Gravidez na Nova Zelândia.
Por mais desejada que seja a gravidez, receber a confirmação de que você está grávida e terá um bebê na sua vida pode ser assustador e cheia de sentimentos misturados. Quando estamos longe do Brasil, de tudo que é conhecido, isso pode nos deixar ainda mais inseguras e confusas.
Ter um resultado do teste de gravidez na Nova Zelândia também não é diferente, mas podemos contar com diversos profissionais e serviços que nos dão suporte e dividem conhecimento durante a preparação para a chegada do bebê.
No meu caso, minha gravidez foi muito desejada, mas eu nem imaginava que iria acontecer tão rapidamente, fui ao médico para conversar sobre as fortes cólicas que estava sentindo, e sai de lá com o reembolso do médico e um resultado positivo do teste de gravidez. Aqui na Nova Zelândia, alguns custos relacionados à gravidez são subsidiados pelo governo para cidadãs e residentes.
Cheguei em casa com uma pasta contendo várias informações que a médica havia me dado, vitaminas, o que eu poderia ou não comer, amostra de creme para o peito e para estrias, entre outras coisinhas. Confesso que me senti confusa e sem entender por onde realmente começar, pensando que as 40 semanas não seriam suficientes para apreender tudo que eu precisava saber. Ainda bem que gravidez dá muito sono, fui dormir e no outro dia eu estava pronta para começar do começo.
Primeira decisão: procurar e escolher um LMC – “Lead Maternity Carer” que pode ser uma midwife (parteira) ou médico, este profissional nos acompanha durante a gravidez com o pré natal, o parto e o bebê em casa, por 4 ou 6 semanas.
O Governo da Nova Zelândia cobre o custo de uma Midwife (parteira), sendo assim, a maioria das pessoas por aqui opta por este profissional. Caso haja alguma complicação durante a gravidez ou parto, ela lhe encaminhará para o médico.
Durante minhas pesquisas, entendi que deveria agendar a consulta inicial com mais de uma parteira para saber com qual profissional mais me sentia confortável e gostaria de dividir este momento que era tão importante na minha vida. Pesquisei bastante na internet, li vários testemunhos e perguntei para pessoas que conhecia sobre indicações. Agendei a primeira consulta, me identifiquei com a parteira e achei que já estava decidido.
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Durante as consultas com a parteira, ela me pesava, media minha barriga, escutava o coração do bebê, me encaminhava para o ultrassom (não é obrigatório), exames de sangue, e conversava sobre como eu estava me sentindo, minhas ansiedades, dúvidas etc.
Tudo estava correndo bem, até que um dia, por volta do 4°. mês de gestação, eu tive um sangramento e agendei uma consulta de emergência. A parteira conversou comigo, me acalmou e disse que não era nada grave que eu deveria confiar no meu corpo.
Mesmo assim eu fiquei super preocupada, pensando que algo errado estava acontecendo com meu bebê. E lógico que, nos momentos de tensão, nós acabamos procurando algo que seja conhecido e confortável, sendo assim, decidi procurar um obstetra – não é muito comum que grávidas tenham um acompanhamento de parteira no Brasil, por isso para mim fazia todo sentido procurar um médico para me dar a reafirmação da ciência.
Na minha cabeça, eu ainda tinha este preconceito. Agendei com um médico que havia sido indicado por um casal de brasileiros, mas não gostei, voltei ao meu modo de busca, internet, testemunhos e referências. Acabei encontrando outro e optei por continuar meu pré natal e parto sob os cuidados dele. Isso não tinha subsídio do governo e o custo foi em torno de $ 4,000.00.
Durante as consultas de pré natal, não havia muita diferença, a única coisa que me chamava a atenção é que na clínica havia ultra-som e eu poderia ver o bebê mais vezes.
Aqui na Nova Zelândia muitas mamães preferem não saber o sexo do bebê. Mas eu não conseguia esperar, só consegui descobrir que teria uma menininha quando estava na semana 21.
Durante as consultas, o médico também me explicou sobre as aulas extras ou cursos que eu poderia participar. Decidi participar de um curso de preparação para o nascimento (“antenatal class”) com duração de 9 semanas. Ao me cadastrar foi pedida a data provável de nascimento, e assim me colocaram na turma de nascimentos de janeiro até março com casais ou mamães de bairros bem próximos.
A maioria dos cursos “Preparação para o Parto” ensinam tópicos como: desconfortos da gravidez, sinais e sintomas do início do parto, papel da LMC no final de gravidez, parto e nascimento, e as primeiras 4- 6 semanas pós parto; o que acontece durante o primeiro, segundo e terceiro estágio do trabalho de parto, papel do pai / suporte durante o trabalho, escolha informada e consentimento para cuidados médicos, alívio da dor, intervenções médicas, primeira hora após o parto, iniciar e estabelecer a amamentação, corpo da mãe após o nascimento, os primeiros dias em casa com o seu bebé – alterações pós-natais e ajuste para mães, pais, casais e bebês. As necessidades dos novos bebês – ajudando-os a dormir, respondendo ao seu choro, sono seguro e prevenção de morte súbita, depressão pós-parto e formar um grupo de apoio. Veja o link para estas aulas aqui.
