Uma garota de meia idade – um novo recomeço após os cinquenta.
O que me impulsiona a escrever é a vontade de partilhar minha história de vida e cotidiano atual para aquelas pessoas que possam se identificar ou simplesmente para despertar novos interesses. Espero, com isso, ajudar e inspirar de alguma maneira “garotas de meia idade “ que, assim como eu, queiram tornar
sua vida mais desafiadora e intrigante.
Através de meus artigos aqui no Brasileiras Pelo Mundo , vou mostrar as experiências consequentes dessa mudança, e como me sinto após quase três anos .
Para começar, um pouco da minha história Farei 60 anos esse ano. Nasci em Campinas/SP , casei, tive filhos e sempre vivi no Brasil. Logo cedo percebia uma inquietação dentro de mim, uma curiosidade que, na época não sabia o que era, mas hoje consigo identificar. Era uma sede enorme de conhecimento, de ver
gente, de saber como as pessoas vivem de conhecer outras culturas. Mas isso tudo há 39 anos era bem longe da minha realidade.
Nesse período de minha vida não podia sequer pensar em viver novas experiências. Era casa, marido, filhos e trabalho, como toda mulher faz no Brasil. E assim foram passando os anos, vivendo uma vida normal rodeada de muito amor.
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Ao longo desses anos tive dolorosas perdas, pai, mãe e marido. Como se isso não bastasse, meus três filhos decidiram deixar o Brasil. Todos esses acontecimentos tiveram um enorme impacto em minha vida. A palavra resiliência sempre foi uma aliada. Então percebi que era chegada a hora de uma mudança. Com isso uma transformação se fazia necessária para dar espaço ao renascimento de uma nova mulher. E assim decidi largar minha zona de conforto no Brasil e buscar o novo, o desconhecido, o inesperado aqui na Nova Zelândia.
Após essa decisão vivenciei uma das maiores experiências de minha vida, o desapego total. E quando falo em desapego é de tudo mesmo, de uma vida inteira. Móveis, casa, objetos pessoais, família, amigos tão queridos que tive que abandonar. E assim deixei minha casa, carregando duas malas apenas, muita insegurança, muitos medos, e muitos desafios.
Chamo essa experiência de vida pós morte , o enterrar de uma vida e o nascer de outra literalmente.
Quando migramos passamos por um processo que chamamos de “aculturação” (adaptar-se a uma nova cultura) no qual podemos dividir em 4 estágios.
- Primeiro estágio podemos chamar de euforia ou lua de mel. Significa ficar feliz e surpresa com tudo a sua volta.
- Segundo estágio é o choque cultural, ou seja a percepção de que muitas coisas são diferentes da sua pátria mãe.
- Terceiro estágio é a recuperação após o choque, a pressão continua mas você está mais confortável com tudo.
- Quarto estágio completa aculturação e tudo se torna familiar. Confesso que ainda não estou nesse.
Cheguei num lindo dia de outono, a estação das folhas, a Nova Zelândia estava coberta delas. E, como sabemos, toda mudança requer adaptação, então, esses foram meus primeiros desafios.
Primeiro desafio foi o clima. Como faz frio nesse país. Logo eu que amo calor. São aproximadamente 8 meses sempre vestindo casaco.
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Vim morar em Hamilton, a 4a. maior cidade da Nova Zelândia . São 185.000 habitantes, sim, o país tem pouca gente. São cerca de 4.794 milhões de habitantes no total. Uma curiosidade, a NZ tem mais ovelhas que pessoas.
Segundo desafio foi dirigir, aqui é mão inglesa, ou seja, contrário do Brasil, mas com persistência e paciência venci esse primeiro desafio e hoje tenho carteira de motorista neozelandesa.
Terceiro desafio é o estilo de vida. A Nova Zelândia e um país que chamamos de outdoor com lindos cenários. A principal economia aqui provém do turismo.
Tudo que você imagina sobre esportes encontrará aqui, e com isso, me tornei uma pessoa muito mais diurna do que costumava ser no Brasil. Essa mudança me trouxe algumas transformações, inclusive no visual. As mulheres aqui são mais despojadas e esportivas na maneira de se vestir. Não se preocupam tanto com a vaidade, não é uma critica e sim constatação de um estilo de vida diferente de nossa cultura, mais preocupada com a imagem.
Sou filha de costureira e a minha casa sempre foi cheia de mulheres, fazendo roupas para se tornarem bonitas. A vaidade sempre foi uma aliada para minha auto estima. Mas agora com a meia idade chegando, as coisas se complicam um pouco mais e morar num país menos preocupado com isso me afetou bastante no início, ao ponto de me olhar no espelho um dia e não mais me reconhecer . Tive que achar um balanço entre tudo isso, me libertar um pouco da vaidade mas, ao mesmo tempo, não perder minha essência, minha autoestima.
