só pra me recuperar. Então, deu vontade? Divida com as amigas porque é muito pesado, mas delicioso. E claro, depende da “gordice” de cada um. Não temos preconceito.
Se você veio para Bruxelas com pouco tempo eu recomendo a Fritland, que está próxima da Grand Place e do edifício da “Bourse” (dois lugares onde provavelmente você vai passear). Lá, tem a Mitraillette também. Um dos funcionários de lá adora brasileiros, inclusive disse que sabe nos reconhecer só pelo jeito. Espero que não seja pelo “jeitinho”. Mas é aquilo que eu disse anteriormente, pode ser que tenha fila. A dica “mara” que eu dou é que geralmente a fila de dentro é menor que a de fora! Não é ciência, viu moçada, é tecnologia!
Entendeu? Não? Eu também não; mas olha, não falhou até hoje!
Bon apetit!
22 Comments
Hahahahaha, morri de rir com o seu texto. É bem isso mesmo. E reforço: as batatas fritas daqui são absurdamente maravilhosas! Nunca fui fã de batata frita, até provar aqui. Os belgas belgas mesmo comem pelo menos 1x por semana como uma refeição, não precisa nem de acompanhamento, só as batatas já está bom demais. Agora estou curiosa para ver quais serão os próximos capítulos…
E continuam magros, né Tábata… incrível.. Deve ser predisposição genética pra comer batata frita! hahah Abraço!
Depois de experimentar vários molhos, meu preferido ainda é a maionese. E depois da batata caseira do meu sogro, raramente como em outro lugar! 😉
Nunca encarei fila grande pra batata, sorte que tem “em cada esquina”.
Indico comer como acompanhamento de mexilhões ou stofvlees (carne cozida na cerveja) e não recomendo os lanchinhos que vendem em muitos desses lugares. Os belgas que conheço os chamam de “carne misteriosa”.
hahahahha “carne misteriosa” no Brasa querido é o famoso “churrasquinho de gato” e pastel de “flango” do chinês.. Quem nunca?
Já experimentei esses dois pratos, realmente excelentes!! Abraço!
Convida aí pra almoçar na casa do sogro poxa!!!! Abraço!
Celão!! Seu post me fez ficar com água na boca!!!! Sacanagem!! Rsss Saudades!!!
ôooo .. recebi muita carinha brava ontem de gente com fome! Só vir me visitar que passa! Prometo tour gourmet de batatas! beijos !!
Adorei seus post. Acho q vou aumentar minha estadia na belgica.
Acho q vc devia ter um blog. (Please)
Se criar o blog me avise.
Face: elaine dali
Oi Elaine! Falta tempo viu?.. E nem sei se existe publico para as minhas doideras! Vem sim. E avisa que vamos fazer um tour! Abraço.
Oi Elaine! Falta tempo viu?.. E nem sei se existe publico para as minhas doideras! Vem sim. E avisa que vamos para um tour! Abraço.
Well quem diria!!! Natural de Viçosa para o Mundo. Marcelinha que bom saber de você através de uma matéria como essa. Divertida de ler e saborosa de imaginar, que por falar em imaginar estou quase comendo o teclado. Rs!!!
Com Deus e que venham as próximas dicas, contadas como se estivessemos ali no Coreu só que com um requinte aprimorado pelos ares europeus.
Beijos
Fabicho, que saudade das nossas conversas no Coreu! Aguardarei vc aqui quando fizer uma escala pro Brasa! De Viçosinha para o mundo! beijos e saudades!
Aaaaa mas a melhor sempre é a da Place Flagey…apesar do dono não fazer questão de “andar’ a fila…não troco o ponto por nenhum outro. Pode ser psicológico, mas as batatas da Flagey são menos gordurosas e mais deliciosas, hehehehehee. Arrazou! Bjs.
Ana, depois de muitas cervejinhas no Café Belga essa batata é a melhor coisa da vida! Alias que dia a gente vai fazer isso? Beijos
Muito massa marcela!!
Me adiciona na tua lista de mailmkt!
Parabens!!!
Que bom que curtiu!!!! Pode deixar que vou adicionar. Abraço!
adoreiiii! Eu to devendo uma viagem pros teus lados tem tempo…Tábata que o diga, hehehe. Dicas anotadas. Beijos
Venha venha! Bruxelas é amor!!! 😀
Adorei o texto, Marcela!
Pena que essas batatas não são nada para vegetarianos, o segredo de tanta delícia é fritar duas vezes em gordura bovina! Mesmo assim, vale provar uma vez, sim.
Beijo
Que coisa né menina! Uma pena mesmo! Mas com certeza existe a versão vegana em restaurantes especializados! Quem sabe não é tão gostoso quanto? abraço!
Marcela, que texto bem elaborado! Delicioso de ler. Parabéns mineirinha.
Quando estive na Belgica, não me lembro de ter comido a tal batata frita, mas adorei esse país, sempre quero voltar, mas nunca deu certo. Hoje estou em Sydney visitando minhas filhas, onde pretendo morar futuramente, mas quero muito voltar aí, agora com mais um motivo. Batata frita, uai!
hahaha Poxa, obrigada! Que bom que gostou.. Volte sim! Então, aproveita e faz escala aqui! ABraço e aproveite as filhas!