Depois do casamento realizado, tivemos várias etapas de comemoração, sobre as quais eu queria contar um pouco. Claro que há algumas similaridades com a forma de comemorar no Brasil, afinal é uma festa que também é considerada muito importante. Mas algumas coisas são bem características da forma de comemoração dos franceses.
O vin d’honneur:
Acabada a cerimônia, fomos pra uma sala de eventos para realizar o chamado vin d’honneur. O vin d’honneur é uma especie de coquetel onde os convidados vão para brindar e parabenizar os noivos. Como é de costume, há vários tipos de fingerfood e muita champagne. Nesse primeiro momento contamos com todos os nossos convidados e também com os convidados dos meus sogros, que estavam transbordando alegria por casar um filho pela primeira vez. Nos casamos às 11 horas da manhã, a cerimônia durou em torno de 30 minutos, com mais alguns 20 minutos de fotos na frente da mairie e o vin d’honneur durou mais ou menos umas 3 horas. Depois começamos a nos preparar para a próxima etapa da comemoração do casamento: a soirée, ou simplesmente a festa.
Nem todas as pessoas querem ou podem fazer um jantar e uma festa, mas nós resolvemos fazer esse investimento, até pelos convidados que não poderão estar no Brasil. Ao contrário do vin d’honneur, para a festa convidamos realmente as pessoas mais especiais. Todos os nossos amigos e alguns amigos de longa data da família, mas, por exemplo, alguns vizinhos e pessoas com quem convivemos menos não foram para essa segunda parte da comemoração.
Passamos algum tempo procurando o lugar ideal, porque além dos preços altíssimos em Paris, tinha que ser um lugar que fosse condizente com o nosso número de convidados – que eram poucos – e ao mesmo tempo um local fechado, já que casamos no outono e já estava começando a fazer frio (apesar de, pra nossa surpresa, termos tido um fim de semana lindo de sol que foi um verdadeiro presente de casamento). Depois de muita busca, encontramos o lugar. Lá, além de podermos fazer o jantar e a festa, poderíamos dormir, já que há também quartos de hotel no mesmo espaço.
O coquetel antes do jantar:
O horário marcado para o início da comemoração à noite foi 18 horas. Tudo começou por um coquetel (sim, mais champagne e fingerfood), que durou mais ou menos 1 hora e meia. O tempo de os convidados irem todos chegando e de nós dois fazermos uma pausa no quarto onde nos hospedamos antes de descer para receber todo mundo.
Depois disso, aos poucos, cada um procura seu lugar em uma das mesas. No Brasil, o que os franceses chamam de plan de table, que nada mais é do que a organização pré-definida dos convidados por mesa, costuma ser opcional, já aqui parece ser bastante importante. Meu marido passou algumas horas quebrando a cabeça pra tentar distribuir os convidados da melhor maneira possível. Na nossa mesa estavam nossas três testemunhas, a noiva de um deles e minha irmã que foi minha única convidada vinda do Brasil.
A entrada dos noivos:
Quando os convidados estão todos acomodados, as luzes são reduzidas e os noivos entram ao som de uma música escolhida previamente. Diferente de como fazemos no Brasil em que a entrada e a dança dos noivos é feita com musicas lentas, aqui a intenção é animar os convidados, então geralmente são musicas mais agitadas. E posso dizer que faz todo sentido, porque vi que demos uma levantada no astral de todo mundo antes de continuarmos a comemoração. Depois da nossa entrada, meu marido fez um discurso super bonito. Eu acabei não discursando, o que foi uma boa escolha, porque depois do que ele disse me faltariam palavras.
O jantar:
Na sequência da nossa entrada e do discurso, nos acomodamos e o jantar pôde começar a ser servido. Acontece que, se você nunca comeu com franceses, saiba que aqui uma refeição nunca é uma mera refeição, a não ser que eles estejam com pressa. No geral, uma refeição pode se prolongar por horas e horas. E, óbvio, durante uma celebração importante como um casamento, é isso que acontece.
A primeira parte é a entrada, espera-se que todos tenham terminado para retirar os pratos e esperar alguns minutos antes de trazer o prato principal. Depois segue-se esse mesmo ritmo entre o prato principal, que naturalmente é a parte mais demorada, e os queijos. E depois entre os queijos e a sobremesa. Além disso, entre o tempo de troca de pratos, houve intervalos pra alguns discursos. O irmão e as irmãs do meu marido discursaram, os amigos que foram testemunhas e até alguns amigos de faculdade dele. E nem preciso dizer que toda a refeição foi regada a vinho, né? Enfim, tudo isso acaba prolongando bastante o tempo do jantar, que já tende a ser demorado, mas vale muito a pena porque a gente desfruta sem pressa desse momento de confraternização incrível.
Foto: arquivo pessoal
A soirée:
Depois das sobremesas terminadas, o Dj coloca uma música que escolhemos pra marcar a abertura da pista de dança. Quando estão todos já dançando, há o momento de entrada da pièce montée, que é pra eles como nosso bolo de casamento, mas no caso dos franceses é uma torre de macarons ou de choux, algo semelhante a profiteroles. Dependendo do ritmo da festa, pode-se fazer uma pausa na pista de dança para cortar a pièce montée e dar aos convidados. Nós optamos por deixar a música rolando e depois quem quisesse viria pegar seu pedaço.
Nossos amigos ficaram quase todos até o final, às 4 horas da manhã, e depois recebemos muitos elogios pela festa. O que deixou a gente ainda mais feliz.
Rosana é olindense, com um pé no Rio de Janeiro e um pouquinho do coração em vários cantos do mundo. É virginiana e vegetariana. Apaixonada por línguas, literatura, música e cultura em geral, coleciona livros, dicionários, cartões postais e lembranças bonitas. Já trabalhou como garçonete, professora, revisora, tradutora e segue se reinventando. Depois de morar no Canadá, na França e na Coreia do Sul, se reinstala em Paris, onde vive com o marido.