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    Home»Luxemburgo»Um ano morando em Luxemburgo
    Luxemburgo

    Um ano morando em Luxemburgo

    Patrícia SouzaBy Patrícia SouzaMarch 31, 2019No Comments7 Mins Read
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    Castelo de Vianden
    Foto: Pixabay - Vianden Castle
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    O que vivi (de não tão glamuroso) até aqui.

    Na semana de 15.02 completamos um ano em Luxemburgo. Um ano de sentimentos distintos, de celebrar vitórias, mas também perdas, como não poderia deixar de ser.

    O país realmente parece saído de um conto de fadas, com seus vales, prédios tombados pela UNESCO, mas por outro lado goza de toda a ostentação que o país com o maior salário mínimo da Europa pode ter. São obras sem fim por todo o país, numa modernização incessante, mas que também atrapalham o dia a dia de quem tenta se deslocar para o seu trabalho e afim.

    Temos, sim, muito a comemorar, a celebrar e a agradecer por este ano que passou. Estamos muito bem instalados à beira de um rio e de uma promenade que não cansamos de olhar, finalmente o nosso carro ficou pronto (apesar de o transporte público ser bom, Luxemburgo não é um país fácil para quem não tem carro!), com isso estamos quase de volta à rotina que tínhamos no Brasil.

    Neste texto, resolvi compartilhar algumas histórias que tenho vivido por aqui, em plena Europa de 2019 e que, infelizmente, não temos nada a celebrar, senão nos revoltar que ainda aconteçam situações  relacionadas ao machismo. Refleti bastante sobre o tema, pois tratar sobre este assunto não é algo fácil e, principalmente, nada gostoso de compartilhar; bem antes pelo contrário: dói. É complicado expor situações humilhantes e constrangedoras pelas quais nós, mulheres, passamos talvez desde o nosso nascimento, porém muitas vezes acabamos escondendo no nosso “baú” de danos internos. De qualquer forma, um dos motivos pelo qual saí do Brasil foi por não ver perspectiva de melhora da violência em geral. Eu me sentia presa, sufocada, sem liberdade alguma e com medo constante de que algo fosse acontecer (e o maior medo sempre foi o estupro).

    Situações cotidianas, como ouvir assovios, xingamentos de muito baixo calão e ficar impotente quanto a isso, sempre me causaram muita revolta. No entanto, nada se comparava às situações de machismo e humilhações que já vivi e presenciei ao longo da minha carreira. Nos meus dois anos de Alemanha, contudo, tive o real prazer de ver a igualdade total entre homens e mulheres no trabalho. Logicamente, ainda sentia medo ao transitar na rua e cruzar com homens, mas em geral a liberdade para a mulher é incomparável com a realidade que tinha no Brasil.

    Leia também: Mudei para Luxemburgo – mas, onde fica isso?

    Essa realidade, porém, não se aplica da mesma forma aqui em Luxemburgo. Apesar de ser um “melting pot”, isto é, um caldeirão multicultural, Luxemburgo possui uma presença significantemente maior de homens nos postos de trabalho do que de mulheres. Há diversas explicações possíveis, sendo a mais plausível o fato de muitos homens virem expatriados com as mulheres acompanhando, contudo sem trabalho ou profissão.

    Na empresa onde estou atualmente, havia vídeos nos corredores “explicando” como as mulheres e homens deveriam se vestir apropriadamente na empresa. Às mulheres, era aconselhado evitarem roupas justas, transparentes, ou muito decotadas. As roupas que os personagens de Suits (série de TV que representa o mundo de advogados nos Estados Unidos) vestem – e que são símbolo de elegância executiva – estariam proibidas, por exemplo. Ficava me perguntando se o próximo passo seria nos aconselharem a vestir burkas.

    Acho correto existir um código de conduta e vestimenta – sempre houve – mas, em 2019, delimitar roupas “provocantes” como algo a serem evitadas (o que seria “provocante” e principalmente para quem seriam elas provocantes) me causou certo espanto, pois eu estava acostumada com a realidade da Alemanha e do Reino Unido, em que as pessoas se preocupam com o conforto em detrimento da estética. Fosse esse o único episódio “curioso”, eu estaria no lucro. Infelizmente, não foi.

    Assim como presenciei diversas vezes no Brasil, aqui, os colegas homens costumam fazer “piadas” sobre os corpos das colegas, analisar com detalhe partes específicas dos seus corpos e, sem constrangimento, comentam sobre o tema no espaço de trabalho. Como mulheres, “fomos educadas” a ignorar, a calar, a entender que somos as causadoras de tais comportamentos, e que seriam esses comportamentos “de homens”.

