No meu último dia de trabalho no Brasil, quando todo mundo já sabia que eu estava de malas prontas para a Dinamarca, um colega de trabalho muito querido me abraçou, desejando boa sorte na minha nova vida e me alertou: cuidado com o racismo na Dinamarca e na Europa. Eu já tinha tido uma experiência ruim a esse respeito.
Em 2004, estava eu no trem de Offenbach para Frankfurt com meu namorado e eis que entra uma senhora de aparentemente 80 anos mais ou menos, e começa a murmurar que era ‘um absurdo o que esses homens alemães estavam fazendo hoje em dia, levando suas prostitutas negras para a Europa, e que era melhor na época do Nazismo, pois negros não deviam nem pisar no país (sic)’. Ela estava se referindo a mim, por conta das minhas características físicas: lábios carnudos, cabelos cacheados, pele que bronzeia fácil. Meu namorado e eu notamos a hostilidade dessa senhora, mas decidimos ignorar a pequenez de pensamento dela e continuamos nosso caminho sem sermos perturbados. Foi a primeira vez na minha vida que eu experimentei o racismo na pele. Mal sabia eu que infelizmente essa não seria a última vez.
Em março de 2013 organizamos com Holstebro International uma ‘Ladies Night’, onde a ala feminina do grupo se juntou para uma noite na cidade. Primeiro fomos jantar num restaurante chinês famoso daqui, e depois fizemos um tour pelos pubs da cidade. Depois de passar pelos bares Tobaks Fabrikken e pelo pub escocês Fox & Hounds, decidimos terminar a noite em uma discoteca chamada Golden Sixties ou 60erne. Exatamente aí foi que sofremos algo que nunca esperaríamos experimentar num país tão multicultural e famoso pela liberdade de expressão como a Dinamarca.
Chegamos à discoteca, pagamos a entrada e fomos para a pista de dança. A essa altura éramos somente três mulheres: eu, brasileira, uma mexicana e uma filipina. Estávamos curtindo nossa noite, e eu estava feliz pois essa era a minha primeira noite sozinha na cidade com meus novos amigos em quatro meses de Dinamarca. Na pista de dança veio uma mulher aparentando 40 e alguns anos, dançando perto da gente de um jeito estranho. Ela estava com um grupo de cinco mulheres no total, todas dinamarquesas e aparentando a mesma idade. Até então eu não notei nada de “anormal”, mesmo porque os dinamarqueses têm um jeito bem peculiar de dançar; foi nessa hora que nossa amiga mexicana, que mora há 20 anos em Holstebro, nos disse que a mulher estava caçoando da gente. Como sou do tipo paz-e-amor, resolvi deixar que ela fizesse o que queria e continuei na minha, e foi nessa hora que a mesma mulher veio por trás de mim e levantou o meu vestido, no meio da pista de dança.
Minha amiga mexicana ficou muito nervosa e foi falar com os amigos da tal mulher, que começaram então a insultar a minha amiga. Nessa hora decidimos ir embora , mas elas queriam confusão e veio o grupo todo atrás da gente, xingando e gritando para que voltássemos ao nosso país, que lá é que era o nosso lugar. Minha amiga mexicana que tentou me defender levou um tapa na cara e um puxão no braço. Em estado de choque, saímos do local e ligamos para o marido da nossa amiga filipina, que veio nos buscar. Na hora nem pensamos em chamar a polícia, de tão chocadas. Eu chorava muito, afinal estava no país há apenas 4 meses.
Quando cheguei em casa imediatamente escrevi um post na página do grupo, relatando o ocorrido. Em menos de 3 horas tínhamos mais de 3 mil compartilhamentos, todos a nosso favor, e muitos inclusive de dinamarqueses lamentando o episódio e se dizendo envergonhados pelo comportamento de suas compatriotas. Meu marido também telefonou para a discoteca e conversou com o dono a respeito. Eu mandei uma mensagem para o dono pela página do local no Facebook, e apesar de lamentarem o ocorrido, ninguém nos pediu desculpas: apenas ofereceram drinks gratuitos para nosso grupo, caso decidíssemos voltar ao local um dia.
Na semana seguinte, na segunda-feira após o ocorrido, minha amiga mexicana me visitou e tentamos em vão identificar as agressoras pelo Facebook, para irmos à delegacia – no tumulto, ela conseguiu tirar uma foto de uma das mulheres do grupo, porém a foto saiu borrada e sem nitidez. Mesmo sem conseguir identificar as mulheres, decidimos ir à delegacia e prestar queixa de racismo.
A polícia foi muito solícita e prestativa. Coletaram nosso depoimento e todos os detalhes sobre o ocorrido; fomos ouvidas por quase uma hora. Juntamos a foto ao inquérito e também o post do Facebook, com os comentários de quem estava na discoteca e disse ter testemunhado uma confusão naquela noite, sem saber ao certo do que se tratava. Infelizmente, por não termos conseguido identificar as agressoras, ninguém foi preso. Um mês após o acontecido recebemos um documento da polícia relatando o que foi feito na investigação e dizendo que por falta de identificação, encerrariam o inquérito policial.
Racismo é crime passível de prisão. Na Europa existem organizações de combate ao racismo e xenofobia. A organização ENAR – European Network Against Racism – dá orientações de como proceder em casos como o nosso e também informa a lista de entidades que podem ser contatadas na Europa além da polícia, de acordo com o país onde ocorrer a agressão.
Meu conselho é: tenha sempre à mão um telefone e o número de emergência do país onde você estiver, e se você for vítima de racismo, acione a polícia no mesmo minuto. No meu caso, optei por seguir a filosofia de que “o que não nos mata nos torna mais fortes” e segui em frente com a minha vida na Dinamarca.
A verdade é que tem muita gente frustrada com a própria vida, que precisa humilhar e rebaixar os outros para se sentir melhor em relação a si próprio. Aqui na Dinamarca, devido às dificuldades que as pessoas têm em se relacionar, algumas acabam apelando para esse tipo de comportamento, principalmente quando estão sob os efeitos do álcool.
Esse episódio me deixou triste, mas mesmo assim, consegui manter o ânimo e o pensamento positivo. Penso que esse foi um caso isolado– os dinamarqueses são gente boa; muito prestativos e solícitos, apesar de parecerem distantes e difíceis. Ter o apoio do grupo (Holstebro International), dos amigos e da família (meu marido e família dinamarquesa) foi crucial para me fazer acreditar que ainda há bondade no mundo e que nem tudo está perdido.
91 Comments
😉 Sei bem o que e isso varios comentarios que sofri ao morar na Hungria … Mas agora minha realidade e outro aqui .
Karla, o negócio é não se deixar abalar pela pequenez de quem julga e humilha as pessoas, seja pelo que for. Sigamos confiantes que a nossa vida continua, esplendorosa e a todo vapor! Beijos
Eu me lembro desse episódio que você sofreu. Consigo imaginar o medo que sentiu… Mas além de tudo, ai está você feliz…. Beijos Cris
Como eu sempre digo, Deepak, o que importa na vida não é o que a vida nos dá, e sim o que fazemos com o que ela nos dá. Muito obrigada por ler e comentar. Beijos, querido!
Agora a pouco vi um brasileiro xingando e ofendendo muito nosso país,ele mora em Portugal..Fiquei chateada,pois ele pegou pesado…Moro no Brasil,no estado do Rio grande do Sul e desejo sorte pra vcs…
Infelizmente a grosseria de uns e outros não escolhe nacionalidade. Não sei o que o seu comentário tem precisamente a ver com o meu texto, mas ressalto que racismo existe em todos os lugares do mundo, inclusive no Brasil. Acho uma pena, também.
“Ola amigos, meu nome é Joel Aparício da Silva; permitam me Condoer com VC’s. Ocorreu em dez de fevereiro de dois mil e quinze, dentro di meu setor de trabalho, até então, numa loja do Conceituado PÃO de Açúcar, até então: hoje Varjão…., citualizado no Brasil, em são Paulo, santo Amaro, na rua Sócrates, bairro de vila sofhia, número cento e vinte, na até então loja di grupo GPA, 1214; ” Hum CRIME HEDIONDO De PRÁTICA De RACISMO, DEMÔNIOSANENTE, PLANEJADO, E EXECUTADO. Tudo poe Motivos de SER eu pessoa miseravelmente Pobre, POSSUÍDOR, Da COR DE PELE PRETA, e hum servo e pregador da Palavra de Jesus Cristo, o Deus, e Filho de meu Pai, e também, DEUS MAIOR…”. abc’s
Joel, fico muito triste em saber de sua história. Você chegou a denunciar seus agressores? A gente não pode deixar por isso mesmo, tem que denunciar, mesmo que as autoridades pareçam fazer pouco caso, o negócio é botar a boca no trombone e denunciar sempre. Força aí, abraços
Oi Cristiane, eu sou brasileira e sou responsavel de projetos e rede no ENAR. Fico triste que tenha sido vitima de algo tao altroz. Vc poderia me passar seu e-mail? Gostaria de te convidar para um projeto. Obrigada
Oi Juliana! Obrigada pelo comentário. Espero poder ajudar no seu projeto!
