São Francisco e a cultura hippie – o Distrito de Haight-Ashbury.
A Califórnia é conhecida internacionalmente como o paraíso de veganos, vegetarianos, “gluten-free” e orgânicos, com restaurantes e supermercados para todos os tipos de dietas e estilos de vida.
Embora São Francisco seja conhecida hoje como a cidade dos bilionários em tecnologia, num passado não muito distante ficou muito conhecida por sua contracultura dos anos 60, o movimento hippie e sua conexão com a música dos anos 60/70.
Após assistir um lindo documentário que conta a vida de Janis Joplin (“Janis: Little Girl Blue”), decidi ir conferir as raízes do movimento hippie na cidade. Visitei o bairro conhecido como “Haight-Ashbury”, “the Upper Haight” ou, simplesmente, “The Haight”.
A História do distrito
A região foi conhecida como o centro do movimento hippie psicodélico na década de 60, com artigos em jornais do mundo inteiro. O bairro era idealizado pelos hippies para ser o centro de uma comunidade baseada em ideais da contracultura pós-guerra, focada em antimilitarismo, experimentação e uso de substâncias psicoativas para revelação espiritual e criação de vínculos comunitários. Grande parte dessa cultura ficou conhecida pela música produzida no local.
A primeira head shop foi aberta em 1966, oferecendo um lugar para se comprar maconha e LSD e se confraternizar com outros hippies.
No verão de 1967, conhecido como o “verão do amor”, a música rock psicodélica ganhou espaço e o hit “San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in your Hair)” se transformou no hit do ano. Em julho do mesmo ano, a revista Time cobriu a história: “Os hippies: filosofia de uma subcultura”, dando mais popularidade ao movimento ao redor do mundo.
O bairro, então, se tornou uma área com intensa vida noturna e o lugar onde moravam os músicos que representavam o movimento, inclusive Janis Joplin e John Lennon (temporariamente).
A utopia do “verão do amor” atraiu o público jovem e até mesmo militares no pós-guerra, que começaram a viajar e se mudar para o bairro, vindo de vários lugares dos EUA.
O bairro era pequeno demais e não tinha estrutura para acomodar esse alto influxo de pessoas e começou a sofrer declínio: superlotação, mendigos, abuso de drogas e criminalidade.
Em outubro daquele ano, o movimento tomou uma direção diferente anunciando a “cerimônia da morte hippie”, encorajando pessoas a não mais se mudarem para lá, mas levarem os ideais do movimento para suas próprias realidades.
Hoje em dia, o bairro ainda comemora esse festival de verão todo ano, com museus, festivais de filme, hotéis que oferecem pacotes com coquetéis psicodélicos e tours.
Nas últimas décadas, San Francisco foi invadida pela dinheiro vindo das empresas de tecnologia, o que tornou a vida na cidade caríssima e impossibilita a ocorrência de outro movimento de artistas como esse morando no coração da cidade. Mas o Haight manteve sua identidade: um cinema mantido por uma iniciativa comunitária chamado “The Red Vic”, que exibe filmes locais, um montão de cafés, livrarias e principalmente brechós.
Compras no Haight-Ashbury
Hoje, o bairro é muito frequentado principalmente por quem quer gastar e adquirir relíquias da época. As compras começam normalmente pela “Amoeba Records”, maior loja de música independente, na parte mais baixa e oeste da rua. A loja era anteriormente um boliche e tem uma das maiores coletâneas de CDs novos e usados do mundo.
Apenas a um quarteirão dessa loja, você estará no famoso Golden Gate Park, na famosa ladeira hippie, onde você irá amar ou odiar as apresentações musicais e os brownies de maconha que são vendidos na ladeira.
Aliás, vale lembrar que a maconha foi legalizada para fins recreativos em janeiro de 2018 na Califórnia e o cheiro ao redor dessa vizinhança não te deixará esquecer dessa novidade.
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Os turistas podem visitar lojas de roupas vintage, cafeterias e lojas de souvenir hippie. Eu tive a oportunidade de visitar um brechó enorme chamado “Wasteland”. Lá encontrei peças usadas de designers caríssimos, como Chanel e D&G, em ótimas condições com preços fenomenais.
Destaque merecido a “The Decades of Fashion”, uma loja enorme que é uma verdadeira viagem no tempo. A loja tem roupas e acessórios originais da década de 1880 a 1980, separados em diferentes áreas. Lá você encontra lindos vestidos “flapper” originais da década de 20 e pode experimentar um montão de peças. A loja foi fundada por uma ex-modelo que chegou na cidade. Lá você encontrará roupas originais e estará preparado para qualquer festa a fantasia. O preço é um pouco salgado, mas as peças são originais e valem a pena.
Uma vez por ano acontece a Haight-Ashbury Annual Street Fair, uma feira enorme para celebrar o verão do amor e a história do bairro com artistas de rua e comida.
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Restaurantes e vida noturna
A região também oferece restaurantes e bares para os visitantes. Pizzarias, restaurantes veganos, comida tailandesa, chinesa e mexicana são apenas algumas das opções disponíveis. Os preços são acessíveis e os restaurantes, normalmente, são pequenos, mais para um lanche rápido do que para um jantar completo. A ideia e fazer apenas uma pausa para reabastecer e voltar para as compras.
Também podem ser encontrados bares locais, pequenas (e poucas) danceterias, cervejarias e bares para a comunidade LGBT. Enfim, o Haight tem um cantinho para todo gosto.