    Confesso que por muitos anos eu realmente me sentia culpada. Pensava que era porque eu estaria usando maquiagem, ou de repente a saia no joelho estava muito curta, ou ainda a blusa bege poderia estar revelando muito. Porém, o que comecei (e demorou bastante inclusive) a entender é que não importava a roupa, o cabelo, a maquiagem ou a falta dela. Sempre haveria “massagens” que não foram solicitadas, pagamentos de contas que nunca foram pedidos, olhares completamente desnecessários, assim como os comentários que os seguiam, e preconceito. MUITO preconceito.

    Recordo uma vez que um chefe se aproximou de mim em pleno espaço coletivo de trabalho para dizer o quão insuportável deveria ser trabalhar subordinado a uma mulher – como meus assistentes na época. Pois, afinal, somos detalhistas, perfeccionistas, éticas e nada “diplomáticas”. Claro, obviamente ele disse isso “brincando”…..

    Pensava eu, contudo, que essa realidade fazia parte do passado, pois, afinal, estou em Luxemburgo, em 2019. Ledo engano. Dos melhores (ou piores, depende do ponto de vista) comentários que já ouvi até aqui: um colega estava me explicando que havia trazido/dirigido a esposa até o trabalho em um dia de neve e a explicação para que ela não tenha dirigido o próprio carro ou que ele a tivesse trazido foi: porque ela é mulher. Ou ainda ouvi outro dia que é muito difícil para os homens darem feedback para nós, mulheres, porque somos muito sensíveis. Ao que eu comentei, em ambos os casos, que eu era mulher (obviamente) e tinha plena capacidade de dirigir na neve (ainda que fosse minha primeira vez), assim como de receber qualquer tipo de feedback. Recentemente comentei com os colegas franceses que os considerava machistas e trouxe situações cotidianas de frases que eles falavam sem se dar conta. Ainda me comentaram que na França alguns restaurantes têm por hábito ter cardápios sem preços para as mulheres – pois, afinal, quem paga a conta são os homens.

    Antigamente situações como as que tenho passado até aqui teriam me causado vergonha, constrangimento, culpa, enfim, todos os sentimentos a que já estamos acostumadas. Infelizmente, os anos e a experiência com essas situações me fizeram aprender a lidar com elas. A entender que não importa a roupa, o sorriso, a maquiagem, aparentemente, essas situações ainda vão seguir se repetindo por um longo tempo. Infelizmente vejo muitas mulheres reproduzindo comportamentos e frases machistas diariamente, numa negação irreal da realidade. Homens que não aceitam um não como resposta, ou que reproduzem um comportamento machista arraigado na sociedade há tantos anos.

    Questiono-me quantas vezes mulheres são ensinadas a pregar algo, a parafusar uma parede ou ainda a trocar um pneu? Quantos homens são ensinados a costurar ou a cozinhar? Quantas bebês recebem carrinhos ao invés de somente bonecas na infância? Brinquedos esses que vão ajudá-las a desenvolver a capacidade de orientação espacial e cognitiva. E quantos meninos recebem bonecas, que vão lhes ajudar a desenvolver e lidar com sua capacidade emocional? O quanto permitimos que nossas meninas sejam o que quiserem ser, ao invés de seguirmos reproduzindo comportamentos patriarcais antiquados de reduzir meninas a brincarem com bonecas e produtos para a casa e lar? Quantas vezes vamos tratar meninos como incapazes de arrumar uma cama ou de cozinhar sua própria comida?

    Felizmente tive a sorte de sempre ser exposta a situações consideradas exclusivas “para homens”. Jogo futebol, troco pneu, faço churrasco, monto armário, tenho um marido incrível que cozinha para mim e com quem divido todas as tarefas de casa e não me considero incapaz de qualquer atividade que se diga “para homens” ou tampouco o considero incapaz para qualquer atividade considerada “para mulheres”. E luto para que possamos ter um mundo menos bruto para as próximas gerações de meninas e meninos que vierem. Que chorar e falar sobre suas emoções seja permitido e não visto ou tachado como “coisa de mulherzinha”. Enfim, que o mundo possa ser mais arco-íris e menos azul versus rosa.

    Termino esse texto na esperança de que possamos terminar também com estes comportamentos, que pais possam educar seus filhos homens para serem o que quiserem – de bailarinos a motoristas de caminhão – e que as filhas mulheres possam ser astronautas ou jogadoras de futebol, se assim quiserem.

    Até abril!

    Abraços

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    Luxemburgo machismo
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    Patrícia Souza
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    Patricia é gaúcha de Porto Alegre, administradora e casada. Descobriu que o mundo era maior que Porto Alegre em 2008 e, desde então, resume seus hobbies entre a próxima viagem e o planejamento para a próxima viagem. Já publicou poemas e plantou árvores. Morou em Munique entre 2016 e 2017, mudou para Colônia e desde fevereiro de 2018 vem descobrindo os encantos do pequeno gigante Luxemburgo, onde trabalha para a EY Consultoria Tributária, auxiliando outros expatriados com suas dúvidas.

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