Puxa, que coisa chata hein Cristiane!
Eu morria de medo do racismo quando me mudei pra cá, porque sabemos que existe. Aqui na Hungria nunca presenciei, ainda bem, e eles sempre são muito muito cordiais quando descobrem que sou brasileira. Mas agora começo a temer novamente, porque estou para me mudar para a Noruega, onde as pessoas são ainda mais branquinhas… Confesso que se eu passar por algo assim, acho que choro por dias a fio…
Foi excelente ler seu post, para refletir e saber como agir se eu vier a precisar de ajuda desse tipo. Obrigada!
Espero que vc não passe por mais nada assim!
Beijinhos!
Carol, medo nos torna fracos. Venha confiante! Ainda existe muito mais gente boa no mundo do que gente ruim… e nós só recebemos de volta o que somos capazes de dar. Desejo boa sorte e muito sucesso na sua nova vida, e obrigada pelo apoio e comentários!
Beijos
Que triste, eu me choco em como algumas pessoas conseguem ter tanto ódio no coração a esse ponto! Que bom que você tem ao seu redor pessoas amorosas que conseguem compensar por tanto absurdo! Eu tenho ficado com medo desse racismo crescente por aqui, na Bélgica eu nunca fui vítima de nada, muito provavelmente porque eu “me camuflo” bem em meio aos europeus (apesar que em meio a dinamarqueses minha camuflagem ia ir embora), porém o que vejo e ouço me deixa bem chocada, é realmente muito trite!
Beatriz, eu acredito que bem e mal têm que existir para o equilíbrio do mundo. Porém o mal deve ser combatido sempre que possível. A melhor forma de combater esse tipo de mal é denunciar e responsabilizar os culpados. Eu espero que nunca ninguém tenha que passar por isso mas se passar, fica a dica: denuncie!
Beijos
Concordo plenamente! E pode deixar que sempre que posso eu denuncio sim! 🙂
bjks
Cris, eu (ainda) não passei por nada parecido aqui na Suíça. Talvez eu tenha a sorte de morar em uma cidade onde 33% da população seja estrangeira…. mas olha, vou te falar, vc está de parabéns. Meu lado barraqueira aflora nessas horas e acho que perderia a razão. De qq maneira, acho que vc agiu certo. Não podemos perder a razão, mas nao podemos abdicar dela. Procurar uma justiça adequada é fundamental pra, pelo menos, tentar mudar alguma coisa…
bjo grande
Eu espero que você nunca passe!! Obrigada pelos comentários! Bjo
Fiquei triste diante do acontecido, pois como também estive na Dinamarca por um período e a própria Cristiane Leme sabe disso, eu não cheguei a viver um momento de preconceito em qualquer lugar que eu fosse. Mas realmente em qualquer lugar do mundo sabemos que existem algumas pessoas que não sabem o significado da palavra “RESPEITO” ou simplesmente entendem mas tão pouco importa. Sabemos sim que os dinamarqueses de modo geral são pessoas um pouco distantes mas ao mesmo tampo são amorosas e sempre dispostas a ajudar as outras pessoas.
Aproveito para informar que quando eu retornei ao Brasil em Junho/2013 eu sofri bastante preconceito devido a minha corda pele, aparência, cabelo estilo BLACK(duro) e por não ser do tal padrão que a sociedade brasileira estabelece para a sua população. Isso ocorreu no Rio de Janeiro na Zona Sul. Eu estava hospedado no Leblon por três dias. E devo informar que também ouvi um pequeno acontecimento em Salvador(minha cidade natal), mas atualmente sei muito bem me livrar desse tipo de insulto usando argumentos favoráveis a mim e também de acordo com a Lei do Racismo. Tiro disso que se na minha própria terra isso é algo que muito acontece, obviamente devo acreditar que em outros lugares do mundo não será tão diferente.
Pois é Anderson, no Brasil existe o pior tipo de racismo e discriminação que existe, que é o racismo velado: as pessoas negam até o fim, mas ele está lá, e se revela quando menos se espera. Por que não abrir os olhos do corpo e da alma e enxergar que a beleza independe de cor, etnia, raça, origem, credo ou orientação sexual? Somos todos partes integrantes do Universo, todos temos nossa importância – até o mal tem sua importância no mundo. Enquanto as pessoas agirem assim, continuemos a denunciar e a buscar um mundo melhor para todos. Beijos
ai gente credo..qdo vcs forem para dinamarka,nao esqueçam de levar o uniforme do brasil,porque até onde eu sei eles nao gostam de turismos no pais dels…e meu amigo dinamarques me disse que nós brasileiros somos bem vindo sempre..mas temos que está identificados..ssa é boa né???rsrsrs
Maria, quem falou que os dinamarqueses não gostam de turismo no país deles? Se eles não gostassem não haveria agências nacionais de turismo como Visit Denmark, que promove o turismo no país. Esse seu amigo dinamarquês devia estar fazendo uma piada muito da sem graça contigo, né? Abraços!
Aaai, Christiane, também moro na Dinamarca e acho uma pena você ter vivido isso. Infelizmente racismo aqui é mais comum do que se pensa e, pasme, não é crime.
Alessandra, racismo é crime em qualquer lugar do mundo! Isso de dizer que ‘não é crime’ não é certo – é conformismo pensar assim. As pessoas têm que ter consciência de que sim, É CRIME e passível de prisão, e denunciar as agressões que ocorrerem, e se as autoridades locais tratarem com frivolidade, o negócio é escalar e ir pra instituições de combate ao racismo e discriminação a nível mundial, como a ENAR – mas nunca se calar. Somente assim poderemos ‘mudar o jogo’. Sem essa de conformismo… !
Boa tarde minha amiga e Irmã..digo que é lamentável o ocorrido,infelizmente devido sermos um povo caloroso e acolhedor ,jamais pensamos passar por tal constrangimento ,sem motivo algum ,mas como somos conhecedores da história de todo o Oriente e Ocidente em alguns minutos deixamos nos levar ..achando que é Brasil…E digo que infelizmente o racismo existe sempre existiu..e sempre existirá …pois existe seres humanos que se acham superiores..mas não conseguem se quer enxergar o próprio nariz..fico revoltado quando vejo tal situação…pois passei por umas poucas e boas também pelas Forças Armadas no primeiro contato com Norte -Americanos..são coisas que na verdade devemos agregar como valores que possuímos devido sermos entre “aspas” pacíficos procuramos sempre a solução mais plausível ,mas fico contente por você, como você me diz: ter encontrado pessoas maravilhosas que na verdade suprem todo esse seu constrangimento passado e que fique verdadeiramente no passado ..mas é um ponto crucial para o hastear de mais uma nova bandeira;;;” diga não ao RACISMO”..DESEJO SUCESSO ,SUPERAÇÃO, para você e suas amigas e que chegue um dia que riam desse fato desagradável…e criminoso ,e que experiencia de vida seja tirado do fato..e sempre se previnir ..e saber tomar as decisões certas nas oras certas…um grande beijo e abraço, se cuida minha amiga e Irmã..
Ale, obrigada pelo comentário! Sabe, no Brasil existe um tipo de preconceito que é o preconceito velado: as pessoas dizem que não têm, mas ele está lá, e se revela nos momentos mais imprevisíveis. Conheço muita gente que se diz aberta e que nega ter preconceito, mas que mostra comportamentos contrários ao que diz. Posso fazer uma lista de nomes… Infelizmente o racismo e discriminação de todo tipo são comportamentos que ainda existem na nossa sociedade e no mundo como um todo, mas cabe a nós denunciar e combater esses comportamentos tão pequenos através da denúncia e busca pela justiça. Todos somos um. Beijos
Cris, achei muito legal você ter tido a coragem de escrever esse post. Acho toda discriminação triste e concordo quando você diz que algumas pessoas frustradas precisam humilhar outras para se sentirem superiores. Embora isso tenha acontecido com você na Europa, acho que isso acontece em todos os lugares do mundo…
Fico bem feliz que você tenha superado esse episódio. Na Europa, não fui vítima de preconceito. Nos Estados Unidos, fui vítima de ignorância (não tenho outra palavra para descrever a situação na qual alguém pergunta se você mora em árvores e tem macacos como pets), e já fui vítima de preconceito no Brasil (acredita???), quando algum ser sem noção disse que eu deveria voltar para minha terra… Hello, idiota, sou brasileira… Mas fazer o quê?
