Woodstock, um oásis hippie em Nova Iorque.
“Três dias de paz e música.” O lema dos criadores do Festival de Woodstock, ocorrido em agosto de 1969, era tudo o que a gente precisava neste momento de tanta polarização política no Brasil, certo? O festival entrou para a história como um dos ícones da contracultura hippie.
Era a época da guerra do Vietnã, que durou 20 anos e só terminou em 1975. Tempos não muito diferentes de hoje, com muita violência, proliferação de armas e polarização política.
Apesar do lema positivo do festival, nem tudo foram flores. Houve três mortes confirmadas. Uma delas por overdose de drogas. Dizem até que dois bebês nasceram durante os shows, regados a LSD, lama e sexo livre.
Mas, ironicamente, o Festival de Woodstock não aconteceu em Woodstock. A cidade recebeu a fama, mas não chegou a ouvir um acorde de guitarra ou tum tum de bateria.
Os organizadores do festival eram muito jovens. O mais velho tinha 27 anos e eles realmente queriam que fosse na cidade de Woodstock ou bem perto dali. Os moradores vetaram a ideia, não queriam um bando de hippies na cidade. Tentaram, então, Wallkill, outro vilarejo na mesma região. Também negado. Foi aí que o fazendeiro Max Yasgur chamou os rapazes para realizar o festival nas terras dele, em Bethel, a uma hora e meia de carro de Woodstock. Mais de 50 mil pessoas apareceram. Joan Baez, Santana, Janis Joplin, The Who, Jefferson Airplane, Joe Cocker e Jimmy Hendrix foram algumas das atrações.
Hoje, quase 50 anos depois do festival que não ocorreu exatamente ali, ainda dá para ver os hippies daquela geração caminhando pelas ruas de Woodstock como se o tempo tivesse parado.
Mas não precisa gostar de rock ou da cultura hippie para visitar Woodstock. A cidadezinha tem muito a oferecer para todos os gostos.
Woodstock fica a cerca de duas horas e meia da cidade de Nova Iorque. Chegar lá é muito fácil. Dá para ir de carro ou ônibus. Se optar por ônibus, ele sai da Port Authority, uma rodoviária perto de Times Square. A passagem é vendida pela empresa Trailways e custa US$ 60 dólares, ida e volta.
Leia também: Meios de Transporte em Nova Iorque
É possível ir e voltar no mesmo dia. No entanto, se essa for sua opção, não sobrará tempo para explorar a natureza da região.
A cidade é bem pequena, bucólica, cheia de hippies das antigas e é possível conhecê-la a pé. São menos de sete mil habitantes, segundo um censo realizado nos anos 2000.
Em Woodstock, o ritmo frenético de Nova Iorque fica para trás. Tudo passa devagar. Além dos restaurantes super acolhedores que ficam na Tinker Street, a principal rua da cidade, há várias lojinhas com produtos da região, como camisas hippies, mensageiro dos ventos, cristais, incensos e muito artesanato.
Para quem gosta de comida vegana e orgânica, não deixe de provar o café da manhã e o almoço do Garden Café, na praça principal da cidade, a Village Green Place. Outro lugar excelente para um petisco ou refeição é o Joshua’s, no número 51 da Tinker Street.
Mas o bom mesmo é caminhar e conversar com os moradores locais. Bob Dylan foi um deles, só que nos anos 60. Aliás, reza a lenda que a cidade foi escolhida para sediar o festival exatamente para encorajar Dylan a tocar. Em vão, porque ele não foi. Disse que um dos filhos estava doente.
Mas foi em Woodstock que ele compôs alguns de seus grandes clássicos e foi nessa cidade que ele sofreu um acidente de moto que o deixou longe dos palcos por oito anos.
Um bom lugar para conhecer os antigos moradores da região é a lojinha da dona Marie Antoinette, que está no número 70 da Tinker Street. O lugar parece um mafuá. Por isso, a maioria das pessoas passa batido pelo local. Apesar do preço salgado das obras, vale a pena entrar e bater um papo com essa senhora de quase 80 anos, que cria roupas, esculturas e peças únicas.
Galerias de arte, mosteiro budista e dezenas de trilhas para caminhar no meio do mato são outras das atividades imperdíveis na cidade, que fica na região das montanhas Catskill, uma cordilheira linda perto de Nova Iorque.
Há várias cidades charmosas na região, mas Woodstock e Phoenicia costumam receber a maior parte dos visitantes.
É para as Catskills que as novaiorquinos escapam quando querem uma injeção de natureza e tranquilidade na veia.
A região tem trilhas para caminhada, cachoeira e rios para descer de caiaque. Catskills também é um sucesso durante a mudança de cores das folhas das árvores no outono, chamada de fall foliage. Milhares de pessoas viajam para a região só para ver os tons de vermelho, amarelo e laranja tomarem as copas das árvores.
Leia também: Vistos para morar nos EUA
No inverno, as Catskills são um bom ponto para quem gosta de esquiar ou de snowboard. Mas também tem uma atividade para os que, como eu, nasceram em país tropical e não mostram nenhuma intimidade com neve: o skibunda. Um bom lugar para isso é a Hunter Mountain, a meia hora de Woodstock. Mas, prepare-se e vá com roupas quentinhas. Porque se esborrachar na neve não é opcional, é obrigatório.