Tempo: o que temos de mais precioso.
O início de dois novos ciclos importantes – mais um ano de jornada sozinha pelo mundo e a chegada dos meus 40 – é o que está vivo em mim ao escrever este texto.
Quase um terço de 2019 já se foi deixando a sensação de que o tempo está voando.
Na minha recente passagem pela Nova Zelândia, uma criança de cinco anos que participava de um projeto educacional na floresta argumentou quando anunciei que chegara o momento de ir para casa: “Já passaram duas horas? Parece que estou aqui há apenas dois minutos! Não quero ir embora agora.”, disse Gaia ao demonstrar a sua frustração por ser interrompida enquanto desfrutava momentos prazerosos com seus amigos na Natureza.
Tempo. O que Gaia tem de mais valioso.
Ainda na Nova Zelândia, meu anfitrião de dez anos parou para me ensinar a sua dancinha favorita. Amante da dança, lá fui eu acompanhá-lo energicamente achando que ainda era uma pré-adolescente. Poucas horas depois, uma dor nas costas que se prolongou por uma semana me lembrou de um detalhe importante: eu estava entrando na fase dos “enta”!
Tempo. O que temos de mais perigoso.
Ambos episódios intensificaram a minha reflexão sobre o início dos meus dois novos ciclos:
– Minha jornada está sendo divertida e prazerosa ao ponto de eu não perceber o tempo passar, como a pequena Gaia?
– Existe alguém ou algo interrompendo/bloqueando minhas atividades preferidas?
– Estou cuidando do meu corpo adequadamente para que meu jovem espírito continue habitando nele sem restrições, como dançar até o chão com um menino de 10 anos?
– Como tenho administrado o meu tempo?
– O que tenho priorizado?
– Quais têm sido minhas principais escolhas e renúncias?
– Elas estão alinhadas à minha essência, valores e propósito de vida?
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Durante a celebração deste ano novo, onde passei pela primeira vez sozinha, fiz uma longa meditação e pedi uma mensagem especial aos anjos que me acompanham durante a viagem desde o meu último aniversário (presente dos amigos especiais que fiz na ecovila Findhorn, na Escócia).
A carta que eu tirei foi “Síntese”, que sugere usar criatividade e sensibilidade para mesclar as diversas áreas da vida.
Interagimos com o mundo de várias maneiras. No meu caso, para citar algumas, interajo como filha, irmã, tia de duas meninas, membro de uma grande família, amiga, cliente, viajante, aprendiz, educadora, gaiana, escritora, ativista, voluntária, residente temporária de comunidade, mulher, cidadã brasileira, sonhadora, e tantas outras.
Após algumas pesquisas, descobri que o estado de síntese é uma presença consciente dessas muitas expressões, onde não há lacuna entre as diversas funções que desempenhamos.
Mas como equilibrar, de forma unificada, todos esses papéis viajando sozinha?
Como me sentir em paz diante da pressão criada pelo mundo em que vivemos?
A cultura balinesa me ensinou uma filosofia de vida que tenho praticado na medida do possível: o conceito do triângulo Tri Hita Karana, que em tradução literal seria as “três causas do bem-estar” ou “três razões para a prosperidade”. São elas:
1) Harmonia entre as pessoas, através da cooperação comunitária e promoção da compaixão.
2) Harmonia com a natureza ou meio ambiente, promovendo a sustentabilidade.
3) Harmonia com Deus, equilibrando autoconhecimento e espiritualidade.
Meu principal desafio é gerenciar bem meu tempo para balancear esse triângulo diariamente. Evito me cobrar, mas a lista de pendências acaba gerando ansiedade. Por diversas vezes, vou dormir com a sensação de que há uma lacuna enorme entre minhas interações. Mensagens não respondidas, tarefas procrastinadas, atividades físicas não realizadas, meditações adiadas e encontros desmarcados são apenas alguns exemplos.
Tento não me afastar do estado de síntese. Respiro. Observo. Honro. Agradeço.
Celebro meus 40 anos. 2 anos explorando o mundo sozinha, ou melhor, na minha agradável companhia.
Quatro décadas de metamorfose. De escolhas e renúncias. Erros e frustrações, acertos e celebrações. De conexões e partilhas, interações e aprendizados.
Minha melhor versão desde que comecei a caminhar por esta vida.
Consciente da minha missão e valores.
Livre e plena para viver o meu propósito, quebrar paradigmas e respeitar as diferenças.
Disposta a dar e receber…
…“eu vou indo.
E vou fluindo.
Evoluindo.
Num voo lindo.”
Autora desconhecida
Tempo. O que temos de mais precioso.