O que vejo muito nas Filipinas é a discriminação contra o próprio povo, aquele que a Fernanda Moura descreveu em seu texto Malinchismo e eu acho isso igualmente triste. Como você vê a relação do povo dinamarquês com esse auto-preconceito? Ou ele não existe?
Beijos e boa sorte!
Sim, Tati, pode acontecer em qualquer lugar do mundo: em alguns lugares é mais frequente. Aqui, por exemplo, vejo que quem mais sofre com a discriminação são os refugiados, europeus do leste, pessoas de origem árabe e muçulmanos. O meu caso realmente foi um caso isolado. Uma coisa muito triste que acontece por aqui é que há muitas pessoas com bastante dificuldade em se relacionar – alguns ficam muito frustrados e deprimidos, e abusam do álcool como válvula de escape pras suas frustrações. Eu ainda vou escrever um artigo sobre a quantidade absurda de sites de relacionamento que existem na Dinamarca, e como as pessoas se ‘acomodam’ ou idealizam demais os seus parceiros, e se frustram por isso. Na verdade, nem é tanto acomodação. A passividade tem a ver com o ‘hygge’. Confrontos, argumentos, exposição ao desconhecido são coisas que o dinamarquês não quer ter que enfrentar, porque na verdade ele muitas vezes não sabe como e, por isso, qualquer coisa que o tire do seu ‘estado de conforto’ leva a reações imprevisíveis. A crise na Europa também está causando um furor xenofóbico em muitos outros países. Sobre a sua pergunta, vejo os dinamarqueses como um povo muito tranquilo, que gosta do que é tradicional e conhecido. Penso que existe um sentimento forte de unidade nacional: a língua, a história da bandeira, o estado de bem-estar social, as comidas, as tradições de natal e hygge são coisas que nenhum estrangeiro em sã consciência deve desrespeitar. Por outro lado há a questão do abuso do álcool, que também é, de certa forma, um componente importante da cultura local. E a gente sabe que onde tem qualquer coisa em demasia a tendência é a coisa degringolar em algum momento…
Cris, este é um tema dificil, eu vivi uma experiencia chata e sob a forma de “humor negro” muito bem velada, durante meus estudos na Alemanha, batalhei da minha forma contra o fato, e no final, respondendo tamböm com humor, mas dando meu recado, e com minhas notas. Tive uma depressao devido ao assunto, pois neguei a mim mesma que estava me magoando um tempao, acho uma pena que nao tenha levado mais longe na epoca, pois sei que poderia ter provavelmente ajudado mais pessoas com a minha experiencia. Enquanto houver gente, havera gente limitada, e estes sao os que atacam porque foram atacados de alguma, forma, olham o outros como inferiores por se sentirem inferiores a outros. Nada justifica a idiotice humana, mas infelizmente é assim! BRAVO que voce tenha reagido da forma correta de denunciar. Esta é a melhor forma de resposta a este tipo de atitude! e parabens por trazer este tema aqui, pois é um tema muito importante, principalmente como emigrantes! Namasté!
Cristiane, eh realmente uma vergonha e triste, que em pleno 2013 e em uma epoca onde as pessoas tem tanto acesso a outras culturas, onde viajar para outros paises se tornou tao corriqueiro, ainda encontremos pessoas tao pequenas, dentro de seus minusculos mundos. Em 1987 quando morava em Dusseldorf, tambem fui vitima algumas vezes da ira de alguns alemaes ja de terceira idade nazistas, apesar de nao terem o bigode rs. Por varias vezes enquanto esperando pelo Straßenbahn, e falando em portugues com minha amiga tambem brasileira, ouvi gritos de abuso e fui mandada me calar por nao estar falando alemao. Um horror, eu fiquei assustada porque ja morava na Europa ha anos e nunca tinha vivenciado nada parecido ate entao. Boa sorte por ai! 🙂 bj
Amiga, quando fui para Lisboa em 2007, pensei que sofreria preconceito racil, mas pelo contrário, sofri xenofobia dentro de uma loja de artigos para casa. Fiquei triste e não me abalei, segui adiante, pois na minha educação sempre ficou muito claro as questões do racismo e sei que quem desenvolve e pratica este ato é digno de pena, pois vive dentro da ignorância de um mundo globalizado, onde está bem claro que não é a cor da pele ou sua etnia que lhe define melhor ou pior que alguém…como lhe disse na época: força que você é muito mais que isto!
Beijos e saudades mil!!!
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Obrigado Cristiane, foi muito esclarecedor. Estou pesquisando muito sobre o assunto pois realmente tenho vontade de morar ou passar um período na Europa de preferência Dinamarca ou Holanda e Suécia pois são os Países na qual mais me identifiquei. Não me vejo no Brasil quando me formar pois o fundamentalismo religioso está crescendo cada vez mais por aqui e de uma maneira burra, grotesca, cheio de preconceitos.Não só a respeito da condição sexual, mas tb de uma forma geral tenho uma cabeça muito aberta para está aqui no Brasil rsrsrs.e as questões politicas tb está me assustando, como o fato de ver muita gente querer o regime militar por aqui.O que está me dando muito medo.Sem contar que essa coisa de todos somos iguais, ninguém é melhor que ninguém é o que estou procurando e pelo que li a respeito esse três Países são assim. Claro que como todo lugar tem seus defeitos, mas no geral me agradou muito a Dinamarca. Espero ler mais a respeito desse País no blog e nos seus textos. E mais uma vez OBRIGADO.
Diego, não sei qual a sua área de atuação mas eu recomendaria que viesse já com um emprego, é a forma mais garantida de se conseguir o visto e de fazer a sua vida por esses lados. Dê uma olhadinha nos textos que escrevi sobre emprego para mais informações. Eu concordo com você que parece estar havendo uma medievalização do pensamento no Brasil. As pessoas, em sua grande maioria, foram treinadas para obedecer e por isso precisam de tanta repressão, pois o pensamento foi restringido devido ao passado de colonização e ao período escravocrata de 4 séculos. Eu sinto muita tristeza ao ver que o país está indo por esse caminho e simplesmente porque o povo precisa ser educado para pensar em vez de seguir. Agradeço que esteja acompanhando o nosso trabalho aqui no blog e comentando os textos, é muito importante esse feedback pra mim. Obrigada!
Obrigado Cristiane, bem estudo Publicidade e Propaganda e estou fazendo inglês, sei que não é uma área forte na Dinamarca, Suécia e Holanda, mas bem vamos tentar né rsrsrsrs. Estou pesquisando bastante sobre tudo para ver se me encaixo em algum perfil referente a esses Países. Quero ir para Europa com um Inglês fluente para não passar mais aperto do que se passa, e tb não quero um subemprego que é o que resta quando não se sabe inglês. Pretendo ir a Dinamarca a passeio primeiro para ver como realmente é o País, e tenho vontade de me instalar em Copenhague pq pela internet gostei da Cidade e por ser uma cidade grande acho que teria mais chances de um emprego legal.Enfim durante esse período vou continuar pesquisando e lendo seus post.
Obrigada! Aconselho também dar uma lida nos textos das nossas colaboradoras nos Países Baixos (Holanda) e Suécia, tem muita informação interessante!
É difícil de imaginar uma situação destas no norte da Europa. Eu presenciei cena em racismo em Lisboa, e parece que na Espanha e Itália a situação é bem feia.
No entanto, a leitura de Smilla e o sentido da neve nos apresenta um relato bem amargo sobre os dinamarqueses.
Eu ainda preciso ler esse livro, Enaldo, pois acompanho o blog do Peter Høeg (que tem quase o sobrenome do meu marido) e gosto, só que nunca li nenhum dos romances que ele escreveu. Penso que amargor existe em qualquer lugar do mundo, mas nos países mais frios, pequenos e distantes, a tendência é as pessoas serem mais fechadas. Todo mundo tem medo do desconhecido, e cada um reage de uma forma: uns aceitam e se abrem, outros se fecham ou se tornam agressivos – acredito que isso explique um pouco o que se passou comigo. O que eu sofri foi lamentável, sim; entretanto, tive o prazer de poder conhecer outros dinamarqueses abertos e interessantes. Ou seja: toda regra tem suas exceções… Obrigada por comentar!
