Aluguel em A Coruña, na Espanha.
Cheguei, vamos alugar um apê, mas nada é tão simples…
Como disse no texto anterior e de estreia como colunista nesse blog, antes de vir para a Espanha tinha alugado um quarto por 1 semana pela plataforma “Airbnb”, o que foi uma solução rápida, mais barata que um hotel (comprando na época), com mais privacidade que uma pensão/hostel e no fim das contas acabei prolongando minha estadia, até resolver o problema do aluguel.
Também tinha comentado que a semana entre os dias 5 e 15 de agosto é super festiva na Espanha e os estabelecimentos costumam funcionar em horários reduzidos, o que dificulta muito a vida de quem chega para procurar apartamentos, etc, no entanto, chegar um pouco antes das aulas começarem (para quem vem estudar, como eu) é muito útil, pois os apartamentos de estudante estão sendo devolvidos e ainda não foram completamente ocupados.
Eu vim com os documentos espanhóis, mas não creio que deva ser muito diferente para quem vem com um visto de estudo ou trabalho, de todas as formas, quero deixar claro que as informações e impressões passadas aqui serviram para o meu caso específico, conheci outros brasileiros por aqui que compartilharam outras experiências.
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Como disse, tenho documentação espanhola, acreditei que chegaria, faria o tal DNI (Documento Nacional de Identidade) e alugaria meu apto (hahahahhaha – essa é a vida rindo da minha inocência!)
Não foi assim… primeiro, eu deveria ter trazido uma certidão específica do Consulado Espanhol do Brasil, que obviamente, eu nem sabia da existência ou necessidade desse documento. Em segundo lugar, era semana festiva por aqui e nunca conseguia ver mais de 2 imobiliárias por dia. Em terceiro lugar, porque empecilho pouco é bobagem, precisava ter uma conta no banco, que precisava do empadronamiento, que precisava ter um contrato de aluguel para fazer e que não ia rolar sem a maldita conta no banco (entenderam a bola de burocracia?)
Pensei comigo mesma, tem que dar certo, a galera vem e dá certo, é só fazer acontecer, eles são burocráticos e eu sou advogada, mexer com a papelada é o que escolhi para a vida, assim, me enchi de coragem e fui de imobiliária em imobiliária, explicando a situação (umas foram educadas, outras nem tanto, outras nem me escutaram) até que ouvi a dica de ouro, se você é estudante, ou estrangeiro, busque imobiliárias que ajudam os estudantes de intercâmbio programa Erasmus (muito comum aqui pela Europa) e lá fui eu…
Cheguei, expliquei a situação, o meu orçamento e que embora fosse estudante queria um apartamento familiar*, e a moça me pediu para voltar na parte da tarde que ela me levaria ver apartamentos (minha deusa, era quase um anjo vestido de gente!!!), fui ver os apartamentos e acabei ficando com um deles, na mesma região onde já estava hospedada mesmo, tinha gostado da vizinhança e vi algumas escolas perto, mas teria que esperar uns dias para entrar, o que me fez prolongar minha estadia onde estava, sem problema nenhum.
*Os contratos de estudantes costumam ter a duração do curso letivo – setembro/junho e nos outros meses ou os proprietários usam o apartamento ou alugam para férias, os contratos de aluguel familiar ou de larga duração são esses que conhecemos no Brasil mesmo, com duração de 3 anos, pela lei espanhola.
Contrato assinado no dia seguinte, é partir para o Ayuntamiento (o que seria a prefeitura daqui) e fazer o “empadronamiento”, o tramite aqui em A Coruña é simples, basta ir no atendimento do Ayuntamiento, pegar uma senha para padrón e apresentar seu contrato de aluguel e um documento com foto (no caso foi o passaporte).
A conta no banco foi um pouco mais complicada, no entanto, consegui logo depois, ou seja, o ciclo burocrático da Espanha é complicado mas pode ser quebrado, basta ter paciência, força de vontade e não desistir. Depois que dá certo até pensamos que faz sentido (ou não, mas funciona).
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Agora dicas:
- Imobiliárias que trabalham com estudantes intercambistas são mais acessíveis aos estrangeiros, requerem sim alguma documentação, mas não tive que apresentar as nóminas, por exemplo (que são como os holerites do Brasil)
- Os documentos comumente exigidos são: documento com foto, 3 nóminas (holerites) ou contrato de trabalho indefinido, seguro aluguel (algumas imobiliárias cobram, é um tipo de seguro para o caso de inadimplência), 2 meses de fiança + um mês adiantado, que pode aumentar caso a pessoa não apresente um contrato de trabalho, por exemplo.
- Os preços de aluguel, assim como no Brasil, variam muito, mas com uma média de 450 euros é possível alugar um bom apartamento 2 quartos, mobiliado, em A Coruña; se o aluguel for em algum dos “pueblos” em volta da cidade ou bairros mais afastados, pode sair mais em conta, da mesma maneira que se for um apartamento de 1 quarto ou studio ou ainda pode aumentar, dependendo da zona em que estiver o apartamento, se é muito “de moda” ou badalada por aqui e a quantidade comodidades que o apartamento oferecer, entre outras coisas…
- Os sites de pesquisa idealista, fotocasa e enalquiler te ajudam para ter uma ideia de valores, mas fique atento e não feche o negócio antes de visitar o apartamento, alugue um quarto de Airbnb, hostel, hotel ou outra coisa; as pessoas aqui são educadas, mas golpes existem em qualquer lugar.
- Não pague imobiliárias para te mostrar os apartamentos, se elas cobrarem comissão para fazer o contrato etc, é uma coisa, mas fui em uma que queria quase 200 euros para me colocar numa lista para poder ir ver o apartamento, sem nenhuma garantia de que eu alugaria, meu instinto de brasileira deu todos os alertas de cilada e sorri, agradeci e fui embora. Depois vi um monte de reclamações dessa imobiliária, dizendo que os apartamentos nem são os das fotos.
- Por último, mas não menos importante, tenha em mente que você veio para um outro país, então viva essa experiência. Frustações e desilusões vão ocorrer em qualquer lugar, a decisão é nossa de deixar elas nos controlarem ou superar e rir disso mais para frente, não se estresse, se não deu certo pela direita, tente pela esquerda, existe sempre uma solução.
1 Comment
Muito muito orgulho dessa moça corajosa! O mundo nunca será muito grande para você, Juliane.