Preparando a mudança para a França.
Não sei vocês, mas quando decido fazer uma viagem, começo a me organizar em cima da hora. É comum fechar a mala no mesmo dia do embarque ou, com um pouco de sorte e algum planejamento, na véspera! Isso porque dizem que os virginianos são esquemáticos e costumam ser organizados. Bom, (no meu caso) não nesse aspecto…
Mas isso era antes. Assim que decidimos, meu marido e eu, que encararíamos uma mudança de país, a coisa mudou um pouco de figura. E se três meses de antecedência e preparo podem parecer uma eternidade para alguns, para nós, o tempo parece avançar cada vez mais depressa. O fato é que mudaremos em setembro para Strasbourg, na França, com um filho pequeno (que até lá terá 7 meses) e nosso cachorro.
A primeira dificuldade? Dar a notícia da mudança para a família. Talvez para muitas pessoas isso sequer seja uma questão. No geral, espera-se que torçam por você, vibrem com você. Mas, acreditem se quiser: enfrentei as mais diversas reações: de alegria a espanto, passando pelo choro, abraço apertado e negação. Tudo isso, acredito, movido por um sentimento em comum: a saudade.
Essa, claro, faz parte do jogo. E não é que seja algo a ser superado. As pessoas criam vínculos, laços e é normal que sofram com a distância. Porém, da forma como eu vejo, podemos focar naquilo que estamos deixando para trás ou, ainda, que com algum receio do por vir, ter a coragem de olhar e caminhar para frente. Família, para mim, é algo sagrado. Ainda mais agora que também sou mãe e consigo alcançar essa forma de amor tão profunda e generosa que existe entre pais e filhos.
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O friozinho na barriga e o nó na garganta existem, não vou negar. Quando me perguntaram se eu tinha certeza, respondi abertamente: não! Mas, querem saber? Sem querer ser clichê, me assusta um pouco as pessoas que estão sempre cheias de certezas… “isso dará certo e aquilo, definitivamente, não”. Estabilidade demais nunca fez parte da minha lista de prioridades. Simplesmente as pessoas têm formas diferentes de estar na vida e eu sempre fui movida pelo novo. De todas as coisas que fiz, até hoje, as melhores aconteceram quando não tive medo de arriscar. E não é que eu seja uma grande aventureira, mas a delícia de cada projeto que abracei está no tanto que pude ser surpreendida.
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Assim, parece um pouco injusto (e cansativo) ter que engessar e justificar o porquê de morar em outro país, como se tivesse de convencer alguém, além de mim mesma, de todos os meus próprios bons motivos. Obviamente não é uma decisão fácil, tampouco é uma decisão impulsiva. Não se trata de uma receita de bolo, coloque uma pitada disso e depois daquilo e terá uma experiência bem-sucedida. Mudar de país é uma aposta alta: all in! É uma página em branco. Muitas vezes, sem grandes garantias. É um recomeço, não dá para hesitar. É tipo “ou vai ou racha”, certo? A gente se planeja tanto para fazer tudo certinho, mas o caminho a se seguir, acredito, nem sempre é uma linha reta. Inevitavelmente, isso significa aceitar algum grau de instabilidade. Em minha filosofia de vida, a mudança, em si, é bem-vinda.
Outro ponto (este, mais prático) é em relação à quantidade de malas e quilos por volume permitidos por pessoa nos voos! Nunca fui de viajar com muita coisa e até me considero bem prática! Mas, de novo, isso era antes.
Numa mudança de país (entendi isso recentemente), é altamente recomendável que se pratique a arte do desapego. Mas, espera aí! Tenho 30 anos. A gente acumula objetos e nem se dá conta.
Doamos e nos desfizemos de uma porção de utensílios e, no fim, a sensação é que minha vida deverá caber numa única mala de 23 quilos. Talvez, mais do que a tranquilidade de deixar coisas para trás, eu deva considerar pagar por algum excesso de bagagem. Inevitável ou não, só sei que neste momento, a apenas alguns meses de distância do meu embarque, isso ainda soa meio desesperador. Afinal, não são só as minhas coisas, ou as do meu marido… Nosso “pacote” também inclui um filho e um cachorro! Quantas latas de leite em pó devo levar para o bebê? E o carrinho, conta como volume? O bebê conforto leva na cabine ou despacha? E a ração do cachorro?
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São detalhes! Porém, o tempo urge e cada coisa tem de ser previamente checada com a companhia aérea, com o pediatra, com o veterinário, etc. Não parece, mas é enlouquecedora a quantidade de coisa que surge para levar, muito numa onda do “just in case”, mas que numa viagem de avião de 11 horas poderá fazer falta. E eu (agora, sim, virginiana) detestaria me deparar lá na frente com um “falei que era melhor trazer?” Sei que nem tudo é tão previsível, mas se eu puder me planejar e ser organizada só dessa vez, tenho certeza de que significaria um ganho e tanto para nossa mudança.
No mais, há, também, os preparativos para embarcar com um cachorro (Shih-tzu) no voo, o perrengue que é procurar um apartamento à distância, a correria para o visto do meu marido, que é brasileiro, e todo resto da documentação que teremos de providenciar, assim que chegarmos, para garantir a assistência a alguns direitos e benefícios sociais. Sem falar na busca por uma creche e por um trabalho!
Ufa! Tudo isso vou compartilhar, aqui, nos próximos textos; e contarei, um pouco mais, sobre minhas experiências.