Agende seu curso antes da semana 20 de gravidez. As aulas geralmente acontecem entre as semanas 28-30 e terminam por volta das semanas 37-38 . Existem vários tipos diferentes de cursos de preparação para o parto disponíveis. Os mais comumente disponíveis têm 9-14 horas de duração e consistem geralmente em 6 a 7 sessões noturnas. Alguns fornecedores oferecem aulas de sábado de manhã ou até mesmo cursos de curta duração que são realizados em um único fim de semana.
Este curso foi bem interessante, tivemos várias informações sobre a gravidez, parto e bebê, os maridos e parceiros também aprendem bastante sobre como ter paciência nessas horas, o que realmente acontece, mudanças de humor e massagem.
Conforme o curso prossegue, as aulas também mudam, tivemos visitas à maternidade, e no final tivemos até um bebê recém nascido presente para mostrar como dar banho, trocar a fralda, enrolar para dormir. Foi bem legal e ainda tivemos a oportunidade de conhecer pessoas passando pela mesma situação e criar relacionamentos que mantemos até hoje.
Outro curso que eu queria muito fazer era sobre amamentação. Este foi um curso de 2 horas onde aprendemos como o bebê deve ser posicionado, problemas e dificuldades que podem surgir durante amamentação, como tirar leite e guardar, quando e como introduzir outros alimentos etc. Link do curso aqui.
Outro tópico que foi bem diferente da minha expectativa foi em relação ao enxoval da minha bebê, enquanto eu via pessoas conhecidas indo para Miami comprar roupas de marca XX para o bebê, eu ia semanalmente no outlet ao lado do escritório em que trabalhava e comprava roupinhas para minha filha por 10, 20 NZD. Visitei feiras de bebês, comprei carrinho e outros objetos usados.
Enfim, cada mamãe deve fazer aquilo com que se sente mais confortável e feliz dentro das possibilidades reais, mas aqui na Nova Zelândia senti uma pressão social muito menor e por isso tive a liberdade de escolher o que realmente queria.
Dicas:
Curta cada momento, sua barriga, os movimentos do seu bebê. Decida respeitando suas verdades e desejos, não parece, mas passa rápido e dá saudade!
8 Comments
OI que bom encontrar vc.
eu e minha esposa trabalhamos no verão em Fox glacier e ela ficou gestante, estamos indo trabalhar a partir de outubro em outra empresa mais no sul, estamos perdidos como fazer o parto pois nosso work visa não cobre o parto, vc poderia me dar uma luz nesse problema.
Obrigado
Oi Paulo,
Acredito que no seu caso terá que procurar um obstetra ou midwife e pagar pelo acompanhamento e pelo parto. Para entender melhor o que seu visto cobre o melhor será procurar um immigration adviser ou a imigração. Encontrei este link, dê uma olhada:http://www.health.govt.nz/new-zealand-health-system/eligibility-publicly-funded-health-services/guide-eligibility-publicly-funded-health-services/eligibility-limited-range-publicly-funded-health-services-0/pregnant-wife-or-partner-eligible-person
Espero que ajude! Parabéns pela gravidez e tudo de bom para vocês.
Boa noite Roberta :). Adorei o seu texto ele é mt bom e explicativo! <3
Gostaria de perguntar uma coisa: A mulher na Nova Zelândia pode optar pelo parto cesareo ? mesmo que ela tenha uma grávidez tranquila e não queira de jeito nenhum ter parto normal?
Muitos paises fazem de tudo para que a mulher tenha parto normal,só em emergências que fazem o cesareo.
Não tenho nada contra,mas gostaria de ter um parto cesareo.Como funciona isso ai? A mulher tem a liberdade de escolha?
Se a mulher quer ter cesareo é melhor fazer um plano de saúde ai ou fazer pelo sistema de saúde público?
Pegunto pq me preocupo cm essa questão, pois caso eu não possa ter cesareo ai, venho pro Brasil que é mais fácil os médicos fazerem o parto cesareo.
Agradeço se puder responder, e muitas felicidades pra vc e sua familia <3
Oi Lana,
Aqui na NZ é possível ter cesárea como escolha sim. É um assunto que eles não gostam de comentar. Os custos serão por sua conta. Eu me senti mais segura tendo o acompanhamento e do obstetra, por isso optei por pagar este professional. No final precisei fazer cesárea. Você pode procurar um obstetra de sua preferência e explicar o que você deseja. Boa sorte 😉
Muitissimo obrigada pela resposta linda, tenha uma semana abençoada!
Beijos e felicidades *–*
Olá Roberta .
Espero que possa me ajudar 🙂
Meu visto de trabalho na Nz é somente de um ano então não tenho direito a nenhuma despesa sobre o parto pagas, nem midwife.
Paguei para me consultar com uma mais não gostei, gostaria muito de um obstetra mais em Nelson onde estamos nenhum atende particular já tentei falar com todos, eles nem agendam consulta e muito menos fazem cesária. Meu desejo é ter meu bebe de cesária e as pessoas acham isso o cúmulo aqui. Estou perdida não sei o que fazer, se devo me deslocar até o Brasil para ter atendimento de um obstetra nos últimos meses da gravidez.
Em que cidade conseguiu atendimento de um obstetra ?
Vi que no seu post tinha um valor de 4.000 , era incluso a cesária também?
Aguardo anciosamente sua resposta.
Obrigado 🙂
olá no caso o bebe nascendo ai ele fica com cidadania neozlandeza, o fato de ter 1 filho ai ajuda em alguma coisa para o visto de residencia?
Olá Mili!
A Roberta Crossley parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Nova Zelândia.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM