Esse mês completo 4 anos vivendo na França. Ao longo destes anos, me despi de algumas verdades que foram substituídas por outras. Eu tinha o sério problema de criar expectativas e expectativas, caras leitoras e caros leitores. Vigiando bem as nossas palavras, não é uma coisa legal!
Sou uma brasileira nata e por isso não consigo me desapegar de muitas coisas do meu país, mas mudando para viver em um outro, acabamos adquirindo novos hábitos e refletimos sobre outras formas de conduzir nossas vidas.
Assim, ao longo dessa quase meia década, compartilho 10 das coisas maravilhosas que fui descobrindo e vivendo no país de Napoleão:
Ser um país pequeno e contar com uma localização estratégica
No Brasil a gente sabe o quanto custa e demora pra se viajar dentro do país. Imaginem vocês: eu, acreana, viajando de Rio Branco para Fortaleza e de ônibus. O trajeto por sí já é a viagem. Êta sofrimento! Para cruzar a França de norte a sul são necessárias 11 horas, isso percorrendo o trajeto de carro. Além disso, encontramos paisagens diferentes nos 4 cantos do país com suas praias, parques naturais e montanhas. E, por fim, o país faz fronteira com a Espanha, Itália, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Suíça, além de estar do ladinho da Inglaterra.
Qualidade de vida
Sempre tive um entendimento de que na Europa é difícil “ficar rico”, que o Estado é super presente e atua para que as desigualdades sociais sejam as menores possíveis. Hoje posso dizer que entendo isso na prática. Morar em um país onde a educação pública e de qualidade é acessível a todos (do jardim de infância até a universidade), onde o sistema público de saúde funciona e onde a segurança social tem a sua serventia, permite que todos tenham acesso igual às oportunidades o que, consequentemente, diminui as desigualdades sociais. É claro que nenhum país é perfeito e a França está longe de ser, aqui também existem problemas.
Não há ostentação
Se tem uma coisa que, de fato, eu adoro nesse lugar, é a mentalidade dos franceses em relação à discrição. Em poucas palavras, posso resumir que é feio ostentar. Basicamente, aqui parte-se do princípio que se você é rico e tem dinheiro pra esbanjar até a terceira geração, parabéns pra você, mas ninguém tem interesse em saber disso, ainda mais quando grande parte da população não tem acesso ao mesmo padrão de vida. Esse pensamento tem grande influência no período da Revolução Francesa, é claro, onde reis esbanjavam as suas riquezas diante do resto da população, que se afundava na pobreza. É necessário esclarecer que o problema não é ser rico, mas sim fazer questão de demonstrar que é.
O preço dos bens de consumo
Como eu já falei um pouco sobre esse assunto em um outro post sobre morar em Paris como estudante, a França é realmente um país caro, mas o nível dos bens de consumo pode se adaptar aos diferentes tipos de estilo de vida e, ainda assim, é possível usufruir de produtos de qualidade. Planos ilimitados para celular podem custar 10 euros, por exemplo.
Educação e franqueza
Ao mesmo tempo que sou fã desse quesito, ele é um tanto quanto paradoxal pra mim. No ínicio, comprei várias brigas por conta disso, por simplesmente não estar habituada a esse tipo de comportamento. Todos sabemos que no Brasil não existe formalidade, a gente chega em algum lugar pra pedir informação e só fala: “-Moça(o), onde fica tal lugar?” Mas, se você fizer isso na França, pode correr o sério risco de escutar o som do vento… Primeiramente, deve-se dizer Bonjour ou Bonsoir, ou seja, bom dia ou boa noite. Esse ato de inciar uma conversa com um simples “bom dia”, eu aprendi que é uma forma de respeitar o espaço do outro. É como se você batesse na porta de alguém antes de entrar. Não é bonitinho?
Quanto a franqueza, nós brasileiros temos um sério problema de eufemismo. Quando eu digo problema, eu falo sobre ficar cheio de dedos pra dizer algumas verdades. Se um francês não gosta de algo ou se sente incomodado, ele vai dizer e vai ser na vibe “falo na cara mesmo”. E eu adoro sinceridade!