Cristiane, você acha que esse preconceito aconteceu por causa da diferença de cor, ou elas ouviram vocês conversando entre si em outro idioma, ou por algum outro motivo? Desde então você passou por outra situação dessa ou este foi um caso à parte? Espero que tenha sido um caso isolado, apesar que aqui no Brasil termos um racismo disfarçado, também não é comum você ver tanto esse ódio à outras pessoas (isso falando de maneira geral, não de casos isolados), mas na sua opinião desconsiderando as proporções populacionais e tamanho geográfico você acha que o brasileiro é mais preconceituoso que o dinamarquês? Obrigado 🙂
Luiz, acredito que tudo ocorreu por vários motivos. Nós temos traços não-europeus: somos duas latinas e uma asiática; elas nos ouviram falar em outro idioma; também porque estávamos numa discoteca onde a maioria das pessoas vai para ‘caçar’, e talvez o fato de sabermos dançar com mais desenvoltura que elas chamou a atenção de outros homens no lugar, despertando um certo ‘ciúme’ nas que estavam ali com intenções diferentes das nossas. Felizmente, esse caso foi o único enquanto vivo aqui. Sinto que a maior diferença entre Brasil e Dinamarca está justamente na questão comportamental. Penso que o preconceito do brasileiro é velado – o brasileiro diz que não tem preconceito, mas quando exposto a determinadas situações, o preconceito se revela. O brasileiro é emocional, social, tem medo de ferir o sentimento alheio e para isso se subterfugia no uso da hipocrisia, que na minha opinião é uma forma cortês de tratar alguém cujos pontos de vista nos desagradam. Já na Europa em geral e particularmente na Dinamarca, vejo que as pessoas são mais diretas, elas falam sem rodeios o que pensam, mas há restrições em determinados casos. Existe hipocrisia no dinamarquês? Existe. Tudo em nome do hygge. Além disso, o dinamarquês não sabe lidar com o conflito – ele gosta de tudo harmonioso (leia minha matéria sobre hygge) e tudo o que foge de seu controle ou que seja desconhecido é visto como desarmonioso, portanto, a repudiar ou evitar. Talvez tenha sido isso que levou essas mulheres a nos agredirem. A gente foi a parte ‘uhyggelig’ da noite delas. Estávamos vindo de encontros alegres com amigos; todas nós temos uma vida aqui, duas de nós, casadas, a terceira, divorciada porém em um relacionamento estável com o novo namorado: não estávamos lá com a mesma finalidade delas, de flertar e conseguir alguém pra passar a noite, estávamos nos divertindo entre amigas; e mesmo assim, penso que devia ter alguém olhando pra gente… confesso que no dia seguinte até achei que a moça que levantou meu vestido, na verdade, estava tentando me paquerar, mas como não dei bola, ela ficou com raiva e aí passaram a nos agredir… não sei. Em relação à sua pergunta, eu particularmente penso que é difícil comparar países – o processo de surgimento do país é diferente, as questões culturais e herança histórica são diferentes. Traçando um paralelo entre os dois, o Brasil tem muito que evoluir em termos de relações sociais no tocante ao respeito para com a diversidade e com as diferentes nuances, opiniões, etnias que formam o país, mesmo porque é ainda um país jovem. A Dinamarca é mais homogênea por ser um país pequeno, e mesmo tendo sido invadida por outros povos durante guerras, as culturas desses povos se ligam por vários pontos, que contribuiu para preservar a identidade e homogeneidade local. Não houve uma entrada em massa de imigrantes para composição da população, como acabou acontecendo no Brasil, com a escravatura e o cultivo do café, e isso acaba sendo um tanto problemático nos dias de hoje, com a vinda de migrantes do Leste Europeu e refugiados de países muçulmanos, pois apesar de o dinamarquês lidar bem com a diversidade, têm crescido a ideia de ‘uma Dinamarca para os dinamarqueses’, e isso tem resultado em políticas mais restritivas e por vezes até opressoras ao imigrante de qualquer origem. No caso do Brasil, a continentalidade do país permite que hajam contrastes maiores, sendo impossível criar uma homogeneidade num território tão vasto. Em breve abordarei num dos meus textos a questão dos relacionamentos na Dinamarca, como funciona, o que as pessoas esperam e por que muitos se frustram e resolvem descarregar suas frustrações em um terceiro elemento. Obrigada por comentar e continue seguindo o blog!
Olá Cristiane, muito obrigado pela sua resposta. Eu fiquei surpreso de ter respondido tão rápido, vi que uma das respostas anteriores demorou mais tempo do que a minha, acho que dei sorte! De qualquer forma, eu gostaria de ter uma noção de como é a visão dinamarquesa quanto aos imigrantes, seria melhor se eu soubesse se o brasileiro sai na frente nessa listagem, exatamente por sermos um povo mais receptivo talvez isso conte positivamente para nós – apesar dos dinamarqueses manterem um certo distanciamento dos desconhecidos. Eu assisti a um filme, que talvez você conheça: “Dogme 1: Festen”, sendo este cheio de tabus e o preconceito aos negros aparece nele e, ao menos na película, os personagens pareciam tratar de uma forma tão normal, com uma mentalidade tão medieval que mesmo que eu não pareça um típico brasileiro, seria diferenciado na Escandinávia. Além disso, pelo que eu sei, o preconceito na Suíça aos imigrantes é muito grande e se é para sofrer em outro país, eu sofro no meu mesmo.
P.S.: Se possível, caso já não tenha fechado o post sobre relacionamentos, gostaria que explicasse duas coisas para mim, sendo a primeira a veracidade de que dinamarqueses tem o pensamento “estou muito ocupado para ter novos amigos” e (se não me engano seu marido é dinamarquês, não?) quais os pontos positivos e negativos da relação brasileira-dinamarquês, obviamente que não peço para falar da sua vida pessoal, mas de aspectos comuns que você possui como brasileira e ele como dinamarquês. Obrigado de qualquer maneira!
Oi Luiz, eu já escrevi um post a respeito de como é fazer amizades na Dinamarca, dê uma procurada no blog. Sobre o filme que você comentou, é importante ressaltar que Lars von Trier, Thomas Vinterberg e outros diretores participantes do movimento ‘Dogme 95’ tratam de expor em seus filmes as feridas dos seres humanos, independentemente de nacionalidade – é bom ter isso em mente, antes de achar que o que eles retratam na tela é um panorama aplicável somente ao que acontece na Escandinávia. Também é bom ressaltar que eu moro numa pequena cidade no interior da Dinamarca, e aqui as pessoas estão menos acostumadas com estrangeiros do que em grandes cidades, como Aarhus e Copenhague, por exemplo. Quanto aos temas que você sugeriu, vou certamente tratar deles no meu próximo texto, em maio, sobre relacionamentos entre brasileiros e dinamarqueses. Fico muito feliz que esteja acompanhando o blog, continue nos prestigiando! Abraços
Olá Cristiane, realmente eu já tinha lido o seu post “Como fazer amigos na Dinamarca” mas havia esquecido, de qualquer forma agradeço a indicação. Eu tinha uma outra sugestão/pergunta que eu gostaria que você tratasse, só que infelizmente não consigo me lembrar, caso eu lembre, volto a lhe perguntar. Obrigado por todas as suas respostas. 🙂
Olá Cristiane, desculpe lhe perturbar tanto, mas eu acabei me lembrando da pergunta que eu havia esquecido. Pois bem, eu assisti a um vlog de um americano, que também mora na Dinamarca, e ele disse que dinamarqueses não tem a ganância que é comum de se ver nos EUA, e diga-se de passagem no Brasil também, em que as pessoas quando se envolvem em um relacionamento é pelo sentimento pela outra pessoa e não por bens materiais. Portanto, mesmo que seja impossível afirmar ser um dogma, você acredita que isso seja verdade? Dinamarqueses se importam mais com o sentimento para com a outra pessoa do que o status que esta possui? Obrigado.
Luiz, eu vou falar a respeito disso no meu próximo texto sobre relacionamentos! Sobre o modo de ser dinamarquês, sugiro a leitura do meu texto ’10 lições’, lá eu falo um pouco sobre como as pessoas são em geral na Dinamarca. Abraços pra você e continue acompanhando o blog!
