Quem acompanha a minha jornada, sabe que a cooperação é a base do meu projeto.
Viajo o mundo de forma colaborativa. Doo meu tempo e recebo muitos amigos, aprendizados, acomodação e alimentação em troca.
Já escrevi sobre algumas experiências que tive na Europa aqui no site:
+ Dez aprendizados fazendo trabalho voluntário
+ O que tenho aprendido residindo em ecovilas
Minha paixão pelo voluntariado começou quando conheci o projeto Praia para Todos no Rio de Janeiro, minha cidade natal, onde atuei como voluntária por oito verões. O Instituto Novo Ser realmente me transformou em um novo ser humano através dos seus projetos, que busca o respeito e a valorização da cidadania das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Com a família Praia para Todos, eu aprendi que é possível trabalhar com amor. Meu salário? Muitos sorrisos e incontáveis aprendizados!
Depois de ter residido um ano e meio na Europa e um trimestre na Ásia, a Austrália foi a minha casa por quase cinco meses. Tão grande quanto o Brasil, tive a feliz oportunidade de conhecer diferentes regiões. Quase todas como voluntária.
1) Nubeena – Tasmania
A primeira experiência foi na paradisíaca ilha da inspiração, um dos lugares mais lindos que conheci até o momento. A típica natureza selvagem me lembrou muito o Brasil, um misto de Fernando de Noronha com o Vale do Pati na Chapada Diamantina. Acredita-se que os aborígenes habitaram a ilha 40 mil anos antes da colonização britânica. Confira aqui a caminhada histórica que fiz por lá.
Leia também: Australianos x aborígenes?
Fui recebida calorosamente pelos membros da Tasman Ecovillage, onde morei por 20 dias. Fundada em junho de 2013, é uma comunidade solidária que celebra a conexão com a Terra e uns com os outros e cultiva um estilo de vida sustentável, pacífico e produtivo. Ajudei na organização e limpeza da pousada e do café local, na festa de celebração de cinco anos, na horta e jardim, e manutenção do espaço.
Trabalhei entre três/quatro horas por dia em troca de acomodação. Nas horas vagas, minha anfitriã (inglesa fundadora da ecovila) e meu vizinho australiano me levavam para explorar a belíssima região.
2) Gold Coast – Queensland
Com seu clima subtropical ensolarado, Gold Coast é um dos destinos mais turísticos da Austrália devido as suas praias adequadas para o surf, parques temáticos e vida noturna agitada. Durante um mês, residi no tranquilo Vale de Currumbin, em uma comunidade sustentável, rica e moderna, premiada internacionalmente como “Melhor Desenvolvimento Ambiental do Mundo” em 2008 (Prêmio de Excelência da FIABCI).
Uma família de americanos que vive na Austrália há mais de 15 anos foi minha anfitriã. Os filhos, uma menina de 9 e um menino de 3, são educados através do homeschooling. Minha atuação como voluntária foi apoiar nas atividades educacionais, no preparo do café da manhã e do jantar, e no serviço de lavanderia. 20 horas semanais em troca de acomodação, comida 100% orgânica e passeios nas horas livres.
3) Aldinga – South Australia
Minha terceira vivência foi na Aldinga Arts EcoVillage, uma comunidade intencional localizada a 40 km ao sul de Adelaide, que surgiu da integração de filosofias distintas: as artes, a permacultura, a sustentabilidade ambiental, e o desejo de criar uma comunidade coesa caracterizada por cuidar da terra e das pessoas, vivendo criativamente juntos.
Uma aldeia sobre pessoas e para pessoas, que reconhece o povo Kaurna como os proprietários da terra em que habitam, e saúda a filosofia indígena – onde as pessoas pertencem à terra, em contraste com a filosofia européia de que a terra pertence às pessoas.
A maioria dos membros é composta por artistas. A arte e a sustentabilidade está em todo lugar (inclusive foi lá que fiz o meu primeiro mosaico!). Fui recebida por duas famílias diferentes: um casal holandês que reside na Austrália há mais de 30 anos e outro formado por um australiano e uma indonésia. Minhas atividades eram bem simples e se resumiam em apoiar as necessidades gerais da comunidade.
4) Mount Toolebewong – Victoria
Apesar de ter aplicado para contribuir como voluntária, fui convidada para ser hóspede do morador mais antigo da comunidade situada nas montanhas de Victoria, a 67 km de Melbourne. Moora Moora é a ecovila pioneira da Austrália, uma cooperativa composta por seis pequenos vilarejos.
Meu anfitrião, um alemão de 77 anos naturalizado australiano, que aprendeu a distribuir longos abraços após a morte da sua esposa (à qual ele sempre se refere carinhosamente como “darling and beautiful wife“), me apresentou gentilmente toda a região e me conectou com os demais membros.
Leia também: Trabalho voluntário no zoológico de Perth, na Austrália
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Quando escrevo sobre minhas experiências como voluntária, costumo receber comentários com perguntas de como faço para encontrar as oportunidades. Ressalto que não uso os famosos intermediários como WWOOF, Worldpackers, Workaway, Helpx, House Carers ou Luxury House Sitting. Como tenho um projeto pessoal de pesquisa em andamento sobre Educação e Sustentabilidade, faço contato diretamente com os locais que considero interessante aplicando para uma vaga, que às vezes nem existe. Apresento minha história, projeto e sonhos e encontro numerosas portas abertas para troca de experiências.
É o poder da cooperação, da economia colaborativa e da sincronicidade!
3 Comments
Amei a leitura e sua forma de pensamento, cheguei recentemente em Gold Coast e gostaria de fazer parte de projetos sociais na Aus, adoraria receber dicas suas!
olá! vc está de parabens! qual visto vc aplicou para ficar quase 5 meses na australia? abraços
Olá, Alyce! Gratidão pela mensagem de apoio. Eu fiquei mais de um semestre lá. Apliquei para o visto de um ano com múltiplas entradas: Visitor (subclass 600). Recebi a aprovação em menos de cinco dias.