Ano passado foi a minha primeira Páscoa no Brasil depois de muito tempo longe de casa. Havia muita expectativa sobre a festa por aqui, mas tenho que confessar que a comemoração em si, ficou aquém das minhas expectativas iniciais. Digo a comemoração em si, porque passar as festividades entre amigos foi muito gostoso. No entanto, eu que já estava acostumada a fazer festas animadíssimas com toda a comunidade misturada, senti um pouco de falta do “clima natalino” das festas pascoais “lá de fora”. Muita comida, muita gente na casa, crianças aos montes pintando ovos cozidos e fazendo a caça aos ovinhos no jardim. Aqui a coisa se restringe a troca de ovos de chocolate mesmo. E quando muito a algumas manifestações religiosas meio macarrônicas.
Eu, que sou de São Paulo/Santos, teho uma experiência metropolitana e caiçara da religiosidade. Mais ou menos assim: em Sampa, feriado religioso é pra descansar e em Santos, para surfar. Tive muito pouco contato com as manifestações religiosas de Páscoa até mudar para Brasília. Fiquei impressionada com o número de pessoas que leva a quaresma a sério. As pessoas fazem até jejum de carne, como se fazia antigamente e eu nunca mais havia visto. Brasília tem um quê de cidade de interior.
Sério! Acho até bonitinho quando vejo as pessoas entrando no “jejum da quaresma”. Originalmente as pessoas evitavam a carne vermelha mas, como sempre, no Brasil rola uma customização dos hábitos. Já vi amigos fazendo jejum de cerveja, caipirinha e até de brigadeiro (uma maneira de unir o útil ao agradável, disse uma amiga que faz jejum e dieta ao mesmo tempo para unificar o sacrifício). Mas não tem jeito, de tudo que rola nessa terra sobre Páscoa, o que realmente nos faz diferente do resto do mundo é a criatividade em se inventar novas guloseimas dignas de deixar o coelho símbolo da festa com diabete nível máximo.
A última vez que escrevi sobre Páscoa iniciei meu texto brincando com aquela propaganda que dizia que até os nossos japoneses são mais criativos que os outros. Isso fazendo uma alusão ao fato de que os ovos de páscoa no Brasil são um verdadeiro acontecimento!
Vejam que nos meus posts eu sempre falo dos malefícios do consumismo, do exagero capitalista nas datas comemorativas e blá blá blá. No ano passado eu já tinha “arregado” um pouco. E sse ano posso dizer sem um pingo de vergonha na cara, que eu me vendi de vez.
Na última Páscoa eu carregava um grande componente sentimental. Primeira comemoração em casa, depois de anos. As emoções estavam tão à flor da pele que eu mal lembrei de comprar o meu ovinho tão aguardado.
Um ano depois, passado o desespero inicial de sentir o amor e a doçura (figurada) do período pascoal, eu confesso que estou mesmo é interessada na doçura literal da data. Tenho gasto boa parte do meu tempo à procura do “ovo ideal “. Eu mereço, vai! São cinco longos anos sem comer nenhum ovinho.
A expectativa é tanta que eu não consigo me decidir. Até por quê, como comecei o nosso post: haja criatividade para o ovo brasileiro, digo, povo brasileiro!
Já não bastassem os ovos de colher, repletos de mousse, brigadeiro mole e trufas, os de casca recheados de cocada, paçoquinha e bicho do pé, agora as pessoas decidem que na linha do “raio gourmetizador”, tudo é possível. Hoje é possível encontrar ovos de wasabi, curry, queijo brie e bacon (eca!); rosas com champagne, creme brulê, cheesecake, doce de leite com violetas, gengibre e até cerveja e caipirinha. Aí sim! Babei! O único problema são os precinhos exorbitantes. Tem até gente pedindo pra trocar o ovo de páscoa por um quilo de picanha.
Tem até um ovo de quase 200 dólares que tem como souvenir uma “modesta” pulseira de berloques com um pingente de coelho em prata. Nem me apeteceu – não dá pra comer a pulseira – mas o ovo de caipirinha tem povoado meus sonhos e como sou gente boa, vou quebrar o galho dos amados leitores de “far far away” e compartilhar uma receitinha básica de ovo de caipirinha para vocês se deleitarem. Coelhinho da Páscoa, não esqueças de mim!
4 Comments
kkkkk só to lendo agora e me acabando de rir aqui sobre os ovos de páscoa com sabores, digamos um pouco inusitados que encontramos no Brasil!! rsss
Lá na Inglaterra e Irlanda os ovos são bem sem graça, definitivamente não tem a mesma criatividade que nós aqui. Também fico surpresa com tantas opções que temos :O
Mas como chocolate não é o meu forte, nem sofro com as tentações!! Ainda bem, ne?! Ia estar ferrada, já que as opções estão ficando cada vez mais difíceis de resistir.
bjs bjs
Como diria Oscar Wilde, eu resisto a tudo, menos à tentação hahahaha comprei um ovo cheio de marhsmallow e agora não consigo dar conta de comê-lo todo. O famoso olho maior que a barriga! hahahah
Muito bem escrito Fabi !!!
Não sei como é lá fora, mas aqui é o consumo pelo consumo. Tirando essa garimpagem que você fez em Brasília, ninguém lembra do significado.
Minha família se reunia nessa época, era legal ganhar chocolate, mas era mais legal estamos todos juntos. Primos, primas, tios, tias, nono, nona, papai, mamãe e os chatos dos meus irmãos.
É a lembrança mais “cara” que eu guardo comigo hoje.
Obrigado por trazer essa lembrança de volta.
Um beijo
Pois é, o come come, gasta gasta. ãs vezes tira muito da magia original né? que bom que gostou do texto!
bjs e nos visite sempre!