Cingapura é considerada uma das melhores cidades do mundo para se viver, levando em conta segurança pessoal, qualidade de vida e segundo pesquisa recente, uma das melhores cidades na Ásia para estrangeiros de acordo com a Strait Times. Além disso, esta pesquisa divulgou que o passaporte cingapuriano é junto com o alemão o mais forte do mundo.
Por essas e outras razões, Cingapura é procurada por muitos estrangeiros para se tornar seu novo lar ou pelo menos, sua nova morada por um tempo. O país hoje conta uma taxa de quase 60% da população formada por estrangeiros segundo dados de 2016 da Singapore Daily e muitos deles, estão por aqui há muitos anos, já construíram família e raízes na cidade/estado em que vivem. São famílias que vieram para cá há 15 ou 20 anos, tiveram filhos e aqui se estabeleceram.
Os estrangeiros, são teoricamente muito bem-vindos em Cingapura, o mercado é aberto para novos negócios e as empresas ainda estão precisando importar trabalho. Olhando assim, parece fácil e perfeito. Porém, se você esta pensando em vir e fazer família por aqui, saiba que se seus filhos nascerem no país, não terão a cidadania de imediato e nem as muitas vantagens que vêm com esse título, como por exemplo, ter acesso prioritário às escolas e universidades locais sem pagar e/ou pagando muito pouco, acesso quase que de graça a hospitais e o tão almejado passaporte.
Além disso, somente cidadãos cingapurianos podem votar em eleições parlamentares e possuem diversos benefícios financeiros em relação aos impostos e taxas de empréstimos, por exemplo.
Mesmo depois de anos de contribuição no país, seus filhos nascidos aqui, não terão os mesmos direitos dos demais. Isso, porque em Cingapura, para ser cidadão você deve ser filho de pais cingapurianos ou ser casado por mais de 2 anos com um cingapuriano. O estrangeiro pode aplicar para tentar a cidadania, mas é necessário estar com o visto de residente permanente há mais de 2 anos e ter mais de 21 anos. Não há outro jeito. O que você pode conseguir é a PR – Permanent Resident (Residência Permanente) que possui diversos outros requisitos para conseguir, no entanto, não garante sua cidadania nem a dos seus filhos de imediato, pois seria necessário aplicar para tal – o que não é garantido, ou melhor, é muito difícil, já que a própria residência permanente precisa ser renovada a cada 5 anos e a cada renovação, o aplicante pode ser negado.
Outro fator sobre a cidadania cingapuriana é que uma vez optando por ela, deverás abdicar da sua outra nacionalidade. Não é permitido dupla nacionalidade quando cingapuriano.
Mas por que e como isso impacta na vida dos estrangeiros?
Na verdade, os mais impactados são os que não possuem salários tão altos, mas precisam dos benefícios e já estão sob o regime de PR ou estão no país com visto de trabalho por muitos anos.
Além do fator financeiro, muitos filhos de estrangeiros nunca nem foram nos países que lhes dão a nacionalidade, ou seja, de sua família e se já foram, conhecem muito pouco. São ingleses, americanos, alemães, brasileiros de alma cingapuriana que pouco conhecem sobre os países que lhes dão a nacionalidade. São cingapurianos de alma e cultura, porém não desfrutam das vantagens locais e mais do que isso, lhes falta uma identidade – não podem se considerar cingapuriano mesmo tendo suas raízes aqui. São o que os pais são, contudo não possuem vínculo algum com o país que concedeu a nacionalidade.
O outro fator que causa estranheza na comunidade dos estrangeiros em relação a cidadania, é que atualmente a taxa de natalidade de Cingapura é uma das mais baixas do mundo (cada mulher tem em média de 1.2 bebês – de acordo com dados da Strait Times, fator preocupante para a economia do país já que o mesmo, precisa aumentar essa taxa para conseguir repor a população ativa trabalhadora (o valor mínimo para repor a população seria de 2 filhos) e estima-se, que isso deverá acontecer até 2030. Os bebês não cingapurianos não entram na conta. Além disso, Cingapura continua a importar mão de obra estrangeira indicando assim, a falta de mão obra local e a necessidade de se ter mais pessoas no país. Ou seja, não seria mais fácil oferecer cidadania às pessoas que nascem em solo cingapuriano e aumentar sua população jovem e ativa no mercado de trabalho para no futuro, não precisar importar? É o que pensam uma parte dos estrangeiros, especialmente aqueles que já passaram pelo forte crivo para conseguir o visto de residente permanente.
Um fator interessante neste quesito natalidade, é que para incentivar os casais a terem mais filhos, o governo conta com um pacote de incentivo financeiro que é dado para a família de acordo com o número de filhos. Esse pacote, é exclusivo para cidadãos, claro.
Já pelo lado do governo de Cingapura, preocupado em proteger os direitos locais, o motivo pelo qual a cidadania torna-se tão restrita, é justificada para conseguir controlar que imigrantes de países vizinhos, como Malásia, Indonésia, Tailândia e Filipinas comecem a entrar no país somente para ter filhos aqui com a esperança de ganhar a nacionalidade.