OI Cristiane,
Nossa que triste episódio….só posso classificar essas pessoas como “ignorantes” . Ignorantes de informação e ignorantes de evolução. O que sinto aqui é um certo “esnobismo”velado, e por incrível que pareça de pessoas que moram em cidades maiores e que convivem com várias nacionalidades. Por enquanto, a minha tática é o elegante tapa com luva de pelica…mas nada impede que dependendo do ocorrido eu troque rapidamente a luva de pelica por uma de box… rsrsrrs. Na verdade o que algumas pessoas mais fazem é questionar a escolaridade , os empregos anteriores…acho que tentando provar de alguma forma a suposta superioridade delas. Quando vêem que desse lado não vai dar em nada, partem para questionamentos políticos e de imigração, muito calmamente eu começo a questionar o conhecimento delas, pergunto de onde veio a informaçao , se sabe dessa e daquela característica histórica, se já leu tal autor ou pesquisa….em 100% dos casos a pessoa fica sem resposta.
Mas, tenho percebido nesse 1 ano e meio de Holanda o crescimento sim do preconceito contra estrangeiros, principalmente no que diz respeito aos europeus do Leste e das pessoas oriundas do Oriente Médio.
E concordo com voce , essas pessoas para se sentirem bem precisam de alguma forma humilhar os outros. Bjs .
Cintia, obrigada por comentar e continue seguindo o blog ! Bjs
Oi, Cristiane. Parabéns por esta e outras postagens suas aqui no BPM. Você narra e critica muito bem, conforme posso analisar.
Aqui no Brasil a coisa está cada vez menos agradável (pra falar em termos positivos). Não quero entrar nesses méritos de baixo astral.
Pelo contrário. Apesar dos diversos e diferentes pesares como negro, estou tentando, sempre que força surge e se mantém, educar-me, formar-me com algo sadio.
Pensando nisto, decidi me aprofundar amplamente num idioma. Como estudo Filosofia na UEM/PR e leio por conta própria algumas obras do teólogo-filósofo Soren Aabye Kierkegaard, também decidi “lê-lo” em seu idioma original, cogitando, talvez, uso de ambos – obras e idioma – na minha futura dissertação de mestrado. Senão dinamarquês, finlandês, porque ouvi dizer que este idioma também é bastante bem falado nos territórios dinamarqueses como o dinamarquês o é em territórios finlandeses.
Simpatizo muito com ambos, enfim. Especialmente o primeiro.
Procurei dicionários e outros materiais escritos, comecei tentar ler e pronunciar, mas parei logo de início, porque senti muita falta da conversação (pronúncia) e audição corretas. Não quero aprender errado. Não é algo que autodidata consiga perfeitamente. Você têm referência/s para me dar quanto a escola idônea aqui da região sul do Brasil ou família dinamarquesa que se disponha a ensinar, pra que eu possa ter aulas presenciais ou via vídeo-áudio, para aprender?
Quero aprender também e bem sobre todos os demais aspectos de ambos os países, sobretudo a Dinamarca para além do Kierkegaard, porque, possivelmente, viajarei para lá assim que tiver domínio pleno de idioma, história geral antiga e atual desse país. Talvez – quem sabe? – tê-lo como segunda morada.
Gratidão pela atenção.
Ricardo.
Olá Ricardo e obrigada pelos comentários. Também sou leitora de Kierkegaard e acho o trabalho dele um tanto ligado com o de Santo Agostinho no tocante ao questionamento de dogmas e fundamentação da fé cristã. Penso que na filosofia e talvez mesmo na leitura em geral a gente compreende melhor um determinado autor a partir do momento em que conseguimos nos inserir na sua esfera, compreendendo (muito mais que o idioma em si) o contexto social, cultural e histórico em que ele está inserido. Nesse aspecto, penso que a aprendizagem de um idioma tem que ser muito mais que a mera decodificação do significado das palavras. Quando eu comecei a ler Nietzsche, Schopenhauer e outros autores alemães em alemão depois de ter morado na Alemanha, entendi muito melhor o que eles queriam dizer com suas obras. Para entender um idioma é preciso decifrar o modo de pensar e de perceber o mundo dos falantes nativos. Agora me desculpe, mas eu estou ainda me perguntando de onde você tirou essa informação de que o finlandês “é bastante bem falado nos territórios dinamarqueses como o dinamarquês o é em territórios finlandeses.”. As três línguas estrangeiras mais faladas na Dinamarca são o inglês, o alemão e o francês, sendo o inglês uma quase segunda língua na Dinamarca, falada por quase todo mundo e o alemão, uma terceira, falado sobretudo no sul da Jutlândia e em todas as cidades dinamarquesas que fazem fronteira com a Alemanha; e há muitas outras línguas que possuem um número alto de falantes no país, como por exemplo o árabe, turco, bósnio, sérvio, croata, curdo. Quem aprende dinamarquês consegue também compreender o norueguês, irmão mais próximo do dinamarquês, e o sueco. Finlandês não é um idioma popular na Dinamarca. As diferenças entre o dinamarquês e finlandês são enormes, porque o finlandês é uma língua urálica, mais ligada com o estoniano e húngaro. Talvez o mais “parecido” com finlandês e que tenha relação com a Dinamarca seja o groenlandês. Na Groenlândia, que é um território dinamarquês com governo autônomo, também se fala dinamarquês, além do groenlandês. Porém o groenlandês é uma língua esquimó que nada tem a ver com as línguas urálicas… 🙂
Sobre a sugestão de professores aí no Paraná, eu particularmente não conheço nenhum mas talvez possam te indicar alguém se você entrar em contato com o consulado honorário no Paraná (http://consulados.com.br/dinamarca/); lá, pode ser que lhe informem melhor. Sei que há o Instituto Cultural da Dinamarca no Rio de Janeiro, onde se ministram cursos de dinamarquês, e lá também eles poderão tentar informar melhor sobre o que tem disponível no Paraná. Por último, tente a página ‘Danskere i Brasilien’ no Facebook: é uma página dedicada aos dinamarqueses que vivem no Brasil; quem sabe você consiga encontrar seu professor por lá?
Boa sorte ou como dizemos por aqui, held og lykke – e continue lendo, comentando e sugerindo temas para as nossas matérias sobre a Dinamarca!
Abraços
Cristiane, estou com um pé na Dinamarca, pois meu noivo é dinamarquês e quando eu comentei o seu relato ele explicou que na cidade onde você vive a sociedade em geral é infelizmente conhecida por ser intolerante com pessoas de fora e não apenas em relação à estrangeiros. Ele é nascido em Åarhus e garantiu que não seria difícil sofrer preconceito por não ser um local. Claro que na minha modesta opinião de quem já visitou o país e também segundo ele, há boas pessoas também vivendo onde esse tipo de comportamento é recorrente e elas costumam ser prestativas.
Ele também teve de testemunhar (em Åarhus) pela primeira vez na vida uma cena de racismo contra a própria família, pois a ex-esposa é grega. A filha deles era bebê e teve infecção urinária. Ao examiná-la o médico perguntou à ele se a menina havia sido circuncidada. Ele ficou revoltado, xingou o médico de nazista e ignorante, pois na Grécia a religião é Católica Ortodoxa, onde não se pratica circuncisão. No final, foram atendidos por outro pediatra e denunciaram o patife ao hospital. Para a surpresa deles o chefe do plantão era um médico grego que aceitou a denúncia e pediu desculpas pela atitude do colega.
A ignorância, intolerância e pobreza de espírito estão em qualquer lugar. Nós precisamos nos fortalecer e evitar que essas pessoas nos roubem a paz que tentamos cultivar apesar de todo o caos.
Eu não passei muito tempo por lá. Apenas duas semanas e não senti ninguém me olhando com estranheza, provavelmente por ser branquinha, ruiva e sardenta. Porém, sei que ao me mudar, posso passar por maus bocados quando um idiota racista souber a despeito da minha aparência, sou brasileira. Que todos saibam. Sou brasileira com muito orgulho! 😉
Enfim, sentimos muito e esperamos que por ser um post não tão recente, você tenha se adaptado e superado esse momento lamentável. 🙂
Abraço!
Renata
Renata, obrigada por comentar! Eu desejo que ninguém passe por isso mas caso passe, que denuncie imediatamente! E se alguém passar por isso e precisar de ajuda, pode me contatar.
