A moda na Índia

O assunto hoje é a moda na Índia. Atualmente, muito poucos são os países que não se renderam à globalização e à padronização da moda, onde as lojas das grandes redes internacionais ocupam os quarteirões dos grandes centros urbanos para exibir seus produtos.

A Índia, contudo, é uma exceção. Assim como sua cultura, ao mesmo tempo a moda na Índia nos remete a um clima de mistério e sedução e à exuberância e alegria de uma explosão de cores fortes e marcantes. Na Índia, a roupa não se reporta apenas à moda, mas também à arte e a sua própria história, pois na Europa do século XVI os luxuosos e magníficos tecidos indianos eram objeto de desejo dos nobres, resultando em grandes avanços da navegação para se chegar às Índias em busca desses produtos.

Definitivamente, a moda da Índia não combina com a palavra básica, já que tudo tem o intuito de atrair os olhares, já que na cultura indiana “a mulher deve se vestir para agradar o marido e para que os olhos dele estejam sempre voltados para ela”. Assim, a moda indiana oferece opções que dão um toque diferenciado ao visual pois, mesmo cobrindo muito o corpo, as vestimentas atraem os olhares masculinos por serem muito coloridas, sedutoras, cheias de brilhos e amarrações.

Na medida em que observamos e analisamos as peças do vestuário indiano mais detalhadamente, vamos nos envolvendo pelos encantos de cada uma delas. Um dos itens principais no guarda-roupa feminino é o sari, um longo tecido enrolado ao corpo de diferentes formas, bordados ou não, com medida entre seis e sete metros e usados em praticamente todas as ocasiões e diferenciados pelo tipo de tecido. Ou seja, em ocasiões especiais e festivas, como casamentos, por exemplo, o sari é confeccionado com tecido tramado com fios de ouro; já os confeccionados em seda seriam comparados ao traje “esporte fino”; os confeccionados em algodão são mais usados no verão e os confeccionados em tecidos mais simples são usados em casa.

Toda mulher indiana, de todas as classes, tem muita habilidade com o sari, tanto que as empregadas domésticas fazem todo o serviço da casa usando-o e, por vezes, algumas mulheres vestidas de sari realizam trabalhos braçais apoiando peso na cabeça. O sari é usado com uma blusa em baixo, compondo um conjunto.

Há também o conjunto de calça e blusa, conhecido no Brasil como punjabi, cujo nome correto é salwar kamiz, composto por uma blusa comprida e com um rasgo na lateral e por calças que têm dois modelos distintos, ou seja, com pernas largas (patiala) e com pernas justas (churidar). É possível fazer adaptações com essas vestimentas, usando a blusa como vestido, costurando as laterais e /ou transformando-a em saída de praia que, aliás, combina com o verão brasileiro.

Outro traje bastante usado é denominado lehenga tcholi, composto por saia longa e blusa curta e um charmoso xale. Já os kurtis são blusas feitas com materiais mais leves e fendas na lateral usadas com jeans.

Para todos esses trajes, especialmente por seu estilo, o linho, o algodão e a seda são tecidos bastante utilizados.

As famosas pashminas, autênticas da região de Ladakh na Caxemira, usualmente descrita no Ocidente como “echarpe”, é, na verdade, um tipo de específico de lã usada na composição de echarpe e que no idioma original significa “feito de lã ou ouro macio”.

As sapatilhas (Mojaris), sempre muito charmosas, são bordadas a mão, coloridas e com solas de couro. Curiosamente ambos os pés são iguais, não havendo distinção entre direito e esquerdo, pois eles se moldam com o uso.

Um fato curioso em relação a algumas peças do vestuário feminino é o extremo cuidado tanto com o comprimento das roupas para não exibir as pernas, como também para manter os ombros sempre cobertos. No entanto, as indianas não se incomodam de mostrar a barriga.

As cores também possuem significados. Por exemplo, as vestimentas brancas são usadas pelas viúvas por representar a passividade e santidade. As noivas usam vestido vermelho no casamento por essa cor remeter ao amor e à paixão.

Um dos pontos mais excêntricos em relação ao vestuário é que os indianos não usam roupas de banho para ir à praia, a piscinas ou a parques aquáticos. Os homens usam bermudas sem camisa, mas as mulheres banham-se de roupa. Aliás, há hotéis e parques aquáticos onde o uso de biquíni ou maiô são proibidos.

O universo masculino também conta com suas particularidades quanto à moda. No dia a dia, os homens usam camisas de tecidos, calças compridas e sandálias de couro. O dhoti, um pano branco, laranja, amarelo ou xadrez, sem costura e amarrado como uma saia, é bastante usado pelos homens de perfil mais conservador de todas as classes sociais.

Já o kurta é uma camisa solta até o joelho, que na versão feminina seria o kurti, tradicionalmente é usado com calças soltas em cerimônias especiais, como o sherwani, um longo casaco confeccionado com tecido mais encorpado usado sobre outras vestimentas como o kurta e comumente associado à aristocracia muçulmana.

Entre estampas, corantes, tramas, bordados e brocados os indianos mostram em seus tecidos toda a sua alegria de viver e seu conceito de riqueza e é exatamente por isso que as vestimentas indianas dizem muito sobre o seu povo.

Como tudo na Índia, também a moda funde elementos únicos e contraditórios que podem nos inspirar a adotá-la ou a repeli-la imediatamente, com a mesma intensidade.