A adaptação para viver no exterior.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a adaptação para viver no exterior pode ser algo fácil. Para mim foi assim por alguns motivos em particular. Mas acredito que possa ser um processo relativamente simples para qualquer pessoa que se proponha a isso.
Em qualquer país que visitemos, existirão diferenças com nosso país natal e isso é óbvio. Mas essas diferenças não precisam ser exatamente um problema. Pelo contrario, elas podem ser muito interessantes e se bem utilizadas ajudam a pensar de modos diferentes. O que vem a trazer ganhos em desenvolvimento pessoal de maneira ampla.
A seguir, relato algumas experiências que tive e que, pouco a pouco, descobri serem comuns a outros expatriados. Também podem ser interessantes para reflexão e planejamento de quem pensa em mudar-se de país e sabe que, mais dia menos dia, enfrentará a diversidade.
A adaptação para viver no exterior: Diferenças culturais
Entre todos os pontos que são analisados em uma possível adaptação para viver no exterior, as diferenças culturais são, em geral, as primeiras a serem avaliadas. E não é para menos, pois estas, sem sombra de dúvida, são as mais marcantes.
E por que são tão marcantes? Porque elas geram desconfortos, “saias-justas”, ou até mesmo insights. Sim, porque nem tudo aqui é ruim, muito ao contrario: é o caminho aberto para o conhecimento do novo. De novas formas de ver a vida, de aproveitar o tempo, os recursos e, até mesmo, de curtir as pessoas.
Nesse sentido, é patente que, o desconforto diante das novas situações é proporcional ao tanto em que se diferenciam as culturas de origem de cada pessoa. Porém, há um caminho para aproveitar melhor todas as vantagens trazidas pelo convívio com novas cultura: cultivar a observação dos interlocutores e estar sempre com ouvidos atentos.
Similarmente, também tentar expressar-se de maneira simples e sem excessos de manifestações de apreço ou desapreço. Isto é ainda mais importante para as pessoas que são muito espontâneas e para aquelas que não são tão observadoras. Posso assegurar que esse rígido controle do início compensa porque é possível passar por esse processo sem traumas.
Outro ponto interessante é buscar pessoas de confiança para tentar entender as expressões que parecem estranhas e também perguntar: o que se costuma responder nestes casos? Quando menos se espera já se está “aclimatado”.
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Idioma
Infelizmente, são poucos os países no mundo que têm o português como seu idioma oficial. Portanto, a maior probabilidade para o expatriado brasileiro será a de falar outro idioma.
Seja como for, isso é algo construtivo, apesar de gostar muito da língua portuguesa e de crer que é uma pena que tão poucas pessoas conheçam nosso lindo e melodioso idioma.
Existem inúmeros benefícios de se aprender novos idiomas. A neurociência está a cada dia descobrindo novas utilidades. Neste texto eu falo um pouco sobre esse assunto.
Por outro lado, falar um idioma estrangeiro tem lá suas dificuldades. Mesmo para quem sai do Brasil já estudado no assunto, a prática é diferente. Algumas expressões podem ser muito estranhas e não será difícil ver a um novato com “cara de paisagem” diante de seu interlocutor. Há, ainda, a dificuldade dos sotaques, pois cada cidade ou país tem o seu.
Por isso, a dica de ouro é: preste muita atenção, e perca a vergonha de pedir para repetir. E não deixe de falar, mesmo que você não tenha certeza de que está correto o modo como está falando.
Ou seja, para se dominar um idioma estrangeiro é preciso praticar e não ter medo, nem vergonha. Na maioria dos casos, as pessoas são pacientes e entendem as dificuldades, porque elas também as têm quando estão na mesma situação.
A adaptação para viver no exterior: Saudade
Certamente, a saudade é um tema recorrente dos expatriados. Saudades da família, dos pets, do(s) “love(s)”, dos amigos, do trabalho, da comida, e outras várias.
A saudade é absolutamente natural, mas pode causar estranhamentos. Eu já me peguei sentindo saudade de caminhar pelas ruas em que caminhava. É muito curioso porque eu jamais pensei que fosse sentir falta de algo assim. Como sempre é possível utilizar essas sensações para refletir e chegar a conclusões inesperadas acerca de nós mesmos, posto que é uma viagem interminável.
Atualmente, a tecnologia encurta as distâncias. Nada como uma boa sessão de Skype para facilitar a adaptação para viver no exterior e para matar as saudades de quem está longe.
De fato, não será como um abraço, mas é melhor que antigamente, quando as pessoas escreviam cartas e esperavam semanas para receber uma resposta. Neste aspecto a humanidade evoluiu. Ponto para nós.
Acesso a produtos brasileiros
Sabe aquela pizza maravilhosa que você disfruta cada domingo? Pois é. Pode ser que no país em que você venha a viver a pizza seja algo completamente diferente. É meu caso, aqui na Espanha. A comida daqui é muito boa, mas quando se trata de pizza, que tristeza. Houve muitos dias em que eu pagaria o que fosse por uma boa pizza paulistana. Afinal, viver fora tem dessas coisas.
Noto que, na cidade em que moro, os produtos brasileiros estão chegando pouco a pouco. Mas é certo que em países de culturas muito distintas, ou aqueles que possuem um número menor de imigrantes brasileiros a dificuldade para encontrar um produto “made in Brazil” será maior. E isso se refere a tudo, mesmo a alimentos, vestuário e artigos de higiene e beleza, que são os mais comuns e buscados.
Assim, a saída muitas vezes é buscar produtos similares e ou que possam substituir os artigos brasucas. Para mim me custou um tanto de esforço esta etapa, mas como tudo na vida, quem persiste alcança.
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A adaptação para viver no exterior: Afastamento de pessoas
Eis um tema que não é tão comentado porque parece mais um tabu da adaptação para viver no exterior: o afastamento dos relacionamentos.
Trata-se de algo difícil para as pessoas mais sociáveis, mas fatalmente elas terão que enfrentar isso, mais cedo ou mais tarde, ainda que não se mudem. Porque quando se termina uma etapa, ao mesmo tempo, se inicia uma nova. Consequentemente, o tempo e a dedicação estarão, em grande medida, disponíveis para os novos desafios. É assim nos estudos, nos trabalhos e nos grupos, de modo geral.
Em resumo: só se mantêm aqueles vínculos que são realmente fortes ou que têm uma real afinidade. Ou seja, o manter um milhão de amigos só ocorre através de redes sociais, e de modo superficial, ou se você for o Roberto Carlos, claro.
Para os “reis das festas” eu imagino que seria um enorme desafio mudar-se de país e recomeçar sua trajetória de “sucesso”. Com sensibilidade e persistência isso acaba ocorrendo. Neste texto falo sobre algumas qualidades brasileiras que ajudam neste tema também.
Para que este não estejamos só no negativo, digo que há aquela parte positiva escondida. E o positivo é que o tempo e a distância ajudam a distinguir quem realmente vale a pena manter em nossas vidas. De tal sorte que é um preço que dá gosto pagar.
E então, se identificou com algo? Conte-nos! E até a próxima!