Abraços e boa sorte pra você!
Oi Cris (:
Eu sou morena e sou muito magra, digamos que eu não sou esquelética e tenho um pouco de corpo. Quando eu li o seu post eu fiquei um pouco assustada, por estou ”namorando” virtualmente um Dinamarquês que vive na Alemanha mas que vai voltar para sua terra natal.
Gostaria de saber se você acha que vou sofrer muito preconceito, pois pretendo ir para lá. Obg
francisca relexe, muitas vezes eles falam coisa até natural.até porque vendo vc uma morena bem brasil junto a um cara podre de loiro,eles perguntam de onde veio,,ou se é prostituta,mas acho que vc tem ter tranquilidade e ficar de boa,tenho um casal de amigos,que ela passou por isso, mas ela é tipo mulherao,sabe no tem cmo vc ta ao lado de um loiro e nao chamar atençao. ele me fala que els perguntam qto ele pagou por ela..mas ´porq ao ver deles,ela é muiot pra ele,,,e ai pensam q ela é de programa.tdo isso é bobagem…eu ainda nao encontrei meu loiro dinamrques…qdo eu encontrar vou direto p dinamarka…boa sorte…
Oi Maria, obrigada por comentar. Só gostaria de fazer algumas observações sobre seu comentário: 1) Nem toda brasileira é morena, portanto, ‘morena bem Brasil’ é algo meio unilateral, não acha? Nosso país tem uma diversidade étnica muito grande e apesar de ter muitas ‘morenas’, tem também negras, brancas, asiáticas…; 2) Nem todo dinamarquês é loiro, eu garanto!; 3) Nem todo estrangeiro acha que mulheres bonitas vindas de outros países, sobretudo latinas, são prostitutas. Alimentar os estereótipos só faz com que eles ganhem força e cresçam ainda mais na cabeça preconceituosa e intolerante de uns e outros. Se queremos nos libertar de vez deles, temos que mudar nosso pensamento e as nossas atitudes e mostrarmos nosso valor de outras formas que não apenas com a beleza ou a simpatia brasileiras…
Desejo boa sorte na sua busca por um dinamarquês. Aproveite e dê uma lidinha no meu artigo aqui no blog sobre relacionamentos com dinamarqueses.
Abraços!
Oi Francisca! “Pra lá”, onde? Pra Dinamarca? Bem… cada caso é um caso e como eu contei, meu caso foi isolado, e nunca mais sofri esse tipo de ataque moral. Sobre sua pergunta, penso que é importante deixar o medo de lado e vir confiante, quando vier. Mas se me permite uma sugestão, eu sugeriria que seu namorado lhe fizesse também uma visita no Brasil, antes de você vir pra cá, principalmente se você nunca saiu do Brasil antes. Sobre preconceito, não acho que necessariamente ser magra, gorda, branca ou negra faça a diferença pra quem tem a mentalidade pequena de preconceituoso. Preconceito e gente preconceituosa, infelizmente a gente encontra em qualquer lugar do mundo, mas o que importa não é o que a vida nos dá e sim o que fazemos com o que ela nos dá, não é mesmo? Abraços e continue seguindo o blog!
Sofremos racismo no exterior da mesma maneira que muito brasileiros fazem com estrangeiros no Brasil, é algo inevitável, o mundo é racista! Acho que o lugar que menos vi racismo foi em Buenos Aires, acreditem ou não!
Você já reparou que na Argentina não há negros como vemos no Brasil ou em outros países europeus como a França? Sabe por quê?
http://super.abril.com.br/saude/a-argentina-e-um-pais-racista/
https://www.terra.com.br/noticias/mundo/america-latina/racismo-e-preconceito-conheca-a-historia-dos-negros-na-argentina,c865bcf0b6baa80e38f8046506f96d045h6hRCRD.html
Nem tudo é o que parece ser, caro comentarista…
E sim, racismo é evitável. Para isso é preciso educar a população.
Obrigada por comentar.
O fato é que o mundo não é um só. Cada um cria um mundo dentro de si. Irmãos, com a mesma educação, têm comportamentos diferentes.
Respeito é algo que sabemos ser ideal, mas não praticamos até mesmo entre familiares.
Quando a pessoa é boa, ela é boa, independente de raça, religião, cor de pele, e quando não é, pena! Isso tem a ver com bondade ao meu ver.
Coração bom não vê tudo ou todos com maldade. Se achar melhor, por questões de raça, ou questão financeira, é da natureza humana, mas isso é bíblico, para os que acreditam.
“O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.”
Seja Dinamarquês, Holandês, Italiano, Sueco, Brasileiro, Chinês.
Nem tudo o que eu ouço eu pratico, ok? Se a sociedade me conduz a ser racista, como boa parte das sociedades de origem européia o fazem, eu o farei se quiser.
Na Dinamarca não tem aquelas pessoas que sorriem e tratam com educação todos? Sim, isso é de cada um.
Pra mim existem dois tipos de pessoas apenas, as boas e as que não são. Isso não mudará nunca.
Quando episódios como este ocorrem é que tivemos a infelicidade de cruzar com pessoas que não são boas, o que pode acontecer em todo canto.
Exatamente, Eduardo, por isso que decidi seguir com a minha vida e nunca mais passei por isso – ainda bem! Existem pessoas boas e ruins em qualquer lugar do mundo. Porém a questão do racismo, assim como toda discriminação e preconceito contra as minorias, precisa ser combatida através da denúncia aos órgãos competentes.
Obrigada por ler e comentar e continue nos seguindo! Abraços
Prima, infelizmente o racismo é presente em todas as nações, racismo de todos os tipos. Gostei da sua dica sobre ter um número de emergência, e isso vale para os que estão na sua própria terra natal.
Obrigada Dea, eu também acho que é importante as pessoas terem um ‘porto seguro’ nessas horas. Ter pra onde correr, sobretudo num país estrangeiro, é importante para manter a sensação de segurança e a auto-estima. Beijos!
Muito bom o seu blog. Eu Moro em
Londres e gracas a Deus nunca sofri nenhum racismo. As minhas characteristics lembram muito uma india. Sou bisneta de india. Em compensacao, minha tia mora na Suica, do lado alemao. Estou de ferias na sua casa, e eu nunca vi um povo tāo preconceituoso como o suico. So com a minha tia, presenciei 2 episodios de racismo em menos de uma semana.
Oi Dayse. Muito triste ouvir que você presenciou episódios de racismo aí na Suíça. Felizmente há organismos internacionais como o ENAR que podem ajudar as vítimas desse crime tão cruel. Obrigada por comentar e continue nos acompanhando!
Olá Cristiane tudo bem? bom meu nome é Diego tenho 27 anos e sou estudante de publicidade e propaganda e pesquisando no Google sobre vida de brasileiros que moram fora em especial na Europa em lugares como Suécia, Dinamarca e Holanda encontrei seus textos, e acheis todos muito bons, e ESCLARECEDORES. Sempre tive vontade de morar fora do Brasil e atualmente essa vontade vem crescendo cada vez mais,e me veio a cabeça três lugares na qual eu poderia me identificar EUA, e os três países que citei acima entre eles Dinamarca. Pelo fato da qualidade de vida, e quando digo isso nem é a respeito da economia e sim do respeito as pessoas e suas diferenças, sem esta questão de religião que está sempre a frente de tudo aqui no Brasil, o que me incomoda um pouco, esse lado do fundamentalismo religioso e tal, e como sempre ouvir falar bem da Dinamarca a respeito de igualdade para todos me identifiquei com o País. No entanto duas questões me veio a mente uma pelo fato de ser gay e outra pelo fato de ser negro. A primeira eu sei que na Dinamarca é tranquilo, mais a segunda tenho minhas dúvidas e agora lendo esse seu post meu deu um certo medo, e dúvidas tb,e me veio a pergunta, Racismo é comum, frequente na Dinamarca ou não o seu caso foi um caso isolado, Os dinamarqueses aceitam ou gostam de Negros? Se você poder me esclarecer um pouco eu agradeço, do mais muito Obrigado
Oi Diego. Muito obrigada por ler o blog e por todos os elogios! Eu fico feliz em poder ajudar. Bem, sobre o tema de racismo, o que posso lhe dizer é que esse episódio felizmente só aconteceu comigo uma vez, e na verdade, quando hoje paro para analisar, percebo que tem muito mais de xenofobia do que de racismo implícito. A questão da xenofobia é algo que preocupa todo estrangeiro que vem viver na Europa, pois os movimentos de extrema direita, sobretudo no norte europeu, têm ganhado adeptos, principalmente por causa da questão dos refugiados de origem majoritariamente muçulmana. Eu não vejo dinamarqueses tendo problemas com negros por causa de cor da pele. Na minha cidade, por exemplo, têm aumentado o número de pessoas negras vivendo e trabalhando aqui, e um dos meus bons amigos é também negro de Angola, e mora e trabalha aqui há muitos anos, junto com sua família. Eu penso que sim, todo país tem seus problemas, mas se a gente quer viver e ser feliz num lugar a gente tem que em primeiro lugar abandonar o medo, porque o medo nos paralisa de fazer o que quer que seja. Se o seu objetivo é morar na Dinamarca, prepare-se bem e venha com fé, sem medo mas ciente de que podem acontecer eventualmente coisas desagradáveis, mas para as quais você também estará preparado para reagir e não se deixar nunca abater. Posso dizer que meu caso foi isolado, felizmente nunca mais presenciei nada do tipo e nem fui mais vítima de nada parecido. Devagar fui conquistando meu lugar na sociedade e acho que é o caminho para todo estrangeiro: respeitar as leis locais e o modo de vida e a cultura; aprender o idioma e tentar trabalhar e buscar seu lugar ao sol. Desejo a você muito boa sorte nessa caminhada e se precisar de algo mais, estou ao seu dispor! Obrigada pela visita e continue nos acompanhando! Abraços
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Nossa gente! Gostaria muito de visitar a Dinamarca, mas diante desses fatos tenho medo por minhas filhas que são morenas.Fico triste em saber que ainda existe racismo em alguns locais.Sei que vou sempre pesquisar antes de sair do meu paìs.Obrigada pela ajuda. Ainda bem que não ocorreu nada mais serio porém ainda assim fiquei chocada.
