Voltar para uma sala de aula após quase 30 anos tenho que confessar, não e fácil. Mas quando um desafio vem acompanhado de um sonho você passa a acreditar que e possível. Assim começa minha história de estudante aqui na Nova Zelândia.
Sempre quis falar inglês. La atrás quando comecei a minha profissão como secretaria isso já era um desejo. Sempre começava um curso, mas logo em seguida parava, pois não conseguia conciliar trabalho, casa, filhos pequenos e marido. Assim acabei deixando esse projeto para tras esperando sempre uma nova oportunidade. Quando minhas filhas deixaram o Brasil percebi que chegava a hora de correr atrás disso, pois seria mais fácil me comunicar onde quer que elas decidissem morar. Comecei então a frequentar aulas de inglês no Brasil com um professor particular 1 vez por semana. Essas aulas foram muito boas para o meu inglês básico. Porem, quando cheguei na Nova Zelândia percebi que o que eu sabia era insuficiente para me comunicar com as pessoas locais. Como já disse anteriormente, morar num pais e não falar o idioma definitivamente não e para mim, e então comecei a procurar escolas. No meu primeiro Mes aqui encontrei algumas que treinavam pessoas para serem professores. As aulas eram supervisionadas por professores reais 3 vezes por semana durante 3 horas e um (detalhe) gratuitas.
A Nova Zelândia e um pais multicultural, estudar aqui e um aprendizado único, carregado de oportunidades para conhecer outras culturas. Quando percebi isso fiquei maravilhada e seduzida com essa possibilidade. Pensei, vou poder aprender inglês e entrar com contacto com pessoas de tantos outros países, isso e fantástico. Poder usufruir disso tudo era uma coisa que sempre quis, saber quem são, como vivem, o que pensam pessoas de outras culturas. A medida que o meu inglês melhorava eu ia alimentando mais e mais essa sede de conhecimento.
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Minha primeira amiga na escola foi uma japonesa. Me lembro
como se fosse hoje, estudávamos na mesma classe e pegávamos o metro juntas todos os dias. No começo foram so trocas de olhares porque o nosso inglês era bem do tipo “Hi. How are you?”, mas logo descobrimos que conseguiríamos nos comunicar de qualquer jeito, ate mesmo com palavras soltas. Compartilhavamos tudo juntas, viagens de metro, lanche, duvidas em sala de aula, algumas risadas e muito carinho. Atraves de suas poucas palavras acabei descobrindo lindas coisas sobre o Japão e as suas tradições. Percebi que embora fossemos de culturas tao diferentes uma da outra compartilhávamos dos mesmos medos, incertezas, vulnerabilidade, desejos, sonhos e expectativas.
Após 3 meses frequentando essa escola mudei de cidade, vim morar em Hamilton. Logo após minha chegada ingressei numa escola para imigrantes. As voluntárias eram maravilhosas. Sao pessoas que dedicam parte do seu dia para ensinar imigrantes. Aula três vezes por semana por aproximadamente 2 horas. Devo dizer que aprendi muito com elas. Não somente o inglês mas muito da cultura daqui. Mas contudo não foi suficiente para alcançar meu objetivo e então decidi mudar de estratégia.
Um dos meus objetivos que fazem parte dessa nova fase da minha vida e buscar novos horizontes. Seja no lado profissional (um novo trabalho) pessoal (fazer novos amigos) e porque não no sentimental ( quem sabe encontrar um novo amor). Para que eu pudesse alcançar tudo isso decidi me matricular em uma boa escola período integral e me dedicar de corpo e alma. Comecei esse projeto ano passado e venho obtendo ótimos resultados. Descobri que voltar a frequentar uma escola novamente agora nessa idade, embora o aprendizado possa ser mais lento, me proporciona uma perspetiva diferente de quando era jovem.