A comida
Bom, acho que não preciso me prolongar muito nesse quesito, não é mesmo? Queijos, doces e vinhos. Resumi. Leia mais sobre pratos franceses, aqui.
O charme das cidades francesas
Gente, a vida pode estar um caos, você pode estar lá toda deprimida, com saudade da família que ficou no Brasil ou estressada com os probleminhas da vida, mas vai dar uma voltinha em Montmartre (meu bairro preferido), vai dar uma corridinha em volta do rio Sena… Paris é simplemente linda! Sem contar os vilarejos encrustados nas montanhas e as cidades do sul e do interior da país.
Boulangeries (padarias)
Digamos que eu sou a louca da padaria. Eu reproduzo praticamente a mesma imagem do cachorrinho que passa na frente da máquina de assar frango e fica babando. E as padarias francesas são uma paraíso, porque não se trata simplesmente de fazer um pão, existem prêmios para a melhor baguete ou para o melhor artesão de doces. Resultado? É impossível resistir quando passamos por uma.
Beber água da torneira
Eu nem sei como expressar a minha felicidade em relação a isso. Algo tão simples e banal, mas sempre sinto falta quando visito lugares onde sou obrigada a comprar garrafinhas de água. Enfim, água potável e gratuita é um direito de todos.
Ser farofeira não é vergonha
Assim que cheguei por essas bandas ficava chocada como as pessoas tinham uma facilidade de parar no meio da calçada, nas escadas da igreja, no banco da praça e tirar a marmitinha da bolsa tranquilamente e comer por ali mesmo. Ou seja, tinha saído do Brasil, mas o Brasil não tinha saído de mim. Mas daí você vai aprendendo que comer fora custa muito caro, principalmente em Paris! Além disso, a palavra farofeiro não existe no vocabulário dos franceses, porque isso é algo tão normal que eles praticam de diversas formas, inclusive fazendo piquenique, por exemplo.
Então, essas são algumas das razões pelas quais me apaixonei por esse país depois te der mudado pra cá. É claro que elas refletem a minha opinião e cada experiência é diferente.
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Para saber mais sobre as 10 coisas que não gosto na França, confira o próximo post!
8 Comments
Gostei de sua postagem! Apenas em relação à água faço uma consideração: para meu paladar de brasileira, ela é salobra (rs…) Visito filha que mora aí, sempre alegre por andar, andar e andar….
Oi Nélia, obrigada pelo seu comentário! A água pode ter um gosto diferente mesmo, isso é verdade, mas também depende de região para região. A água consumida na região da Bretanha, por exemplo, é bem mais tratada do que a da região de Île de France, e por isso tem um sabor mais forte e que as vezes pode dar a idéia de salobra.
Adorei Amy!! Sou colunista também, de Londres, e assino embaixo em tudo que disse. Parabéns pelo texto! Beijos, Joh
Obrigada Joh! Sabe que eu sou fã dos seus textos né? Acho que a gente divide um pouco a mesma visão sobre algumas coisas 🙂
Eu tenho certeza de que já fui francesa quando vejo esses comentários sobre: “se não gostar fala logo, sem rodeios!”.
??
Eu acrescentaria mais uma coisa: gostar de andar e de ler!
Claudia, você eu tenho certeza que já foi, até porque a gente já teve essa conversa antes !! rsrs
Muito bem lembrado, realmente eles são ótimos no quesito, andar e ler, e eu também adoro !
Bjos
Je vois que tu assez de contacts interesses de se communiquer et surtout, opiner sur des questions qui heureusement tu domines. C’ est ça l’ essentienl, il faut toujours s,’ assurer que tes sources d’ informations sont solides car l’on est tout le temps sujet a des opinions contraires du a une totale meconaissance de la realite locale par des gens qui n’ aiment voir les choses que sous l’ angle de leur penchant. De toute façon, continue dans ton odyssee. Bisous, Papa.Je t’ aime bien.
Je ne domine pas autant que ça papa, mais on essaye! haha
Merci pour ton soutien. 🙂
Bisous