Você fala francês? Parlez-vous français?
Para poder se instalar num outro país, a primeira preocupação que vem a cabeça, caso você não esteja indo justamente para aprender a língua, é aprender o idioma o mais rápido possível.
Hoje quero compartilhar com vocês como foi ( e esta sendo, afinal aprendo um pouco mais a cada dia) o meu processo de aprendizagem da língua francesa.
Ainda um pouco nova, lá pelos meus 14 anos, comecei a fazer aulas de francês com a minha irmã. Devo ter feito um semestre e depois parei. Vida que continua e aquele foi o primeiro contato com o francês que eu tive.
Anos se passaram, e eu comecei a faculdade de moda. Bom quem pensa em moda, pensa em Paris, que pensa na França, que pensa em francês. É isso, preciso falar francês, eu pensava. A vontade de fazer um curso fora, morar fora, poder trabalhar internacionalmente era grande, então vamos lá mais uma vez procurar um curso de francês. Foi quando alguns – muitos anos – depois, resolvi retomar as aulas. Dessa vez, entrei no básico 2 (justamente porque o básico do básico eu já tinha aprendido um dia), prova de que tudo nessa vida serve pra alguma coisa. (risos!).
Terminei o básico 2, e foi nessa época que vim pra Lyon (cidade que moro atualmente) para fazer um curso de férias na área de moda que era em inglês e francês. Na época meu nível não era suficiente para acompanhar um curso 100% em francês, então o fato de ser ministrado nas duas línguas, foi uma vantagem. Além de me apaixonar pela cidade. Eu percebi o quanto eu ainda estava longe de poder me comunicar. Sabe aquela sensação de chegar no país, ouvir as pessoas conversando e pensar: “meu deus, essa não é a língua que eu estava estudando no Brasil”. Pois bem, foi a prova de que ainda tinha muito trabalho pela frente!
Voltei pro Brasil, continuei a faculdade… me inscrevi em outra escola de francês, dessa vez para o nível intermediário.
Em seguida, acabei ficando um ano parada com os cursos. E em janeiro de 2015 fiz o curso totalmente voltado para o TCF (que é o teste de proficiência da língua francesa), necessário para se candidatar à uma universidade francesa.
Nesse momento eu mergulhei a fundo. Era algo que eu queria muito ! Lembro-me de fazer o curso, simulados pra prova, toda a preparação de documentos para a candidatura. Pra mim, o mais difícil sempre foi falar. Por incrível que pareça, pois em português eu costumo ser bem comunicativa, mas em outras línguas, costumo “travar” pra falar, pelo medo de falar errado: GRANDE ERRO. Eu sei que é mais fácil, do que fazer. Mas quanto mais você falar, mais você vai aprender. E é falando errado, tentando, sendo corrigido (por mais chato que isso possa ser as vezes) que vamos nos aperfeiçoando na língua estrangeira e se sentindo cada vez mais confortáveis para nos comunicarmos.
Então se eu pudesse te dar algumas dicas que aprendi com o meu processo de aprendizado seriam:
– Aproveite ao máximo caso você esteja numa sala de aula para aprender francês ou fazendo curso particular. Pois se você, assim como eu, tem tendência a fugir na aula, e falar menos, eu te confirmo que é bem melhor que você pratique em sala de aula no Brasil, onde você ainda esta aprendendo, onde é “o lugar para errar”, aproveitar para ir ganhando confiança e familiaridade com a língua, do que quando estiver aqui. Quando eu cheguei em Lyon, o meu curso resumia-se em muitos trabalhos em grupos e muitas apresentações. E nessas horas você não tem muito por onde fugir, e então eu pensava que poderia ter aproveitado mais as aulas de francês quando estava no Brasil, para praticar.
– Deixe o medo de lado. Essa é mais fácil falar do que fazer. Mas, mais uma vez depende de pessoa pra pessoa. Eu adoro ver quando pessoas falam, se comunicam sem medo de errar. Porque no fim o importante é passar a mensagem. E claro, pouco a pouco melhorando seu vocabulário, gramática e pronuncia. Mas mais uma vez, só se aprende praticando. Não tem mágica. Quanto mais você praticar, mais confortável e natural vai ser falar o francês. O ouvido vai acostumando, você mesmo começa a se corrigir aos poucos. A pós-graduação acabou sendo pra mim um belo de um intensivo de francês. Aulas todos os dias, com apresentações a fazer, e vocabulário na minha área. Foi tipo aprendizado por imersão mesmo.
