Trabalho voluntário nos Estados Unidos.
Há alguns anos, logo que conclui minha graduação, fui voluntária em uma instituição no centro de São Paulo que se dedicava aos cuidados de crianças em situação de rua. Durante a semana, doava poucas das minhas horas no período noturno auxiliando os pequenos na realização de suas tarefas escolares. Toda vez que finalizava meu trabalho, saia com a sensação de que fazia muito pouco, mas era o que podia oferecer para ajudar. Foi uma experiência muito gratificante e sem dúvida, de muitos aprendizados.
Por conta da correria do dia a dia, depois de alguns meses trabalhando na instituição precisei interromper minha participação, pois o trabalho “formal” e o retorno aos estudos passaram a ocupar consideravelmente meu tempo. Após alguns anos, com os horários mais organizados, até voltei a pensar no voluntariado, mas fiquei com receio de não conseguir manter meu compromisso e, por esse motivo, preferi deixar esse projeto para outro momento.
Pois bem, há alguns meses conversando em momentos diferentes com duas amigas que não se conhecem, o tema voluntariado veio à tona. Uma delas, me contava o quão feliz estava por ser voluntária em uma instituição renomada que sempre teve vontade de atuar; a outra amiga, do nada me solta: por que você não volta a fazer um trabalho voluntário? Fiquei pensando nas coincidências, na verdade, parecia ser um sinal. Imediatamente comecei a pesquisar uma maneira para encontrar uma instituição, já que essa nova experiência, também me daria a oportunidade de aprimorar minha comunicação. Confesso que estava um pouco preocupada com esse último ponto, mas mesmo assim, persisti. Em razão disso, gostaria de compartilhar com vocês algumas dicas. Vamos lá?
Como procurei?
Encontrei este site aqui que considero muito legal por divulgar oportunidades de trabalhos voluntários em todo o país. Ao digitar a cidade e CEP de sua residência, é possível visualizar quais são as instituições cadastradas na região que precisam de voluntários. Feito isso, você também poderá realizar filtros por áreas de atuação, se prefere realizar trabalhos virtuais ou presenciais, além do endereço de cada instituição.
Após realizar minha pesquisa, fiquei surpresa com a quantidade de instituições cadastradas próximas da minha casa, não tinha a mínima ideia! Prossegui então, entrando nos sites das instituições que me interessaram e assim fui me candidatando.
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O que levei em consideração para escolher a instituição?
O primeiro ponto que considerei foi a distância entre minha casa e o local de trabalho, porque acredito que nestes casos, quanto maior a distância ou dificuldade de deslocamento, maior a chance de desistência. O segundo fator, foi a causa trabalhada pela instituição, pois penso que quanto mais nos identificamos com o tema, mais prazerosa e proveitosa será a experiência.
Como escolhi a instituição?
Como tive a felicidade de constatar a presença de diversas instituições próximas de casa, também tinha mais chances de escolha. O que fiz foi entrar no site de cada uma delas para entender melhor o trabalho desenvolvido e procurar maiores detalhes a respeito da posição aberta. Assim, ia pensando se gostaria e/ou poderia me encaixar na vaga e em seguida, selecionei quais instituições me agradaram para que pudesse me candidatar.
Acabei escolhendo três delas e me candidatei da seguinte forma: Em duas delas, pude me candidatar no próprio link mencionado acima e em uma, me candidatei diretamente no próprio site. Das três, duas não me deram retorno, mas justamente a que ficava um pouquinho mais distante de casa foi a que me respondeu.
Como foi meu contato com a instituição?
Todo o contato foi realizado pela internet. No site da instituição, havia um formulário para fazer a inscrição e escolher uma das posições que estavam abertas. Ao enviar o formulário, aguardei alguns dias e recebi um retorno por e-mail, aliás toda a comunicação foi feita desta maneira. Achei tudo muito rápido, prático e entre algumas trocas de e-mail, a coordenadora me enviou um formulário que deveria ser preenchido com alguns dados pessoais além de me pedir para levar $10,00 (dez dólares) em meu primeiro dia de trabalho para realizarem uma pesquisa de antecedentes criminais.
A instituição
Comecei a trabalhar em um local muito fofo chamado Clothes to Kids of Fairfield County – CTKF – uma loja que recebe doações de roupas novas e usadas que serão doadas para crianças de 5 a 17 anos inscritas no programa Free or Reduced Price Lunch (Almoço gratuito ou com preço reduzido). Esse é um programa subsidiado pelo governo federal americano destinado às famílias de baixa renda.
Para ser atendido no CTKF, os pais – normalmente são as mães – devem realizar um agendamento para ser atendido e no dia e horário marcado, deverão levar sua identificação e o documento emitido pela escola em que a criança está matriculada informando que está inscrita no programa.
Meu trabalho, consiste principalmente em atender as famílias, auxiliando-as na escolha das roupinhas para seus filhos além de também organizar a loja – pendurando, separando e organizando doações. Neste esquema, cada criança tem direito a levar:
- 5 camisetas;
- 5 calças – podendo ser divididas entre shorts, bermudas, leggings ou saias para as meninas;
- 1 vestido para as meninas;
- 1 casaco;
- 1 calçado;
- 7 calcinhas ou cuecas novas;
- 7 pares de meias novas.
Cada família pode retornar ao CTKF a cada seis meses e o bacana, é que elas acabam aproveitando a troca de estação para renovar parte do guarda-roupa das crianças.
A parte mais gratificante para mim é justamente prestar atendimento as famílias. Quando me inscrevi, fui pensando que além de ajudar, seria uma oportunidade de aprimorar meu inglês, no entanto, para minha surpresa, uso muito o espanhol (que falo, mas estava bem enferrujado), visto que a maior parte das famílias atendidas são hispânicas, para mim, outro aprendizado nesse sentido.
Por que fazer um trabalho voluntário?
• Porque sempre há quem precise de ajuda e se estivermos dispostos e/ou com algum tempo disponível, poderemos contribuir de alguma forma, acredite! Há uma infinidade de instituições atuando em diversas causas e a ajuda não precisa ser somente financeira;
• Porque quando se vive fora, também acaba sendo uma possibilidade para conhecer pessoas e aprimorar o uso do idioma;
• Porque faz um bem danado ajudar a quem precisa de alguma maneira.
Além dos pontos mencionados acima, a colunista Alessandra Ferreira, escreveu neste post sua experiência como voluntária aqui nos Estados Unidos além de também dar excelentes razões para se pensar no voluntariado. Neste link você poderá ler diversos textos publicados aqui no blog sobre experiências voluntárias de colunistas que moram em vários países. Tenho certeza que você lerá textos inspiradores!
E você, já fez algum trabalho voluntário? Está fazendo? Tem vontade de ser um voluntário? Compartilhe sua experiência com a gente!
Até o próximo post!