Se tem algo que eu adoro é viajar sozinha. Pessoalmente eu acho que sentir um lugar quando eu estou sozinha é algo bem diferente – não que eu não goste de companhia; muitas das viagens mais divertidas que já fiz foi tendo ao meu lado uma ou mais pessoas, mas que o tipo de experiências são bem distintas. Enquanto que com pessoas você não vive só o local, mas a companhia, estar sozinha te dá uma certa liberdade para não só fazer o que se quer, mas também para poder prestar mais atenção ao local onde se está.
No entanto, viajar sozinha também pode ser um desafio. E apesar de eu já ter a minha pequena dose de estrada, sempre rolam muitas coisas na minha cabeça antes de uma viagem, que normalmente vêm acompanhadas de um leve frio na barriga, pois mal ou bem vivemos num mundo que pode ser bem violento, principalmente se você for mulher. Histórias de coisas ruins que aconteceram com viajantes existem aos montes e muitas vezes elas podem servir para nos desistimular. E o perigo pode até ser que exista em alguns momentos, mas um bom planejamento, segurança e experiência são o que fazem toda a diferença na hora de começar a essa aventura. Afinal, que aventura que não nos tira da zona de conforto?
Se a ideia ainda causa um grande desconforto mas você gostaria também de se aventurar, eu diria para começar por algum lugar com o qual já tem familiaridade. Talvez uma cidade para a qual já tenha ido, mas não conseguiu fazer tudo que queria? Uma paisagem conhecida pode ajudar a diminuir o medo e ansiedade e ainda é uma ótima maneira de ver por si mesma se pra si a experiência é algo que te agrada.
Ter certeza que a cidade é “amigável pra turistas” é algo importante quando estamos começando a viajar sozinha. Ter boas opções de estadia, transporte e uma boa sinalização é algo importante se estamos inseguras e cidades acostumadas com grandes fluxos turísticos normalmente pensam nessas questões. E ajuda bastante termos somente que desbravar a cidade como um todo, e não um sistema de transporte complicado, ou placas e mapas que não fazem sentido. Eu até hoje só fui a cidades que mal ou bem facilitavam bastante nesses quesitos e posso dizer que é algo essêncial para poder aproveitar bem a viagem.
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Ter algum conhecimento mínimo da língua também ajuda bastante a aumentar a segurança. Se não souber a língua local, saber ao menos alguma que possa ser língua de comunicação ajuda. Eu já inventei de ir à Bratislava e somente quando saí do aeroporto que me dei conta que não sabia absolutamente nada de eslovaco. Felizmente eu tinha me preparado levemente e comecei a me jogar no mini-dicionário do meu livrinho/guia de viagem pra poder tentar um mínimo de comunicação, uma vez que eu descobri que apesar de ter uma e outra pessoa que falava inglês, a segunda língua que eu encontrei como opção comum por lá era o alemão, e o meu alemão se limita a saber como falar que eu não sei falar alemão! No meu caso eu me diverti mesmo assim, apesar de não ter ficado muito tempo na cidade, porém tenho certeza que teria aproveitado muito mais se eu tivesse me preparado um pouco melhor desde o início – pela minha experiência, percebi que as pessoas tendem a ser mais simpáticas quando você sabe falar pelo menos um “oi”, “desculpe” e “obrigado” na língua delas.
No mais, acho que o importante é não ceder ao medo, mas seguir também seus instintos e não ter medo de agir por causa deles. Já tive que ser bem grossa com pessoas na rua que por me achar com cara de turista já vinham com abordagem mais incovenientes – e ao mesmo tempo eu senti o meu “sentido aranha” apitar e me dizer pra mandar os caras irem catar coquinho, ou então desistir de ficar num restaurante ou bar por puramente não ter me sentido bem. Claro, meu instinto já foi bem rápido em julgar erradamente uma situação, já pedi pra mudar de quarto em um albergue quando estava em Buenos Aires porque só tinha eu e mais um outro cara em um quarto de seis pessoas – me senti mal com a ideia e pedi pra ficar num quarto com mais gente. Depois conheci melhor o tal cara e ele era uma ótima pessoa e eu percebi que foi um pouco de bobagem.
Porém esse é o objetivo da viagem solitária – agradar a si própria. Fazer um esforço para ultrapassar alguns medos e sair da zona de conforto, indo além, mas sempre se respeitando e seguindo suas próprias vontades. E no final além da outra cidade é uma é otima oportunidade pra também conhecer a si mesma! Então se você sempre quis conhecer algum lugar mas não encontrou uma companhia, essa pode ser sua oportunidade: faça suas malas, planeje direitinho e boa viagem!
2 Comments
Bia,
Quero ir para Portugal, sozinha, agora em agosto, que estou em férias, mas tenho um pouco de receio. Se a agência de viagem não me ajudar, que dica você dá? Tenho 67 anos e parcos recursos. Tem dicas de dinheiro, hotel econômico, viagens de trem, lugares imperdíveis? Meu sonho é visitar um castelo medieval e o outro é visitar a Biblioteca do Tombo.
Se puder me enviar pelo e-mail, a resposta, agradeço.
Eliana
Eliana, a Bia parou de colaborar conosco, mas tente escrever para a Lyria, nossa colunista em Portugal. Ela escreveu alguns textos sobre turismo, inclusive um sobre Belém (a terra dos famosos pasteizinhos). Deixe um comentário num dos textos que ela responde.
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