7 anos em Santiago do Chile.
7 anos não são 7 dias. 7 anos é um tempo considerável para muita experiência e observação. Sou exageradamente observadora já que trabalho ensinando idioma e cultura, assim como aprendo todos os dias nessa área. Fazendo uma reflexão sobre esses 7 anos consigo saber exatamente tudo aquilo que me encanta em Santiago e o que me desencanta. Não há comparações com o meu país , nem comentários sobre o povo quando cito tudo o que vão ler, apenas, nessa primeira parte, 7 coisas que me encantam na cidade de Santiago.
1- Os milhares de Starbucks espalhados pela cidade. “Ué, Gislaine, mas você já não disse nas suas redes sociais milhares de vezes que não gosta dos lanches de lá?” Verdade! Disse mesmo! Mas como tudo na vida tem seu aspecto negativo e positivo, quero falar aqui o do positivo, a internet grátis que o lugar oferece e o ambiente favorável a reuniões de negócios, aulas e encontros casuais depois do trabalho. Muito bom poder se sentar um computador e poder trabalhar ou estudar. Viciei! E pra mim ainda se salva o balde (copo gigante) de café americano nos dias gelados de inverno. Sim, é a única coisa pra beber que curto de lá porque gosto de café fraco. Nesse sentido, como brasileira, sou uma vergonha, eu sei. Meu caso de amor com o lugar se deve ao ambiente que encontro por lá. Porém, cuidado com os falsos executivos que entram por lá para roubar bolsas e mochilas. O que não falta é mão leve em cafés e restaurantes por aqui, e não nenhum encanto em voltar pra casa sem dinheiro e documentos.
2- O simples fato de ser uma capital. Amo cidade grande para viver. Sou apaixonada pelas suas ruas, por isso desfruto caminhar pelas avenidas, sozinha mesmo, admirando os prédios altos, o vai e vem das pessoas na hora do almoço. Adoro suas árvores no outono e primavera, com suas folhas cheias de tons alaranjados ou já caídas no chão. Amo as facilidades: supermercados em qualquer canto que você estiver, shoppings em todo lugar com todos os tipos de loja que eu precisar (inclusive supermercados). E os grandes shows musicais que Santiago nos oferece? Isso não tem preço, poeticamente falando. Na real, tem sim, porque costumam ser carinhos, mas nada que um bom planejamento financeiro não possibilite. São tantos que fica difícil escolher a quais ir. O importante é que grandes cantores e bandas tem Santiago incluída em suas turnês, fato que me proporcionou os melhores momentos musicais da minha vida.
3- Os parques, já que não temos praia em Santiago. Aprendi a amá-los mesmo sendo uma fiel e eterna amante do mar. Novamente falo da minha paixão pelas árvores e, no caso dos parques, em qualquer estação do ano. Para recuperar a vitamina D nos dias ensolarados, não há lugar melhor. No inverno também são uma salvação, já que por aqui a chuva é bem escassa. Os parques são um excelente lugar para se refugiar um pouco do transito do meio da semana e para relaxar. Alguns ganharam mais meu coração que outros, como é o caso do Quinta Normal, pouco conhecido pelos turistas, inclusive. Além de lindo, oferece lazer cultural nos vários museus localizados no seu espaço interno. Para saber mais sobre ele, leia esse texto também escrito por mim.
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4- Pra não deixar o tema comida/bebida de fora, vou mencionar somente uma coisinha e não o óbvio, o amado vinho chileno. Amo sopaipilla! Preciso de muitas coisas pra me satisfazerem no inverno e esquecer que estou sentindo frio, e sopaipilla com café no final da tarde (qualquer hora, eu diria) é uma delas. É um lanchinho frito feito com uma massa que, pra mim, lembra a do nosso pastel, mas sem recheio, é só a massa. A maioria dos chilenos come com mostarda, maionese ou pebre. Eu como com pebre que é uma espécie de vinagrete com pimenta, tipo os que acompanham quase toda comida em Salvador, no Brasil. Pena que em excesso detona meu estômago pela quantidade de óleo usado pra sua fritura. Só deixo a dica de não comer em qualquer lugar, em qualquer carrinho de qualquer esquina.
5- Poder fazer praticamente tudo de metrô, quem não tiver carro. Há quem reclame muito dele, mas talvez porque reclame de tudo nessa vida. É um transporte público e, como tal, obviamente não será 100% satisfatório nunca. Mas não seria bem pior sem ele? Não seria bem pior se só houvesse os ônibus (micros)? Como qualquer transporte público estará muito cheio nas horas de pico, isso é fato, e não há nenhum encanto nisso. O encanto está em poder chegar rapidamente no outro lado da cidade, está em haver essa possibilidade de mover-se que não há em todos as cidades. É bom ou não é?
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6- Banheiros públicos limpos. Tá, confesso que me peguei muitas vezes reclamando que tinha que pagar pra ir ao banheiro no parque (por volta de 500 pesos), mas depois de um tempo fazendo um esforço pra sempre ver a vantagem das coisas, comecei a achar que assim era muito melhor porque, pelo menos, eles estavam sempre limpos. Passou de “achismo” para certeza quando depois de um tempo em Santiago voltei ao Brasil e tive o desprazer de entrar em banheiros públicos imundos. Lembrei o quanto era bom gastar uns pesinhos e não precisar ver nada boiando nos vasos e ter que prender a respiração por alguns minutos. Definitivamente, prefiro pagar!
7- O Cerro San Cristobal, meu lugar mais amado em Santiago por diversas razões. Dentre elas, a mais evidente para os moradores de Santiago: praticar alguma atividade física. Nesse quesito, para mim, subir e descer o morro a pé aproveitando aquela paisagem maravilhosa e sentindo-se parte da natureza mesmo morando em uma cidade absurdamente poluída. O pior é que mesmo fazendo uma atividade física e caminhando pelo verde, é impossível não lembrar da sua contaminação, já que lá de cima a gente consegue ver essa camada cinza que cobre a bela Santiago. Quando você acha que o encanto esta só no caminho, na subida do morro, você chega lá no topo e se depara com a Virgem, um dos principais pontos turísticos da cidade. Para mim, um ponto de relaxamento e reflexão. Aproveito esse momento pra me sentar, respirar e agradecer. Agradecer, inclusive, a oportunidade dos, até então, 7 anos vividos em Santiago.
1 Comment
Gostei do texto e do modo como coloca o contraste das belas coisas na sua visão no Chile. Também sou apaixonada pir árvores. Ainda não saí do Brasil, mas meu sonho viajar pelo mundo.
Abraço