Violência de Gênero: o que é e como saber se está sendo maltratada.
Hoje, com o avanço da tecnologia, várias barreiras foram eliminadas fazendo com que a comunicação seja feita de uma maneira muito mais fácil, mas com isso, surgiram novas formas de maus-tratos especialmente entre os jovens. Estudos indicam que situações de violência de gênero na adolescência estão se manifestando com uma frequência crescente e, que em muitos casos, ocorre sob uma forma de controle.
Os dados também mostram que entre os adolescentes, este tipo de violência psicológica é considerado normal. Muitas vezes não percebemos a gravidade, mas isso acaba virando um comportamento cotidiano e em várias ocasiões, essa situação pode chegar a ser muito perigosa.
O governo espanhol lançou uma campanha para conscientizar e educar os jovens contra a violência de gênero e aqui indicamos quais são esses comportamentos considerados violência de gênero:
- Assédio ou controle do uso do celular;
- Controlar os amigos ou pessoas com que têm amizade na internet;
- Espiar seu celular;
- Censurar fotos que ela coloca na internet;
- Controlar o que publica nas redes sociais;
- Exigir que demonstre onde está com o GPS;
- Forçar a namorada para que lhe envie fotos íntimas;
- Obrigar a namorada para que lhe dê suas senhas pessoais;
- Forçar que mostre suas conversas com outras pessoas;
- Mostrar raiva quando não tem uma resposta imediata online.
Com essa campanha, o governo espanhol quer reduzir tais atitudes dos jovens formando uma cultura de respeito à mulher, ajudando assim aos adolescentes e familiares a identificar situações de maus-tratos.
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Como saber se está sofrendo violência de gênero
Quando falamos de violência de gênero, normalmente pensamos em violência física, mas não é a única forma de agressão, pois existem outras formas que não reconhecemos facilmente e são muito frequentes:
- Violência verbal: Palavras degradantes, ofensas, ameaças e gritos;
- Violência sexual: Obrigá-la a manter relações sexuais contra sua vontade, pressão para realizar determinadas práticas que não se quer;
- Violência psicológica: Desprezar, obrigar ou pressionar para que faça alguma coisa, desautorizar na frente dos filhos, tratá-la como uma inútil, impedir de trabalhar ou estudar e confundi-la psicologicamente;
- Violência econômica: Controlar os gastos da mulher, gastar só para si mesmo e ficar com o dinheiro ganho por ela;
- Violência espiritual: Obrigar que aceite uma cultura ou religião, ou ridicularizá-la pelas suas crenças;
- Violência social: Insultos na frente de outras pessoas, proibir que veja familiares ou amigos, controle das relações na internet ou celular.
Como acontece esse tipo de violência e quais são os sintomas
Começa devagar e vai passando despercebida em muitos casos, mas vai sendo cada vez mais frequente e passa por várias fases: fase de tensão (muitas discussões e falta de respeito); agressões e, por último, o arrependimento que normalmente acaba desaparecendo com o tempo, mas as agressões aumentam.
As mulheres normalmente consideram que é um problema muito íntimo, sentem muita vergonha, mas tentam esconder dos familiares e amigos que está passando por essa situação, por isso, acabam se sentindo inferiores.
Nessa fase, a vítima está complemente insegura, com a autoestima baixa e com muita dificuldade para tomar alguma decisão. É comum sentir medo de terminar com o relacionamento e é uma situação muito complicada, impossível solucionar de um dia para outro, pois a mulher precisa recuperar a autoestima e convencer-se de que muitas outras mulheres estão passando por situações parecidas além de saber que existem muitas instituições dispostas a ajudar.
Perfil da pessoa maltratante
Normalmente, fora de casa, são pessoas alegres, educadas e tranquilas, mas quando não há ninguém por perto, tudo muda. Os agressores têm muita capacidade de controle sobre a mulher, são ciumentos, possessivos e as responsabilizam de provocar situações de violência confundindo ainda mais a vítima, justificando o comportamento por falta de trabalho, problemas econômicos ou álcool.
É importante denunciar?
Existem várias associações que ajudam nestes casos que oferecem atenção imediata e gratuita, porém, à mulher maltratada é que deve tomar a decisão de procurar essa ajuda e definir se deve denunciar. Para isso, é importante pedir opinião profissional e existem vários meios para isso.
A denúncia pode ser feita em qualquer delegacia de polícia ou “Juzgado de Instrucción” 24 horas. Recomendamos que vá acompanhada de um advogado e de algum amigo ou familiar e tente recordar de todos os detalhes relevantes (testemunhas, lugares, datas, etc.). Se existir informes médicos, também deverão ser levados.
É importante denunciar para comunicar à autoridade judicial do suposto delito, serve para defender a dignidade da mulher, preservar os princípios básicos para a convivência familiar e para documentar os maus-tratos em um processo jurídico ou um divórcio.
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Depois de denunciar a vítima pode solicitar uma Ordem de Proteção e pode conseguir
- Medidas penais: Ordem de restrição, prisão preventiva;
- Medidas civis: Uso da residência familiar, regulação do regime de tutela, visitas dos filhos e pensão alimentícia;
- Medidas sociais: Alojamento de emergência, prestações econômicas.
Se a vítima precisar de uma ordem de proteção, é recomendável solicitar no momento em que fizer a denúncia na polícia – o juiz convocará um julgamento rápido e ditará a ordem com às medidas oportunas.
Estimulamos que mulheres e homens que passem por uma situação similar a buscarem ajuda, vocês não estão sozinhos.
Abaixo deixamos vários telefones úteis e também recomendamos que visitem a “Casa de la Mujer” do seu município.
Lembre-se também que nem sempre vítimas de violência de gênero são apenas mulheres, existem muitos homens maltratados e que infelizmente sentem vergonha de denunciar.
É importante reforçar que os estrangeiros que moram na Espanha devem ser cidadãos exemplares, pois uma denúncia que termine com uma mínima pena, pode fazer com que haja perda da autorização de residência do denunciado ou maltratador.
Telefones importantes
- SERVICIOS SOCIALES E IGUALDAD: 016
- POLICÍA NACIONAL: 091
- POLICÍA LOCAL: 092
- CRUZ ROJA ESPAÑOLA 913 354 444
- CENTRO PARA LA ATENCIÓN A VICTIMAS DE AGRESIONES SEXUALES (CAVAS) – Calle Alcalá 124, 1º AMadrid915 740 110 – 915 732 708 asociacion@cavasmadrid.es
- COMISIÓN PARA LA INVESTIGACIÓN DE MALOS TRATOS A MUJERES – Plaza Juan Zorrilla, 2 – 1º Dcha Madrid913082704 – 900 100 009 mail@malostratos.org