Ao sair do nosso país natal, seja pelo motivo que for, sempre chegamos a um ponto onde a saudade começa a apertar e sentimos falta de pequenas coisas da nossa terra. Para alguns, fazem falta a família e amigos, outros gostariam de poder provar as nossas iguarias culinárias com maior frequência, querem ouvir a música, o idioma, sentir aquele calor humano típico dos brasileiros e mais um sem fim de detalhes pessoais, que variam de indivíduo para indivíduo.
Quando eu cheguei ao Chile para morar, no longínquo ano de 2006, era extremamente difícil conseguir sequer um produto brasileiro em terras chilenas, a menos que fossem trazidas diretamente de terras tupiniquins por alguma visita eventual.
Com a estabilidade econômica do país que atraiu muitos estrangeiros, inclusive nossos conterrâneos, as coisas foram pouco a pouco mudando e de vez em quando encontrávamos algumas coisas: uma garrafa de Guaraná Antártica nos poucos supermercados Carrefour que existiam naquela época, uns maracujás “de gaveta” na Vega Central, um café minúsculo atrás de um shopping que vende coxinhas e outros salgados brasileiros, um ou dois restaurantes brasileiros que faziam comercias no rádio, etc.
No começo, para achar lugares desse tipo só batendo muita perna pela cidade com os olhos bem abertos, através do boca a boca ou graças à alguns membros de comunidades do extinto ORKUT, que eram em sua maioria turistas. Passados alguns anos e com a popularização das redes sociais somada ao interesse dos brasileiros em vir morar deste lado da cordilheira, cresceram os grupos especialmente no Facebook e começaram os eventos para matar a saudade da nossa terra.
Os supermercados, feiras livres e mercados passaram a receber cada vez mais quantidade e variedade de produtos brasileiros, reuniões para ver os jogos da Copa do Mundo, uma festa junina por aqui, uma batucada por lá, música brasileira num pequeno bar, feijoada beneficente na Igreja dos Migrantes, pessoas vendendo doces e salgados e de repente o verde-amarelo parece estar em todos os lugares.
Após ir a vários encontros de brasileiros aprendi que pode haver empatia sem necessariamente sentir uma conexão ou vontade de criar laços de amizade pelo simples fato de sermos da mesma nacionalidade. Também está o “momento” em que se está vivendo no processo de mudança de país, por exemplo, em minha chegada recente, eu precisava de pessoas que me incentivassem a querer ficar e com as quais pudesse falar do lado “nem tudo são flores” sem parecer mal agradecida ou sem ouvir o típico “se não está feliz, então volte”.
Não sei pra vocês, mas para mim, não gostar de certas coisas do país onde moro é ter um certo senso crítico e enquanto o lado bom superar o lado ruim, não há problemas. Afinal, não existe paraíso na terra, ou ao menos não há um lugar que agrade 100% a todo mundo.
Neste segundo período que estou vivendo no Chile (voltei por dois anos ao Brasil: de 2010 a 2012), estou numa nova etapa: a maternidade. E com essa nova fase vieram novas necessidades. Já falei de uma das preocupações em relação a este assunto aqui, num texto sobre partos no Chile, mas com o passar dos meses, percebemos que há algumas outras coisas das que sentimos falta não somente para nós, mas para nossos filhotes.
Primeiro estreitei os laços com as amigas chilenas que também eram mães, tirei dúvidas, pedi apoio, segui conselhos… Mas a vontade de fazer tudo isso com mamães de minha nacionalidade e comparar estilos veio batendo cada vez mais forte.
Aparentemente, eu não era a única tinha essa necessidade de conviver com mamães de minha nacionalidade, já que uma mãe iluminada teve a esplêndida ideia de criar um grupo de mães brasileiras, interessadas em compartilhar pensamentos e emoções e de quebra criar laços entre as crianças e incentivar o bilinguismo de forma divertida.
