Uma visita ao inédito museu do futuro no Japão.
Existe um lugar para conhecer, no Japão, que está na lista de turistas do mundo inteiro e não se trata do Monte Fuji e nem tampouco de um templo ou castelo. Trata-se do espaço teamLab: um local idealizado por um grupo de criativos que busca estimular a criatividade e a interação entre as pessoas, unindo a arte e a tecnologia de uma forma totalmente inusitada.
Como tudo começou
O grupo teamLab foi fundado em 2001 por uma equipe de engenheiros formados nas melhores universidades do Japão que acreditavam que era possível transformar o mundo da arte. Mas, foi somente em 2014 que o grupo ganhou destaque ao desenvolver um projeto educacional intitulado Parque do Futuro para um dos mais conhecidos museus de tecnologia do mundo: o Museu Nacional de Ciência Emergente e Inovação de Tóquio – o evento atraiu quase meio milhão de visitantes em apenas cinco meses.
Atualmente o grupo conta com mais de 400 profissionais de diversas áreas, entre artistas, designers, programadores, matemáticos, arquitetos, especialistas renomados que desenvolvem trabalhos que combinam imagens geradas em computadores, projetores, LEDs e tecnologia 3D (três dimensões).
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Uma nova era no mundo da arte
Esqueça o museu tradicional. Não há separadores ou barreiras entre o público e a obra. O espaço teamLab convida o visitante a interagir e fazer parte da obra proporcionando uma experiência multi sensorial. Atualmente o grupo possui trabalhos no mundo inteiro e dois espaços complementares em Tóquio: o teamLab Borderless e o teamLab Planets.
O teamLab Borderless é o 1º Museu de Arte Digital do Mundo, aberto em junho de 2018. Foi desenvolvido em parceria com o Mori Building (Grupo de Empreendimentos de Construção Civil) no distrito futurista de Odaiba, em Tóquio. Equipado com 520 computadores, 470 projetores, 50 trabalhos dispostos em 10.000 metros quadrados, o espaço já atingiu a marca de 1 milhão de visitantes nos primeiros 5 meses de abertura.
O teamLab Planets é uma exposição temporária, inaugurada em julho de 2018, com encerramento previsto para setembro de 2020, estrategicamente após as Olimpíadas. O espaço está localizado no bairro de Toyosu e foi produzido em colaboração com a DMM.com (empresa japonesa de tecnologia). É uma das maiores mostras de arte com instalações interativas: contém mais de 330.000 lâmpadas de LEDs penduradas em 4.600 faixas dispostas em 4 espaços com 7 obras de arte nos 3.000 metros quadrados.
teamLab Borderless e teamLab Planets
Desde a sua inauguração, os espaços têm os ingressos esgotados diariamente. Prepare-se para agendar o seu ticket com antecedência pela internet ou perder horas na fila. O valor do ingresso em cada um dos espaços é de 3.200 ienes (valor aproximado de R$ 115,00). Ambos os espaços apresentam trabalhos inéditos sem precedentes e estão localizados por apenas 2 km de distância um do outro. Embora o teamLab Borderless se destaque pelo tamanho do espaço, o teamLab Planets se diferencia pela proposta de imersão e maior interatividade com o público.
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Minha visita ao teamLab Planets
Por tudo que li e pesquisei, resolvi visitar o teamLab Planets. Eu sempre fui uma entusiasta por museus, mas já fazia muito tempo que uma mostra ou instalação não me impressionava tanto, por isso eu fui esperando pouco. Mas, encontrei muito além do que esperava. Logo na entrada, as pessoas são convidadas a tirar os sapatos, vestir uma bermuda (caso não tenha uma, é possível alugar sem custo) – na maior parte do tempo você irá se mover na água. Após colocar os objetos no guarda-volumes, um estreito corredor iluminado à meia-luz convida o visitante a viajar para um novo planeta. Novas sensações, exploração dos sentidos, diferentes texturas são exploradas proporcionando um mergulho nas instalações e experiências propostas.
Passeio pelo Universo de Cristal
Em uma das obras mais impressionantes intitulada como The Infinite Crystal Universe (o Universo Infinito de Cristal) não há limites nem referências de início e fim. O local exala ainda um aroma suave que lembra o aroma do espaço – e para isso contou com a assessoria exclusiva de uma astronauta. A sensação que passa é que você está em outra dimensão, visitando outro planeta (planets) e um mundo sem fronteiras (borderless).
Na maior parte das obras, é difícil perceber o início e o final, você faz parte da obra: assiste a tudo e a todos. O campo de visão é desafiador e não é à toa que o local é considerado um paraíso para os fotógrafos. Você perde a noção do tempo e espaço e tem a nítida impressão de estar embarcando em uma viagem. No final, você fica com aquela sensação de ter descoberto um novo Universo e uma vontade incrível de não desembarcar dessa viagem. Como dizia Carl Sagan (cientista e astrônomo), “em algum lugar, algo incrível está esperando para ser descoberto”.