Sexta-feira Negra ou Black Friday.
A Sexta-feira Negra é uma das sexta-feiras mais esperadas pelos amantes das compras. Ela acontece todos os anos logo após o Dia de Ação de Graças (o Thanksgiving) que é o segundo maior feriado dos Estados Unidos, perdendo somente para o Natal. Mas, por que esse nome assustador? E por que depois de um dia cheio de gratidão? Vamos falar sobre esse assunto que muitos estrangeiros acham um pouco “louco”.
A quinta-feira, o dia de agradecer
Todos os anos tudo começa na quarta quinta-feira do mês de novembro. O comércio fecha completamente. A Macy’s, antiga loja de departamento, “inaugura” o Thanksgiving com seu tradicional desfile nas ruas de Nova York. Teoricamente, a quinta-feira é o dia de agradecer todas as bênçãos já existentes em nossas vidas. Na companhia de amigos e familiares se compartilha um banquete, como fizeram os colonizadores após sua primeira colheita bem-sucedida.
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A Sexta-feira Negra, o dia de comprar
No dia seguinte, na sexta-feira, o verbo comprar se materializa. A Sexta-feira Negra ou Black Friday não é um feriado mas é o dia que inaugura a temporada de compras de fim de ano. É um dia de grande expectativa para compradores e vendedores, pois é o melhor dia de vendas para os comerciantes. As lojas abrem as suas portas mais cedo, baixam os preços dos produtos a ponto de liquidar o estoque. Elas simplesmente criam promoções imperdíveis e os consumidores enlouquecem. Logo após o jantar de quinta-feira, muitas pessoas se aglomeram ou acampam nas portas das lojas para não perder a chance de obter, por uma pechincha, algum produto almejado. Para muitos é quase como encontrar o Sagrado Graal. No decorrer do dia, as ruas do comércio ficam agitadas. A polícia já registrou, no passado, muitos boletins de ocorrência de compradores que brigavam por causa de uma mercadoria. Ainda bem que isso tem mudado com o advento das compras pela internet e muitos desistiram dessa guerra. A Black Friday agora é seguida da Cyber Monday (segunda-feira cibernética), ou seja, as promoções continuam.
Depois da crise de 2008, todos os anos alguns tentam boicotar a sexta, chamando os consumidores para não comprar nada mas o consumismo permanece forte.
História da Sexta-feira Negra
Uma versão diz que o termo Black Friday surgiu na crise do ouro que eclodiu em setembro de 1869. Dois corretores financeiros, Jay Gould and Jim Fish, decidiram comprar o máximo de ouro do tesouro nacional com a intenção de revender a preços super faturados e ter lucro astronômico. Porém, a conspiração foi descoberta e revelada numa sexta-feira, isso provocou uma queda livre no setor financeiro e o mercado entrou em colapso, levando à falência desde investidores de Wall Street até fazendeiros.
Outra versão mais recente é dos anos 50 e indica que o termo foi usado primeiramente pelos policiais da cidade da Filadélfia para descrever o dia após o Thanksgiving. Na ocasião, todos os policiais além de serem recrutados para trabalhar toda a sexta-feira também precisavam fazer hora-extra durante o final de semana todo para conter a horda de moradores e turistas que “invadiam” o comércio. De acordo com os oficiais, era o verdadeiro caos.
No início dos anos 60, tentou-se mudar o termo para Grande Sexta sem sucesso.
Lucros
Há muitas versões para justificar a relação desse feriado com as compras. De acordo com uma das versões, não se sabe ao certo quando, mas as lojas varejistas estavam operando no vermelho até o dia Thanksgiving. No dia seguinte os consumidores invadiam as lojas e compravam tudo que podiam porque os produtos estavam em liquidação e assim os varejistas conseguiam superar o prejuízo mas não conseguiam vender muito antes do Natal. Os lucros eram registrados com caneta preta.
Coincidentemente, novembro é o inicio de um novo ano fiscal aqui nos Estados Unidos.
Durante a grande depressão que se iniciou em 1929, os varejistas decidiram imitar os canadenses e iniciaram os grandes desfiles no dia do Dia da Ação Graças a fim de lembrar aos consumidores de irem às lojas. Isso tem funcionado até hoje.
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Consumo sustentável x consumo banal
A primeira vez que meu pai veio me visitar ele observou que o meu vizinho da frente deixava seu carro fora da garagem porque a mesma estava ocupada por um monte de coisas. Não são somente os americanos que amam umas comprinhas. Mas foram os americanos que criaram uma experiência prazerosa ao comprar.
Desde que cheguei aqui nunca me animei em acampar em frente da loja e passar a noite para comprar alguma coisa. Mudei-me muitas vezes e não gosto de empacotar, gosto de viver light. Respeito meus amigos que se sujeitaram a ficar nas longas filas e compraram seus laptops, lavadoras e secadoras pagando 70% menos que o valor original. Bom para eles. Eu mesma precisava de uma lavadora e meu marido comprou uma nova na semana do Thanksgiving, 50% mais barata. Hoje, faço o máximo para viver bem com o necessário e consumir de maneira mais consciente e sustentável. Ainda não me considero minimalista mas prefiro ter menos coisas. Opto por produtos de boa qualidade e durabilidade em vez de muitos de má qualidade. Quando falta algo na minha casa sempre considero os brechós, porque são os lugares onde posso encontrar algo único e sustentável. Não estou aqui para julgar o hábito de comprar, mas comprar porque está super baratinho talvez tenha que ser repensado. Pense no que o presidente Thomas Jefferson disse uma vez: “Não compre nada que você não precise porque é barato pois isso poderá sair caro.”