Não tem motivos para não visitar a Dinamarca, Angela! Racismo e gente de pensamento pequeno tem em todo lugar do mundo. O Brasil é um dos países mais racistas que eu conheço, mais racista que a Dinamarca.
Nossa, que experiencia chocante. Passado o susto fica o triste realidade de que sempre há
sempre um grupo de pessoas, uma minoria que se acha superior aos outros, por este ou
por aquele motivo que que estando em um grupo se sente forte para covardemente atacar os outros.
Pena que ela não foi desmascarada. Eu também sou do tipo paz e amor e acho que teria tido a mesma
reação que a sua Cristiane.
bjus
ana
Obrigada pelo comentário, Ana! E sim, sempre haverá pessoas boas no mundo, é importante a gente acreditar, mas o mais importante ainda é denunciar os crimes de racismo. Não devemos nunca cruzar os braços face a esse absurdo.
Beijos e continue nos acompanhando e lendo mais sobre a Dinamarca aqui no BPM! 🙂
Ola boa tarde eu queria saber como e a questao do imigrante e os negros como sao recebido a questao das mulheres brasileira ser taxadas como facíl etc se rola muito preconceito
Mariana, vamos por partes que eu fiquei confusa com tanta pergunta embolada 🙂
Imigrantes: são vários os tipos de imigrante e seria interessante saber a qual especificamente você se refere para poder responder com mais propriedade. Infelizmente o que vejo na Europa como um todo é a proliferação da ideia de que há imigrantes melhores que outros, ideia essa fruto do medo e da ignorância de alguns. Na Dinamarca também existe um pouco esse mito de que dependendo de onde o imigrante vem, ele é mais ou menos útil para a sociedade. Em geral os que mais sofrem com o preconceito e discriminação são os refugiados, sobretudo os de origem árabe. Entretanto na Dinamarca e demais países escandinavos existe uma equidade baseada nas Leis de Jante que prega a máxima de que ninguém é melhor que ninguém. Em contrapartida, nos países nórdicos também existe uma preocupação em preservar os valores tradicionais e conhecidos dessas sociedades e o migrante, com sua cultura e hábitos diferentes, pode sofrer um pouco no processo de adaptação e integração ao tentar preservar seus valores pessoais adquiridos em seu país de origem. Felizmente tenho visto muitos movimentos civis em favor de melhoras no sistema de integração e até escrevi um texto a esse respeito, dê uma lida: https://brasileiraspelomundo.com/dinamarca-a-nova-lei-de-integracao-580814195
Sobre racismo e preconceito, estes são dois males que existem em qualquer lugar do mundo, em maior ou menor escala – o que é preciso, na verdade, é conhecer os mecanismos para identificá-los e combatê-los. A gente não pode e nem deve se calar diante desse tipo de injustiça.
Sobre a mulher brasileira e o estigma de ‘mulher fácil’, devem certamente existir pessoas por aqui com esse pensamento, mas não o vejo como recorrente ou comum, por assim dizer. A Dinamarca tem um histórico muito forte de luta pelos direitos das mulheres e é um país essencialmente feminista, o que contribui para que a mulher seja vista com mais dignidade, seja ela de onde for.
Junior Pereira Cardoso… Juniorpereira.3/ facebook: Oi Cris. Boa noite. Vim procurar informações sobre negros vivendo na Europa oriental e o navegador me jogou pra sua página na Dinamarca kkk. Nada a ver né. Ou quase. Eu fiquei abismadocom seu depoimento, e minha namorada que é clara ou branca eu acho, loirinha ainda quer que eu vá pra Inglaterra tentar a vida lá com ela e uns amigos dela que moram lá. Agora eu já não sei viu. Você é claríssima e sofreu racismo tipicamente sofrido por negros, imagine só se você fosse negra de verdade. O Brasil é cruel com seus cidadãos, é por isso que temos sim o direito de nos enraivecermos com essa latrina aqui. E precisamos ir as ruas e lutar por melhorias já. Mas afinal de contas, negros não tem pra onde fugir neh, aqui ta ruim mas na Europa seremos tratados com desprezo. Sucesso e ore a Deus . Beijos.
Obrigada pelo seu comentário. Para ser bem honesta com você, hoje em dia quando penso a respeito acredito que o preconceito foi mais pelo fato de eu ser estrangeira do que por ser vista como negra pelas pessoas que me atacaram. Atualmente, junto com a crescente chegada de refugiados ao país também tem crescido o preconceito, sobretudo em relação à pessoas de origem muçulmana, entretanto o preconceito acaba de certa forma afetando indiretamente outros estrangeiros que vivem no país. Porém há esperança: encontrei muito mais gente boa e solícita no caminho, e esse incidente, se não pode ser apagado da memória, pelo menos cicatrizou como ferida. Acredito que se o seu desejo é vir para a Inglaterra ou para outro país fora do Brasil o que você deve fazer é se preparar bem para a mudança. Nem tudo serão flores, mas nem tudo serão pedras no caminho! Infelizmente a ignorância existe no mundo todo e por mais que a combatamos, o ser humano só enxerga aquilo que quer. Desejo boa sorte nos seus planos e continue nos acompanhando aqui no blog!
Gosto de viajar e tenho interesse por outras culturas. Li os textos acima e vou contar um pouco de minhas experiências. Já visitei países que são principalmente latinos (Espanha, Portugal, Itália, França, Argentina, Uruguay e Chile, além dos Estados Unidos e Bélgica). Sou de origem portuguesa e, talvez pela semelhança física com as populações dos 7 primeiros países citados ( os latinos) não percebi nenhum tipo de discriminação, mesmo quando viam que eu era estrangeiro. Quanto à Bélgica, estive em cidades do interior onde a grande maioria das pessoas tinham olhos e cabelos claros. Apesar da diferença física, também aí não senti nada agressivo ou uma forma diferente de me ver. Nos Estados Unidos (Flórida) há muitos sul americanos e novamente não senti nada de ruim, mesmo com a diferença física para aquela típica pessoa deste país, de olhos e cabelos claros, muito presente nesta região.
Oi, Roberto, e obrigada por comentar. Fico feliz que nunca tenha passado por nenhuma experiência de racismo ou xenofobia nas suas andanças pelo mundo. Felizmente o mundo ainda tem muita coisa boa para ver e viver e muita gente bacana fazendo dele um lugar melhor.
Continue nos acompanhando aqui no BPM para saber mais sobre a Dinamarca! 🙂
To passada Cris! Depois de morar na Africa do Sul, onde eles adoram os brasileiro e somos super bem vindos, e agora em NY, onde brasileiros são “latinos” junto com todos os outros,aqui eh uma mistura de nacionalidades… Acho que nunca tinha pensado sobre sofrer o preconceito assim tao a flor da pele. Feliz que vc n se abalou e continua por ai! Bjs
O racismo, preconceito, xenofobia e outras coisas feias como estas dão as caras onde menos se espera. Felizmente este foi um incidente isolado, a boate fechou e todo mundo seguiu com a vida, mas agora já aprendi: ficar calada, nunca! Bjs e obrigada por ler e comentar 🙂
Oi Cristiane
Gostaria de saber como são recebidos os asiáticos na Europa, principalmente Espanha e França.
Bjs
Paula, que curioso você me perguntar, já que quer saber sobre outros países. Eu moro na Dinamarca e posso falar apenas sobre o que conheço daqui, então ficarei devendo informações sobre França e Espanha. Vi que você perguntou para a Tati, que tem ascendência oriental e mora na Espanha: ela vai lhe responder com propriedade.
Na Dinamarca o que conta é o país de onde se vem, não necessariamente a etnia. Nunca presenciei casos de racismo contra pessoas asiáticas ou negras, pra falar a verdade, apesar de considerar a possibilidade de existirem, já que seres humanos sem noção estão espalhados pelo globo. Na família do meu marido há uma pessoa asiática, que foi adotada bebê e, portanto, é dinamarquesa. Temos um amigo nascido na Coreia do Sul que foi adotado por uma família dinamarquesa e é cidadão dinamarquês. Não sei dizer ao certo se eles sofreram com racismo ou discriminação em algum momento de suas vidas.
Oi Paula. Quanto ao seu questionamento, não sei se você se refere à imigração, mas, quando estive visitando a França, havia muitos turistas orientais, acho que em grande parte chineses e não percebi nenhum tipo de problema.
Que horror isso que voce passou,pessoas arrogantes que pensam ser literalmente donas do mundo.eu sou brasileira,vivo na provincia de buenos aires e passei por uma situaçao parecida com a sua;duas mulheres e um travesti querendo treta comigo e minha amiga,que é negra…as 3 pessoas foram pro banheiro e lá começaram a nos intimidar,menosprezar e empurrar dizendo que queria mais espaço para se maquear e que essas “brasileiras putas “estavam atrapalhando!!!é lamentavel se sentir assim,coagida,humilhada ainda mais por outras mulheres e em maior numero que seu grupo!
Obrigada por ler e comentar. Infelizmente esse tipo de coisa acontece em qualquer lugar do mundo. Temos que tomar atitudes como procurar as autoridades competentes para a denúncia, que deve SEMPRE ser feita – racismo é crime e deve ser tratado como tal – e lutar para que comportamentos como o dessas pessoas sejam transformados.
Abraços e continue nos acompanhando 🙂
Nossa! Li tudo. Mulher com inveja da nisso mesmo. No seu caso foi o que ocorreu,até porque sabemos que homens europeus no sentido sexual e relacionamento preferem as que têm um mínimo de cor. Pensei no início do relato que vc fosse negra,mulata mas particularmente pra mim vc é branca no ton da pele. Meu marido é russo eu sou negra, nossas filhas são brancas de cabelos castanho claro. Estamos indo pra França. Meus sogros e cunhado vivem na Estônia em Tallinn, em fim estou com um pouco de medo, não sei como reagirei num caso de passar por racismo. Vivo em Belo Horizonte Brasil frequento os melhores lugares, club, especialmente no club Pic percebo olhares curiosos mas me posiciono como , “posso pagar,pensem o que quizer”. Mas como vc falou,aqui no Brasil a gente não fere os sentimentos dos outros com comentários, alguns têm questão de ofender sim,mas enfim, estou com medo da mudança e devo ressaltar que sou a única negra na minha família, estarei com marido e filhas brancas.
Rosenilda, obrigada por comentar.
Realmente eu sou considerada branca no Brasil mas na Europa, sou mestiça.
Depois de 2015 começaram a vir muitos refugiados da Eritreia para a minha cidade, que antes tinha pouquíssimos negros. Hoje em dia é mais comum encontrar pessoas negras nas ruas. Acho isso ótimo, pois aumenta a diversidade.
Esse episódio foi um caso isolado e nunca mais passei por nada semelhante desde então, mesmo tendo voltado a sair à noite. O que eu digo pra você é que para cada pessoa ruim no mundo há pelo menos 6 pessoas boas, e com esse espirito eu quero lhe encorajar a deixar seus medos de lado e vir de cabeça erguida, sem medo de passar por situações de constrangimento. Tenha sempre à mão o telefone da polícia do local que você vai visitar e também o telefone do ENAR (se for um lugar na Europa), assim você poderá tomar uma ação positiva no caso de eventualmente vir a passar por tal situação, o que eu espero e desejo que nunca aconteça, mas a gente sabe que o mundo é como ele é…
Desejo tudo de bom na sua vida e boa sorte na mudança.
Abraços e obrigada por ler – continue nos acompanhando!
” Ola Cristiane; cordeais saudações, a quase um ano atras, eu deixei um comentário aqui neste site e quero estar te parabenizando, por este trabalho, e dedicadas atenções, ás pessoas, que foram, e são violadas, em seus direitos fundamentais. Olha, desde o fato orrendo, em face aos xingamentos que minha persona sofreu, apenas obtive parte de minhas verbas de trabalho. Mas infelizmente, quero relatar lhe o fato terrível de: estar sendo vigiado de maneira terrorística, violenta, com o intuito de fazer valer o poder ditatorial do estado brasileiro, para deixar escondido, o CRIME DE PRATICA DE RACISMO, OCORRIDO DENTRO DO SETOR DE TRABALHO, ONDE EXECUTAVA ÁS FUNÇÕES A MIM DETERMINADA DE MANEIRA EXEMPLAR. Utilizam de equipamentos de rádios que são acoplados em uma especie de serviços de sons, que vem dos céus, e poucas pessoas, ou talvez ninguém, saibam dessa vigilância ilegal; posto que, tudo oque eu faço, um sujeito passa o tempo todo á narrar, e difamar, num rádio possuidor de um timbre de som amortificado para camuflar…”. muito agradecido, por suas atenções, e que DEUS lhe proteja…
Que tristeza, Joel. Eu gostaria muito de poder indicar alguma solução para o seu problema. Infelizmente, a única coisa que posso lhe dizer é para continuar combatendo o racismo através de denúncia e nunca se deixe abater. Infelizmente há muita gente com uma mentalidade restrita no mundo. Desejo tudo de bom a você e espero realmente que você consiga vencer essa batalha.
Nossa que história , fico pensando vc que tem a pele clara sofreu tudo isso ,imagina eu que sou negra da pele escura , tinha muita vontade de conhecer outros países , inclusive da Europa , mais fico apreensiva
Ana Karolina: hoje, quando olho pra trás vejo que o que eu sofri tem mais a ver com xenofobia que com racismo. Naquela época eu não sabia ainda diferenciar direito. Por outro lado, a xenofobia também é uma forma de racismo.
O que eu digo pra você é para não deixar que o medo a paralise. A experiência de viajar pelo mundo é enriquecedora e eu a recomendo a todos que possam construir essa possibilidade. Se a sua vontade é viajar pelo mundo, viaje! Abra-se para o que vier. E lembre-se: a gente sempre recebe de volta aquilo que somos capazes de dar.
Abraços e obrigada por ler e comentar!
Me desculpe mas vc não tem pele clara como pode sofrer racismo
Oi Lia.
Pois é, no Brasil eu sou lida e identificada como “branca”, só que na Europa, eu e outros brasileiros (independentemente do tom de pele) são classificados como não ocidentais e, portanto, não somos considerados de etnia caucasiana, ou brancos. Eu não tenho o privilégio de possuir um passaporte europeu. Meus traços são de mestiça: cabelos cacheados, nariz grande e largo, lábios grossos. Geneticamente falando, na minha família tem uma mistura boa de etnias. No Brasil se usa muito o conceito de colorismo, que é aproximar ou distanciar a identidade das pessoas negras da branquitude de acordo com seu fenótipo: cor da pele, tipo de cabelo, traços do rosto etc.. O racismo que eu sofri tem a ver com etnia e lugar de origem, tanto que pode ser confundido com xenofobia. Deixo aqui uma reportagem sobre colorismo, pra você entender o que acontece no Brasil: https://www.cartacapital.com.br/entrevistas/o-colorismo-e-o-braco-articulado-do-racismo/
Espero ter esclarecido a sua dúvida.