E assim surgiu o grupo “Mamães no Chile”, cujo objetivo principal é fazer um evento mensal somente para que as mamães se distraiam, conversem e se divirtam e outro para que as crianças de várias idades brinquem e falem nos dois idiomas a que são expostos diariamente em rotinas diárias.
A fundadora do grupo é uma brasileira maravilhosa que entende bem sobre morar fora. Depois de muitos anos morando nos Estados Unidos, Cida Vieira veio para o Chile com o marido argentino pra ficar mais próximo às raízes de ambos. Em sua estadia nas terras do tio Sam, ela encontrou muito conforto com um grupo de mulheres bastante unidas, que dividiam histórias e tomavam conta uma das outras e sentiu falta desse.
Desde o início do grupo até agora já vivemos piqueniques, aniversários, aulas de dança, aulas de stiletto, churrascos na piscina, muitas confissões e outras tantas gargalhadas. Além de crianças que começam a entender o significado de amizade, que aprendem sobre a cultura de seus familiares e desfrutam sua infância divertindo-se com seus pares.
Há grupos de brasileiros que promovem festas, há grupos de compatriotas morando no mesmo bairro, há grupos de compra e venda de produtos brasileiros a preços mais acessíveis do que os do supermercado ou de coisas que ainda não chegaram em terras chilenas, grupos ligados ao consulado que se dedicam a divulgar notícias positivas sobre o Chile e empresas autorizadas, grupos cujo objetivo é falar somente o lado negativo destas terras andinas… Enfim! Não faltam assuntos e espaços para falar deles. Mas o melhor da popularização das redes sociais é fazer com que os laços virtuais virem amizades reais e diminuam as distâncias entre Brasil e Chile, facilitando a vida dos conterrâneos que decidem viver aqui.
28 Comments
Ô minha linda, que honra ver meu nome em um de seus textos: sendo reconhecida por um projeto que é parte de um grande sonho e que veio munido de mulheres incríveis como vocè.
Eu não sei o que teria sido da minha vida aqui no Chile sem voces!
Gente ter sido mãe longe da familia morando nas montanhas de Santa Cruz, Ca foi barra, mas meus 3 primeiros meses, antes de ter iniciado o grupo aqui no Chile, foi mortal!
Eu sem conhecer ninguem; marido viajando constantemente; o pessoal com a cara fechada; e um terremoto atraz do outro…
A solidão era tão grande que um dia logo após o café da manhã eu tomei a decisão de levar os filhos em um parque chamado Rio de Janeiro (pra ver se me dava sorte), e durante o percurso eu fui literalmente resando para encontrar uma outra mamae brasileira no parque…
E como o universo tem seu jeito de funcionar, foi tão lindo porque justo naquela mesma manhã, ela (a mamãe da minha oração) esteve torcendo para encontrar uma nova professora de dança…
Obrigada pelo lindo texto e pelo carinhoJoy!
ô minha ídola, ser iluminado e lindo que veio pra nos encher de alegria. Tuas ideias têm feito a vida de muitas mamães brasileiras mais leves!! Eu que me sinto honrada de ter te conhecido e fazer parte do teu círculo de amizades 😀
Olá Joy! Encontrei seu blog através de uma amiga que me marcou num post no fb da Comunidade Brasileira no Chile. Apesar de completar 2 anos vivendo em Santiago, nunca fui atrás de nenhuma comunidade brasileira. Fui nesta festa junina na igreja do Imigrante en Nuñoa, em alguns restaurantes brasileiros e só…apesar de sentir sim, muitas saudades. Este ano nasceu meu filho, e é isso mesmo que vc diz em seu post, dá muita vontade de estar com seus conterrâneos, pra compartilhar as impressões e dúvidas qdo se está criando um filho em terras estrangeiras! Procurei o grupo que vc menciona “Mamães no Chile” no face e não estou encontrando…gostaria de fazer parte, não sei se é um grupo fechado, mas de qualquer forma, adoraria poder participar um dia de uma das reuniões que vcs fazem. Abraço!
