1. Torne-se leve. Quando estamos pesados demais é impossível nos deslocarmos, no sentido físico e no curso emocional. Leveza é fundamental!
Purgar as coisas dá relevo ao que realmente importa: as pessoas, os sentimentos, as experiências. O polimento da alma vem logo em seguida, já que o “lugar certo” fica mais claro: coisas nos servem, já as pessoas agregam valor. Tenha mais pessoas e menos coisas.
É preciso faxinar o coração também: tirar sentimentos ruins, gente que não acrescenta e nem faz diferença, e abrir espaço para novos mergulhos.
Dê ou venda tudo que é inútil, velho, passado, antigo… pesado. Faça uma lista do que restou… e venda também! Diminua o número de malas; quartos; casas; carros; taças; travessas; roupas. Há leveza no desapego intencional e coerente.
Afaste-se do que não é bom… Nem preciso explicar essa parte, não é? A receita é simples: pegue tudo aquilo que não te faz bem e coloque no lixo. Sentimentos, momentos, trabalhos, pessoas, lugares, e por aí vai.
2. Grave os momentos na memória. Obviamente, tecnologia e vitamina B amparam as lembranças, e você pode ajudar a sua memória, mas não permita que sua vida aconteça dentro do obturador da câmera: exponha-se à luz externa!
3. Rascunhe. Tenha um objetivo por vez, teça as suas metas, elabore um projeto realista de como chegar lá… e avance.
A maioria dos problemas, que encontramos para alcançar os nossos objetivos, é, geralmente, o trabalho, a canseira, a empreitada e o nosso engajamento. Claro que reclamar é mais fácil. Vitimizar-se é uma saída, mas empenhar-se também.
4. Trabalhe leve, não leve trabalho. O conceito de “overcommitment” tem sido estudado por psicólogos. Nossa sociedade costuma classificar as pessoas em produtivas e improdutivas e reputam um valor inestimável aos que apreciam as suas atividades profissionais ao ponto de repudiarem tudo o que não é laboral.
É importante saber se recuperar de um dia de trabalho difícil. É importante não falar de trabalho o tempo todo. É importante dar destaque aos livros, filmes, peças que nada têm a ver com a sua atividade profissional. E ao café dos intervalos.
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5. Recupere-se da tecnologia. Nos últimos meses eu tenho evitado usar o telefone durante as primeiras duas horas do dia e as últimas três. Tenho aproveitado a oportunidade de não usar o computador nesses mesmos horários. Com essa mudança, minha percepção dos sentidos vem se refinando, tenho me percebido mais atenta ao que faz sentido para mim: acho que é o tal “espírito da coisa” que falam por aí.
6. Extravie-se. Chantal Thomas diz que há solicitações culturais em demasia: muita peça, muita viagem, muitos restaurantes. Estar sozinho é uma habilidade própria dos personagens de Matrix, que desviam até de tiros. Estar sozinho não pressupõe solidão – e ela também não é um problema. Prefiro a solidão dos livros do que as multidões vazias (essa frase é tão bonita que fui procurar no Google pra ver se era mesmo minha). Estar sozinho é difícil nesse mundo de gente que tem uma necessidade extrema de comparecer aos calendários sociais que mais parecem uma maratona.
E a tragédia de não estar sozinho é inflacionar as suas percepções acerca de si mesmo.
7. Durma! Durma quando tiver sono. Crie uma rotina de soninho. Durma 8 horas por dia, mas quando tiver sono, nap time (hora da soneca)!
Com sono ficamos, geralmente, mal-humorados; chatos; ranhetas, nossos sentidos ficam embotados e qualquer entendimento é comprometido.
8. Aprenda. Descobrir, entender, perceber tudo isso é sinônimo!
Pode ser um novo instrumento (e você não precisa aprender para se tornar o mais novo violinista da família; a propósito, duvido que alguém da minha família saiba que, recentemente, o piano começou a fazer parte da minha vida); pode ser um idioma; ou pintura em azulejos; talvez culinária; quem sabe italiano; ou, eventualmente, aventure-se em um novo país…
9. Tenha rotinas! O costume do cachimbo deixa a boca torta! Da mesma maneira, os rituais ensaiados e repetidos ordenam nossos cotidianos. E todos nós – querendo ou não – obedecemos a uma lógica interna. Quando criança, somos orientados pelos horários que nossos pais determinam para cada atividade. Quando crescemos, nos achamos inteligentes por romper com os horários, os limites, as barreiras impostas pelos “outros”… e é aí que a porca torce o rabo: nossas vidas viram um caos e não sobra tempo para nada.
Com uma rotina elástica é possível realizar mais! Eu tenho várias agendas: o café da manhã, a hora de caminhar, as minhas leituras, e por aí vai… Tenho até a agenda que não tem nada agendado (essa também é fundamental).
10. Pegue todas as dicas anteriores e traduza para o francês, para a sua vida, para o que lhe couber!