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Primeiro, amo aprender. E uma coisa minha mesmo, sou bem curiosa. Segundo, descobri que posso ser bem mais comprometida do que quando era jovem. Hoje por conta da experiência, consigo ser muito mais paciente, consciente, organizada, dedicada, focada e determinada naquilo que quero. Trazer essa experiencia para sala de aula esta me trazendo excelentes resultados. Mesmo que na contra mão vem o esquecimento e as vezes o cansaço acho que consigo driblar tudo isso com o meu entusiasmo diante dessa nova oportunidade. Estudo com pessoas bem mais jovens entre 19 e 30 anos. Pessoas de várias partes do mundo que assim como eu estão em busca do aprimoramento da língua para seguirem seus caminhos. Temos uma ótima convivência compartilhando conhecimento, cultura e experiencia de uma forma única e genuína.
Quando olha para frente vejo que tenho um longo caminho a percorrer, mas aquilo que já conquistei hoje tem um novo sabor. Um sabor de realização, satisfação, orgulho de saber que sempre e tempo de aprender, e mais que isso e uma questão de escolha, do caminho que você quer traçar para a sua vida independente de idade, pais ou situação. Hoje esse novo sabor vem acompanhado de um enorme desejo, de querer mais e mais.
“ Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nos” (Chico Xavier)
9 Comments
Olá Sandra,
Achei super inspiradora a sua história. Também sou formada em secretariado, tenho 38 anos e não estava muito disposta a arriscar, pois estava bastante desestimulada. A sua história provocou uma explorão de ânimo para começar a mudar.
Grata por compartilhar a sua vivência.
Que Deus seja contigo.
Ola Ana PAula, fico muito feliz que minha historia possa servir de inspiracao para mulheres que tenham o mesmo sonho.
Boa sorte , bjs
Sandra, que relato! Você descreveu muitos anseios meus. Não só isso, Voltei a estudar aos 58 anos, estou encontrando algumas dificuldades, mas não pretendo desistir. Faço o 3 período de serviço social . O inglês, necessito me matricule está semana . Será mais conversação. Valeu muito a pena entender as dificuldades de brasileiro pelo mundo a fora. Te desejo tudo de bom. Abraço.
Oi Sandra, tenho 50 anos, trabalho a 15 em uma empresa. Perdi algumas oportunidades quando jovem de sair do Brasil para estudar inglês. Hoje com meu filho já criado, formado e pós graduado, a vontade de realizar meu sonho veio a tona. Com muitas pesquisas sobre sair do país com 50 anos foi um pouco frustrante. Muita gente diz que se vc tivesse 20, 30 anos tudo bem, mas com 50 seria loucura. Pois bem, vendo sua narrativa, cresceu minha vontade de arriscar. Estou pensando em sair do país e ir para Dublin em 2020, tentar um curso de inglês. O que vc acha?
Grande bj
Ola Patricia, obrigada pelo comentario. Se voce possui esse desejo tente realiza-lo, como eu fiz e nao me arrependo. Acho que sempre e tempo para aprender, principalmente agora na nossa idade. Boa sorte. bjs
Ola Patricia, obrigada pelo comentario. Se voce possui esse desejo tente realiza-lo, como eu fiz e nao me arrependo. Acho que sempre e tempo para aprender, principalmente agora na nossa idade. Boa sorte. bjs
Ola Sandra ,como todos ja falaram adoramos seu relato ,tenho 53 anos e minha vida inteira escutei que jamais um filho de uma mulher negra e solteria, mãe de mais 4 filhos teria um diploma na familia ,em 2003 fui estudar ingles em Auckland e o dinheiro que tinha mau dava para as despesas,AVISO Nunca deixem as pessoas criar limitações para vcs ,hoje as 53 faço engenharia espacial em umas das universidade publicas mais conceituadas do Brasil,voçe é sua propria limitação Por favor, Sandra continue sendo uma estimulo as pessoas .Obrigado
Olá Jose,
Infelizmente a colunista não colabora mais com o BPM.
Obrigada pelo seu comentário e continue nos acompanhando.
Equipe do BPM
Adorei o artigo muito inspirador. Nunca é tarde para se fazer o que tem vondade.
Parabéns!!