Priscila, que legal que você se identificou com o que eu disse no post. Sim, o grupo é secreto, porque assim podemos desabafar e confessar tudo o que quisermos sem que apareça no timeline de nenhum de nossos contatos. Te add no facebook pra te inserir no grupo!!! Será muito bem-vinda e acolhida! Abraços!
OLA JOY TB PROCUREI NO FACE E NAO ACHEI O GRUPO DE MAMAES NO CHILE.ESTOU QUEREND VIVER NO CHILE E QUERIA TIRAR VARIAS DUVIDAS SOU MAE DE 4 FILHOS 2 COM 4 E 5 ANOS E 2 JA SAO DE MAIOR
Olá Joy! Olá demais mamães e brasileiras vivendo em terras estrangeiras!
Venho acompanhando seus posts há algum tempo sobre a vida no Chile e agora é definitivo… no final do ano minha família mudará para Santiago devido ao trabalho do meu marido. Passo horas em busca de informações sobre escola para a filha pequena ( estou enlouquecendo com este tema, estou muito preocupada com o processo de ingresso das escolas do Chile ), procurando casa/ apto para morar, preocupada com a questão pediatra, hospitais, buscando informações sobre documentações necessárias, medo da mudança, adaptação e falta de pessoas conhecidas….
Estou muito preocupada com a adaptação de todos mas ao mesmo tempo ansiosa e muito feliz com a experiência!
Se tiver dicas, informações que possam me ajudar nesse momento de turbulência agradecerei muitooo!
Abraços
Emilene
Emilene, mudar de país é uma loucura. Com filhos duplica, triplica e a gente precisa se programar e se preparar mesmo. Vou te adicionar ao grupo de maes no facebook pra podermos te ajudar com a experiência de cada uma. Abraços e obrigada pelo comentário.
Estou no Chile a quase 3 meses , tomando conta do meu neto, pois minha filha mora aqui.Mas sinto falta de uma amizade para conversar sair enfim se distrair. Qualquer coisa me avise
Bjs Claudia
Claudia, aconselho a se integrar a alguns grupos e participar dos eventos. Semana que vem tem festa junina na Igreja dos Migrantes!!! Abraços e continue a fazer companhia pra filhota e acompanhando o neto!! Abraços!
Olá Joy, estou com uma filhota de 05 an0s que esta com o pai no chile, foi agora em outubro, e vai ficar ate deembro, para ver primeiro como ela se adapta, o pai e chileno, eu ainda estou no Brasil, ams ficar nessa distancia e dificl, com ela assim pequena, pode por favor me adicionar no facebook, grupo de mães, são muitas dúvidas.
Muito bom e útil seu blog.
bjs
elis
Olá, Elisa. Já te adicionei. Espero que você consiga sanar suas dúvidas e ficar mais tranquila. Que sua adaptaçao e de seua filha se adaptem bem e rapidamente.
Abraços!
Joy, aqui no Brasil faço parte de um grupo de mamães maravilhoso no FACEBOOK, chego em Santiago em junho com meu marido é minha filha de 3 anos.
Precisarei muito das dicas e ajuda que vcs puderem me dar, vc pode me adicionar no grupo do FACEBOOK?
Obrigada
Juliana, me manda um inbox no meu facebook, o link está no meu perfil, que eu te adiciono lá
Olá Joy! Muito feliz por ler suas dicas e este projeto maravilhoso. Estou aqui em Chile há 1 mês apenas com meu filho de 5 anos.. Meu namorado é chileno. Em breve casaremos. Gostaria que vc me adicionasse no facebook para me integrar com as mamães brasileiras. Estou naquele período de adaptação e ainda perdida em muitos assuntos. bjos Obrigada
Jo ferreira
Olá Jociane, no meu perfil aqui no blog tem meu facebook, me manda uma mensagem para que eu te adicione por lá. Abraços.
