Vamos falar sobre o clima da Galícia.
Ah!, a Espanha!
Aquele país mais ao sul, com fama de ensolarado, destino de praias privilegiadas pelas águas do Mediterrâneo, opção de destino para muitos que querem começar uma vida em um novo lugar, mas tem certo medo de se lançar por aí em um clima muito adverso e extremo, diferente do nosso famigerado clima tropical.
Por falar em Mediterrâneo, esse marzão lindo não dita apenas o clima, como a alimentação e também é sinônimo de estilo de vida saudável para muitos que têm o privilégio de viver em lugares banhados por suas águas e ainda (muitos) que não, mas não estamos aqui para falar da alimentação (deixamos para outro texto), hoje vamos falar que nem só de sol e mediterrâneo vive a Espanha e de como essa é uma realidade ainda mais distante para quem vive na Galícia.
Sim, escrevo este texto em um dia muito cinza, de muita chuva e umidade, então, leitoras e leitores, não fiquem surpresos pelo meu mau humor para expressar sentimentos por este lugar, nesse exato momento.
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Em geral, tudo que descrevi no primeiro parágrafo é verdade, a maior parte do território espanhol central possui uma zona climática Mediterrâneo Continental (que inclui Madrid) com características de um inverno frio e um verão quente e temperaturas médias anuais em torno dos 18º. Temos também a zona climática Mediterrâneo Litorâneo, que abrange metade do litoral sul e o litoral mais ao nordeste da Espanha (Barcelona, por exemplo) e é caracterizado por verões quentes e secos e invernos úmidos e amenos e temos ainda a zona climática do mediterrâneo semiárido, que está no litoral Nordeste da Espanha (Murcia, por exemplo), com características parecidas as do nosso Nordeste, bem quente, com pouca chuva e invernos amenos.
Mas, como nem só de Mediterrâneo vivemos, vamos falar de outro tipo de clima espanhol, o Oceânico, ele pega uma porção do Norte e o Noroeste da península e se divide em duas zonas climáticas, a oceânica Continental – onde as temperaturas são moderadas, não tem grande variação, com invernos frios, verões não tão quentes e muita chuva distribuída pelo ano todo e a zona climática Oceânica Costeira, praticamente igual à anterior, com o privilégio te sermos atingidos por ventos úmidos provenientes do mar.
Por aqui, as águas não são as do Mediterrâneo, estamos banhados pelo nosso bom e velho Atlântico, mas com suas correntes de águas frias que vêm do norte, o que mantém a temperatura da água numa média de 12º (dizem que a Região da Galícia possui o melhor marisco por causa disso), mas molhar os pés na praia durante o verão requer coragem, já que as temperaturas poucas vezes ultrapassam os 25º… A chuva por aqui é constante, dias cinzas então, nem se fala, ficamos semanas a fio sem ver um raio de sol (principalmente no inverno).
Quando cheguei, no alto do verão europeu, em agosto/2017, não tive a oportunidade de desfrutar nem uma semana completa com dias de sol e temperaturas acima de 25 graus, a exceção foi o dia que visitei Santiago de Compostela e depois os dias em que estava em Madrid, Toledo e Segóvia, no final de setembro.
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Para o inverno então, vou escrever esse parágrafo à parte. É úmido, mas muito úmido, tem sempre aquela sensação de umidade no cabelo, na roupa, na cara quando bate o vento. Recolher a roupa que está até estirada no varal de dura por conta do sol não é mais uma realidade e dá lugar para os dias de secar a roupa em lavanderias.
Para que conste, esse período com mais chuvas vai de novembro a abril, ou seja, haja água!! Falando em chuva, quando cheguei por aqui e senti que o clima não ia melhorar, instituí o “kit Coruña” na minha casa, com guarda-chuva, galocha e capa de chuva.
E, por clichê que pareça, o tema do clima é recorrente entre os locais, basta prestar atenção nos grupos de conversa que os galegos estarão lá, falando mal da chuva em dias muito cinza, reclamando da falta dela se está a mais de 24 horas sem chover… eles são incríveis nesse ponto!
Mas uma coisa eu tenho que admitir, esse clima cinza nos faz valorizar muito os dias de sol e calor. Morei em Vila Velha por anos, com a praia na porta de casa e não acredito que tenha dispensado um dia olhando para o azul do céu… por aqui, depois de 1 ano e meio, vejo que a cada dia de sol brilhando as pessoas estão mais sorridentes, aprendi a apreciar o céu azul e quando volta o verão, parece que tudo tem vida outra vez!
Espero que tenham gostado do texto de hoje, aproveitem para ver os outros conteúdos da plataforma e “curiosiar” sobre o mundo afora, através das experiências compartilhadas por esse grupo incrível de brasileiras.