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-Pratique, pratique, pratique o máximo que puder. O que me ajudava bastante era ficar vendo/ ouvindo o canal TV5 Monde. Comecei a seguir canais no youtube, blogs, ouvir podcasts em francês. Musicas também ajudam muito, principalmente para melhorar a pronúncia e vocabulário, se você estudar e tentar entender a letra. Enfim faça o máximo para realmente estar em contato com a língua.
Fora o medo de falar errado, tem o sotaque, e esse, aaah esse é difícil de “disfarçar”. Existem palavras e sons que são difíceis, simplesmente por não termos o mesmo na nossa língua materna. E pelo simples fato de eu ter passado 20 anos da minha vida falando uma língua, e há 2 tendo que falar outra. É óbvio que leva tempo. É óbvio que eu vou ter sotaque. Alguns mais que outros. Eu tento melhorar minha pronuncia a cada dia, mas bom, algumas palavras me denunciam. Hoje me sinto beeem mais confortável e falar não é um problema.
Se você me perguntar, mas em quanto tempo você aprendeu francês? Ou há quantos anos você fala francês? No meu caso, eu posso te dizer que eu começava e parava começava e parava. Então foi um processo lento. Mas do momento que eu realmente decidi vir pra França fazer minha pós-graduação e que eu sabia que teria a exigência do nível de francês mínimo B2 (intermediário avançado). Eu me inscrevi num curso voltado para prova de proficiência da língua (tcf), e ao mesmo tempo fiz um curso particular de conversação em francês. E assim que terminei, que eu tinha feito a prova e atingido o nível, eu estudava em casa sozinha. Tudo isso foi em menos de um ano, curso tcf até vir pra França.
Chegando na França, admito que foi difícil a adaptação. Lembro-me que tive uma fase em que ouvir o francês me irritava. Uma língua que pra mim sempre soou muito bonita! Durante todo o Master eu me continha para me comunicar o menos possível, uma sala cheia de francês me intimidava um pouco e mesmo assim enfrentei toooodos os exposés, prova oral, enfim. O que me ajudou mesmo a avançar foi o estagio. Nessa hora eu não tinha escolha, ou fala ou fala. E foi quando eu comecei a prestar mais atenção nos erros que eu fazia. As vezes me corrigiam, ou faziam comentários sobre meu sotaque. Mas enfim, o jeito é levar na esportiva, porque né? Mesmo os franceses tem sotaques diferentes! E pasmem eles também cometem erros gramaticais, ok? Rsrs
O intuito é te motivar a ir atrás do seu sonho ! Se você tem muita vontade de vir pra França ou fazer uma pós na área e coloca hoje a língua como empecilho, comece agora mesmo a estudar!
O tempo é relativo, depende do quanto você se dedica, depende do seu grau de facilidade para aprender uma língua, depende do ambiente, se você aprende já estando na França ou no Brasil, mas independente de tudo isso, uma coisa é certa: a pratica leva à perfeição e é praticando que se aprende. Então pra te incentivar ainda mais, indico o canal “Français authentique”. Me ajudou muito quando eu ainda estava no Brasil, e ainda hoje vejo alguns vídeos com explicações de gramática ou os vídeos de desenvolvimento pessoal que ele grava.
À la prochaine! Et bonne chance!
2 Comments
Que beleza de texto Sabrina! Me identifiquei muito com td q vc falou, principalmente quanto à irritação passageira que podemos ter de uma língua quando caímos de cabeça nessa missão kamikaze de imersão! Passei por isso com o espanhol este ano quando viajei pela primeira vez à Espanha, e já estou preparada para passar novamente quando começar o mestrado na Inglaterra em setembro! Mas essas superações enchem a gente de orgulho e é muito bom, na minha opnião, podermos acessar novos conteúdos e novas perspectivas que só estão acessíveis aos conhecedores de outros idiomas! Imagino quanto não perdemos em informações que estão exclusivamente em linguas que nós não conhecemos… 🙂
Oi Sabrina. Mto legal o seu texto, estou envolvida no projeto de morar na França e estou bem nesse estágio q vc descreveu: estou estudando pra proficiência, escutando todo dia o français authentique ( q é mto legal né), ouvindo somente rádio em francês e mantendo aulas particulares. Tem horas q tô tão envolvida no idioma q parece q estou na França…. só q não ?
Mesmo assim dá um medo né…..eu sinto.
Bisous