Olá estou de mudança para Santiago, apesar de pai Chileno, tenho muitos receios à vida no Chile, tenho duas filhotas de 12 e 13 años que não estão nada satisfeitas com a mudança. Andei lendo sobre os colégios e não vejo nenhum que minhas filhas se adaptariam, gostaria de algo menos formal, meia jornada algo assim mais a nossa cara “livre”, caso você conheça algum colégio com essas características eu ficaria mais aliviada nesta nova etapa de nossas vidas.
Muito obrigada.
Olá Patricia, nessa idade realmente eles ficam mais receosos com mudanças de país mesmo. Já pensou em ter algum acompanhamento psicológico pra suas pequenas no processo de adaptaçao? Conheço uma psicóloga que é brasileira e ajuda muitas maes com teus temores.
Meus pequenos ainda nao chegaram nessa fase, pelo que meu conhecimento em relaçao à escolas ainda nao é muito profundo, mas de cabeça, nao conheço nenhum colégio sem jornada completa. Quanto à serem mais livres, valeria a pena pesquisar por colégios Montessori, Waldorf ou Freinet, por exemplo. Boa sorte em sua busca!!!
Ola Joy. Tudo bem?
Também sou brasileira residente em Santiago. Ainda não fiz amizades, confesso que ainda não domino o idioma, então fico bloqueada para uma conversação mais íntima com as meninas daqui.
Tenho uma pequena também, acho que seria muito confortante para nós fazer parte desse grupo e conhecer vocês.
Parabéns pela iniciativa, vejo que está ajudando muitas de nós rs
Grande beijo
Graciele, me procura no facebook que eu te adiciono no grupo de maes. Abraços.
Ola!
Meu nome é Vanessa Gallardo, moro no Chile ha 11 anos, sou mae de um menino com Sindrome de Asperger, adoro conversar com brasieleiros, efalo os 2 idiomas, porque sou chilena, e viajo todos os anos para o Brasil, que boa iniciativa!este blog,se alguem tem duvidas de alguma coisa, ou quer alguma dica, por favor me pergunte..
beijo!
Vanessa G.
Olá, Joy. Tudo bem?
Gostaria de participar do grupo de mamães no Chile. Como faço?
Te aguardo, pois estou com várias dúvidas!
Bjusss
Iara, me procura no face (no meu perfil está o link) e eu te adiciono lá. Abraços.
Sério que existe um grupo de mães e brasileiras que moram no Chile? Que Maravilha!!! Estou morando em Santiago e confesso que estou vasculhando tudo que é site pra ver se acho algum grupo pra poder me sentir mais acolhida aqui em Chile. Como faço pra participar? Um beijo.
Oi tudo bem? amei tudo que escreve,
eu pretendo ir me casar e viver no chile no proximo ano.
Queria saber o que posso vender numa cidade pequena que os chilenos comprem.
Algo do Brasil é claro.
Abraços
ate breve
Ola Joy muito feliz em saber que existe este grupo de mães no chile, estou me programando para dezembro me mudar para santiago por opção de meu esposo…. Estou muito preocupado por teu um filho de 7 anos e na adaptação dele refente a escola… Gostaria de entrar no grupo do face para que c possível vcs pudessem estar me auxiliando no possível… Tirando umas duvidas e contudo me orientando…. Fico mais tranquila em saber que existe um grupo pessoas como vcs com essa preocupação em mater esta interação com pessoas do nosso Brasil… C vc puder me adc no seu face e no grupo ficarei muito grata… Desde ja obg pela atenção… Gisele souza
Adorei poder saber mais sobre o Chile. Sou de Recife Pernambuco, estou querendo ir conhecer o Chile e gostaria de obter mas informações, pois vou com minha mulher e a mesma é muito insegura.caso alguém possa passar informações agradeço desde já. Melhor lugar pra ficar, melhor custo benefício, estou querendo ir após o final do inverno.
Ola! O grupo ainda existe. Estou aqui em santiago desde junho com uma pequena de 2 aninhos. Precisando de amizades 🙂 adorei seu blog
Olá Priscilla,
A Joy Matta, infelizmente, parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM