5 motivos para não morar em Paris.
Não me entenda mal, eu amo Paris. Só que às vezes Paris me dá nos nervos. Aquela Paris que você vê nos filmes, nas reportagens, ou a Paris que você viu quando veio visitar em julho não é a mesma Paris em que se mora. O intuito neste artigo não é fazer ninguém desistir de morar aqui, apenas de se preparar para o que vai encontrar. E aí, vamos lá? Seguem 5 motivos para não morar em Paris!
1 – Clima sombrio
Nos filmes, Paris está sempre perfeitamente ensolarada ou lindamente coberta de neve. Entretanto, isso acontece muito pouco. Em Paris chove tanto ou mais que em Londres. Não são aquelas chuvas fortes gostosas, mas sim uma chuvinha rala irritante. Quem mora na cidade há um tempo só bota o capuz e segue a vida. Já quem acabou de chegar pode ficar um pouco frustrado.
Além disso, o sol não costuma dar as caras entre outubro e março, sendo substituído pelo céu nublado. Para piorar, durante o inverno o sol nasce depois das oito e às cinco da tarde já se foi. Assim, é fácil passar dias sem ver a claridade do dia.
Felizmente, as temperaturas costumam ser razoáveis para o clima europeu, não descendo muito além de zero no inverno e batendo os trinta graus no verão. Só não pense que esse sol do verão é como o brasileiro, não! Aliás, como diz uma amiga minha, o sol na Europa está quebrado: não queima, mas também não esquenta, não faz nem cosquinha.
2 – Todos aqueles turistas
Eu venho de uma cidade nem um pouco turística, então turistas eram um bicho meio desconhecido para mim. Ou seja, na terceira cidade mais visitada do mundo, eu aprendi o que era lidar com turistas. Eles lembram um pouco calouros universitários, que param no meio do nada, sem razão aparente, andam em bandos e ainda causam confusão.
Você estará vivendo em Paris, tendo que chegar aos seus compromissos na hora, e frequentemente terá que lidar com turistas entupindo a saída do metrô e congestionando as ruas. Ainda vai ter os que vão te perguntar, pela vigésima terceira vez naquele dia, para que lado fica a Torre Eiffel, bem quando você PRECISA entrar no prédio para aquela reunião.
3 – As pessoas
Antes de tudo, essa não é uma reclamação do parisiense clichê, apressado e mal humorado. Com ele você vai lidar no metrô, quando ele estiver praticamente te atropelando enquanto diz polidamente pardon (perdão). Aqui o caso é outro.
A cidade possui um grande número de sem-teto e de mendigos, que surgem a qualquer momento pedindo un centime, deux euros, un ticket restaurant. Eles e os bêbados ocasionais, são responsáveis pelo cheiro onipresente de urina no tranporte público e em certas ruas. Não só essa parte da população pode causar incômodos, como também os doidos. Eles entram na frente do bondinho e só saem quando levados pela polícia, entram em transportes públicos gritando e esbravejando com o mundo… A lista é infindável.
Depois disso, tem quem quer seu dinheiro. Pickpockets, ou batedores de carteira, estão presentes em todos os pontos turísticos e transportes públicos, ágeis e discretos. Igualmente atrás de dinheiro, há os arrecadadores de verbas. Às vezes são legítimos e às vezes são arnaques (golpes). Eles chegam de fininho e educadamente. Antes que perceba, você assinou um papel vendendo sua alma.
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Imaginando que você supere tudo isso, já terá lidado com 90% dos problemas de morar aqui (relacionados a pessoas). Agora vem a próxima fase. Como todas as profissões requerem um bom tempo de estudo, encontra-se em todo lugar profissionais para darem palpite ou fazerem críticas.
O farmacêutico vai te interrogar sobre sua vida antes de vender aquele remedinho besta para cólica, inclusive sugerindo mudanças de hábitos. O produtor agrícola vai fazer questão de escolher qual o melhor produto para a refeição que você quer preparar e ainda criticar sua escolha de pratos. Da mesma forma, o mestre queijeiro vai julgar sua combinação de queijos e dar pitaco na sua tábua de frios. É preciso muita paciência para lidar com essas intromissões.
4 – Tudo fecha cedo (e aos domingos, nem abre)
Toda cidade grande tem aqueles benefícios: restaurantes cosmopolitas, muita cultura, serviços 24h… Epa, não Paris! É de se pensar que, por ser uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes (10 milhões na região metropolitana), Paris teria sempre alguém disposto a ficar aberto até mais tarde ou em dias alternativos. Todavia, não funciona bem assim.
Como a Fernanda já falou, os franceses só trabalham em domingos e feriados se estritamente necessário. O horário de trabalho (em escritórios) é de 9h – 17h, nem um minuto antes, nem um minuto depois. Geralmente as lojas ficam abertas até 19h, mercados até 20h e ai de quem tentar entrar faltando vinte minutos para o estabelecimento fechar. Será expulso sem dó.
Nem as farmácias ficam abertas, tendo uma por bairro (a pharmacie de garde) responsável por atender urgências durante a noite, domingos e feriados. Muitos restaurantes fecham aos domingos (no interior da França, são quase todos) e os que abrem, o fazem com horário reduzido. Então se você gosta de poder satisfazer vontades a qualquer hora do dia, qualquer dia da semana, morar em Paris não é para você.
5 – Custo de vida exorbitante
Ô cidadezinha danada de cara! Paris vive uma demanda imobiliária absurda, em que um apartamento simples, anunciado ao mercado, será alugado em poucos dias. Ou seja, você vai pagar caro para morar num lugar pequeno, já que o espaço em Paris intra-muros é disputadíssimo.
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Analogamente, comer fora pesa no bolso. Enquanto as cantinas funcionais provêm refeições completas por cerca de cinco euros, qualquer restaurante da esquina vai te cobrar 15€ por um prato. Conte pelo menos 30 euros por pessoa para um almoço com prato principal, sobremesa e bebida.
Serviços como manicure, eletricista ou chaveiro são tão caros aqui como no resto da Europa, com o adicional que tudo é mais caro em Paris só porque é Paris. Cultura clássica como museus, cinema e teatro se acumulam rapidamente e podem liquidar seus euros suados sem que você veja. Enfim, viver na cidade luz requer um bom planejamento financeiro.
Você, que está para vir, se animou para encarar esses percalços? E você que mora aqui, concorda ou discorda?