Tenho um enorme orgulho de ser brasileira, As pessoas que aqui convivo e me conhecem sabem que amo
muito meu país. Isso tudo está intrínseco em meu sorriso, na minha afetuosidade na vontade de ajudar e agregar pessoas. Assim como nas minhas roupas, no meu estilo de ser que não quero abandonar nunca, pois isso me remete todos os dias às minhas origens.
Outro desafio foi aprender o idioma. Quando cheguei meu inglês era básico. Tinha muita insegurança de sair sozinha até para ir no supermercado. As atendentes aqui são muito educadas, sempre puxam conversa com você e eu mal podia entender o que elas diziam.
Como morar num país e não falar o idioma? Isso não é para mim, e assim decidi ingressar numa boa escola para poder me comunicar e começar a traçar novos horizontes para minha vida.
Tenho muitos desafios ainda pela frente, mas eles estão acompanhados de muitos sonhos também. Já consegui realizar alguns como fazer meu primeiro mochilão, sozinha, pela Tailândia. Mas isso será assunto para um próximo artigo aqui no BPM.
!Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos e simplesmente ir ver.” (Amyr Klink)
38 Comments
Sandra,muito bacana sua história. Tenho 54 e penso muito em fazer algo assim, principalmente para mehorar meu inglês. Por gentileza, como é a questão do visto para viver ai na NZ?
Bjs verde e amarelo,
Ola Iza tudo bem . Fico feliz que tenha goatado do texto. A intecncao e esta inspirar pessoas atraves da minha experiencia. Quanto ao visto , nao sou a pessoa especializada para te dar essa informacao, mas temos outra colunista aqui na Nova Zelandia que pode te dar todas as dicas que voce precisa . E a Roberta vieira, pode enviar um comentario no artigo dela ok bjs
Sandra, parabéns por se permitir viver esse novo capitulo, ou qui ça, esse novo livro (provavelmente tera vivência para tal da mesma forma). Aproveite mesmo e continue essa aventura maravilhosa repleta de coisas boas e inesperadas. Se vieres a Londres fique à vontade para dar um alô. Ja visitei NZ algumas vezes e amo.
Texto maravilhoso da minha prima brasileira!!! Orgulho por sua força coragem e determinação!!!
Obrigada prima querida muitas saudades de voce ! te amo
Ola Aninha, obrigada , fico feliz que tenha gostado. Que legal que voce esteve aqui e um lindo pais mesmo. Quando for a Londres tomaremos um cafe. bjs
Mais que uma aventura em terras desconhecidas .. uma narrativa , uma história de vida que nos enche de orgulho e nos faz pensar nos verdadeiros motivos que nos movem . Parabéns prima por ter conseguido se encontrar após tantas barreiras e desafios . Beijos no coração .
Obrigada primo querido. Obrigada sempre pelo apoio . Voce e sua linda familia fazem parte dessa historia. bjs.
Amiga que depoimento você me surpreendeu , além das expectativas continue sendo essa pessoa maravilhosa corajosa desbravando novos horizontes quem sabe um dia serei eu……. Parabéns ????????????????????????
Obrigada querida amiga. Sim somos muito corajosas . Voce tambem e um grande exemplo de mulher . Muitas saudades. bjs
Parabéns, Sandra!!!!!Adorei teu texto e me identifiquei muito com ele. No momento, estou muito confusa e insegura, pois tenho uma mãe de 85 anos, que mora aqui pertinho de mim em Floripa e meu único filho que mora em Sidney….e e a enorme vontade de desbravar um novo caminho. Sou aposentada e tenho 57 anos e sempre adorei viajar, mas nunca morei fora. Penso que chegou a hora e teu só veio confirmar, um grande ????
Ola Liane, fico feliz em inspirar pessoas com minha experiência. Espero que voce encontre o momento certo para tudo. bjs
Amei sua história, uma mudança radical que deu certo. Eu tenho loucura pra fazer uma viagem dessa mas de ir p qualquer lugar do mundo e ficar.
Ola Vera, muito feliz em saber que gostou. Vem mais historias pela frente aqui no blog. bjs querida
Parabéns Sandra, que lindo seu texto, adorei. Realmente tomar uma decisão dessa não é nada fácil. Desejo td de bom pra vc e vou continuar te acompanhando aqui e no facebook. Bjs
obrigada querida. Fico feliz que tenha gostando. Sim vai acompanhando porque tem mais bjs
Gostei muito do teu texto. Motivador, inspirador, otimista, BONITO.
Parabéns pela coragem.
Ola Zandra! muito obrigada! bjs
Sandra! Que história inspiradora! Também sou colunista aqui do Bpm e aproveito para te desejar boas vindas ao time!
Ola Julia! obrigada querida! nos encontraremos pelos caminhos do BPM . bjs
Que experiência linda, corajosa e motivadora. Me identifiquei pq tenho 48 anos e amo o Brasil, sempre vivi aqui e hoje a vida me trouxe uma oportunidade de recomeçar na Nova Zelândia. Tenho medo mas acredito que nada acontece por acaso. Queria poder conversar mais com pessoas como voce. Parabéns! Felicidades!
Ola Angela, obrigada . Com certeza nada e por acaso. Siga seu coracao sempre. bjs
Cono não deixar aqui registrado o meu grande orgulho por essa mulher incrível… sou um de seus inúmeros amigos deixados aqui no Brasil mas que sente seu coração fervendo todos os dias… quando você saiu do Brasil rumo ao desconhecido, eu não tive dúvidas de que você venceria todos os desafios… você é uma mulher da GUERRA minha amiga e não foi novidade pra mim saber que um dia você seria vista e falaria para o MUNDO… Foi pra isto que veio a este planeta, amada amiga, entre tudo que ja passou, ainda ter a oportunidade de ajudar tantas outras mundo afora!
Boa sorte nessa nova empreitada!!
Te amo e espero revê la em breve!… bjus no coração!
Ha meu amigo irmao, voce e parte integrante dessa historia tambem! muitas saudades sempre ! te amo
Amiga linda!!! Muito orgulho de vc!! Espero um dia te fazer uma visita, amo vc! Bjosss
Obrigada querida, e venha … mas venha logo estamos de bracos abertos te esperando! te amo
Olá, assim como vc, estou me preparando pra ir morar na Austrália, assim que meu filho conseguir a residência dele. Você tem conta no insta? Parabéns pelo recomeço.
Ola Daniela, que bom espero que tudo de certo querida. Tenho sim no Inst Sandramviolla e no face Sandra Marengo ok bjs
Olá Sandra. Adorei sua história. Eu moro na Alemanha. Se você tiver interesse em companhia para viagem a Thailandia, me envia uma mensagem no Messenger do Facebook. Também estou nos 50….só de São Paulo. Mais detalhes pessoais, pelo Messenger.
Um abraço
Lucia Lynch
Ola Lucia, obrigada querida. Meu proximo artigo aqui no BPM vai contar essa aventura na Thailandia. bjs
Que artigo maravilhoso e inspirador!! Penso em fazer o mesmo! Estou começando as pesquisas de como e com o que trabalhar ai.rsrsr .
Beijos de Luz.
Simone
obrigada Simone, sim pesquise e vem.. bjs
Oi Sandra,
Gostei muito da sua história e estou precisando de um empurraozinho para visitar a NZ!
Sou brasileira e estarei no leste europeu no mês de outubro. Pensei em fugir do frio em novembro ou dezembro e estudar por umas 4 ou 6 semanas na NZ. Não sei se é uma boa época, nem para qual cidade ir. Alguma sugestão? Um leve empurrão? Ah! Tenho 63 anos, sem ascendentes nem descendentes.
Um abraço
Ola Ivani ! muito obrigada. Entao se voce quiser fugir do frio e uma boa epoca. dezembro ate marco faz calor aqui . Acho muito boa sua ideia e tem varias cidades que voce pode estudar, vai depender daquilo que voce gosta. Cidade mais agitada ou menos. Vou deixar meu email caso voce precise de alguma informacao . sandramviolla@yahoo.com.br ok? bjs
Que história legal!! Sou advogada, trabalho ainda para sobreviver no Brasil, tenho uma filha de 22 anos que mora comigo, mas adoraria conhecer esse país e, não sei, viver um pouco aí. Meu inglês é ruim, a despeito de ser formada pelo Brasas, mas não pratico. De que forma eu conseguiria viver, uma vez que não tenho renda fixa? Desde já agradeço.
Olá Cristina,
A Sandra Marengo, infelizmente, parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Bom dia…
Sandra, tenho o sonho de um dia ir viver na Nova Zelândia. Seria possível para uma mulher que tem o suficiente para viver no Brasil, conseguir um trabalho e sobreviver nesse lindo país?
Tenho cinquenta anos, em 2021 estarei aposentada. Obrigada…
Olá Rosangela,
A Sandra Marengo, infelizmente, parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM